Leito de mentiras
De Paula Roe
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Sobre este e-book
O banqueiro Luke de Rossi devia vender a casa que tinha herdado do seu tio, Gino Corelli, que era acusado de ser um mafioso. Foi então que se deparou com Beth Jones. Quando a viu, perguntou-se se Beth era amante do seu defunto tio, uma jornalista em busca de uma cacha ou se era, simplesmente, uma inquilina que realmente tinha alugado a casa. Luke queria respostas... tanto quanto a queria a ela.
Beth não queria estar nem vagamente envolvida num caso que despertava tanto a curiosidade dos meios de comunicação. Tinha demasiadas coisas a esconder. Não devia envolver-se, principalmente, quando a sua intenção era despejá-la.
Ao início, dormiam em quartos separados, mas agora...
Paula Roe
Former PA, office manager, theme park hostess, software trainer, aerobics instructor and Wheel of Fortune contestant, Paula Roe is now a Borders Books best seller and one Australia's Desire authors. She lives in Sydney, Australia and when she's not writing, Paula designs websites, judges writing contests, battles a social media addiction, watches way too much TV and reads a lot. And bakes a pretty good carrot cake, too!
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Leito de mentiras - Paula Roe
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2012 Paula Roe. Todos os direitos reservados.
LEITO DE MENTIRAS, N.º 1116 - Fevereiro 2013
Título original: Bed of Lies
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Publicado em português em 2013
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
® ™. Harlequin, logotipo Harlequin e Desejo são marcas registadas por Harlequin Books S.A.
® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
I.S.B.N.: 978-84-687-2546-8
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Capítulo Um
Problemas.
Beth Jones teve que se apoiar no lava-louça para poder olhar para o rosto perfeitamente barbeado do homem impecavelmente vestido que lhe apareceu no jardim. Um rosto que anunciava problemas.
Alto e de ombros largos, acabava de sair de um carro desportivo que estacionara à frente da casa. A tensão do seu corpo era tão percetível como o calor daquela noite de início de outubro. E como se não bastasse, franziu o sobrolho e fechou inesperadamente a porta do carro.
Beth engoliu em seco, afastou uma madeixa rebelde e continuou a olhar.
O desconhecido parou perto da caixa do correio e comparou a morada com a que trazia apontada num papel. Ela aproveitou a ocasião para o observar mais cuidadosamente. Tinha o cabelo curto, um fato tão caro quanto impecável e pernas longas. Parecia um homem seguro de si mesmo. Um daqueles homens ricos e carismáticos que ganhavam automaticamente o respeito dos outros.
Pelo aspeto, Beth soube que não podia ser nem um jornalista nem um advogado.
Só podia ser uma coisa: um banqueiro.
E só podia querer dizer uma coisa: que no East Coast National Bank tinham decidido passar das ameaças telefónicas às ameaças cara a cara. Afinal de contas, estavam em causa meio milhão de dólares.
Enquanto observava, Beth pensou que os problemas chegavam sempre em grupos de três. Primeiro, o pneu do carro furado, depois, o desaparecimento de um dos empregados, e agora, o desconhecido que lhe estava a bater à porta.
Luke De Rossi estava com uma dor de cabeça insuportável.
Começara a senti-la pouco depois de sair do escritório do advogado de Brisbane, quando entrou no carro e apanhou a autoestrada M1 na direção Sul. Além do mais, o ar condicionado não lhe aliviou o enjoo. E depois de passar uma dúzia de canções no iPod, desistiu de ouvir música e deixou que o silêncio enchesse o habitáculo do carro.
Mal prestou atenção à paisagem quando virou na saída da baía de Runaway e as casas e as propriedades se tornaram maiores e mais caras. Olhou pelo retrovisor um par de vezes, mas o veículo que o estivera a seguir desaparecera.
Deveria ter ficado contente por isso, mas o sentimento de apreensão não lho permitia. Podia imaginar as manchetes dos jornais quando soubessem que o seu tio gangster lhe deixara uma casa como herança. Destruiriam a reputação que conquistou com tanto esforço e perderia tudo.
Era uma situação absurda. A relação dele com Gino nunca fora próxima, mas o tio sabia como a carreira era importante para ele. E também devia saber que aquela herança complicar-lhe-ia a vida.
A casa ficava no fim de uma rua sem saída. O sol começava a esconder-se e projetava sombras sobre um edifício de dois andares de estilo colonial cujo longo caminho da entrada se encontrava parcialmente oculto atrás das árvores.
As cores do edifício, ocre e verde escuro, camuflavam-no com a vegetação e contrastavam vivamente com os tons alegres das modernas e grandiosas mansões que deixara para trás. No alpendre da entrada, em madeira, via-se uma cadeira de balouço de aspeto confortável.
Luke saiu do carro e resmungou com desconfiança.
Era uma casa demasiado modesta e discreta não só para uma zona tão luxuosa, mas também para o seu tio, que fora tudo menos modesto e discreto. Intrigado, perguntou-se por que motivo teria escolhido aquele lugar para viver.
Pela primeira vez, lamentou não ter prestado atenção às explicações do advogado de Brisbane. Mas estava demasiado aborrecido com a situação para lhe poder prestar atenção. Assim que ouviu as duas primeiras linhas do testamento de Gino, levantou-se do cadeirão e saiu a toda a pressa com medo do que pudesse fazer ou dizer se permanecesse ali.
Infelizmente, as palavras do tio continuavam a ecoar-lhe na cabeça. «Tens de me ouvir, Luke. Tens de fazer as pazes com a família. Tens de fazer o que está certo.»
Em privado, os seus chefes suspenderam-no do emprego devido ao pesadelo mediático da sua relação com Gino Corelli. Em público, declararam que era uma suspensão temporária por motivos familiares.
Gino arranjara-lhe um belo sarilho. Mas, apesar disso, não conseguiu resistir à tentação de ir ver a casa.
«Tens que fazer o que está certo.»
Respirou fundo e pensou que Gino morrera por causa dele. Durante muitas semanas, conseguiu enterrar o sentimento de culpa debaixo de toneladas de trabalho, até que, finalmente, explodiu na sala de reuniões da Paluzzanno and Partners.
«Fazer o que está certo.»
Abanou a cabeça e pensou que uma semana bastaria para dar uma vista de olhos à propriedade e colocá-la à venda. Depois, daria o dinheiro à tia Rosa e voltaria à sua vida anterior e à promoção de que estava à espera.
Numa semana. Talvez, dez dias.
E, depois, seria livre.
Deu um passo em frente, ignorou o telemóvel, que começara a tocar, e parou quando viu um utilitário vermelho estacionado junto ao alpendre.
A presença do carro, um modelo barato, aumentou as suspeitas dele. Tudo naquele lugar parecia estar pensado para passar despercebido, mas como os preços estavam, a casa e a propriedade deviam valer vários milhões de dólares.
Pôs-se a pensar. E lembrou-se de algo que lhe pareceu tão inquietante como desagradável.
Talvez fosse um ninho de amor.
Gino e Rosa foram casados durante mais de cinquenta anos. Pelo que Luke sabia, Gino era profundamente apaixonado por ela. Tão profundamente que, noutras circunstâncias, teria recusado a possibilidade. Mas isso teria explicado o facto de o tio lhe ter deixado a casa a ele em vez de a deixar à viúva. Talvez o tivesse feito para que Rosa não descobrisse a sua existência.
Havia algo que não batia certo. Algo que não era capaz de compreender.
Atravessou o caminho. Mas parou nos degraus da entrada, ao sentir um arrepio. Estava tão tenso que transpirava e a camisa colara-se-lhe à pele.
Levou a mão ao pescoço, esfregou a nuca e virou a cabeça.
As árvores impediam que a casa fosse vista da rua, entre elas havia dois limoeiros bem cuidados, que se inclinavam sobre o alpendre como se fossem sentinelas. A relva implorava para ser cortada, mas as flores brilhavam esplendorosas. E com exceção do canto monótono das cigarras, reinava o silêncio.
A quietude do lugar contribuiu para aumentar a preocupação dele. Não havia ninguém por ali, ninguém a quem perguntar. Ou tivera razão em presumir que Gino usava a casa como refúgio para as amantes ou algum jornalista tinha chegado antes dele e assustou o caseiro ou a governanta que cuidavam da propriedade.
Luke amaldiçoou a sua sorte. Era o diretor mais jovem da Jackson and Blair, o banco comercial mais próspero de Queensland. E tinha muito poder no mundo empresarial. Mas as coisas mudaram por causa de Gino Corelli. Agora, a imprensa via apenas o sobrinho de um suposto mafioso. Um delinquente.
Baixou a cabeça e sentiu uma pontada no peito enquanto contemplava a chave que tinha na mão. Acabava de recordar a acusação de Marco durante o funeral de Gino: «Se tivesses feito alguma coisa, o meu pai continuaria vivo.»
Fechou os dedos sobre a chave e apertou com força. As extremidades afiadas do metal fincaram-se-lhe na carne, mas agradeceu a dor. Naquele momento, precisava de qualquer coisa que lhe aliviasse a angústia, ainda que por breves momentos.
Olhou para a porta da frente da sua herança, uma porta firme, desgastada e fechada. E sentiu uma frustração intensa.
Apesar de ter a chave, bateu à porta e esperou.
Segundos depois, quando já estava prestes a abri-la, a porta abriu-se e ficou momentaneamente estupefacto.
Perante ele, surgira uma versão humana do Bambi, uma mulher de olhos enormes. Usava um top azul e uns calções brancos, que terminavam no meio das coxas e deixavam ver a extensão daquelas pernas impressionantes, terminadas nuns pés com as unhas pintadas de vermelho.
Luke De Rossi sempre gostou especialmente de pernas.
Baixou os óculos de sol e admirou-a dos pés à cabeça até chegar aos olhos, uns olhos verdes que lhe provocaram pensamentos tórridos.
Para Beth, também foi uma surpresa. Deu até mesmo um passo atrás, atónita perante as pestanas intermináveis e os traços perfeitos daquele homem cheio de arrogância que a observava como se fosse um inspetor de polícia prestes a interrogá-la.
– Calculo que venhas da parte do Ben Foster – conseguiu dizer.
– Quem?
Ele olhou para o