Da cultura do corpo
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Sobre este e-book
Além de apresentar um modelo de investigação que permite atingir aspectos até então não pesquisados no trabalho do docente de Educação Física, o enfoque cultural exposto pelo autor pode contribuir para a análise do corpo como algo dotado de significações sociais e trazer para o leitor uma visão despida de preconceitos em relação ao comportamento corporal humano, pois "(...) os homens são iguais justamente na expressão de suas diferenças".
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Da cultura do corpo - Jocimar Daolio
prática.
1
ANTROPOLOGIA: UM DESLOCAMENTO DO OLHAR
(...) aquilo que os seres humanos têm
em comum é sua capacidade para
se diferenciar uns dos outros (...).
François Laplantine
Laplantine (1988) afirma que a Antropologia, em particular a Antropologia Social, propõe-se a estudar tudo o que constitui uma sociedade – seus modos de produção econômica, suas técnicas, sua organização política e jurídica, seus sistemas de parentesco, seus sistemas de conhecimento, suas crenças religiosas, sua língua, suas criações artísticas. Entretanto, a Antropologia consiste menos no levantamento sistemático desses aspectos do que em estudar a maneira particular como estão relacionados entre si e por meio dos quais aparece a especificidade de uma sociedade.
Historicamente, a Antropologia constituiu-se como disciplina específica durante o século XIX, embora seja possível considerar o seu início há mais tempo, na medida em que sempre houve alguém interessado na reflexão e no estudo de outros povos e outros costumes.
Até o final do século XIX, a pesquisa antropológica possuía um caráter evolucionista, concordando com o paradigma científico em voga, que, ao considerar todos os homens como integrantes da mesma espécie animal, procurava descobrir a origem da espécie, para justificar suas diferenças a partir de ritmos desiguais de desenvolvimento. Os antropólogos da época nada mais faziam do que coletar informações e materiais dos vários povos do mundo, quase sempre trazidos por missionários, viajantes ou mercadores. As interpretações eram feitas a distância dos vários agrupamentos humanos, a partir do pressuposto de que o homem, ao longo da sua evolução, passou por vários estágios, desde o nível mais primitivo até o mais civilizado; alguns concluindo todo esse desenvolvimento, outros interrompendo-o em estágios anteriores. Em 1877, Morgan classificou os homens em três estágios básicos de desenvolvimento: selvageria, barbárie e civilização. Nessa visão etnocêntrica, os povos considerados primitivos nada mais eram do que os não europeus da América, da Ásia e da África, que, por condições ambientais ou históricas, ainda não tinham atingido o estado de civilização característico da sociedade europeia do século XIX. A diferença era pensada como inferioridade (Morgan