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A História de Tom
A História de Tom
A História de Tom
E-book259 páginas2 horas

A História de Tom

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Sobre este e-book

O cérebro humano é o órgão mais complexo que existe, desde os animais
até o homem. É capaz de apresentar formas de pensamento extremamente raras, adquirir
várias personalidades, mudar a realidade de como vê as coisas na vida, criar mutações
no corpo, sentir uma obsessão em distintos padrões a seguir na sociedade ou decidir quando vai morrer.
Nenhum psiquiatra conseguiu controlar os
diversos transtornos de personalidade nem os transtornos de identidade dissociativos que
existem na mente de um doente mental. Os psiquiatras dizem conhecer exatamente
na atualidade todas as doenças.
E o que acontece com os que não as conhecem?
A Fé e a Loucura são somente duas coisas que podem existir dentro do cérebro e manifestarem-se de forma obsessiva.
Esta é a história de Tom, um jovem de dezoito anos com um leve retardo mental e múltiplas identidades associadas a seu transtorno dissociativo a ponto de explodir da forma mais horrível que qualquer um de nós possa imaginar.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento30 de jun. de 2018
ISBN9781386236108
A História de Tom

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    A História de Tom - Claudio Hernández

    A História de Tom

    Claudio Hernández

    TRADUÇÃO

    Leandro Allender

    Primeira edição do eBook: março de 2017.

    Título: A História de Tom

    ©  © 2017 Claudio Hernández.

    ©  © 2017 Arte da capa: Iván Ruso

    ––––––––

    Todos os direitos reservados.

    Nenhuma parte desta publicação, incluindo a arte da capa, pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer maneira ou por nenhum meio, seja eletrônico, químico, mecânico, ótico, de gravação, pela internet ou fotocópias, sem permissão prévia do autor ou editor. Todos os direitos reservados.

    Dedico este livro à minha sogra Carmen, que por sorte, todavia segue viva após a perda não anunciada de meu sogro. Eles foram e serão meus pais para a vida toda, inclusive depois da morte, que está tão presente entre nós.

    Prólogo

    O cérebro humano é o objeto-órgão mais complexo que existe. É capaz de adquirir várias personalidades ao mesmo tempo, criar mutações no corpo ou decidir quando vai morrer. Nenhum psiquiatra conseguiu controlar os diversos transtornos de personalidade que existem na atualidade que dizem conhecer. E o que acontece com os que não se conhecem? A Fé e a Loucura são somente duas coisas que podem existir dentro do cérebro e manifestar-se de forma obsessiva. Esta é a história de Tom. Alguém capaz de mostrar múltiplas personalidades e identidades diferentes acrescentadas ao seu ligeiro retardo mental.

    Introdução

    Carta escrita por Amelia a Tom Lee Rush, nunca recebida por este, obviamente, datada do dia 13 de agosto de 1984 e encontrada inerte sobre seu túmulo. A carta dizia assim;

    É uma manhã esplêndida e o sol brilha como de costume já há dois meses. Encanta-me o verão porque lhe permite ir vestida com uma simples saia curta e um suéter decotado, mas não escrevo para contar-lhe isto. Nem para falar com você, Tom, por duas razões.

    Uma porque não sabe ler muito bem ou rápido.

    A outra porque já não está entre nós.

    De certa maneira esta carta é dirigida a todos. A todos aqueles que têm sua imagem vaga e escura em suas mentes. Àqueles que viram a cara quando passam em frente do que foi sua doce casinha. A todos aqueles que apontam seu túmulo com dedos agitados e sorriem ao afastarem-se dele. A todos eles. E todos os que estiveram aquela noite.

    De certo modo todos têm parte de culpa.

    Por isso escrevo esta carta e a deixo sobre sua cova cavada temerosamente por um velho estúpido que não deixava de escarrar enquanto lhe enterrava. Eu estava ali para ver esse ato asqueroso, sabia? Estive ao seu lado sempre, apesar de que no último ano não fui lhe visitar. Agora me arrependo disso. Mas a puta da sua mãe não me deixava passar do umbral da porta de sua casa.

    Porém sabe que lhe escrevia através do monitor do seu computador. Lembra, a tela em que se podia desenhar suas coisas... primeiro preciosas, mas que depois foram se degradando até se converterem em coisas terríveis. Provavelmente estava muito mal ultimamente e eu sem compreender nada do que lhe estava acontecendo realmente.

    Também me lembro das longas conversas por telefone.

    Road House é um povoado pequeno e como tal, qualquer coisa estranha que aconteça corre como rastro de pólvora e muito mais rápido se é uma má notícia. Você sempre foi notícia de letras grandes e, todavia, levam seu nome em suas bocas, um mês depois de sua despedida.

    Para aquele imbecil que encontre esta carta lhe direi que...

    Parece que foi ontem quando tudo aconteceu, mas o certo é que já se passou um mês. Ainda tenho sua imagem fresca em minha mente, às vezes me parece que o vejo entre as sombras da noite na escuridão do meu quarto, movendo-se e aproximando-se de mim.

    Tom Lee Rush não tinha amigos e, era certo que apenas saía à rua, de modo que não o conheciam o bastante para julgá-lo como o estão fazendo agora. Apenas saía à rua? Bom, tenho que dizer que saía algumas noites, não sei para quê. Essa é a verdade e eles voltavam para ele. Ou ele os trazia, não sei, mas isso agora não importa.

    Meu primo da alma sofria um ligeiro retardo mental, que por desgraça lhe trouxe a maldita meningite quando tinha apenas um ano. Se não fosse assim, meu primo agora estaria vivo e seria como nós. Um ligeiro retardo mental que pouco a pouco o levou à degradação até a morte. Uma morte quase, diria eu, não merecida e demasiado prematura. Mas não foi o leve retardo mental que o levou ao túmulo, é preciso deixar isso claro.

    Tinha vários transtornos mentais sim, tenho que admitir, era capaz de mostrar personalidades múltiplas e identidades e inclusive delirar como um gênio e não notava seu, digamos, ligeiro retardo mental. O das identidades lhe disse seu psiquiatra, não sei bem o que isso significa. Nunca notei nada. E Tom tampouco me disse nada a respeito. Talvez nem ele mesmo sabia. Bom, contradigo-me. Ele me dizia sim coisas que se recordava e que lhe eram diferentes. Mas eram coisas vagas, recordações fugazes que poderiam muito bem serem fruto de sua imaginação. Ou será que Tom tinha razão e eu nunca acreditei realmente nele?

    Mas o que tenho que dizer é que Tom Lee Rush não era mau. Apenas era um retardado mental que não havia recebido carinho de seus pais. Apenas era alguém que, por sua condição, não podia diferenciar o bom do mau. Mas isso é justificável. E depois veio esse maldito transtorno de identidade. Outra vez o disse...

    Tom piorou e se degradou rapidamente como uma maçã podre a partir do momento em que sua maldita mãe começou a ter crises de ansiedade e ainda mais quando... Samantha, aquela mimada, mudou-se para viver na casa vizinha de meu primo. Ela piorou tudo e como piorou. E eles também estavam lá.

    Mas ela era uma estúpida provocadora.

    Agora ela está viva e Tom morto. A tão filha da puta anda solta e Tom está debaixo da terra. Os outros, não sei onde estão. Não acredito em nada do que diz a polícia. Ainda que agora que penso melhor, de que importa isso agora. Talvez eu seja como ele em alguns momentos de minha vida. Talvez.

    Mas sabe de uma coisa, meu amigo?

    Ainda acredito que Tom lhe fará pagar por tudo que fez, ainda que seja do túmulo. E eles, bom, de novo me refiro a eles, nesse aspecto suponho que fizeram o que tinham que fazer e já foi.

    Não estou louca.

    Apenas gostava muito do meu primo e queria compartilhar com ele sua extraordinária habilidade.

    E me nego a pensar que esteja morto.

    Todavia tenho a esperança de que algum dia o veja passeando sozinho pela rua ou com alguém, quem sabe.

    E não me importa o que pense, meu amigo. Mas basta de apontar ao túmulo de Tom com um sorriso histérico nos lábios.

    Além do mais... Que diabos o fez pegar esta carta?

    Se você é da polícia, quero que saibam que são um bando de inúteis. Sempre chegam quando tudo já passou. Nem os psiquiatras o ajudaram. Transtornos mentais, personalidades múltiplas. Isso é mau? Talvez sim, mas isso não importa mais.

    E mais uma coisa...

    Noite passada escutei o choro de Tom suplicando por perdão.

    Ah! E deixe esta carta de volta sobre sua tumba, filho da puta.

    Amelia

    13 de agosto de 1984.

    O começo

    Charlie

    Seu psiquiatra lhe havia diagnosticado vários transtornos de personalidade, entre eles o de adotar múltiplas personalidades, assim como diversas identidades. Este último, era uma doença que criava divisões mentais em pessoas que sofrem o transtorno dissociativo de identidade. Também sofria um ligeiro retardo mental produzido por uma doença mortal. Sua mãe dizia que estava possuído pelo mesmíssimo demônio e rezava por horas diante de um grande Cristo que sempre olhava para o chão, apesar dos olhos fechados, aflito pela dor, postura que adotou quando foi talhado na madeira. E Tom Lee Rush enquanto isso tomava um coquetel de medicamentos de todas as cores todos os dias (sobre tudo Sedum) e recebia uma pequena pensão do estado por sua incapacidade permanente, mas ele continuava se transformando e vendo-os.

    A casa ao lado, frequentada por vários novos vizinhos que sempre desapareciam, estava vazia a maior parte do tempo. Agora era o momento de receber outra visita e Tom a esperava ansioso, enquanto de seu nariz, colado ao vidro da janela, escorria um ranho que deslizava pelo vidro formando pequenos rios opacos. Suas grandes mãos estavam apoiadas, com as palmas abertas, sobre a moldura da janela e seus olhos apenas se vislumbravam pela grande quantidade de sujeira que havia no vidro.

    E ele os continuava vendo através da janela. Dezenas de braços entravam pela brecha da mesma quando o vento a abria com um golpe. Braços de cor púrpura com farrapos de pele ainda mais escura que caiam ao chão de seu quarto. Mãos que manuseavam o vazio enquanto ele as observava com uma de suas múltiplas personalidades, a de um crio morto de medo em frente a um cão raivoso que saía espuma por ambos lados da boca aberta. E depois mudava de parecer. Simplesmente se convertia em um louco que pretendia suicidar-se explodindo a casa com dinamite em uma mão e uma garrafa de uísque na outra, junto com sua mãe. E assim uma vez e outra. Sempre o mesmo ciclo. E eles vinham e desapareciam e depois estavam aí novamente.

    Tom Lee Rush estava doente.

    1

    Tom Lee Rush é um retardado mental e come merda...

    Uma inscrição talhada à mão em um dos bancos de madeira do parque que está em frente à sua casa, rezava isso e outras coisas piores.

    - A... antes do cen... cento e um, e... está o no... noventa e cinco!  - Sussurrava bem baixo Tom Lee Rush com o nariz amassado contra o vidro da janela do seu quarto que dava para a rua ensolarada. Um pedaço de ranho pendia de um dos orifícios do seu enorme nariz. Ambas mãos estavam apoiadas contra o vidro e um dos dedos melecados de ranho desenhava estranhas formas grudentas no vidro.

    Lá fora o sol era esplêndido e uns meninos de não mais de dez anos com suas respectivas mamães, balançavam-se no parque que Tom não pisaria nunca, ao menos de dia. Se o fazia era à noite quando não havia ninguém e certamente quando escapava enquanto sua mãe dormia devido à bebedeira. E o parque estava vazio quando tudo aconteceu.

    E também fazia outras coisas quando saía.

    ... Tom conseguia escapar uma vez ou outra pela noite para ir à procura de algum gato para logo pregá-lo na porta de um vizinho. Isso era o pior que podia fazer. Até o momento, em uma de suas personalidades adotadas. Uma identidade de um menino de treze anos, depois voltava a ser Tom, de dezoito.

    Os meninos se balançavam com grandes sorrisos desenhados em seus rostos e uma das mães apontava em direção à casa de Tom. Depois se voltava e deixava-se entrever um sorriso de orelha a orelha a uma das amigas.

    Tom Lee Rush era um retardado mental, pelo que sua condição não desejada lhe impedia de realizar certas coisas, ou talvez não. Mas isso não o convertia em um ser mal e nefasto, ou talvez sim. Simplesmente o convertia em alguém que não havia podido desenvolver sua capacidade intelectual com normalidade como os demais. Até que se transformara. Até que adotara uma nova identidade. Uma delas o convertia em um ser frio, inteligente e psicopata.

    Seu psiquiatra lhe havia diagnosticado vários transtornos de personalidade e um ligeiro retardo mental que não vinha de série, mas advertiu que às vezes mudava de identidade. Por acaso quando Tom falou sem gaguejar aos quinze anos em uma fria manhã de inverno, era produto da imaginação do psiquiatra? A Tom lhe custava falar corretamente. Esta era outra sequela que arrastava desde que tudo aconteceu. Até que cambiara de personalidade ou melhor dizendo, de identidade.

    Quando tinha apenas um ano de idade, Tom adoeceu de uma meningite que o deixou assim, em parte, isso lhe acrescentou um ligeiro retardo mental à sua complexa personalidade que trouxe consigo quando nasceu. Em Road House existia uma clínica de pequenas cirurgias, mas para coisas maiores era preciso deslocar-se até Portland, e quando Tom foi admitido no hospital de Portland, já era demasiado tarde. Passeou pelos longos corredores do hospital já em coma. E graças a Deus que despertou uma semana depois, mas já não seria o mesmo. Já havia adotado novas personalidades. Ou isso se ativou por causa da meningite? Provavelmente não, somente a idade o ativava.

    Após uma longa recuperação Tom regressou à casa com mamãe e papai. Um ano depois papai deixava este fodido mundo vítima de um câncer. De modo que Tom nunca soube, alheio à morte, e foi aí quando mamãe começou a se dar conta de que necessitava beber. Os anos seguintes foram um calvário. Mantinham-se com o salário deixado pelo marido e do pouco que podia ganhar limpando algumas casas e o colégio. Mas ultimamente havia se atirado com tudo na bebida, havia se convertido em uma autêntica alcoólatra e já era objeto de olhares frios e desvirtuados. Refugiava-se no álcool e na Fé em Cristo.

    Os tempos de glória haviam se acabado e Tom não progredia ou ao menos não o demonstrava, ao menos diante de mamãe e ultimamente tampouco de seu psiquiatra.

    Tom Lee Rush era agora um homem de dezoito anos, bem desenvolvido e que até o momento nunca havia tido um orgasmo. Talvez um pouco obeso para sua idade, na verdade bastante obeso. Por acaso existe uma idade para marcar a obesidade? Quando se subia à balança do banheiro, fazia-o frequentemente sem ao menos saber em que consistia aquele ponteiro se movendo desaforadamente atrás de um vidro, o ponteiro marcava 120 quilos. Tom mostrava um sorriso e descia da balança, depois voltava a subir nela para ver como o ponteiro se movia loucamente lá embaixo.

    Uns olhos escuros se escondiam detrás das grossas lentes de seus óculos com entusiasmo premeditado e uma mistura de horror. Uns óculos de armação de osso, que estavam reparados por um dos lados com um velho pedaço de esparadrapo. Ultimamente sua visão também havia piorado bastante, haviam-no detectado já à uma idade avançada de onze anos, porque sua mãe observou que tropeçava com frequência nas coisas. Tinha o cabelo liso e penteado ordenadamente para atrás, empastado por uma densa camada de gel que brilhava sobre seu cabelo ruivo, como uma espiga de milho tostada. Suas bochechas rosadas e cobertas de espinhas se avermelhavam facilmente quando ria e seus dedos redondos se convertiam em grandes manchas brancas quando fechava o punho. Era lento e desajeitado, mas agradável. Passava a maior parte do tempo sedado graças à uns comprimidos chamados Sedum. O que o convertiam em um

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