Educação física, autismo e inclusão: Ressignificando a prática pedagógica
()
Sobre este e-book
Direcionamos nosso olhar ao autismo, umas das formas mais instigante de ser e que nos coloca em xeque no cotidiano escolar.
Focalizamos a inclusão sensibilizando a escola a se modificar e ressignificar seus espaços/tempos em função das necessidades educacionais de seus alunos, com ênfase na aprendizagem.
Compreender o autismo é percorrer caminhos nem sempre equipados com um mapa nas mãos, é falar e ouvir uma outra linguagem, é criar oportunidades de troca e espaço para os nossos saberes e ignorância
Relacionado a Educação física, autismo e inclusão
Ebooks relacionados
O percurso da inclusão de pessoas com deficiência na educação superior Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação Física, Diversidade e Inclusão: Debates e Práticas Possíveis na Escola Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação Física Escolar Junto a Estudantes com Deficiência Visual: Pesquisas e Práticas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação inclusiva: Perspectivas complementares no respeito às diferenças Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação Inclusiva no Brasil (Vol. 6): Legislação e Contextos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação inclusiva: Jogos para o ensino de conceitos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Educação Física e a organização curricular: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio Nota: 3 de 5 estrelas3/5A Formação do Professor de Educação Física: Reflexões a Partir do Estágio Supervisionado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação física no ensino fundamental: Primeiro ciclo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlunos da Educação Especial Incluídos na Escola de Educação Básica: Significações de Professores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNuances da Inclusão no Ensino Superior Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnsino de Educação Física e Formação Humana Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInclusão no Ensino Superior: Estudo de caso de estudantes com deficiência na Universidade Federal de Ouro Preto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOlhar Inclusivo: Desafio da Educação Contemporânea Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTensões identitárias de professores de educação física Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCaminhos Possíveis à Inclusão II: Educação Especial: Novos Prismas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInclusão e profissionalização do aluno com deficiência intelectual Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPolíticas de Inclusão na Educação Básica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFormação de Professores para a Alfabetização de Alunos com Deficiência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInquietudes da Pedagogia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA educação física na educação de jovens e adultos: Experiências da realidade brasileira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFormação de professores de Educação Física: Diálogos e saberes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInclusão: Do Discurso às Práticas Educacionais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Educação Física Cultural: O Currículo em Ação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação Física Cultural: Inspiração e Prática Pedagógica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação para todos: As muitas faces da inclusão escolar Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Esportes e Recreação para você
Nutrição Esportiva fundamentos e guia prático para alcançar o sucesso Nota: 5 de 5 estrelas5/5Hipertrofia Total Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Que Todo Atirador Precisa Saber Sobre Balística Nota: 5 de 5 estrelas5/5Corpo Sarado Em 8 Semanas Nota: 1 de 5 estrelas1/520 Receitas Para Ganhar Massa Muscular Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHormonios E Fisiculturismo - Uso De Substâncias Para Aumento De Performance Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMarombombando Nota: 5 de 5 estrelas5/5A História do Futebol para Quem Tem Pressa: Márcio Trevisan Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHiit De 15 Minutos Para Mulheres Nota: 4 de 5 estrelas4/5101 atividades recreativas para grupos em viagens de turismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasForça dinâmica: Postura em movimento Nota: 5 de 5 estrelas5/5Técnicas Avançadas Para Ganhar Músculos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMetodos E Sistemas De Treinamento De Força E Hipertrofia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Livro Secreto Da ”Old School Training”: Como Aplicar Os Segredos Do Culturismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Poder Do Pilates Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNovas dinâmicas para grupos: A aprendência do conviver Nota: 3 de 5 estrelas3/5Treinamento De Bruce Lee Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tiro Esportivo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComo O Agachamento Pode Mudar Sua Vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notas240 Jogos E Brincadeiras Nota: 5 de 5 estrelas5/5A "arte" Da Faca Nota: 4 de 5 estrelas4/5Treinamento De Força Acima Dos 40 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRepertório de atividades de recreação e lazer: para hotéis, acampamentos, prefeituras, clubes e outros Nota: 0 de 5 estrelas0 notas24 Horas Queimando Gordura Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFutsal: Técnicas de administração para ser um vencedor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLazer e recreação: Repertório de atividades por fases da vida Nota: 5 de 5 estrelas5/5Alimentação de Cães e Faça Você Mesmo Comida Para Cães (Nutrição de Cães) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Poder do Exercício Físico: Transformação no aprendizado escolar e na produtividade laboral Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTai Chi Chuan Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Categorias relacionadas
Avaliações de Educação física, autismo e inclusão
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Educação física, autismo e inclusão - Mônica Frigini Siqueira
também
Capítulo 1
VYGOTSKY E O SUJEITO COM AUTISMO: UMA MEDIAÇÃO PERTINENTE A UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS
É cada vez mais constante a inserção de alunos com NEEs em salas de aula regulares⁵. Mas, a simples presença desses alunos não é garantia de que estejam aprendendo. Muitas vezes, ao se depararem com um aluno com NEEs por autismo na sala/quadra, muitos professores regentes e de Educação Física costumam deixá-los de lado, por não se sentirem preparados para atender a essa demanda. Principalmente no cotidiano escolar, as discussões que existem atualmente relativas à escolarização desses sujeitos tornam singular essa experiência, pois muitos profissionais têm medo
de atuar com esse aluno, seja em classe especial, seja com ele incluído em classe regular, por desconhecimento sobre a condição autista e/ou por se defrontarem diariamente com a possibilidade de não obter respostas diante de uma intervenção pedagógica (BRIDI; FORTES; BRIDI FILHO, 2006).
Realmente, pesquisar, estudar, compreender a criança com autismo é muito delicado e provocador. Requer um repensar de visões de mundo/homem e de educação. Quando o diferente rompe de vez com aquilo que consideramos ideal, o processo de inclusão é mais sutil e muitas vezes mais difícil de ser construído. A crença na educabilidade do aluno com autismo é muito menor ou quase inexistente. Mas, afinal, que compreensões podemos apreender sobre o ser autista?
1.1 Compreendendo a relação entre autismo e educação
Observa-se, em relação ao sujeito com autismo, um universo extremamente complexo, devido, primeiro: à variedade de nomenclaturas utilizadas para designá-lo ao longo da história da educação especial; segundo, às dificuldades de se fazer o diagnóstico; terceiro, de se atribuir importância ou não ao uso de diagnósticos e quarto, às relações envolvendo a família, a escola e os diferentes profissionais e serviços de atendimento especializado.
Esse universo complexo nos instiga a buscar conhecer, compreender e desvelar os primeiros relatos de educação com os autistas, à procura de pistas que nos iluminem na construção de ambientes educacionais inclusivos que possam acolher a diversidade. Isso é importante porque a demanda da inclusão nos estimula a entender cada indivíduo em suas singularidades, a experimentar o encontro com o diferente (com seus enfrentamentos, sabores e dissabores), pois requer a construção de práticas pedagógicas para todos.
Baptista e Oliveira (2002), no artigo Lobos e médicos: primórdio na educação do diferente
, apresentam o primeiro registro, de 1800, da relação entre autismo e educação. O jovem médico francês Jean Itard⁶, ao não aceitar o diagnóstico do renomado médico Pinel, sobre a impossibilidade de educabilidade de um menino encontrado nu, nas florestas ao Sul da França, que aparentava ter 12 anos, resistente a qualquer tentativa de contato e que fugia com agilidade, além de não falar e parecer ser surdo, defendeu que esse menino, conhecido como Victor de Aveyron, possuía essa forma de ser devido à privação do contato social.
Os indícios expressos nas palavras de Pinel são de identificação das ‘faltas’. A ausência da dimensão humana é fruto do paralelo com aquilo que o avaliador considerava ‘humano’ e de sua experiência com as formas conhecidas de anormalidade. No entanto, a comparação com essa ‘anormalidade’ desconsiderava a história e o contexto de evolução do sujeito, aspectos que o tornavam absolutamente singular. Esse será o elemento de diferenciação entre o olhar de Pinel e aquele de Itard. As consequências de tais diferenças fazem parte da história da educação: o primeiro caso de atendimento de um sujeito em condição de desvantagem, minuciosamente descrito. Caso o olhar de Pinel tivesse prevalecido, Victor teria sido mais um dos pacientes dos hospícios franceses, exposto a um ‘atendimento’ que era sinônimo de isolamento e abandono (BAPTISTA; OLIVEIRA, 2002, p. 98).
Nesse primeiro relato entre o autismo e a educação, observamos a ousadia de Jean Itard em não aceitar um diagnóstico que define a vida de Victor. A sensibilidade dele em compreender essa criança para além do aspecto biológico nos revela possibilidades de educabilidade, porque entendia que aquele menino tinha sido privado de várias possibilidades de interação social. Itard, ao investir em Victor, criando condições de aprendizagem, não só o impede de ser mais um paciente dos hospícios franceses, mas atenua parte da limitação associada à sua educação, o isolamento social, porque foi justamente a convivência com outras pessoas que possibilitou o desenvolvimento dessa