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A Filha da Tecelã
A Filha da Tecelã
A Filha da Tecelã
E-book148 páginas1 hora

A Filha da Tecelã

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Sobre este e-book

Um romance sobre amadurecer.

Em uma instituição psiquiátrica, reside uma tecelã, Marisol Suarez. Suas mãos são frágeis, sua visão está falhando, e sua esperança está diminuindo, mas sua mente é tão afiada quanto aço. Ela carrega as cicatrizes de um segredo sombrio que escolheu levar para o túmulo porque a pessoa que ela mais precisava que acreditasse em suas palavras... nunca acreditou.

Anos se passaram, mas Isabel Ongpin parece não conseguir se esquecer dos dias mais sombrios de sua vida. O passado parece assombrá-la com cada contusão e cicatriz , cada palavra dolorosa da pessoa que ela se recusou a acreditar ser um monstro. A cada dia que passa ela escolhe continuar a guardar esse segredo, pois para ela, é a única culpada pelo que houve.

Em uma mansão no topo da colina, reside uma garota, filha única, de 18 anos, Lotus Ongpin. Ao longo de sua vida, a Hacienda Hermosa se tornou o único lugar que ela já conheceu já que seus pais escolheram protegê-la do mundo exterior. O que mais anseia é ser amada, mas seus sentimentos e opiniões não são relevantes para os pais desde que ele esteja bem alimentada, vestida e alojada. Quando Lotus enfim se aventura no mundo exterior, ela descobre o que sua família manteve escondido todo este tempo. Um mundo cheio de aprendizado, paixão e dor. E ainda... ela não tem ideia sobre as verdades que ainda estão para chegar à superfície

Como um vestido feito à mão, as vidas desta mulheres são tecidas e transformadas em uma única peça de tragédia, beleza e amor.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento2 de jun. de 2020
ISBN9781071549926
A Filha da Tecelã

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    A Filha da Tecelã - Geraldine Solon

    A FILHA DA TECELÃ

    PARTE I

    Marisol

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    Prólogo

    Mal consigo ver o piso de linóleo rachado em que meus pés costumavam andar, mas sei que existem. As vozes na minha cabeça continuam gritando para mim, mas estou ciente de que não me resta mais nada neste mundo. As velhas enfermeiras não me cumprimentam com o mesmo sorriso que as novas. Nos 18 anos em que estou aqui, não tive uma única visita. Esta foi minha casa, meu santuário e o único lugar onde ninguém se atreve a me visitar. Mas eu esperei que esse dia chegasse. Está na hora. É hoje.

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    ––––––––

    4 de junho de 2000

    Lá está ele, radiante como sempre com sua pele clara e olhos claros, elevando-se acima de mim com seus sapatos perfeitamente polidos, o terno bem passado e um sorriso no rosto. Não consigo tirar os olhos dele. Eu posso contar com exatidão o que sinto por ele. Desejo. Uma palavra descreve tudo. Mas, de novo, ele não me nota. Sou apenas a filha de uma criada, um dos muitos criados que a família dele emprega nessa propriedade. Sou a única adolescente aqui, e auxilio minha mãe na limpeza os quartos da enorme mansão Hacienda Hermosa , localizada na região da Visayas Ocidental, nas Filipinas. Na maioria das vezes, fico sozinha, sem ninguém para conversar e o que me mantém viva são os desejos profundos que sinto por ele. Se ao menos essa mansão pudesse falar, revelaria todos os meus segredos. Ricardo Iglesias, meu príncipe, meu amor, meu tudo. Se você puder me dar uma chance. Dê uma olhada e veja meu verdadeiro eu. Eu sou mais do que apenas uma garota, desejando que você possa me ver por quem eu realmente sou.

    Hoje é o grande dia. Estamos nos preparando para o retorno da irmã de Ricardo, Isabel, ela vem da Espanha, onde estava estudando línguas estrangeiras para aperfeiçoar seu espanhol e francês. Doña Maria Esperanza exige que arrumemos todos os cantos e recantos e procuremos teias de aranha. Nos dizem para usar travesseiros de ganso porque Isabel é alérgica a pó. Toda a criadagem pisa em ovos, garantindo que tudo esteja impecável.

    Estou animada para rever Isabel, nunca pudemos brincar juntas enquanto crescíamos. Eu sempre me escondia atrás da minha mãe toda vez que ela estava por perto, mas agora, mais do que tudo, tudo que eu quero é estar perto dela. As fotos recentes que eu vi dela revelam que ela é uma pessoa gentil. É ainda mais bonita agora, majestosa com sua pele clara como leite, olhos azuis brilhantes e madeixas douradas. Ela me lembra uma princesa de uma terra distante. Tão diferente de mim, com meus cabelos escuros e pele bronzeada por ficar ao ar livre trabalhando sob o sol. Sendo filha única, gostaria de ter uma irmã e espero que Isabel seja a essa pessoa. Nós temos a mesma idade, mas vivemos em mundos separados. No entanto, meu objetivo é conquistar Isabel e deixá-la ser a pessoa mais próxima de mim.

    Puxando o travesseiro para perto nariz, fantasio como seria me sentar na cama queen ao lado de Ricardo e sentir seus lábios macios pressionados contra os meus enquanto ele vagarosamente me despe. Como isso seria bonito.

    — Marisol. — minha mãe se intromete em meus devaneios. — Precisamos de você na cozinha.

    Eu suspiro, atenta à forma como ela me observa.

    — Sim, mamãe.

    Meu pai morreu quando eu tinha quatro anos e desde então eu sempre fui a sombra da minha mãe. Costumo ouvir os outros criados fofocando sobre como sentem pena de minha mãe, e cada vez que entro na sala, eles me lançam olhares inexpressivos. Como podem sentir pena da minha mãe? Vivemos em uma bela mansão com vista para uma colina e temos a melhor vista do oceano, e à noite não precisamos nos preocupar com o calor, porque o vento frio corre janelas adentro. Podemos não ser donos da Hacienda Hermosa, mas todos os dias para mim são uma bênção, especialmente porque vejo o rosto de Ricardo.

    Enquanto Isabel optou por estudar no exterior, Ricardo ficou para cuidar dos negócios da família, tecelagem. Logo abaixo da propriedade, fica a fábrica de tecelagem, onde eles criam belos barongs e vestidos feitos à mão, feitos de Piña — folhas de abacaxi. De acordo com minha mãe, não tenho permissão para entrar na fábrica. Mas o que ela não sabe é que eu visito o lugar todas as noites, quando todos estão dormindo. A fábrica de tecelagem é o único lugar que me permite explorar, sonhar e usar as mãos. Eu amo trabalhar com as mãos. Eu também posso ser uma tecelã. Vou provar para ela, para eles, para Ricardo.

    Não perde por esperar, mamãe. Vou mostrar o que posso fazer hoje.

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    ––––––––

    Isabel é tudo que eu imaginei que ela fosse. Quando sai do Rolls Royce preto, seus olhos brilham. Erguendo o queixo, ela acena para a multidão que a recebe. Uma princesa graciosa de verdade. Nossos olhos se cruzam, e ela abre um sorriso, reconhecendo minha presença. Não posso mais me conter, então corro em direção a Isabel com um presente que embrulhei eu mesma. Minhas mãos tremem ao me aproximar.

    — Isto é para você, Señorita. — posso sentir todos os olhos em mim, incluindo os de Doña Maria. Tenho certeza de que minha mãe está xingando baixinho, mas não me importo. Este é o meu momento.

    Isabel rasga o papel do embrulho e tira uma blusa feita, à perfeição, com Piňa. Todos ao redor se amontoam enquanto os olhos dela se arregalam.

    — É lindo. Obrigada.

    Meu coração pula.

    — Fiz especialmente para você.

    Meu segredo foi revelado. É nisso que venho trabalhando há um mês. Eu precisava preparar algo especial para Isabel, para que ela pudesse ser minha irmã. A única irmã que eu terei. Se temos algo em comum, é que perdemos nossos pais muito cedo. Espero que nosso vínculo possa ser mais forte do que nunca. Ela precisa de mim, e eu preciso dela.

    Um tapa voa no meu rosto.

    — Marisol, como você pôde. — minha mãe levanta a voz.

    Lágrimas inundam meus olhos. Eu sabia o que estava por vir. Doña Maria chega até nós, estuda a blusa e em seguida se vira para mim.

    — Marisol, você teceu essa peça?

    Inclino a cabeça, esperando que ela não me faça ser banida da face da terra, mas ela levanta meu queixo.

    — Você pode começar a trabalhar na fábrica amanhã.

    Meus olhos se iluminam e logo estou em lágrimas, mas desta vez choro de felicidade. Minha mãe está prestes a dizer algo, mas Doña Maria a encara.

    — Ela é a melhor tecelã que eu já vi. Como não reconhece isso?

    Risos escapam dos meus pulmões. Não me lembro de ter rido assim antes. Isabel ri também e aperta minhas mãos.

    — Isso exige uma celebração. — diz ela. — Voltei para casa, e agora você é nossa nova tecelã.

    E assim, eu sabia que a havia conquistado como irmã.

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    ––––––––

    Me sinto toda tonta no meu primeiro dia de trabalho, testemunho mais de cem tecelões envolvidos em suas tarefas, em seus respectivos postos de trabalho. Doña Maria me designa para ser treinada pela mestrina Leticia Mendez, que trabalha para a família há quarenta anos e continua firme e forte. Leticia usa óculos grossos e parece bastante rigorosa. Tenho medo de me sentar ao lado dela, mas sei que trabalhar com a melhor tecelã deles me motivará a brilhar com o melhor de minhas habilidades.

    Leticia alinha as folhas de abacaxi que foram cortadas no início daquele dia, bem finas. Ela coloca a mão na minha.

    — Você precisa ter muito cuidado ao raspar a fibra da folha.

    Ela demonstra com que perícia rala a fibra longa e lustrosa, uma a uma, com uma casca de coco. É um processo delicado. Repetitivo, mas rítmico; um verdadeiro consolo para mim.

    Letícia não só me mostra como trabalhar com as mãos, como também me informa que os abacaxis levam dezoito meses para amadurecer antes que possamos usar as folhas. Como a vida, todo o resto é uma jornada: uma coleção de momentos.

    Este é o meu momento, bem aqui, agora e onde eu descobri minha verdadeira felicidade.

    Depois de algumas horas, minhas mãos estão doloridas e trêmulas. Levanto-me e estico os braços, desejando fazer uma pausa. Leticia me olha.

    — Ninguém disse que você pode fazer uma pausa.

    Eu estudo meus arredores,

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