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Fruto Proibido (Edição Portuguesa) (Portuguese Edition)
Fruto Proibido (Edição Portuguesa) (Portuguese Edition)
Fruto Proibido (Edição Portuguesa) (Portuguese Edition)
E-book575 páginas7 horas

Fruto Proibido (Edição Portuguesa) (Portuguese Edition)

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Sobre este e-book

Português do Brasil!
.
No limiar dos tempos, dois antigos adversários batalharam pelo controle da Terra. Um homem insurge-se para ficar ao lado dos humanos. Um soldado cujo nome nós ainda lembramos hoje.
.
Desde que sua nave caiu, o Coronel das Forças Especiais Angélicas Mikhail Mannuki'ili tem tido uma sensação pertinaz de que ele deveria completar uma missão. É uma pena que a queda o tenha deixado sem memória sobre a quem ele deveria contar, ou qual era a missão originalmente. Agora que ele e Ninsianna professaram seu amor, é bastante tentador esquecer. Afinal, quem se importaria com um remanso primitivo como a Terra?
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Aquela-Que-É continua enviando visões à Ninsianna sobre um futuro apocalipse que só pode ser impedido por Mikhail. É uma tentação cômoda—Mikhail a ama—tudo o que ela tem de fazer é convencer os guerreiros a deixar que ele os treine. Por que ela deveria contar a ele que um rival conhece a localização do Templo de Ki?
.
Enquanto isso no céu, Lúcifer traça um plano para usar as mulheres humanas para seduzir outros Angélicos moribundos a se rebelar.
.
A saga Espada dos Deuses continua no Livro 3: "Fruto Proibido".
.
Portugues do Brasil!
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Este livro não é ficção religiosa!
.
Ordem de leitura, série "Espada dos Deuses":
—Heróis do Antigo: Episódio 1x01 (prequel conto)
—Espada dos Deuses (contém Heróis do Antigo)
—Não há Lugar para Anjos Caídos
—Fruta Proibida
—Entre as Pedras Fulgurantes (em breve)
*
Língua portuguesa, Portugues Brasileiro - Portuguese language, Brazilian Portuguese

IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de jun. de 2020
ISBN9781949763638
Fruto Proibido (Edição Portuguesa) (Portuguese Edition)
Autor

Anna Erishkigal

Anna Erishkigal is an attorney who writes fantasy fiction under a pen-name so her colleagues don't question whether her legal pleadings are fantasy fiction as well. Much of law, it turns out, -is- fantasy fiction. Lawyers just prefer to call it 'zealously representing your client.'.Seeing the dark underbelly of life makes for some interesting fictional characters. The kind you either want to incarcerate, or run home and write about. In fiction, you can fudge facts without worrying too much about the truth. In legal pleadings, if your client lies to you, you look stupid in front of the judge..At least in fiction, if a character becomes troublesome, you can always kill them off.

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    Fruto Proibido (Edição Portuguesa) (Portuguese Edition) - Anna Erishkigal

    FRUTO PROIBIDO

    por

    Anna Erishkigal

    .

    Livro 3

    da saga

    Espada dos Deuses

    .

    Edição portuguesa

    .

    Traduzido por Filipe de Lima Silva

    Copyright 2012, 2020

    Anna Erishkigal

    Todos os direitos reservados

    Sinopse

    No limiar dos tempos, dois antigos adversários batalharam pelo controle da Terra. Um homem insurge-se para ficar ao lado dos humanos. Um soldado cujo nome nós ainda lembramos hoje.

    .

    Desde que sua nave caiu, o Coronel das Forças Especiais Angélicas Mikhail Mannuki'ili tem tido uma sensação pertinaz de que ele deveria completar uma missão. É uma pena que a queda o tenha deixado sem memória sobre a quem ele deveria contar, ou qual era a missão originalmente. Agora que ele e Ninsianna professaram seu amor, é bastante tentador esquecer. Afinal, quem se importaria com um remanso primitivo como a Terra?

    Aquela-Que-É continua enviando visões à Ninsianna sobre um futuro apocalipse que só pode ser impedido por Mikhail. É uma tentação cômoda—Mikhail a ama—tudo o que ela tem de fazer é convencer os guerreiros a deixar que ele os treine. Por que ela deveria contar a ele que um rival conhece a localização do Templo de Ki?

    Enquanto isso no céu, Lúcifer traça um plano para usar as mulheres humanas para seduzir outros Angélicos moribundos a se rebelar.

    A saga Espada dos Deuses continua no Livro 3: Fruto Proibido.

    .

    Portugues do Brasil!

    .

    Este livro não é ficção religiosa!

    .

    Ordem de leitura, série Espada dos Deuses:

    —Heróis do Antigo: Episódio 1x01 (prequel conto)

    —Espada dos Deuses (contém Heróis do Antigo)

    —Não há Lugar para Anjos Caídos

    —Fruta Proibida

    —Entre as Pedras Fulgurantes (em breve)

    Índice

    Sinopse

    Gênesis 3:3

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capítulo 30

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Capítulo 33

    Capítulo 34

    Capítulo 35

    Capítulo 36

    Capítulo 37

    Capítulo 38

    Capítulo 39

    Capítulo 40

    Capítulo 41

    Capítulo 42

    Capítulo 43

    Capítulo 44

    Capítulo 45

    Capítulo 46

    Capítulo 47

    Capítulo 48

    Capítulo 49

    Capítulo 50

    Capítulo 51

    Capítulo 52

    Capítulo 53

    Capítulo 54

    Capítulo 55

    Capítulo 56

    Capítulo 57

    Capítulo 58

    Capítulo 59

    Capítulo 60

    Capítulo 61

    Capítulo 62

    Capítulo 63

    Capítulo 64

    Capítulo 65

    Capítulo 66

    Capítulo 67

    Capítulo 68

    Capítulo 69

    Capítulo 70

    Epílogo

    EXCERTO: LIVRO 4: Entre as Pedras Fulgurantes

    Entre para o meu Grupo de Leitores

    Um momento do seu tempo, por favor…

    Pré-Visualização: Anjo da Morte: uma História de Amor

    Pré-Visualização: Um Anjo Gótico de Natal

    Pré-Visualização: O Califado: Um suspense pós-apocalíptico

    Pré-Visualização: Se Desejos Fossem Cavalos

    Sobre a Autora

    Outros livros de Anna Erishkigal

    Nomes importantes

    Lista de espécies

    Direito Autoral

    Notas finais

    Gênesis 3:3

    E disse a mulher à serpente,

    "Do fruto das árvores do jardim

    Comeremos: Mas do fruto da árvore

    Que está no meio do jardim,

    Disse Deus, 'Não comereis dele;

    Nem nele tocareis para que não morrais.'"

    Capítulo 1

    Data Galáctica Padrão: 152,323.04 AE

    Terra: Base de Operações Avançadas Sata’anica

    Tenente Kasib

    Dez semanas atrás…

    Ten. KASIB

    Uma multidão de humanos agrupava-se no limite da aldeia, observando o transporte de tropas sata'anico pairando acima do aeródromo improvisado. Os motores VTOL [1] estrondosos levantaram uma nuvem de poeira e a sopraram na direção da aldeia, obscurecendo o Tenente Kasib da vista deles.

    Com licença? Kasib chamou.

    Os humanos gritaram quando perceberam que ele era um deles. Um dos deuses-lagartos. Vindos para tirá-los da Idade da Pedra. Eles atiraram seus corpos minguados no chão, pressionaram sus testas rosadas na terra e proclamaram:

    Shay'tan seja louvado…

    Kasib ergueu duas garras e deu a eles a bênção esperada antes de passar por cima de seus corpos prostrados. Os humanos fitavam invejosamente o pequeno vaso de argila que ele carregava, moldado de argila amarela-ocre e decorado com um tom mais escuro de marrom; o segundo fruto mais precioso que este planeta tinha a oferecer. Seu conteúdo representava todas as coisas boas que este planeta podia oferecer ao Império, e também todas as coisas ruins se ele falhasse em ajudar o General a garantir o fruto mais valioso, seu povo, contra a Aliança.

    Os dois últimos transportes de tropas depositaram-se sobre o aeródromo e desaceleraram seus motores subespaciais com um zumbido frustrado. Com as reservas de combustível baixas, não haveria mais abastecimento de suprimentos para o SRN Jamaran. [2] O General Hudhafah (que Shay'tan abençoe sua infinita sabedoria) ordenara que todos, exceto uma tripulação mínima, evacuasse o cruzador de batalha e começasse a colonizar o planeta. A rampa de popa se abriu ao meio. Milhares de soldados corpulentos, representando cada planeta do Império—Lagartos sata'anicos, Catoplebas [3] com aparência de javali, Maridas [4] de pele azul e uma dúzia de outras raças—desceram das naves atarracadas e cinzentas, carregando mochilas que tinham pouca munição e ainda menos comida.

    Onde fica o refeitório? Um dos novatos bradou.

    No teu rabo! Os veteranos na Terra bradaram de volta.

    Disseram que não teria mais comida aqui.

    Tem– os veteranos na Terra gesticularam na direção das montanhas distantes. Tudo o que você tem que fazer é levantar o rabo e ir pegar.

    Botas de combate pisotearam em uníssono sobre os campos nivelados às pressas conforme os segundos-sargentos arrebanhavam os homens famintos na direção da tenda marcada com a chave e a espada do mestre quarteleiro. [5]

    Kasib margeou pela cerca de arame farpado. Esta era a campanha de suprimentos mais difícil que ele já teve que ajudar Hudhafah a coordenar, a 12.000 anos-luz do posto avançado sata'anico mais próximo, sob um silêncio de rádio total e em absoluto sigilo. Os humanos estavam tão enamorados pela tencnologia sata'anica que eles não tinham ideia do quanto era precário seu domínio sobre este planeta.

    Uma gota de óleo perfumado vazou pela tampa do vaso de argila, preenchendo suas narinas com um aroma frutado.

    Talvez ele devesse provar um pouco?

    Não! Os anciões da aldeia o deram como uma oferenda de paz. Cabia a ele convencer Shay'tan de que os humanos iriam cooperar, para que eles pudessem evitar uma cagada infernal como no último planeta que eles tinham conquistado. O sucesso era a única maneira pela qual ele receberia o ápice da conquista Sata'anica: uma esposa, uma família e um filho para levar seu nome.

    Um pelotão de quebra-crânios [6] bloqueava o portão, carregados de suprimentos recém-recuperados de uma aldeia afastada. A julgar por seus uniformes salpicados de sangue, a aldeia exigiu um pouco de persuasão para suprir a base com tributos.

    Kasib suspirou. Esses homens nunca iriam aprender que usar diplomacia significava algo além da ponta de um rifle de pulso?

    Ele fez uma contagem rápida do número de cestos. Embora estivessem cheios de saques, havia pouca comida de verdade.

    Isso foi tudo o que vocês puderam conseguir? Ele perguntou.

    Os quebra-crânios o ignoraram.

    "Soldados!" Ele ordenou bruscamente. Vocês poderão conseguir mais?

    Dois dos soldados de infantaria corpulentos sorriram desdenhosamente para ele.

    Olha só! disse um marida de pele azul musculoso. Temos aqui uma bucha de canhão, falando pra gente como fazer nosso trabalho?

    É, o outro disse, um lagarto de cabeça chata com uma cicatriz que percorria de sua narina até seu olho. Ele é tão pequeno, será que eu posso usar ele pra limpar meu rabo?

    Os dois quebra-crânios riram entredentes.

    "Vocês devem me chamar de Tenente," Kasib bufou indignado. Quebra-crânios tinham uma espantosa falta de respeito por qualquer oficial que não pudesse botá-los no chão.

    Ele parece um daqueles burocratas, não parece? O marida cutucou com um dedo azul e musculoso o peito de Kasib.

    Talvez você devesse usar ele de papel higiênico da próxima vez que você ficar sem papel na latrina! O lagarto de cabeça chata riu.

    O marida de pele azul agarrou a urna preciosa.

    Que cê tem aí?

    Kasib a puxou de volta.

    "Este é um presente para o Imperador Shay'tan!"

    Para Shay'tan, você diz? O lagarto riu. Esse carinha alega que ele tem um canal com o Imperador Shay’tan!

    Todos os quebra-crânios explodiram em gargalhadas profundas.

    Um lamento agudo os interrompeu.

    "Ayağa kalk kaltak!" Uma voz humana berrou.

    Deixem-me passar! Kasib expôs suas presas. Ou eu colocarei a pasta disciplinar de vocês na mesa do General Hudhafah!

    Ele torceu o colarinho para que os dois imbecis pudessem ver o broche trançado em ouro que o marcava como o ajudante de campo [7] oficial do General. O sangue foi drenado da papada do lagarto de cabeça chata.

    A gente não quis ofender, senhor, ele disse.

    É, o marida disse. A gente só tava brincando um pouco.

    Os dois quebra-crânios abriram caminho.

    Resmungando sobre disciplina, Kasib abriu caminho a cotoveladas pelo resto do pelotão. Bloqueando o portão se encontrava um grupo de humanos vestidos com túnicas listradas coloridas. O líder deles usava uma bandoleira [8] de couro drapeada sobre um ombro; mas em vez de balas, dúzias de pequenas facas com cabos de ossos estavam enfiadas na tira de couro. Seus homens portavam uma arma que as tribos locais não portavam; arcos e flechas. Um fedor fétido forçou Kasib a estalar sua língua comprida e bifurcada de volta em sua boca.

    "Por que eles estão aqui? Ele perguntou ao catoplebas de focinho de porco que guardava o portão. Eu acabei de chegar da aldeia. Todos os suprimentos devem ser negociados ."

    "Não estes, o catoplebas disse. Seus aliados disseram que eles exigem um tratamento especial."

    "Quais aliados?" Kasib relanceou de volta para os quebra-crânios salpicados de sangue.

    Aqueles que vocês disseram que treinaríamos as mulheres como esposas?

    Kasib deu aos comerciantes uma olhadela incrédula. O segredo para colonizar qualquer novo mundo era convencer a população indígena a adotar os ideais sata’anicos. Ao controlar o acesso a mulheres, e assim à reprodução, dentro uma única geração, eles poderiam transformar até o planeta mais hostil num tributário confiável. Ele mencionara isso aos anciões da aldeia, mas eles não estavam nem perto de começar a reeducação das futuras noivas!

    O guarda com cara de javali, cuja placa de identificação dizia Katlego, acotovelou brutalmente um dos comerciantes.

    Abram caminho, cabeças ocas! Ele grunhiu em Kemet. [9]

    Os comerciantes se moveram.

    No centro deles amontoava-se uma dúzia de mulheres aterrorizadas, vestidas escandalosamente com os braços nus e os rostos descobertos. Uma das mulheres havia caído, razoavelmente atraente, mas a julgar por suas roupas rasgadas, um pouco abatida.

    Seu pedaço desastrado de merda de cabra! O líder rosnou. Ela fica fingindo tropeçar!

    Eu sinto muito, a fêmea soluçou. Hematomas arruinavam sua bochecha.

    O líder de rosto cruel a agarrou pelo cabelo.

    Se eles rejeitarem você, ele silvou abaixo do que ele pensou ser o nível da audição sata'anica, eu vou levar você até o deserto e vou abri a sua garganta!

    A mulher guinchou.

    O comerciante começou a bater nela.

    Todos os quebra-crânios riram.

    Kasib precipitou-se e agarrou o comerciante pelo pescoço.

    Shay’tan— ele expôs suas presas de cinco centímetros de comprimento "—tem regras sobre como um homem deve tratar uma mulher!"

    Embora de tamanho modesto, pelo menos comparado aos quebra-crânios, até um lagarto de altura modesta se elevava sobre um homem humano comum. Ele ergueu o homem para que as pernas dele balançassem sobre o solo.

    Um aroma penetrante de amônia preencheu o ar. Urina desceu pela perna do líder.

    E-ela fica caindo, ele implorou.

    "Se você ficar chutando ela, Kasib rosnou, é claro que ela vai cair!"

    Os quebra-crânios assuaram: Assim que se faz, Tenente!

    Kasib relanceou para a espaçonave pousada e depois para os cabeças ocas que ele forçara a abrir caminho. Por mais que ele quisesse ganhar o respeito deles desmembrando o líder membro a membro, ele precisava desses comerciantes para forjar uma cadeia local de fornecimento num planeta primitivo que se encontrava a milhões de anos-luz do coração do Império Sata’anico.

    Estivessem eles prontos ou não, o Estágio 4 da invasão tinha que começar agora.

    Qual é o seu nome, comerciante? Kasib perguntou.

    Rimsin, o comerciante balbuciou. "Filho de Kudursin, da tribo amorita [10] de Jebel Bishri. [11] Nós nos especializamos no comércio de mulheres."

    "Bem, Shay’tan exige que disciplinemos nossas mulheres gentilmente— Kasib rosnou. Você deve implorar com razão, e se isso falhar, então você bate nela, gentilmente, com uma bengala. Você entende, comerciante?"

    S-sim, o comerciante guinchou.

    Bom. Kasib baixou o comerciante e alisou sua túnica multicolorida. "Entregue essas mulheres ao mestre quarteleiro por três dáricos [12] de ouro a peça, e depois— ele gesticulou para as mulheres —traga-me o máximo de donzelas que você puder encontrar. Não mais do que duas de uma única aldeia!"

    Obrigado! O comerciante exclamou.

    Os amoritas dispararam pelo portão, abandonando as mulheres para coletar sua recompensa em ouro. Pelo preço que ele acabara de oferecer, essas mulheres seriam as primeiras de muitas.

    Kasib apalpou em busca da urna de argila e percebeu que ele a havia derrubado. Aos seus pés, a mulher que ele acabara de resgatar tenteava a terra e reunia os preciosos frutos marrons em seu busto.

    A-a-aqui— ela os estendeu na direção dele.

    Em suas mãos, ela tinha três frutos pequenos, machucados e cobertos de terra, mas ainda com o mesmo aroma doce e picante de quando Nipmeqa os embalara no jarro. A urna, por outro lado, estava irreparavelmente rachada. O óleo havia vazado, desperdiçado, sobre o solo.

    Kasib abriu seu focinho para repreendê-la, mas então ele percebeu…

    …a mulher era cega.

    Lágrimas desciam pelas bochechas dela enquanto ela reunia os frutos restantes.

    Está tudo bem, ele mentiu. "Shay’tan é um deus clemente."

    Capítulo 2

    E quando a mulher viu

    Que a árvore parecia agradável ao paladar,

    E que era atraente aos olhos,

    E além disso, desejável para dela se obter discernimento,

    Tomou do seu fruto, comeu-o,

    E o deu ao seu marido;

    Que comeu também.

    .

    Gênesis 3:6

    .

    Final de Junho – 3.390 A.C.

    Terra: Aldeia de Assur

    Coronel Mikhail Mannuki’ili

    .

    Linha do tempo presente…

    MIKHAIL

    O vento mesopotâmico sustentava suas asas como uma amante há muito tempo perdida, o acolhendo de volta em seu seio quente. Ele rodopiou em círculos preguiçosos numa rajada ascendente auroral, cada vez mais alto, até que o frio fez sua pele pinicar e a sua cabeça ficou tonta pela falta de oxigênio.

    Enfim, os primeiros raios débeis de sol dispararam pelo distante horizonte, muito embora a terra abaixo dele ainda jazesse coberta por um sono tranquilo. A luz beijou sua pele; brilhante, deslumbrante e branco-dourada. Assim como os olhos de Ninsianna—

    —assim como seu esmagador senso de dever que se recusava a se libertar de suas memórias ausentes.

    Ele dobrou as asas contra as costas e mergulhou.

    Turbilhonando e rodopiando num giro vertiginoso, seu coração disparou enquanto ele saboreava a sensação de queda livre. O vento rugia por seus ouvidos, caindo, caindo; afogando a voz repreensiva que chilreava—

    —complete a missão, complete a missão, complete a missão—

    Que missão? Ele sequer conseguia lembrar o próprio nome!

    O ar engrossado gritava que ele havia caído perigosamente perto da terra, mas o único momento em que ele se sentia livre era quando ele se permitia cair. Sem abrir os olhos, ele chamejou suas asas numa parada de revirar o estômago que o virou no meio do ar e o catapultou direto para cima, de volta para o vento.

    Whoo!

    A sensação era revigorante, não era como o combate. Seu corpo todo formigava, como se pela primeira vez em sua vida, ele pudesse sentir.

    Ele apanhou outra corrente ascendente acima do Rio Hídequel. [13] Ela o carregou por sobre a aldeia adormecida enquanto o sol nascia uma segunda vez, pintando as paredes de tijolos de barro de Assur [14] em tons deslumbrantes de rosa e amarelo-ouro…

    …assim como a pele beijada pelo sol de Ninsianna.

    Ele voou por cima do portão norte, passando pelas sentinelas que lhe ofereceram uma expressão azeda. Um dos guerreiros mais novos acenou. O guerreiro ao lado dele o acotovelou nas costelas—com força.

    "Ele é um inimigo," o guerreiro silvou.

    Mas o Chefe disse—

    "Não importa," o guerreiro interrompeu. Se o Jamin vir você, ele abre o seu crânio.

    Mikhail suprimiu uma pontada de irritação. Não importa o quanto as coisas tinham mudado desde ontem, elas continuavam iguais. Ele voou rente ao topo do muro para que o vento de suas penas derrubasse o chapéu em formato de cone dos guerreiros.

    Ei!

    Ele planou para a direita, ignorando as expletivas dos guerreiros. Sua sombra corria abaixo dele, projetando uma forma alada gigante sobre a estrada. Aldeões grogues cambaleavam para fora de suas casas e olhavam para cima, ainda desacostumados em vê-lo voar.

    Mikhail! Mikhail!

    Um dos aldeões pulava para todo lado em êxtase, balançando uma lança de madeira surrada. Mikhail inclinou suas asas para pairar por cima de Pareesa. Ela abandonara a capa e o saiote de seu irmão para usar seu próprio vestido de xale, amarrado alto para deixar suas pernas livres.

    Estou saindo para treinar! Ela ergueu a lança do pai dela.

    Boa sorte! Ele gritou.

    Você vai se juntar a nós?

    Suas asas poderosas o mantiveram em voo acima dela.

    Isso não depende de mim, ele disse. "Depende do Muhafiz."

    Pareesa ficou vesga e fez uma cara de rato. Os dois sabiam qual era a probabilidade de isso acontecer. 'Quando o Hades congelar' e 'por cima do cadáver de Jamin'. Mas não era o trabalho dela ganhar a batalha dele por respeito.

    Ele se despediu dela, e depois apanhou uma corrente ascendente para carregá-lo por cima do segundo anel de casas. O vento esmurrou suas penas quando ele desceu para o quintal de Immanu.

    A persiana do quarto de Ninsianna havia sido bem aberta. Com um formigamento de antecipação, ele apanhou os baldes d’água que ele buscara mais cedo, antes de sucumbir ao anseio de ver o nascer do sol acontecer duas vezes, e se abaixou por baixo do dintel, entrando na casa de tijolos de barro.

    Ela se encontrava na cozinha, uma deusa doméstica, inspecionando um cesto com seu vestido de xale drapeado graciosamente sobre a curva de suas costas. Um raio de sol a iluminou por trás numa gloriosa luz dourada. Ele ficou parado, a língua presa.

    "Mamãe! Onde está o a'alendra?" [15] Ela gritou.

    Secando nos esteios, a voz da mãe dela flutuou do segundo andar.

    Ela estendeu a mão para o teto, fazendo com que seu vestido de xale habilmente enrolado deslizasse por um ombro enquanto ela remexia fardos das ervas que secavam; o aroma gramíneo delas preencheu o ar.

    Eu não estou vendo! Ela gritou.

    "Está perto do Za'afaran," [16] Needa gritou de volta.

    Um mamilo marrom e atrevido espiou para fora do tecido branco e suave, fazendo com que as calças de Mikhail ficassem desconfortavelmente apertadas. Ela alcançou um fardo de flores brancas secas.

    Aqui está!

    Ela se esborrachou contra ele, pressionando seus seios quentes e macios contra o estômago plano dele. A água dos dois baldes espirrou em seu vestido, fazendo com que ele ficasse transparente. Seus olhos beijados pela deusa encontraram os dele.

    Ninsianna, ele murmurou.

    Ela ficou na ponta dos pés com o rosto virado para cima, seus lábios partidos em antecipação. O aroma de raiz de sabão [17] flutuou até as narinas dele. Ele se curvou para beijá-la, mas o pé da mãe dela na escadaria afastou os dois. Needa desceu a escada, arrumando seu chador [18] de coloração escura para proteger suas roupas contra aquela enfermidade comum dos curandeiros: sangue, vômito e urina de outras pessoas.

    Você encontrou? Needa perguntou.

    Ninsianna agarrou o fardo de ervas mais próximo e o pressionou contra o peito.

    S-s-sim, Mamãe. Seu rosto ganhou um tom rosa-escarlate.

    Mikhail moveu um balde para esconder sua ereção.

    "Você pode colocar esses no chão—" Needa apontou para o balcão de madeira —ali.

    Sim, madame, ele disse, sua voz grossa de culpa.

    Needa deu a ele uma sobrancelha erguida enquanto ele escapulia de lado, ainda segurando o balde à frente dele, e depois evadia-se de volta. Uma asa grande curvada para frente para proteger discretamente suas intenções para com a filha dela.

    Ninsianna deu um risinho.

    "Isso é borragem—" [19] a mãe dela a interrompeu. "Não a'alandra. Você precisa sedar a respiração da senhora, não fazê-la querer correr uma corrida."

    Sim, mamãe Ninsianna disse docilmente. Ela apanhou seu cesto e escapuliu pela porta da frente afora. Seus voluptuosos lábios rosados formavam a promessa: "depois…"

    "E você", Needa apontou para a mesa. Yalda e Zhila estiveram aqui enquanto você estava lá em cima— ela rodopiou o dedo no ar para indicar as acrobacias aéreas dele —se exibindo. Elas trouxeram a sua cota do prêmio.

    O prêmio? Ele teve um branco momentâneo.

    De ontem, ela disse. Depois que você saiu voando com a minha filha— ela deu a ele um olhar rígido "—o Chefe entregou aos seus patrocinadores o seu prêmio."

    Seu rosto enrubesceu, mas ele estava otimista de que ninguém o vira beijar Ninsianna—ele tivera o recurso de carregá-la rio acima antes de sucumbir ao desejo—e depois, pelo resto da noite, eles encenaram os papéis platônicos de Geshtinanna e Damu-zid [20] na frente da aldeia inteira.

    A mãe dela gesticulou para uma urna de argila pequena. Diferente dos jarros de argila de barro que continham as embrocações de curandeira dela, [21] este jarro havia sido cozido com a mais fina argila amarelo-ocre, e depois decorada com símbolos marrom-escuros.

    Ele a pegou.

    O que é isto? Ele perguntou.

    Você vai dividir com a gente, não vai? A voz dela subiu esperançosa. "Afinal, somos nós que temos alimentado você."

    Sim, madame, ele disse culpadamente.

    A menor insinuação de um sorriso malicioso repuxou os lábios de Needa. Ele estivera se matando, tentando conquistar seu sustento, mas enfim, ontem, ele havia provado que era bom em alguma coisa.

    Em quê? Matar…

    —Sim.

    Não há maneira em Hades de que Jamin confie em você perto dos homens dele.

    —Mas eles me viram bater nele. Isso tem que contar para alguma coisa.

    Abra, Needa gesticulou para a urna.

    Ele removeu a tampa de madeira. Exatamente na metade do caminho até o fundo, repousava um aglomerado de pequenos orbes marrons, embebidos em seu próprio óleo dourado.

    O que são? Ele tirou um.

    Azeitonas, ela disse.

    Ele deu uma fungada nela.

    Elas são frutas ou vegetais?

    Uma fruta, ela disse.

    "Não tem cheiro de fruta."

    Elas são frutas, ela bufou.

    Erguendo uma sobrancelha cética, ele levou o orbe até os lábios. Ele tinha um aroma como o de cevada recém-cortada, folhas de tamareira picada e talvez um pouco de manteiga? Uma gota de óleo dourado gotejou em sua língua, parcialmente salgada, parcialmente doce, com a mais sutil insinuação de uma pitadinha de picância?

    Vá em frente, prove? Ela o olhou invejosamente.

    Ele a atirou em sua boca.

    Só tome cuidado com o—

    Ele a mordeu.

    Ai! Seus dentes baterem em algo duro.

    —caroço, ela finalizou.

    Obrigado por me avisar, ele resmungou.

    A fruta se desintegrou em sua língua. Definitivamente não era parecido com fruta, mas também não era igual a um vegetal. Ela o fazia lembrar de—gah!!! Ele não conseguia se lembrar. A memória expreitava em seu subconsciente, despertando uma impressão de música e luz.

    Tinha gosto de nascer do sol. Aquele que ele acabara de testemunhar—duas vezes.

    Ele enfiou a mão e volta no jarro.

    Elas ficam melhores com pão folha. Needa apontou para um cesto que só podia ter vindo do forno de Yalda, enrolado num pano de linho limpo.

    Atirando um segundo fruto em sua boca, ele gemeu de prazer quando os sucos salgados estouraram em sua língua. Uma gota de óleo escorreu por seu queixo. Ele fungou o pão ainda quente antes de partir um pedaço para pincelar o óleo da azeitona.

    Needa rezingou e gesticulou para o banco.

    Enquanto você está ocupado se empanturrando, ela disse, deixe-me dar uma olhada na sua asa.

    Ele estendeu a asa como um ganso expondo o pescoço para o machado do carrasco, aquela que ele tinha quebrado e torcido para trás quando sua nave caiu. Se não fosse por Ninsianna, ele não estaria vivo, mas se não fosse pelo talento considerável da mãe dela, ele ainda estaria encalhado com um lindo, porém inútil espanador de penas. Ele buscou outra azeitona enquanto os dedos experientes dela afundavam-se em suas penas para explorar onde os ossos haviam sido ligados de volta.

    Needa deu um tapa na lateral de sua cabeça.

    Ei? Ele exclamou.

    Guarde um pouco para o resto de nós, seu pateta, ela disse meio séria. Você está acabando com toda a nossa comida!

    Descuulpeeee, ele murmurou com a boca cheia de pão folha, completamente incontrito.

    Ele se retraiu quando ela cutucou o lugar onde seu principal tendão de voo havia se reanexado ao osso.

    Isso dói? Ela perguntou.

    Sim, ele admitiu.

    Isso porque você não deveria fazer o seu primeiro voo com a minha filha a tiracolo!

    Ela o estapeou uma segunda vez.

    Ninsianna pediu por isso! Ela me deixou todo enlameado.

    Ele suprimiu um sorriso. Quando ele tinha terminado de correr pela prova, ele estava tão mais enlameado do que ela estivera!

    Needa grunhiu para que ele dobrasse a asa numa posição mais confortável. Ela se sentou do lado oposto da mesa e o observou com uma expressão ilegível enquanto mergulhava um pedaço de pão folha no óleo saboroso. O silêncio se tornou ensurdecedor enquanto ela mastigava.

    Enfim, ela falou:

    Ninsianna está apegada a você?

    Uma onda de culpa o atingiu no estômago. Ele fizera uma promessa aos pais dela, mas tudo o que ele havia feito desde ontem foi agir como um javali no cio.

    Isso não vai acontecer de novo, ele disse miseravelmente.

    Não foi isso o que eu perguntei.

    "O que a senhora está perguntando?"

    "Você está apegado a ela?"

    Ele respondeu honestamente.

    Muito.

    Então o que você vai fazer a respeito?

    Fazer? O que os homens faziam quando uma mulher se tornava seu coração e sua alma? Ou mais importante, o que um angélico, que não possuía nenhuma habilidade fungível de comércio, zero de posses pessoais (exceto por um rifle de pulso sem energia, uma espaçonave arruinada e uma espada), e sem memória de quem ele era e de como ele havia parado aqui, faz quando ele está encalhado num planeta primitivo e se apaixonou pela mulher que salvou sua vida?

    Nada, sua voz trinou. Eu dei minha palavra a Immanu de que eu não iria—

    —peça a ele. Needa interrompeu.

    Pedir a ele o quê?

    Peça permissão a Immanu para cortejar a filha dele.

    Mas … ele … me fez … prometer? Suas sobrancelhas se juntaram, perplexo.

    Ela pegou a mão dele e a apertou.

    "Nós só tínhamos medo de que você fosse levar a nossa única filha para longe de nós," ela disse. Prometa que você vai ficar, e Immanu irá ceder.

    Eu não posso! Ele gritou. Eu não consigo me lembrar de quem eu sou!

    "Mas nós sabemos como você é," ela disse.

    Socialmente inepto? Ele zombou. Sem habilidades viáveis de comércio?

    Você trata a todos com justiça, ela disse, da senhora mais humilde, até o cidadão do mais alto escalão desta aldeia. Você ama a nossa filha— ela pausou, como se o desafiasse a contradizer isso, e depois continuou "—e você não tem medo de trabalhar."

    "Eu sou um soldado— ele balançou suas plaquetas de identificação. Um soldado sem um exército. E se uma nave chegar e ordenarem que eu retorne ao posto?"

    "Você iria retornar?"

    Ao exército?

    "Para , ela disse. Você retornaria para cá, para ficar com a minha filha, quando você tiver terminado?"

    É claro! Ele exclamou. Eu batalharia com Shay’tan em pessoa para voltar para ela.

    Ele agarrou-se à palavra—Shay'tan—e o senso de missão que o nome provocava, mas a memória desapareceu assim que a palavra voou por seus lábios.

    E se você for lá fora— Needa apontou para o teto —e descobrir que o mundo de onde você vem é muito mais interessante do que este?

    "Eu não acho nada mais interessante do que Ninsianna."

    Você a abandonaria algum dia?

    Não a menos que eu esteja morto!

    Needa pegou outro pedaço de pão folha e o mergulhou no óleo. Ela olhou fixamente além dele, para seu próprio passado distante.

    Na época em que Ninsianna nasceu, ela disse, "nós estávamos em guerra com os Uruk. [22] Immanu estava sempre longe."

    Mas ele voltou, obviamente?

    Ele voltou, ela disse. "Mas levou muito tempo para que eu o convencesse de que o lugar dele era com a família dele e não fora— ela abanou a mão —perseguindo cada capricho da deusa."

    Mikhail caiu em silêncio.

    Eu não me lembro da minha família, ele disse lamentosamente.

    "Mas você obviamente teve uma."

    Ele apalpou seu bolso no peito, onde ele costumava guardar um boneco de madeira entalhado. Um brinquedo de criança… Desajeitadamente entalhado, chamuscado e quebrado. Entalhado por suas próprias mãos, ele suspeitava. Ele o deixara em sua nave porque ele lhe dava uma sensação desencarnada de pesar.

    "E seu eu já tiver uma esposa? Ele bateu nos pontos curados em seu couro cabeludo. Eu não me lembraria dela, lembraria?"

    O que o seu coração lhe diz? Needa perguntou.

    "Meu coração?"

    Sim. Ela cutucou seu peito com um dedo. Quando você olha para as estrelas, parece que está faltando alguém?

    Ele escolheu suas palavras seguintes com cuidado, não porque ele queria enganá-la, mas porque o senso de que ele havia esquecido alguma coisa era tão vago que ele não conseguia colocar em palavras.

    Quando eu estou com Ninsianna, ele disse honestamente, ela é a única pessoa em quem eu consigo pensar. Mas às vezes…

    —Olhos negros, espiando de um arbusto.

    —Uma voz de criança…

    Mikhail, venha me encontrar!

    —Eu separo as folhas, mas ela se foi…

    Ele se levantou do banco e começou a caminhar.

    Você tem dúvidas? Needa perguntou.

    "Não dúvidas, ele disse. Eu sinto como se—"

    Ele se virou, alheio ao modo como suas penas derrubavam fardos de ervas das prateleiras, tentando nomear as emoções que pareciam como se tivessem estado sempre congeladas, mas o sol quente de Ninsianna havia exposto o canto mais minúsculo de algo aterrorizante.

    "Eu sei que eu deveria fazer alguma coisa, ele disse. Terminar algum tipo de missão. Eu sinto como se—"

    Ele se sentou de volta e colocou a cabeça nas mãos. Ele não podia explicar que Ninsianna o fazia feliz? Que, até tê-la conhecido, ele não achava que ele um dia seria feliz em sua vida, porque a sensação era tão estranha? Mas sempre que ela estava longe, um senso esmagador de dever sussurrava: "Complete a missão?"

    Eu temo, sua voz trinou, "que seguir meu coração seja proibido!"

    Needa deu uma palmadinha afetuosa em sua mão.

    Por que seu deus proibiria os angélicos de se casarem?

    Eu não sei.

    "Eu não consigo imaginar nenhum deus que seja assim tão cruel."

    Ela pegou seu cesto de curandeira, e depois apertou a borda externa da asa dele.

    "Bem, se você quer se sentir útil—" ela apontou para fora pela porta que dava no quintal —a cabra escapou do curral dela de novo.

    Ela saiu andando pela porta para conduzir suas rondas de curandeira.

    Mikhail fisgou suas plaquetas de identificação e as ergueu na luz.

    .

    Coronel Mikhail Mannuki’ili

    352d SOG

    Força Aérea Angélica

    Segunda Aliança Galáctica

    .

    Com sua outra mão, ele apanhou outra azeitona e as segurou lado a lado. As plaquetas de identificação reluziam brilhosas e prateadas, mas o óleo que revestia a azeitona captava a luz do sol, fértil e madura, dando a ela a mesma luminescência dos olhos beijados pela deusa de Ninsianna.

    Agora que ele podia voar de novo, o que ele poderia fazer para ganhar seu sustento?

    Além de matar…?

    E porque ele se sentia tão ansioso sobre a missão que ele não conseguia lembrar?

    Capítulo 3

    Data Galáctica Padrão: 152,323.06

    Zona Neutra: Transporte Diplomático ‘Príncipe de Tiro’

    Primeiro-Ministro Lúcifer

    LÚCIFER

    Entre o império de Shay’tan e a Aliança Galáctica encontrava-se os restos devastados do que um dia fora o terceiro império. Moído e expelido pelos dois titãs adjacentes, seu único propósito hoje em dia era servir como um amortecedor estratégico, um lugar onde negócios extraoficiais aconteciam, coisas que os mandachuvas não desejavam que seus governos soubessem.

    Entre o cinturão de asteroides do que um dia fora seu planeta capital—até que alguém [*cof, cof, seu pai adotivo*] fez tudo virar bosta—pairava a nau almirante da Aliança, o ‘Príncipe de Tiro’. Comprida e graciosa, tinha algo de orgânico no modo como ela se afunilava do nariz até a aleta, suas a antenas de bagre, e a seção de sua cauda que terminava num par de aletas.

    Uma mão rude sacudiu Lúcifer de seu pesadelo.

    Lúcifer, acorde! Seu Chefe do Estado-Maior, Zepar exclamou. Eu tenho notícias maravilhosas!

    Uma enxaqueca de partir o cérebro apunhalou o crânio de Lúcifer. Ele puxou suas asas brancas ao redor de seu corpo para se defender da luz e segurou sua testa para que sua massa cinzenta não se derramasse sobre os lençóis. Onde ele estava? Qual era a última coisa da qual ele se lembrava? E, ah deuses! Ele fedia….

    Ele apalpou a cama ao lado dele, mas ela já tinha esfriado.

    Onde ela está? Ele coaxou da segurança de seu "casulo' emplumado.

    Onde está quem? Zepar perguntou.

    Minha esposa— ele deu um tapinha nos lençóis de cetim. Eu me lembro distintamente de ter me casado ontem.

    Ele abriu um olho, só uma fenda—só o bastante para ver a tromba azeda de Zepar—e se retraiu quando uma punhalada de luz ameaçou derreter seu cérebro.

    Isso foi há quatro dias atrás. Zepar o sacudiu de novo. Lúcifer! O Doutor Halpas acabou de fazer os testes. A sua semente germinou! A origem da sua espécie é fértil!

    Fértil? Lúcifer se levantou de uma vez. Quer dizer que ele acha que o meu pai pode ser capaz de fazer alguma coisa com o genoma deles?

    Não— Zepar curvou-se para que seus olhos azuis de lavadura estivessem nivelados com os dele. "Fértil, no sentido, aquela coisa está carregando o seu filho."

    Meu filho? Lúcifer franziu o cenho. Eu nem me lembro de ter feito amor com ela.

    Feito? Amor? As asas bege-sujas de Zepar tremeram de rir. "Com aquilo?"

    Raiva encrespou-se no estômago de Lúcifer.

    Eu devo lembrá-lo de que aquilo" é minha esposa!"

    "Sua esposa?" Zepar deu uma risada cruel. "Aquele animal tentou arrancar seus olhos à unha!"

    Meus olhos? Ele apalpou o rosto, mas ele parecia tão suave, tão perfeito, como sempre pareceu.

    O senhor não se lembra? Zepar perguntou. Não me diga que o senhor teve outro apagão.

    O terror agarrou as entranhas de Lúcifer.

    Nããoo… ele mentiu. Eu só bebi demais.

    Bom, Zepar disse. Porque o senhor será o motivo de chacota da Aliança se descobrirem que a sua nova esposa não é inteiramente senciente.

    Não é senciente? Lúcifer apertou a ponte de seu nariz. Mas ela falou comigo, eu me lembro—

    Aquela névoa que ele tinha às vezes sempre que ele discutia com Zepar apunhalou seu cérebro. Sua língua tinha um gosto como se alguém tivesse derramado uma espuma grossa e branca em sua boca ante de enchê-la com bolas de algodão.

    O que o senhor se lembra, Zepar perguntou.

    Nós encontramos Ba’al Zebub, ele disse debilmente.

    E…?

    "Ele trouxe uma fêmea sem asas que ele alegava ser o rizoma que meu pai usou para desenvolver nossas espécies. Lúcifer franziu o cenho. Ele alegou que meu pai os havia abandonado para morrerem."

    Até aí é verdade, Zepar disse. "Shay’tan insistiu que ele não a desse ao senhor a menos que o senhor se casasse com ela."

    Casasse? Sim. Ele se lembrava disso.

    "Eu realmente me casei com ela, não foi? Ele sorriu. E em nome de Shay’tan! Eu mal posso esperar para ver a expressão no rosto do meu pai quando—"

    Foi só uma farsa! Zepar sacudiu um dedo para ele furiosamente. "Shay’tan sabe que estamos

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