Food Yoga
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Sobre este e-book
- Aprenda como tornar o alimento parte de sua jornada espiritual
- Assuma o controle de sua mesa de jantar
- Aprenda as antigas práticas yoga para dominar os sentidos
- Obtenha um guia prático para a saúde do corpo, da mente e da alma
- Aprenda sobre a sagrada geometria dos alimentos
FOOD YOGA não apenas oferece um guia prático de como levar uma vida saudável e feliz ao se reconectar com a natureza, mas também introduz o leitor ao poder do alimento como unificador e como forma de expressar o seu amor ao Divino.
Food yoga é baseado na crença de que o tipo de alimento que comemos afeta nossa consciência e nossos comportamentos subsequentes.
Todas as grandes tradições espirituais do mundo possuem elaborados rituais de oferta de alimentos, cuidadosamente planejados para expandir a consciência, e todos utilizam o alimento como uma forma de representar ou agradecer ao Divino e expandir a consciência de seus seguidores.
Food yoga é, em essência, uma disciplina que honra todos os caminhos espirituais ao abraçar seu ensinamento fundamental - que o alimento em sua mais pura forma é divino e, portanto, um excelente meio de purificação espiritual.
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Food Yoga - Paul Rodney Turner
FOOD YOGA
Nutrindo Corpo, Mente e Alma
PAUL RODNEY TURNER
O Yogi da Alimentação
Para meus gurus, que me ensinaram:
A evolução espiritual começa na língua.
Sumário
A CANÇÃO DO YOGI DA ALIMENTAÇÃO
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
FOOD YOGA
ALIMENTAÇÃO E CIÊNCIA
Alimento é Energia
Física Quântica
Pensamentos e Emoções são Energia
Outros Mundos
Espectro Eletromagnético
Energia Escura
O Sentido Superior dos Animais
Índios Americanos
A Personificação da Natureza
Design Inteligente
Animismo
ÁGUA
Quanta Água Devemos Beber?
O Método de Reidratação do Food Yogi
Águas Sagradas
Associações de Energia
Memória da Água
Águas Terapêuticas
A Água é um Condutor das Intenções
Eu sou o Sabor da Água
Primeiros Passos na Realização Divina
SOMOS AMADOS
Meditações Naturais
Geometria Sagrada dos Alimentos Naturais
TERRA
ÁGUA
FOGO
AR
ÉTER
Reverência ao Sol
ALIMENTAÇÃO POLÍTICA
O Seu Alimento é Seguro?
O Negócio de OGMs
O Poder dos Pratos
Os Doze Contaminados
Suporte à Agricultura Comunitária (SAC)
O Sistema SAC
Cultive Seu Próprio Alimento
Sempre Temos uma Escolha
O Perigo dos Alimentos Orgânicos
Agricultura Vegana
Agricultura Biodinâmica
Leis sobre Alimentação
O Gato por Lebre da Monsanto
A Saúde vem da Harmonia
LATICÍNIOS
O Leite e os Vedas
Fatos Sobre o Leite Comercial
Leite Contaminado na Índia
O que é o Leite Purista?
A Importância do Cálcio
A Mancha na Dieta Vegana – Deficiência de B12
Qual é a Solução Vegana para a Deficiência de B12?
Minha Posição Sobre os Laticínios
NOSSA VERDADEIRA NATUREZA
Matéria Sólida é uma Ilusão
Quem somos nós?
Espíritos em um Mundo Material
Yin Yang
FORÇAS VITAIS
QI
O Corpo Elétrico
Energia Vital
Prana
Respiratorianismo
Contemplando o Sol
YOGA
Karma Yoga Iluminado
Um Yogi é Disciplinado
Yoga do Riso
Adaptação Empolgante
YOGA E AHIMSA
Yama e Niyama
Os Yamas e o Consumo de Carne
A LÍNGUA
O Mais Voraz de Todos os Sentidos
O Paladar Superior
Lições do Ayurveda
Os Cinco Grandes Elementos
Os Três Doshas
Os Seis Sabores
Sua Constituição Pessoal
O PODER DAS PALAVRAS
O Som Puro
Gratidão
VIVENDO O MOMENTO
A Experiência da Intenção
Único e Divino
A DÁDIVA DO ALIMENTO
O Alimento como uma Forma de AMOR
Você tem Uma Escolha
O Alimento Une
Como o Alimento Carrega uma Intenção?
Ação de Graças – Um Dia para Honrar Toda a Vida
Compaixão por animais
A conexão do Carma
INDO ALÉM DA DIETA
Uma Dieta Vegetariana Não é o Suficiente
Amor de Mãe
As Sete Mães
O Alimento é uma Dádiva da MÃE Terra
Oferecendo Alimento de Volta aos Criadores
A DIETA FOOD YOGI
Ahimsa
McVeggies
Alimentando-se do Jeito que a Natureza Pretende
O Poder do Prasadam
Como um cão atinge a libertação
O Prasadam pode mudar o coração
Prisioneiros que não querem ir embora
Cerimônia Sraddha
TUDO O QUE FAZEMOS
Como me tornar um Prasadariano?
Como Purificar Sua Refeição
O Estágio Final – A Oferta
MEDITAÇÃO PARA OFERTA DE ALIMENTOS
O Significado da Meditação
APÓS A OFERENDA
Alimentação Sagrada
O Exercício do Comer Consciente
Um Regime Alimentar Saudável
A CULTURA VÉDICA INDIANA DA HOSPITALIDADE
Ninguém Deve Passar Fome
O Significado de Hospitalidade
A História do Rei Rantideva
FOOD FOR LIFE
A Maior Ajuda de Alimentos Vegetarianos do Mundo
Missão
Unindo o Mundo Através do Alimento Puro
Igualdade Espiritual
Respeitar os Outros como Deuses
Projetos da Food for Life
Ajuda Alimentar Emergencial
Grozny, Chechênia (1994-1996)
Crianças e Educação
Testemunhos
OS FRAPÊS DO FOOD YOGI
REFEIÇÕES LÍQUIDAS
SUCOS FRESCOS PODEROSOS
REFRESCOS
ALIMENTOS FERMENTADOS
PALAVRAS DE CONCLUSÃO
APÊNDICE
ALIMENTOS SAGRADOS NA TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ
OFERTA DE ALIMENTOS NAS TRADIÇÕES BUDISTAS
COMPAIXÃO E CARIDADE NA TRADIÇÃO ISLÂMICA
ALIMENTAÇÃO E CARIDADE NA TRADIÇÃO JUDAICA
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA
COMECE O SEU PRÓPRIO PROJETO
OUTROS LIVROS DO AUTOR
––––––––
A CANÇÃO DO YOGI DA ALIMENTAÇÃO
Meus pés tocam a relva molhada e a posso sentir,
Contemplo minha fortuna e peço para não repetir,
As falhas do meu passado nesta jornada longa,
Há muito o que contar nos versos desta milonga.
Levanto as mãos para o alto, o céu tento alcançar,
Minha libertação pessoal, nada posso negar,
Agindo de maneiras avessas ao meu caminho,
Em ondas poderosas - da Força me iludindo.
Estou longe da perfeição – mas sinto-me abençoado,
Pelos santos que vieram antes de mim, com egos desnudados.
Eles iluminam meu caminho e guiam meus pedidos de perdão,
Em um mundo tomado pelos medos da escuridão.
Absorvendo força e vitalidade do sol, da água e do ar,
Recebo o amor divino da igualdade elementar,
Como me alimentam com os ensinamentos do FOOD YOGA,
E guiam cada um e todos nós ao Lorde Jagannath.
O Senhor do Universo
se manifesta –
Em cada átomo de vida, em cada aresta,
Não há lugar em nossa existência que Deus não possa ver,
E isto é essencialmente o que FOOD YOGA quer ser.
Então, honre a si mesmo, como honra ao Senhor,
Veja sua presença se manifestar, em total esplendor,
Com a extensão do seu amor e de coração aberto,
É aqui, meu amigo, onde seu espírito encontra o certo.
Então, cuide bem sua língua – de formas respeitosas,
Não pragueje, não ofenda – ou coma coisas horrorosas,
Purifique suas vibrações – e sinta o gosto em suas papilas,
Experimente a presença do divino se manifestar direto das argilas,
De uma mente maliciosa, submergida na escuridão,
Nos perigos da ignorância e das tristezas em canção,
Descubra seu potencial – tendo a língua como começo,
E abra seu coração para o amor DAQUELE em que me reconheço.
O Yogi da Alimentação
AGRADECIMENTOS
Minha jornada com este livro começou 31 anos atrás, quando eu era um monge ajudando outros monges a preparar refeições para os necessitados na Austrália. Naquela época, assistia abismado como o chef Garuda dançava e cantava ao redor da cozinha enquanto preparava um banquete de curries vegetais, arroz picante, dhals, chutneys, pães fritos, pudins de semolina, cremes, bolos e bebidas refrescantes. Era mágico observar aquilo. Ali estava um homem, cozinhando para 200 pessoas e simplesmente amando cada minuto daquilo. Seu sorriso contagiante levantava cada um de nós. O Monge Garuda se tornou meu primeiro guru culinário.
Logo após, fui apresentado ao seu mestre, Kurma Das, reconhecido como o Guru Vegetariano
da Austrália, que gentilmente escreveu o prefácio deste livro. Kurma aperfeiçoou a arte e a ciência de cozinhar para Krishna e aquilo o tornou um chefe mundialmente renomado e autor de vários livros incríveis sobre culinária vegetariana.
Cerca de um ano mais tarde, fui apresentado a Bhutanath, um dos maiores cozinheiros do movimento Krishna de todos os tempos. Ele era tão talentoso, que o bisneto de Henry Ford, Alfred Ford, pediu que se encarregasse de seu multimilionário casamento no Bhaktivedanta Ashram, em Colo River, Austrália. Eu fui um dos membros da cozinha de Buthi
. Anos depois, quando me tornei o chef principal do Templo Krishna em North Sydney, o premiado chef e autor culinário Yamuna Devi passou a ser minha constante fonte de inspiração. Todas estas grandiosas almas foram poderosas influências em minha vida inicial e em minha jornada na culinária yoga.
Ao preparar este livro, devo dizer que ele nunca teria acontecido sem a graça e a inspiração de meus dois mestres espirituais, Srila Prabhupada[1], que me ensinou tudo o que sei sobre hospitalidade espiritual e alimentação yoga, e Mukunda Goswani, que me esclareceu muitos destes ensinamentos e me inspirou para dedicar minha vida à caridade de Food for Life Global (www.ffl.org) e ao caminho da alimentação yoga.
Há muitas pessoas que vieram à minha vida ou em meus pensamentos à medida que este livro se revelava para mim, o primeiro deles é o meu velho amigo Mahasringha (Maha
), cuja compaixão e inabalável determinação de servir comida sagrada a todos que encontra, mesmo contra suas próprias condições desafiadoras, é algo impressionante de se presenciar. De muitas formas, ele é a personificação do que significa ser um yogi da alimentação.
A base deste livro veio das anotações de apresentações que fiz em inúmeras conferências vegetarianas ao redor do mundo. Inicialmente, estas conversas eram chamadas Como espiritualizar sua comida
ou Vegetarianismo Espiritual
. Durante estes anos iniciais, meus colegas próximos, Sandeep e Amrita Mody, Marilee Ash e Judy Campbell, encorajaram meus esforços e ofereceram muitas sugestões valiosas.
O manuscrito inicial começou em Nova Iorque durante um período de baixas em minha vida. Era um tempo de busca de minha alma e de redescobrir minha essência. Escrever o livro passou a ser a terapia para a minha alma. Eu passei muitas noites inteiras no famoso café 24 horas Yaffa Café, em Manhattan, bebericando chá e escrevendo, algumas vezes não deixando o café antes das 9 da manhã para então tomar um frapê de frutas orgânicas na Liquiteria, na 11th Street.
Quando o livro começou a tomar forma, pedi opiniões e sugestões para meus amigos mais próximos, incluindo Gina Silvestri, a Musa dos Alimentos Crus
. Sua visão e encorajamento foram incríveis. Maribeth Abrams, da Sociedade Vegetariana Norte Americana, também ofereceu maravilhosas sugestões e críticas, e também o fez a celebridade Vegana e autora premiada, Victoria Moran. Minha tutora em saúde, Melissa Klein, do Sun Compass Wellness, fez uma revisão inicial e me ofereceu comentários inestimáveis.
Nancy Adams, da Adams Communications, fez um tremendo trabalho ao reorganizar a estrutura original deste livro, enquanto meu querido amigo Gopali Nissen me ajudava com a revisão inicial. Após várias encarnações
, a versão final fora avaliada pela brilhante Carol D’Costa, da Em and En Wordcraft.
Sou profundamente grato a todas estas pessoas maravilhosas.
Por fim, agradeço a todos que cruzaram meu caminho nesta jornada da alimentação yoga e que, direta ou indiretamente, encorajaram-me em meus serviços na Food for Life Global e em meus humildes esforços para compartilhar esta mensagem com o mundo.
PREFÁCIO
É uma honra ter um pedido para escrever um pequeno prefácio para este fascinante livro. Eu conheci pessoalmente Priyavrata (Paul Rodney Turner) aproximadamente há 31 anos. Compartilhamos um caminho comum no yoga e, de tempos em tempos, nos víamos cozinhando juntos em cozinhas ao redor do mundo.
Ambos fomos inspirados e enobrecidos pelos ensinamentos do fundador da ISKCON, Srila Prabhupada. Por ele, aprendemos a arte e a ciência do Food Yoga. Como explicado neste livro, um dos principais elementos deste yoga é a preparação de alimentos sagrados. Por milhares de anos, cozinheiros yogis em templos pela Índia praticaram a divina arte e ciência de preparar maravilhosos e diversos alimentos vegetarianos saturados de amor e devoção. Cozinhar se tornou então um yoga.
A palavra sânscrita yoga carrega o significado de conexão
, especificamente a conexão entre a alma individual e a Alma Suprema. Esta conexão foi agora quebrada, e o yoga é a maneira de restabelecê-la.
As técnicas para restabelecer a conexão são íntimas e pessoais. Se amamos alguém, queremos fazer coisas para este alguém, e algo muito comum que fazemos para as pessoas que amamos é cozinhar para elas.
Cozinheiros yogis ao redor do mundo preparam oferenda neste mesmo espírito de amor. Este amor é manifestado em cada estágio do processo de cozinhar – do cultivar ou plantar os ingredientes até a oferenda final do alimento sagrado ao objeto de sua devoção. Tal dieta espiritualizada é também uma elevação espiritual.
Se algo é bom para sua espiritualidade, também é geralmente bom para sua materialidade. Estudos médicos mostraram que vegetarianos tendem a sofrer menos que os outros de várias doenças do coração e câncer. Desde que o mundo esta preocupado, a indústria da carne é um dos maiores desperdícios de recursos naturais e uma das maiores destruidoras do ambiente. Uma dieta vegetariana espiritual é boa não apenas para sua alma, mas também para seu corpo e para nosso planeta.
A partir deste livro, você irá aprender como conquistar a saúde ótima ao praticar a dieta e o estilo de vida Food Yogi, que inclui o que comer, quando comer, terapia da água, meditação para a oferenda da comida, e alimentação consciente. As características da comida yogi, a metafísica da comida, alimentos sagrados, a importância da água, a cultura da hospitalidade espiritual – e muito mais – são explicadas em detalhe.
Este livro é um manifesto virtual da arte e da ciência da alimentação yoga, e é um tesouro inestimável de informações sobre muitos dos divinos aspectos do alimento.
Ao ler este livro, você irá aprender o quão importante o alimento é para sua jornada espiritual. Irá descobrir como sentir genuína compaixão e respeito por todos os seres vivos, e como este respeito universal é tão fundamental para o estilo de vida yogi.
Alimentos preparados com amor têm a habilidade de unir as pessoas em um vínculo amoroso. A partir deste excelente livro, você aprenderá como espiritualizar sua comida e, fazendo isto, ajudar o mundo a se tornar um lugar melhor.
Kurma Dasa
Fazenda New Govardhana
Murwillumbah, Austrália
www.kurma.net
INTRODUÇÃO
Nossa tarefa deve ser nos libertar... alargar nosso círculo de compaixão para abraçar todas as criaturas vivas e toda a natureza e sua beleza. – Albert Einstein.
Assim como os humanos, os animais sentem dor. Certamente, eles não têm a inteligência para construir arranha-céus, mas têm inteligência, emoções, e estão vivendo, respirando e tendo consciência assim como nós. De fato, todas as coisas, de insetos à plantas aquáticas, e aos inúmeros organismos unicelulares que existem em todo lugar, são vivos com algum propósito.
O motor da vida é a conexão. Tudo está conectado. Nada é realmente autossuficiente. Assim como a água e o ar são inseparáveis, também é a interdependência de todos os seres vivos. Todos nós estamos ligados em vida para nossa sobrevivência na Terra. Compartilhar é tudo.
O reconhecimento desta unidade de toda a vida é a base da verdadeira sociedade humana.
O documentário HOME[2] resume isto desta forma: A Terra se apoia em um balanço no qual todo ser tem um papel, e existe apenas através da existência de outro ser – uma sútil e frágil harmonia que é facilmente destruída.
É o reconhecimento desta interdependência e da necessidade do equilíbrio e gratidão o centro do FOOD YOGA – Nutrindo Corpo, Mente & Alma.
Nossa jornada começa no domínio da ciência molecular e da física quântica e estabelece o fato de que o alimento, assim como tudo neste mundo, é essencial assim como qualquer outra forma de energia.
Entretanto, esta consciência geralmente escapa de nós humanos porque estamos igualmente ocupados consumindo comida para se aborrecer com isto; ou, nos falta um nível elevado de percepção sensorial necessária para notar isso. Isto é tão evidente como a nossa constrangedora fraca percepção de espectros eletromagnéticos.
Assim como a alimentação, nossos pensamentos também são uma forma de energia, e então, podem influenciar os alimentos que consumimos, tanto como interferências de rádio podem embaralhar um sinal limpo. Quando nos preocuparmos mais com esta poderosa influência em nossa alimentação, pensaremos duas vezes sobre onde compramos nossa comida ou sobre o que estamos comendo.
Recorrendo a inúmeras tradições místicas, incluindo as do índios americanos, nos aventuramos nos reinos esotéricos dos espíritos da natureza e no papel chave que desempenham na interação de energias. Este caminho revela o lado sagrado da água e o papel fundamental que possui em resolver o mistério de como se reconectar com nossa Fonte.
Embora não estejamos neste mundo em espírito, estamos certamente ligados a ele através das necessidades concomitantes da carne e do corpo. Então, nossa jornada deve, de alguma forma relutante, fazer um leve desvio do universo mundano da política de alimentos, e fazer um esforço para cultivar nossos próprios alimentos.
Retornando ao tema central do FOOD YOGA, olhamos para a natureza de nosso eu verdadeiro e como estamos não apenas cercados por energia, mas como somos seres essencialmente energéticos, todos procurando sinceramente as mesmas coisas: harmonia e amor.
Estabelecendo nosso âmbito, daremos uma olhada profunda na tradição yoga e como ela pode nos ajudar a prosperar nosso corpo, mente e espírito. Yoga é totalmente sobre conexão, mas ela começa com o gerenciamento da mente e dos sentidos, no qual o paladar é o mais importante. Como usamos nossas línguas, entretanto, é uma peça crítica neste quebra-cabeça.
Já que comer é uma das duas funções principais da língua, e assim essencial para nossa sobrevivência, é logicamente um dos mais efetivos meios para iniciar mudanças na consciência. Todos nós já tivemos a experiência de se sentar para comer um alimento cozinhado com amor e sentimos uma transformação imediata de nossa consciência, seguida por um sentimento de amor recíproco pela pessoa que preparou a comida. O fato é, quando o alimento é preparado com uma intenção amorosa, ele pode se comunicar em qualquer idioma. Tal alimento tem a habilidade de quebrar barreiras e transformar ódio em amor, medo em confiança, e ignorância em iluminação. Isto é tão evidente quanto o amor trocado entre uma mãe e seu filho.
Infelizmente, embora nossos corpos sejam programados para apreciar boa comida, geralmente nos vemos entediados enquanto comemos, nos distraindo com televisão, telefones celulares ou Internet. Mesmo quando já estamos cheios, nos sentimos insatisfeitos e queremos mais. O historiador americano Harvey Levenstein sugeriu que, devido à ampla abundância de escolhas alimentares na América, há uma vaga indiferença à comida, manifestada em uma tendência de comer e correr, ao invés de jantar e saborear.
Em FOOD YOGA, o ponto central é que, se fizermos o esforço em focar nesta parte muito essencial de nossas vidas – comer -, coisas incríveis e transformadoras podem acontecer conosco. O Guru biodinâmico, Peter Proctor, acredita que comida de qualidade ajuda as pessoas a tomarem decisões morais e a terem pensamentos morais – Não é apenas uma coisa para encher nosso estômago. Ela realmente lhe dá a real qualidade do pensamento e você descobre que é isto que o mundo precisa.
[3]
Quando você está vivendo de forma consciente, começando com alimentação consciente, você também o fará em todos os seus pensamentos e ações. Sua vida será consistente e em harmonia com seu entorno. Em outras palavras, você irá complementar seu ambiente, e não perturbá-lo. Ao invés de ser uma pedra no sapato
da Natureza, você será um participante bem vindo ao jardim das possibilidades ilimitadas.
Comida é a necessidade mais básica da vida. Seu único propósito é nutrir o corpo, mente e alma. Alimento, entretanto, deve nos dar vida, limpar nosso corpo e elevar nosso espírito. Comer nunca deve ser apenas um ato de preencher o corpo físico. Como Michael Pollan sugere em seu livro, In Defense of Food, Que o se alimentar deva ser basicamente sobre saúde do corpo é uma ideia relativamente nova, e eu acho, uma ideia destrutiva – destrutiva não apenas do prazer de comer, o que já deveria ser ruim o bastante, mas paradoxalmente de nossa saúde também.
Neste contexto, Poolan se refere especificamente à pobre saúde dos americanos, que estão evidentemente obcecados com o conteúdo nutricional dos alimentos em detrimento do senso comum e da felicidade. Em FOOD YOGA, iremos explorar como uma atitude mais inclusiva e respeitosa com a comida e suas origens pode melhorar a saúde geral de nosso corpo, mente e alma.
De acordo com todas as tradições do yoga, alimentos que estão velhos, decompostos e consistem de carne morta irão poluir o corpo e a consciência, enquanto alimentos que estão frescos, nutritivos e livres de qualquer sofrimento irão enriquecer o corpo, limpar a mente e satisfazer a alma.
O Bhagavad gita[4] estabelece que todos os alimentos podem ser classificados de acordo com sua qualidade inerente e a forma com que afetam nosso corpo e nossa mente.
Alimentos marcados pela bondade aumentam a duração da vida, purificam nossa existência e dão força, saúde, felicidade e satisfação. Tais alimentos nutritivos são doces, suculentos, saciantes e saborosos.[5]
Pessoas apaixonadas gostam de alimentos que são muito azedos, muitos ácidos, salgados, pungentes, secos e quentes. Tais alimentos causam dor, sofrimento e doença.[6]
Alimentos cozidos por mais que três horas antes que possam ser comidos, os quais são sem gosto, estragados, pútridos, decompostos e sujos, é comida apreciada por pessoas não iluminadas.[7]
Alimentos apreciados por pessoas não iluminadas são basicamente aqueles alimentos em decomposição e impuros. Como pode ser adivinhado, carnes e peixes são alimentos pertencentes a este modo inferior e assim, devem ser evitados se você realmente deseja a iluminação e a mais sagrada conexão ao mundo natural.
Jeremy Rifkin, em sua reveladora crônica da indústria de carne[8], concorda que comer, mais do que qualquer outra experiência única, nos traz um relacionamento completo com o mundo natural.
O ato em sim invoca a total personificação de nossos sentidos – paladar, olfato, tato, audição e visão. Conhecemos a natureza amplamente pelas várias formas com as quais a consumimos. Comer estabelece a mais primordial de todas as ligações humanas com o ambiente, e isto é o motivo pelo qual, na maioria das culturas, a experiência é celebrada como um ato sagrado e uma comunhão, assim como um ato de sobrevivência e renovação. Comer, então, é a ponte que conecta a cultura com a natureza, a ordem social com a ordem natural.
A professora Anne Murcott[9] completa, Comer é especialmente um apropriado
mediador porque, quando comemos, estabelecemos literalmente uma identidade direta entre nós (cultura) e nosso alimento (natureza).
Em FOOD YOGA, levaremos este conceito mais além, até o ponto de ver o alimento como o último pacificador entre todos os homens, animais e ambiente.
Se nós humanos honestamente reconhecemos a igualdade de todos os seres, o resultado coletivo deveria ser o desejo de compartilhar as recompensas da terra e abandonar todas as tendências egoístas. O fato de que os humanos não reconhecem esta igualdade (especialmente os líderes mundiais) é claramente evidente no caso da fome mundial. "O problema não é a produção insuficiente de comida, mas a distribuição desigual," explica o secretário geral da ONU, Dr. Kay Killingsworth.[10]
Killingsworth fez este comentário em 1996 e ainda hoje, em 2012, a fome mundial continua assombrando a ONU e suas Metas de Desenvolvimento do Milênio, embora a produção mundial de alimentos tenha crescido exponencialmente. Como isto é possível? Acredito que a questão é não apenas a distribuição desigual, mas também horrendas políticas econômicas tendenciosas. Por exemplo, pode alguém honestamente justificar porque 35,5% de toda a produção de grãos do mundo é alimento de rebanhos e não de humanos?[11] Isto é alarmante quando consideramos que, em média, uma criança morre a cada cinco segundos como consequência, direta ou indireta, da fome – 700 por hora – 16.000 todo dia – 6 milhões por ano – 60% de todas as mortes infantis.[12] Em 2012, absolutamente não pode haver mais fome.
Quantos devoradores de hambúrgueres americanos e europeus sabem que a maioria destes grãos é para alimentar rebanhos pastando em terras desmatadas na Amazônia? De acordo com a FAO[13], a criação industrial de animais é a indústria mais ineficiente e prejudicial ao ambiente no mundo moderno.
Claro, a fome mundial é um problema muito complexo, mas sem dúvida, se os humanos aprendessem a olhar o passado das diferenças raciais, religiosas, étnicas e das espécies, não deveria haver mais escassez no mundo. Se uma entidade tivesse dificuldade na capacidade de se auto sustentar, outra poderia contribuir através de conhecimento gratuito, troca de serviços, ou escambos. É a relação simbiótica formada entre humanos, animais, insetos, plantas, pássaros e peixes que possibilitou todas as espécies a sobreviverem através das eras.
Infelizmente, o sistema capitalista moderno gera ganância e desonestidade e isto fica no caminho de uma sociedade consciente e sustentável. Tal ideal de sociedade ideal consiste no que eu chamo de Food yogis ou humanos responsáveis que servem, consomem e agem de maneira que respeitam toda a criação e ajudam a manter o delicado equilíbrio da natureza.
Food yogis respeitam seu próprio corpo, o qual tratam como uma dádiva ou "um templo de Deus’. Assim, vivem toda sua vida em total consciência de sua interdependência e interconectividade com todas as coisas. Tal perspectiva espiritual e abrangente é o fundamento da cultura Védica indiana da hospitalidade – uma cultura que é baseada no princípio do sama darshana[14] ou igualdade espiritual.
O food yogi abraça totalmente a responsabilidade social e o estilo de vida respeitoso ao meio ambiente. Isto se aplica em suas escolhas de alimentos, roupas, cosméticos, materiais de limpeza e moradia. Tudo deve ser escolhido de forma que o menor impacto possível seja provocado em seu ambiente e a outros seres vivos.
Esta jornada no desenvolvimento da consciência começa e termina na língua. Nunca subestime o poder de um prato ou o poder de uma palavra. O que você coloca em seu prato é muito mais uma imposição política do que um espelho de quem você realmente é. Você pode dizer muito sobre a personalidade de alguém pelo o que sai de sua boca quando fala e pelo que consomem como alimentos. O fundador da Food for Life[15], Srila Prabhupada[16], geralmente dá o exemplo de um cachorro em uma poltrona. "Se você jogar um sapato, o cachorro irá deixar sua poltrona para morder o sapato," ele brinca. Similarmente, embora um indivíduo possa alegar ser iluminado ou ter grande moral, suas ações falam mais alto que suas palavras e, cedo ou tarde, estas ações sempre irão revelar sua verdadeira natureza.
A Bíblia diz: A língua que traz a cura é uma árvore da vida, mas uma língua caluniosa fere o espírito.
[17]
A língua sempre irá liderar os outros sentidos tanto para a purificação e posterior libertação, como para a depravação e posterior dificuldades perpétuas dos pecados.
Nesta ideia, FOOD YOGA propõe uma Meditação da Oferenda de Alimentos que resume as lições fundamentais aprendidas ao longo da jornada, ao mesmo tempo em que respeita a necessidade do indivíduo em ser capaz de usar esta meditação no contexto de sua tradição espiritual preferida. FOOD YOGA almeja fazer isso ensinando reconhecidos princípios universais de ciência e de espiritualidade, e não dogmas.
Em FOOD YOGA, eu também compartilho minhas experiências pessoais como um jovem monge e estudante da cultura Védica indiana da hospitalidade, enquanto também exemplifico com inúmeras fontes científicas e religiosas para fornecer uma abordagem crível para elevar o ato de se alimentar das algemas mundanas para o abraço libertador transcendental.
FOOD YOGA
Aquele que ama com pureza considera não o presente do amor, mas o amor em presentear. – Thomas Kempis[18]
Enraizado na tradição Hindu, a dimensão espiritual da alimentação yoga tem significado para pessoas de todas as crenças. No Hinduísmo, todo alimento é primeiro oferecido para Deus – a única fonte de criação deste alimento. Algumas oferendas podem ser feitas em rituais elaborados conduzidos com grande pompa e utilizando caríssimas parafernálias e ingredientes, enquanto outras podem ser humildes gestos que consistem em nada além de frutas frescas e água. Em todos os casos, entretanto, é a intenção ou devoção dos aspirantes o mais importante. Este alimento oferecido é considerado puro, sem carma[19] e espiritualmente nutritivo. Os Hindus chamam este alimento de prasadam, ou o perdão de Deus.
O Hinduísmo é uma crença complexa e variada que