Bibliotecas Digitais ou Plataformas Digitais Colaborativas? :: Por uma Compreensão do Funcionamento das Bibliotecas Digitais (Não) Autorizadas no Espaço Digital
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Bibliotecas Digitais ou Plataformas Digitais Colaborativas? : - Natália Rodrigues Silva
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA
Dedico este trabalho aos meus pais, em minha eterna gratidão. Aos meus irmãos, pelo amor e ensinamentos. Aos meus sobrinhos, os meus pequenos, pelo amor e inspiração.
AGRADECIMENTO
Agradeço imensamente à Prof.ª Dr.ª Juciele Pereira, que gentilmente escreveu a apresentação desta obra.
Existem muitas razões para que as bibliotecas digitais sejam algo desejável. Elas podem tornar as pesquisas mais fáceis para os acadêmicos. Elas podem aliviar a pressão orçamentária sobre as bibliotecas. Elas podem resolver nosso problema urgente e crescente de preservação, ou elas podem ajudar as bibliotecas a estender as coleções para novas mídias. Mas, talvez, a maior vantagem das bibliotecas digitais seja a capacidade de ajudar a sociedade a tornar a informação mais disponível, melhorando a sua qualidade e aumentando a sua diversidade. As bibliotecas digitais podem desempenhar este papel? Isso vai depender de como nós financiamos, regulamos e gerenciamos as bibliotecas digitais e a nova infra-estrutura de comunicação e as novas tecnologias que as impulsionam.
(LESK, 1995, p. 1)
APRESENTAÇÃO
As diferentes materialidades da língua, na leitura, no digital, estão cada vez mais presentes no nosso cotidiano sociocultural e demandam que profissionais produzam outros modos inovadores de organizá-las, abrindo, assim, para novas possibilidades de sua circulação na sociedade. É por palavras, por textos, artigos e livros que se faz ciência, tecnologia e inovação na história. Essas palavras significam em relação umas com as outras, ditas em diferentes lugares, épocas, campos do conhecimento, e cabe ao bibliotecário e a outros profissionais da linguagem o trabalho de produção do saber como descrever (para s)e interpretar esses materiais. Um trabalho não apenas para armazenamento em espaços físicos, mas, principalmente, para dar condições de leitura e de produção do conhecimento na contemporaneidade. Desse modo, esta pesquisa de Natália Rodrigues Silva foi desenvolvida de um lugar de desafio ao bibliotecário e é pela posição sujeito analista de discurso que se busca compreender como estão sendo armazenadas
e colocadas em circulação os materiais de leitura, por plataformas digitais colaborativas, na atualidade.
No digital, on-line, esses materiais de leitura são constituídos por relações de sentidos, produzidas por posições sujeito usuário. Há diferentes posições sujeito usuário pelas quais são atualizados escritos em espaços de relacionamentos, com trocas de naturezas diversas, tais como textos, áudios, imagens, vídeos etc. A legitimação desses espaços e seus modos de organização são determinados por políticas públicas de direitos autorais específicas ou não aos ambientes virtuais. Nesta obra, a autora analisa como duas plataformas digitais colaborativas são descritas e disponibilizam materiais os quais podem ou não se identificar com o trabalho produzido por posições sujeito usuário bibliotecário, com a responsabilidade ética e política de descrição e de interpretação em relação às políticas de publicação vigentes.
Considerando as políticas de formação das coleções em bibliotecas tanto tradicionais quanto virtuais ou digitais na história, este estudo é um convite à leitura, e produz um espaço polêmico de discussões sobre as diferentes maneiras como o conhecimento científico, tecnológico, está em produção e circulação por diferentes posições sujeito na sociedade hoje. Trata-se de uma produção inscrita na interdisciplinaridade, nas relações de diferentes campos do conhecimento, da Biblioteconomia e da Análise de Discurso, que potencializam e inovam a formação dos profissionais da leitura e da linguagem.
Prof.ª Dr.ª Juciele Pereira Dias
Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem (PPGCL), Universidade do Vale do Sapucaí
ABREVIATURAS E SIGLAS
AD Análise de Discurso
CDD Classificação Decimal de Dewey
CDU Classificação Decimal Universal
LDA Lei dos direitos autorais
ODF Open Document Format
ODG Open Document Graphics
PDC Plataforma Digital Colaborativa
PDF Portable Document Format
PPT PowerPoint
RTF Rich Text Format
TICs Tecnologias de Informação e Comunicação
Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Web World Wide Web
XLS Microsoft Excel Spreadsheet
Sumário
INTRODUÇÃO 17
1
A ANÁLISE DE DISCURSO 21
1.1 As condições de produção da leitura 26
1.2 Divisão social do trabalho de leitura 31
1.3 A constituição da posição sujeito usuário no espaço digital 34
2
SENTIDOS DE BIBLIOTECA 43
2.1 As bibliotecas na história 50
2.2 As bibliotecas medievais 56
2.3 As bibliotecas bizantinas 58
2.4 Bibliotecas particulares 59
2.5 Bibliotecas universitárias 60
2.6 As bibliotecas públicas 63
2.7 Das bibliotecas públicas às bibliotecas digitais 66
2.8 Sentidos de biblioteca e arquivo: tensões entre o físico e o digital 70
3
DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS BIBLIOTECAS DIGITAIS 75
3.1 Sobre as políticas de formação e de desenvolvimento das coleções das bibliotecas em (não) funcionamento na organização do digital 79
3.2 Plataforma Digital Colaborativa 1 (PDC 1) 86
3.3 Plataforma Digital Colaborativa 2 (PDC 2) 92
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS 99
REFERÊNCIAS 103
Índice remissivo 115
INTRODUÇÃO
O homem, na história, sempre buscou diferentes maneiras de armazenar o conhecimento que é produzido, pela linguagem, na sociedade, voltando-se para a preservação
e guarda da memória
para leitura. Dentre esses trabalhos, há escritos disponibilizados desde as bibliotecas da Antiguidade, por meio de materiais tais como os tabletes de argila, o papiro, o pergaminho, o papel e, com o advento da informatização (AUROUX, 1998; PÊCHEUX, 1994), poderíamos mencionar os computadores, os textos on-line, dentre outros. Os sentidos de biblioteca são determinados, em certa ordem, em relação ao que é produzido, compreendido, como tecnologia na sociedade, na história (DIAS, 2009; SANTOS, 2012). Da escrita no papel, da escrita manual, aos escritos em máquinas, como a prensa de Gutenberg, a máquina de datilografia, os computadores e a rede mundial de computadores (internet), temos uma divisão social do trabalho da escrita e da leitura em que a tecnologia, especificamente a do digital, em determinadas condições de produção de sentidos, produz deslocamentos no próprio do processo da produção de sentidos sobre o que é biblioteca, o que é obra, o que é autoria e de como (com)partilhar documentos ou leituras, no caso de nossa pesquisa, on-line. Considerando os sentidos de biblioteca
na sociedade, na história, e filiados à Análise de Discurso, em uma possível relação com os estudos sobre arquivo, temos, desse modo, o objetivo de compreender como os sentidos de biblioteca são produzidos na ordem do digital.
As bibliotecas, na história, passam e continuam a passar por diferentes transformações com o desenvolvimento tecnológico. Na contemporaneidade, com o advento da informatização e da internet, as bibliotecas digitais, conforme Sayão (2008), tiveram impulsos advindos de duas forças: 1) a do rápido desenvolvimento das tecnologias de informação; e 2) a das pessoas, em especial os acadêmicos, que almejavam uma maneira de acessar com mais eficácia as informações
. Nessa perspectiva, a biblioteca digital, em sua especificidade, não contém livros na forma convencional (impresso), pois a informação
pode ser acessada em locais específicos e remotamente no espaço digital.
A tecnologia, em certas condições de produção de sentidos, tem produzido deslocamentos nas formas de comunicação e nos gestos de (com)partilhar informações
, de modo que as tentativas de controle da disponibilidade e do acesso às obras na internet têm se mostrado um dos principais desafios na atualidade, por exemplo, para produção e institucionalização de políticas públicas. Ao falarmos em tecnologia, rapidamente a relacionamos com as tecnologias digitais, das máquinas on-line, inscritas na ordem da velocidade, efêmeras em seu tempo de circulação, no sentido de que a novidade hoje pode estar ultrapassada amanhã.
De acordo com Mariani (2018), com o uso constante da palavra tecnologia
na contemporaneidade, há uma evidência de sentido, um imaginário