Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho
Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho
Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho
E-book307 páginas4 horas

Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Perdão sem esquecimento
Talvez Siena DePiero tivesse sangue azul nas veias, mas nunca tinha gostado do estilo de vida opulento da sua família, que só lhe trouxera desgraças. Depois da ruína familiar, o único bem com que ficou para poder negociar foi a virgindade.
Andreas Xenakis esperara anos para se vingar e estava mais do que disposto a pagar para conseguir ter Siena na sua cama.
O amor é apenas um sonho
Enquanto Alix Saint Croix, um rei exilado, esperava recuperar o trono, a distração de uma amante representava uma forma bastante agradável de passar o tempo. Mas depois de entrar numa perfumaria para comprar um presente para a última amante, saiu totalmente apanhado por Leila Verughese, a exótica empregada que o atendeu.
O aroma de Alix despertou de imediato cada célula do corpo de Leila. Se estava disposta a entregar a sua inocência, por que não entregá-la a um rei?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de nov. de 2020
ISBN9788413752778
Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho
Autor

Abby Green

Abby Green spent her teens reading Mills & Boon romances. She then spent many years working in the Film and TV industry as an Assistant Director. One day while standing outside an actor's trailer in the rain, she thought: there has to be more than this. So she sent off a partial to Harlequin Mills & Boon. After many rewrites, they accepted her first book and an author was born. She lives in Dublin, Ireland and you can find out more here: www.abby-green.com

Autores relacionados

Relacionado a Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho

Títulos nesta série (18)

Visualizar mais

Ebooks relacionados

Romance para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Perdão sem esquecimento - O amor é apenas um sonho - Abby Green

    livro…

    Perdão sem esquecimento

    Prólogo

    Siena DePiero saiu do palazzo de mão dada com a irmã mais velha. Embora tivesse doze anos e Serena, catorze, continuavam a proteger-se mutuamente. O pai estava de pior humor do que de costume. O carro esperava junto da calçada e o motorista uniformizado estava junto da porta aberta. Os guarda-costas não deviam estar longe.

    Um rapaz de cabelos escuros, que parecia ter surgido do nada, bloqueou o caminho do pai. Gesticulava muito e chamava-lhe Papa. Siena e Serena também pararam e os guarda-costas robustos interpuseram-se entre elas e o jovem.

    Siena apreciou imediatamente a semelhança entre aquele homem e o pai delas. Possuíam as mesmas feições e a mesma forma dos olhos, mas como podiam ser parentes? De repente, ouviu-se um barulho e o jovem caiu ao chão, levantando o olhar com o espanto refletido nos olhos e o sangue a sair do nariz. O pai delas batera-lhe.

    Siena agarrou-se com mais força a Serena. O pai virou-se para elas e fez-lhes um gesto furioso para que o seguissem. O caminho era tão estreito que tiveram de saltar por cima das pernas do jovem. Siena estava demasiado assustada para olhar para ele.

    Apressadamente, sentaram-se no banco traseiro do carro e Siena ouviu o pai a dar umas indicações cortantes aos seus homens.

    Então, ouviu o grito do jovem caído no chão.

    – Sou Rocco, o teu filho, o teu bastardo!

    O pai entrou no carro que arrancou imediatamente, mas Siena não pôde resistir à tentação de olhar para trás. Os homens do pai afastavam o jovem de rastos.

    – O que estás a fazer? – o pai agarrou-a fortemente por uma orelha e obrigou-a a virar a cabeça até olhar para ele.

    – Nada, papá.

    – Fico feliz, porque já sabes o que acontecerá se me zangares.

    – Sim, papá – assentiu Siena.

    Depois de um momento longo e tenso, o pai virou-lhes finalmente as costas. Siena sabia muito bem o que acontecia quando enfurecia o pai. Castigaria a irmã, Serena. Era o que mais gostava de fazer.

    Siena não olhou para a irmã, mas mantiveram as mãos firmemente unidas durante o resto do trajeto.

    Capítulo 1

    Andreas Xenakis não gostava da sensação forte de triunfo que o invadia. Significava que aquele momento era mais importante do que gostaria de admitir. Afinal de contas, estava a muito pouca distância da mulher que virtualmente o acusara de a violar só para proteger a imagem imaculada que o pai tinha dela. Por causa dela, perdera o trabalho e fora incluído na lista negra de todos os hotéis da Europa.

    O cabelo dela, preso num coque, era tão loiro que parecia quase branco sob a luz suave dos candeeiros. O porte continuava a ser tão descuidadamente régio como da primeira vez que a vira naquele salão de baile de Paris. Era um puro-sangue rodeado de seres inferiores e as mulheres ignoravam-na, como se fosse uma adversária.

    Andreas percorreu o rosto dela com o olhar. A linha do nariz não deixava lugar para dúvidas sobre o berço italiano aristocrático, diluído em parte por uma mãe inglesa. Tinha a pele fina e suave, como uma pétala de rosa.

    Uma pele que acariciara com reverência, como se se tratasse de uma deusa, como se estivesse a marcá-la com os dedos. Com os punhos fortemente cerrados, recordou como ela o encorajara a continuar com gemidos sensuais.

    – Por favor, toca-me, Andreas.

    E, depois, rejeitara-o, acusando-o de a atacar.

    Nesse instante, ela virou-se e olhou para ele e a raiva despertada pela lembrança concentrou-se. Era impossível escapar ao impacto dos olhos azuis enormes e resplandecentes delineados por umas pestanas muito pretas. No entanto, o que atraiu o seu olhar foi os lábios, pecaminosamente sensuais e cor-de-rosa. Uns lábios que pediam para ser beijados. Num segundo, Andreas ficou reduzido a um puro instinto animal e odiou aquela mulher pelo que lhe fazia. Sempre a odiaria.

    Não, corrigiu-se, sempre não. Só até conseguir saciar-se dela. Até acabar o que ela começara. Fizera-o por aborrecimento, por curiosidade. Porque tivera o poder de o fazer. Porque ele não era nada.

    Contudo, as coisas tinham mudado. Ele já estava longe de não ter poder e, graças a uma reviravolta cruel do destino, Siena DePiero caíra mais baixo do que alguma vez estivera, tornando-se vulnerável… a ele.

    A cabeça loira desapareceu momentaneamente da sua vista e Andreas sentiu um nó no estômago. Não gostava de sentir o interesse dos outros homens por ela. Fazia-o sentir-se possessivo e não gostava.

    Siena DePiero avançava entre as pessoas, com cuidado para não entornar o conteúdo da bandeja pesada, quando alguém a obrigou a parar.

    Levantando o olhar, observou o gigante de ombros largos, vestido de fraque. Ia abrir a boca para se desculpar quando olhou para ele e ficou gelada.

    Andreas Xenakis.

    Reconheceu-o imediatamente e o efeito foi devastador. Era como se não tivessem passado mais do que escassos minutos e mesmo assim tinham sido cinco anos.

    Percebeu a expressão de ódio nos olhos dele e sentiu um nó no estômago. De todas as pessoas que poderia ter encontrado na sua nova vida, ninguém tiraria maior proveito da sua desgraça do que Andreas Xenakis. E podia recriminá-lo?

    – Ena, ena, ena…

    A voz, tão dolorosamente familiar, fez com que o nó no estômago aumentasse.

    – Que engraçado encontrar-te aqui…

    Siena sentia o olhar a deslizar lentamente pelo uniforme de empregada de mesa. Sentia uma corrente elétrica a percorrer-lhe as veias, vibrante e inquietante.

    As sobrancelhas escuras e arqueadas emolduravam uns olhos azuis impressionantes. Siena observou a boca, sensual e bonita. Esperava uma resposta.

    – Senhor Xenakis, que agradável voltar a vê-lo – afirmou, com frieza.

    – Mesmo nestas circunstâncias, fazes com que pareça que me dás a boas-vindas à tua festa, em vez de servir copos a pessoas com quem, há anos, nem sequer te terias dignado a falar – Andreas emitiu uma gargalhada amarga.

    Siena sentiu um arrepio. Não tinha de ser adivinha para saber que o homem que tinha à frente endurecera e era mais desumano do que o que conhecera em Paris. A escalada meteórica de Xenakis até se transformar num dos hoteleiros mais importantes do mundo com apenas trinta anos fora notícia em todo o mundo.

    – Gosto que te lembres de mim – continuou ele. – Afinal de contas, só nos vimos uma vez.

    Estava a gozar com ela e Siena sentiu o impulso de lhe recordar que, na verdade, tinham sido duas vezes. Voltara a vê-lo na manhã depois daquela noite catastrófica.

    – Sim – ela desviou o olhar, incomodada. – Claro que me lembro.

    De repente, não pôde suportá-lo mais. A bandeja começou a oscilar nas suas mãos enquanto a magnitude do que estava a acontecer a embargava. Para sua surpresa, Andreas pegou na bandeja e deixou-a numa mesinha de mármore.

    O chefe de Siena aproximou-se deles, com um grande sorriso para Andreas.

    – Senhor Xenakis está tudo bem? Se a minha empregada o importunou…

    – Não – interrompeu Andreas, num tom gelado e autoritário. Mostrava poder e confiança, juntamente com um carisma sexual inegável. – Está tudo bem. Conheço a menina…

    – Senhor Xenakis – interrompeu-o Siena, apressadamente, – como já lhe disse, alegra-me voltar a vê-lo, mas, se me desculpar, devo regressar ao trabalho.

    Recuperando a bandeja pesada e sem olhar para Andreas ou para o chefe, foi-se embora, sentindo o olhar de Andreas sobre ela.

    – Peço-lhe desculpas, senhor Xenakis – continuou o outro homem. – Os nossos empregados têm ordens estritas para não falar com os convidados, mas a menina Mancini é nova e…

    – Na verdade, fui eu que falei com ela – corrigiu Andreas, visivelmente irritado, antes de reparar num detalhe. – Disse que se chama Mancini?

    – Sim – assentiu o chefe, distraidamente. – Certamente, tem um físico impressionante. Poderia ser modelo. Não entendo o que faz a trabalhar como empregada de mesa, mas não me queixo. Nunca tive tantos pedidos para saber o número de telefone de uma empregada.

    Andreas não se incomodou em explicar que, se trabalhava como empregada de mesa, era porque fora declarada persona non grata na alta sociedade. Também evitou o detalhe de ter mudado de apelido e sentiu como a raiva se acumulava no seu interior.

    – Presumo que nunca dá os números de telefone, não é assim?

    – Bom, eu… – o homem balbuciou. – Claro que não, senhor Xenakis. Não sei que tipo de empresa pensa que giro, mas asseguro-lhe que…

    – Não importa – interrompeu Andreas. – Quando investigar o seu negócio, terei a certeza.

    Sem dizer mais nada, foi-se embora na direção seguida por Siena. Tinha um assunto muito mais urgente para tratar: assegurar-se de que Siena DePiero não escapava.

    Algumas horas mais tarde, Siena andava apressadamente pelas ruas de Mayfair. Ainda não assimilara o facto de Andreas Xenakis estar em Londres, a cidade que escolhera para se esconder e começar do zero. Para alívio dela, não voltara a encontrá-lo durante a noite, embora tivesse sentido a presença imponente.

    Sofrendo por causa da dor causada pelas bolhas nos pés, recriminou-se por permitir que Andreas a afetasse tanto. Certamente, tinham um passado, um passado nada bonito. E não tinha nenhuma vontade de recordar o olhar furioso de há cinco anos quando, de pé junto do pai dela, segurando o vestido contra o peito, reconhecera, num tom trémulo:

    – Sim, papá, atacou-me. Não pude impedi-lo.

    – Isso é mentira! – exclamara Andreas, com um sotaque grego forte. – Ela suplicou…

    O pai levantara uma mão autoritária para o fazer calar-se e, depois, virara-se para ela, que o observava, aterrorizada com a perspetiva do castigo que a aguardaria se acreditasse nas palavras daquele jovem e não nas da filha.

    – Está a mentir, não está? – perguntara o homem mais velho, com calma. – Tu nunca permitirias que um homem como ele te tocasse, pois não?

    – Sim, está a mentir – confirmara Siena. Fora a única resposta que pudera oferecer ao pai. – Nunca permitiria que alguém como ele me tocasse.

    Ao recordar o passado, não pôde evitar maravilhar-se com o que Andreas fizera com a sua vida. Também a surpreendeu que a tivesse reconhecido. Ela, melhor do que ninguém, sabia que normalmente as pessoas não se preocupavam com quem as servia. Recordou uma vez em que ajudara um empregado que deixara cair uma bandeja numa das famosas festas do pai. O pai arrastara-a até ao escritório e, apertando-lhe dolorosamente o braço, repreendera-a.

    – Não sabes quem somos? Tens de pisar essa gente, não parar para os ajudar.

    Siena tivera de morder a língua para não responder:

    – Tal como pisaste o teu filho ilegítimo, o nosso irmão, na rua?

    O comentário teria tido como consequência uma surra… Para a irmã.

    Siena suspirou, aliviada, ao aproximar-se da paragem do autocarro. Depois de uma noite de sono, esqueceria as más lembranças e o facto de ter voltado a encontrar Andreas Xenakis.

    Nunca esqueceria o que lhe fizera. Com frequência, pensava naquela noite e em como, com apenas um olhar e uma carícia, aquele homem a fizera perder toda a sensatez. Ao saber do êxito dele como empresário, de certo modo, sentira-se aliviada ao verificar que acabara melhor do que esperara.

    Siena afastou os pensamentos inquietantes, substituindo-os por uma ansiedade irritante. Ao chegar à paragem do autocarro, interrogou-se se os dois empregos que tinha bastariam para ajudar a irmã. No entanto, no fundo, sabia que precisaria de um milagre.

    De repente, viu um desportivo prateado. O carro parou e, mesmo antes de ver o condutor, o coração acelerou.

    O rosto atraente de Andreas Xenakis apareceu pela janela e Siena deu instintivamente um passo atrás. Num segundo, ele saiu do carro e agarrou-a por um cotovelo.

    – Por favor – Andreas sorriu com calma, como se parar numa paragem de autocarro, vestido de fraque, e recolher uma jovem fosse muito normal. – Deixa-me levar-te.

    Siena estava tão tensa que tinha medo de se partir em dois. O casaco de ganga fino que não a protegia do frio e o cansaço imenso faziam com que lhe doessem todos os ossos.

    – Não é preciso, obrigada. O meu autocarro chegará em breve.

    – Os teus colegas de trabalho sabem que podias ter conversado com cada um dos convidados estrangeiros da festa na sua língua materna? – Andreas abanou a cabeça.

    Humilhada com a referência acertada da sua situação mísera, Siena soltou-se e procurou algum comentário para o encorajar a ir-se embora dali.

    – Já te disse que estou bem, obrigada. E tenho a certeza de que tens coisas melhores para fazer do que seguir-me para todo o lado como um cão abandonado.

    Andreas estudou-a com o olhar e Siena lamentou imediatamente as suas palavras. Faziam-na pensar no veneno que surgira dos seus lábios naquela noite em Paris. Eram o tipo de palavras que Andreas esperaria dela, mas não tinham provocado o efeito desejado.

    – Vamos, signorina DePiero. Estou a bloquear a paragem com o carro.

    Siena viu o autocarro chegar. O som forte da buzina fê-la dar um salto. Os passageiros que aguardavam olharam para eles, irritados.

    – Não me ponhas à prova, Siena – insistiu ele, num tom ameaçador. – Sou capaz de deixar o carro onde está.

    – Aceite a oferta! – exclamou alguém, num tom exasperado. – Queremos ir para casa.

    De repente, Siena sentiu-se muito sozinha e, finalmente, deixou-se levar por Andreas até ao carro.

    – Põe o cinto! – ordenou ele, secamente. – Ou talvez estejas habituada a ter alguém para o fazer por ti…

    As palavras trespassaram a névoa escura que enchia a mente de Siena que, apressadamente, pôs o cinto.

    – Não sejas ridículo! – exclamou, com amargura.

    Andreas conduziu o carro desportivo com grande perícia entre o trânsito intenso. Pareciam flutuar. Há muito tempo que Siena não desfrutava de tanto luxo e o couro suave do banco era quase sensual.

    – Para o carro e deixa-me sair, por favor – pediu. – Sou perfeitamente capaz de chegar a minha casa. Aceitei entrar no carro para evitar uma cena.

    – Ando à tua procura há seis meses, Siena, e não vou deixar que te vás embora.

    Há seis meses, o pai de Siena desaparecera, deixando as duas filhas na ruína e a enfrentar a ausência covarde do pai. Siena observou Andreas, horrorizada. O seu encontro daquela noite não fora uma coincidência fatídica?

    – Estiveste à minha procura? – perguntou ela, num tom trémulo.

    – Desde que soube do desaparecimento do teu pai e da vossa bancarrota – assentiu ele.

    Siena olhou para Andreas. Porque o fizera? Para se vingar?

    – Temos assuntos para esclarecer – continuou ele, num tom doce. – Não achas?

    – Não – apesar do pânico, Siena não estava disposta a dar-lhe a razão. – E agora, por favor, para o carro e deixa-me sair.

    – Preciso da tua morada, Siena – Andreas ignorou-a por completo. – Caso contrário, vamos passar a noite toda a dar voltas por Londres.

    Siena cerrou os dentes. O seu olhar pousou nos dedos longos e finos dele, agarrados ao volante, e teve a sensação de que aquele homem era muito mais desumano do que o pai fora. Certamente, nos negócios, demonstrara-o.

    Em mais de uma ocasião, Siena procurara informação sobre os progressos de Andreas. Soubera da inflexibilidade dele na hora de fechar hotéis pouco rentáveis, recusando-se a responder aos rumores sobre a facilidade com que deixava centenas de trabalhadores na rua. Também seguira a vida amorosa dele de perto, cheia das mulheres mais belas do planeta. Todas morenas ou ruivas. Segundo parecia, as loiras já não eram o seu tipo.

    Temendo que aquele homem fosse capaz de conduzir toda a noite, Siena deu-lhe a morada.

    – Vês? Não foi assim tão difícil, pois não?

    Siena olhou para a frente com um ar contrariado. Durante uns minutos, viajaram em silêncio, embora a tensão se tornasse cada vez mais evidente.

    – De onde tiraste o apelido Mancini?

    – Como sabes? – Siena olhou para ele, perplexa, antes de compreender. – Deve ter sido o meu chefe.

    – E então? – insistiu ele, como se não se importasse de esperar eternamente pela resposta.

    – Era o apelido de solteira da minha avó materna – respondeu ela. – Não queria arriscar-me a ser reconhecida.

    – Claro – indicou Andreas, secamente. – Imagino porque não.

    – Não devias ter-me seguido – queixou-se Siena, furiosa com a indiferença de Andreas.

    – Considera-o um gesto de preocupação de um amigo que se interessa por ti.

    – Amigo? – troçou. – Duvido que possa incluir-te nessa categoria.

    – Tens razão – murmurou ele. – Fomos amantes. Um amigo não acusa o outro de violação quando lhe convém.

    – Eu nunca usei essa palavra – Siena empalideceu.

    – Foi como se o tivesses feito – Andreas cerrou os dentes. – Acusaste-me de te atacar quando ambos sabemos que, segundos antes de o teu pai aparecer, estavas a suplicar-me…

    – Não continues! – gritou Siena, agitada.

    Não precisava que lhe recordasse a sensação do corpo de Andreas sobre o seu no sofá e o modo como desejara que lhe tocasse. Como, ao deslizar as mãos entre as suas coxas, ela abrira as pernas avidamente.

    – Porquê? – murmurou Andreas. – Não suportas ouvir a verdade? Pensava que os DePiero eram mais duros. Esqueces que, nessa noite, te mostraste tal como és.

    Siena desviou o olhar. A verdade era que não havia desculpa alguma para o seu comportamento reprovável. Suplicara a Andreas que fizesse amor com ela. Beijara-o com paixão. E, quando lhe tirara o vestido, suspirara de um prazer delicioso.

    O carro parou à frente de um semáforo vermelho e Siena sentiu uma urgência urgente de escapar. Prestes a saltar do carro, a mão de Andreas segurou-a à velocidade de um raio e a sensação do braço musculado apoiado sobre a sua barriga foi mais efetiva do que se tivesse trancado as portas. Sentia os seios inflamados e os mamilos eretos.

    O carro arrancou novamente e ela soltou-se. O breve contacto físico bastara para a transportar para o passado e teve de usar todas as suas forças para se controlar.

    Andreas parou o carro à frente de um edifício, discretamente elegante, numa rua ampla e tranquila. Antes de ela se aperceber, saltou do carro e abriu-lhe a porta, estendendo-lhe uma mão.

    – Eu não vivo aqui – Siena olhou para ele. Aquele lugar estava muito longe de ser a sua residência.

    – Eu sei. Esta é a minha casa e, dado que passávamos por aqui, pensei que podíamos subir e beber um café para podermos conversar.

    – Não tenciono sair deste carro, Xenakis – Siena cruzou os braços e olhou para a frente com uma expressão imperturbável. – Leva-me a casa.

    – Primeiro, era impossível fazer-te entrar e, agora, não há forma de te fazer sair – observou ele, num tom divertido. – As mulheres são muito volúveis.

    Andreas baixou-se sobre ela e estendeu uma mão para o cinto de segurança. Siena bateu-lhe nas mãos, antes de ele a parar, deixando-as apoiadas sobre as suas. Sentia o rosto masculino perigosamente perto e respirou com dificuldade. O cheiro que lhe chegava era o que recordava tão bem. Não mudara. Almiscarado e muito varonil.

    – Senhor Xenakis? – chamou alguém, atrás deles. – Deseja que estacione o carro?

    – Sim, por favor, Tom – acedeu Andreas, sem desviar o olhar de Siena, – mas deixa-o perto. Levarei a menina DePiero a casa dentro de um instante.

    – Sim, senhor.

    Siena viu o empregado que esperava junto do carro e a sua educação impecável, juntamente com a obsessão, inata nela, de evitar uma cena, fê-la ceder finalmente.

    – Está bem. Um café.

    Andreas ergueu-se e Siena não teve outra escolha senão aceitar a mão estendida para sair do carro. Para mortificação dela, ele não a soltou, nem mesmo para entregar as chaves ao rapaz ou para a conduzir para o interior do edifício onde foram cumprimentados pelo porteiro.

    Uma vez dentro do elevador, ela tentou soltar-se, mas Andreas estava em pleno processo de escrutínio da palma da sua mão. Ao seguir o olhar de Andreas, não pôde evitar sentir um arrepio. A sua mão mostrava uma pele áspera, avermelhada e calejada. Um reflexo fiel da sua nova vida.

    Contudo, sentiu-se ainda pior quando Andreas lhe virou a mão e parou nas unhas roídas, um hábito recuperado da adolescência que desaparecera imediatamente depois de um castigo severo imposto pelo pai à irmã, Serena.

    Aquelas mãos estavam muito longe dos exemplares suaves e de manicura perfeita que tinham sido há algum tempo. Exercendo uma pressão maior, conseguiu finalmente soltar-se.

    – Não me toques!

    – Como ficaste com as mãos assim só a servir bebidas? – perguntou Andreas.

    – Não trabalho apenas como empregada de mesa – Siena lutou contra uma sensação inquietante de vulnerabilidade. – Também limpo quartos num hotel durante o dia.

    Andreas observou o seu rosto e acariciou-lhe as olheiras pronunciadas. A vulnerabilidade que Siena sentia tornou-se praticamente insuportável e quase começou a chorar. Para o evitar, procurou alguma frase engenhosa.

    – Estás a sentir pena da pobre menina rica, Andreas?

    Naquele momento, tocou a campainha do elevador e as portas abriram-se. Siena e Andreas pareciam perdidos numa espécie de batalha silenciosa. Andreas olhava para ela com olhos muito escuros e frios e um sorriso no rosto.

    – Nem por um segundo, Siena DePiero. Esqueces que te vi em ação. Uma piranha parece mais vulnerável do que tu.

    Siena nunca teria imaginado que aquelas palavras podiam causar tal dor e quase se sentiu aliviada quando ele desviou o olhar. Sem lhe soltar o cotovelo, conduziu-a pelo corredor luxuosamente atapetado, decorado em tons cinzentos.

    A única porta indicava que não havia vizinhos e Siena pensou que deviam estar nas

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1