Educação Física Escolar e Questões Curriculares
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Educação Física Escolar e Questões Curriculares - Renata Osborne
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA
Aos familiares e amigos que partilham a caminhada e aos entes
queridos que partiram, mas que estão vivos em nossos corações.
AGRADECIMENTOS
Aos professores autores dos capítulos que compõem este livro, pela parceria e confiança em uma obra que pudesse contribuir significativamente para formação de futuros professores.
Às Instituições que forneceram o ambiente para a produção de conhecimento coletivo de todos os autores, em especial a Universidade Salgado de Oliveira e o Instituto Benjamin Constant.
Às crianças e adolescentes e a todos os alunos, que são a inspiração para os professores autores.
Aos amigos, que sempre nos apoiaram e estão ao nosso lado nas alegrias e dificuldades.
Aos nossos familiares, pelo amor e por entenderem nossa ausência, devido à atenção dedicada à execução deste projeto.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a construção deste livro.
Este projeto foi possível graças ao diálogo e ao aprendizado mútuo entre todos os envolvidos.
Sozinhos, podemos chegar mais rápido a alguns objetivos, mas juntos chegamos mais longe!
Obrigado!
APRESENTAÇÃO
O livro Educação Física Escolar e Questões Curriculares tem suas raízes no mestrado em Ciências da Atividade Física da Universidade Salgado de Oliveira, mais especificamente no projeto Formação Continuada de Professores de Educação Física para a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável
, tendo Arlindo Fernando Paiva de Carvalho Junior como membro do projeto e mestrando do programa, e Renata Osborne como coordenadora e orientadora. Em 2016, após defender sua dissertação intitulada A Construção Social do Currículo da Educação Física Escolar: análise de uma proposta curricular pública
, o então mestre em Ciências da Atividade Física, Arlindo, assumiu a liderança deste projeto de livro. A parceria formada com Renata foi muito necessária, pois, em face do desafio e do trabalho que se seguiria, o livro não seria alcançado por apenas um dos organizadores; o processo foi realmente uma soma de esforços de duas pessoas com visões complementares.
Ao investigar e estudar o currículo e suas dimensões na Educação Física Escolar no decorrer da pesquisa de mestrado de Arlindo, percebemos que o campo do currículo e suas dimensões, especificamente na Educação Física Escolar, precisava ser discutido no cenário acadêmico e nas escolas de base. Nesse sentido, buscamos neste livro contemplar estudos e pesquisas sobre o currículo e as práticas na Educação Física Escolar, com intuito de apresentar aos professores de Educação Física os conceitos, definições e entendimentos de currículo, assim como ele pode influenciar as práticas e políticas pedagógicas da Educação Física na escola, tais como: a avaliação da aprendizagem, a construção de conhecimentos, os planos de ações pedagógicos, a organização, os horários, a carga horária, a sala de aula, entre outros, além de questões e temáticas importantes presentes na escola, como a tecnologia, a relação entre professor e aluno, a violência, a diferença, as identidades de gênero, a participação democrática e a formação do cidadão crítico. Nesse sentido, o livro busca contribuir na formação de professores por meio da reflexão crítica sobre os currículos escolares de Educação Física, sintonizando-os com as necessidades e peculiaridades da atualidade.
Outro processo importante para execução do livro foram as discussões e estudos realizados no grupo de pesquisa Cotidianos Escolares e Educação Especial: corpo, currículo e inclusão, coordenado por Arlindo Fernando no Instituto Benjamin Constant. A rede de relações e parcerias formadas por Arlindo, Renata e outros professores e pesquisadores forneceram os textos para a composição do livro, dos quais foram selecionados os melhores. Os autores dos capítulos provêm das seguintes instituições: Instituto Benjamin Constant, Colégio Pedro II, Colégio de Aplicação da Universidade Federal Fluminense, Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ), Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC), Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Universidade do Porto (Portugal). Os capítulos demonstram uma diversidade de idéias, que se complementam. Neste sentido, não foi imposta uma única visão, mas foram apresentadas idéias que pudessem suscitar o debate sobre o currículo e suas dimensões no terreno da Educação Física Escolar.
O primeiro capítulo, escrito por Arlindo Fernando e Renata Osborne, busca apresentar diferentes conceitos e definições de currículo, fazendo um breve apanhado da história e evolução dos estudos curriculares, a pluralidade de entendimentos sobre currículo e suas dimensões. Busca-se, a partir do primeiro capítulo, apresentar a pluralidade de significados e entendimentos do currículo escolar, que se relaciona com diferentes dimensões na construção do conhecimento escolar.
O segundo capítulo, escrito por Alfredo Faria Junior, discorre sobre a história do termo Educação Física Escolar no Brasil. O autor lista nomes e instituições importantes nessa trajetória. Também apresenta os conteúdos que compunham o currículo e o entendimento de currículo na Educação Física Escolar, assim como relações entre a Educação Física formal e não formal, relacionando-as ao contexto político do País. Por fim, apresenta suas críticas a esse processo histórico, que incluem uma não valorização da Educação Física Escolar e uma dicotomia entre esta e a Educação Física realizada em outros ambientes.
O terceiro capítulo busca a reflexão da Educação Física como disciplina de um currículo escolar em tempos de uma sociedade líquida, na perspectiva do filósofo Zygmunt Bauman. Escrito por Rodrigo Portal, Arlindo Fernando, Carlos Ferrari e Renata Osborne, o texto apresenta, a partir dos entendimentos de Bauman, as respectivas mudanças no cotidiano escolar, trazendo a discussão para a atuação dos professores e a construção do currículo diante da modernidade líquida, de modo que o currículo possa ser construído de forma equilibrada, considerando a singularidade dos sujeitos e as reais necessidades dos alunos. O texto explora o fato de que vivemos em uma época de muitas mudanças, em que é preciso flexibilidade para construção de um currículo. A Educação Física, embora indispensável, ainda se encontra desvalorizada. Os processos de ensino têm supervalorizado a instrução para o mercado de trabalho em detrimento de outras funções da educação referentes à vida como um todo. As ideias de Bauman sobre a modernidade líquida são fundamentais para entender a época atual. O autor divide a modernidade em duas etapas: a primeira seria mais sólida e estável, enquanto a segunda seria mais fluida, instável e frágil. Os professores se sentem desconfortáveis em relação a essa realidade, com seus insuficientes conhecimentos tecnológicos diante de alunos digitais. Os autores do capítulo concluem que é necessário procurar um equilíbrio entre os conteúdos clássicos e modernos para desenvolver as diversas inteligências rumo à formação humanista e integral dos alunos. Nesse sentido, a Educação Física tem a oferecer conteúdos expressivos, lúdicos e culturas essenciais.
O quarto capítulo discute a pluralidade e as diferenças na escola que se pretende democrática, mas está condicionada aos moldes educacionais padronizados, o que gera conflitos de culturas, ideologias e interesses. As autoras, Bianca Viana e Andréa Fetzner, apresentam um estudo sobre a Educação Física Escolar e o currículo por meio da reflexão crítica sobre a subalternidade. Discutem a colonialidade e a importância da decolonialidade para os alunos em formação escolar. Nesse sentido, traçam reflexões debatendo questões tais como a hierarquização de saberes, a relação de poder e a interculturalidade, mostrando que o currículo não se resume a um quadro de conteúdos, mas se relaciona a diferentes dimensões na construção do conhecimento escolar. Em seguida, as autoras apresentam e discutem dados de uma roda de conversa com professores de Educação Física da rede pública, em que são identificadas práticas curriculares decoloniais, buscando a reflexão crítica de tais questões nas aulas de Educação Física Escolar.
O quinto capítulo, escrito por Luciana Collier, levanta a discussão sobre democracia e participação política na sociedade apresentando a EF como uma disciplina que pode promover a autonomia e a participação ativa dos alunos na escola a partir do planejamento participativo e da tomada de decisões dos alunos. A autora defende uma relação dialógica e horizontal entre professor e aluno, dando a oportunidade para que todos possam ser ativos perante a construção do conhecimento. Entende a participação ativa e democrática dos alunos na escola como o início da transformação social como cidadãos críticos e participativos na política da sociedade. A discussão sobre o planejamento participativo remete-nos à construção curricular democrática e participativa e, consequentemente, à construção do conhecimento com base em princípios humanizadores. A autora apresenta sua experiência com o planejamento participativo no colégio de aplicação, buscando dialogar sobre as suas possibilidades nas aulas de EF.
O sexto capítulo apresenta o Teatro do Oprimido, criado pelo teatrólogo Augusto Boal, como possibilidade de intervenção pedagógica nas aulas de Educação Física Escolar, buscando a educação transformadora, problematizando situações opressoras na escola sob uma ótica humanizada. Nesse sentido, o autor, Marcel Cavalcante, apresenta termos, definições, técnicas e a história do Teatro do Oprimido para conhecimento dos leitores. O autor expõe aproximações entre o Teatro do Oprimido e alguns autores da educação, bem como abordagens críticas da Educação Física, especificamente a Crítico-Superadora e a Crítico-Emancipatória. Apresenta uma proposta para a prática pedagógica com base no Teatro-Imagem, jogos e exercícios possíveis de serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física Escolar. Busca contribuir com uma educação libertadora e transformadora que considere a singularidade e experiência dos alunos visando à formação de cidadãos críticos sob uma ótica humanizada.
O sétimo capítulo, escrito por Rodrigo Portal, Arlindo Fernando e Renata Osborne, aborda questões sobre tecnologia, currículo e Educação Física. Tecnologia não é algo novo; refere-se a diversas ferramentas e técnicas utilizadas pelo ser humano para facilitar ações cotidianas. Utensílios tais como apito, aparelho de som e bolas são alguns dos utensílios tecnológicos naturalizados na Educação Física. Sem descartar o valor deles, a introdução de ambientes virtuais no contexto da Educação Física Escolar apresenta novas possibilidades, ainda não suficientemente desenvolvidas. As crianças hoje em dia têm um acesso à informação enorme, inimaginável há décadas atrás. Mas as crianças não possuem ainda o discernimento para utilizar essas informações de forma crítica e construtiva. Precisam do direcionamento de adultos. A cibercultura bem utilizada amplia o imaginário das crianças, que se tornam mais ativas e participativas. Os professores, então, mais do que antes, não podem ver as crianças como meros ouvintes. Nesse sentido, Paulo Freire já havia advogado uma relação horizontal e dialógica entre professor e aluno. As novas tecnologias de informação e comunicação começam a ser utilizadas nas aulas de Educação Física, que incluem o uso de aparelhos eletrônicos e jogos virtuais, dilatando, assim, os conteúdos da Educação Física.
O oitavo capítulo aborda as questões de gênero na Educação Física Escolar, levantando a discussão de como o currículo da disciplina em questão é influenciado pelas questões deterministas e monoculturais de gênero na escola. Os autores, Marcos Vinícius e Simone Salgado, lembram-nos da história da disciplina na escola, com aulas separadas por sexo e conteúdos específicos para meninos e meninas. Trazem à tona a discussão de gênero na escola e nas aulas de Educação Física, entendendo o gênero para além do sexo biológico, mas como uma construção social e histórica. A partir de então, discutem a relação que o gênero tem com o poder, com a diversidade, com o preconceito, com a violência dos corpos, com o masculino e feminino, com a construção das identidades dos sujeitos e como essas questões manifestam-se na Educação Física Escolar.
O nono capítulo, escrito por Michele Fonseca, consiste em um recorte da sua tese de doutorado. Busca discutir questões curriculares diante das demandas da formação docente para a diversidade na percepção de estudantes e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Porto – Portugal, tendo três questões para análise e discussão: o currículo é adequado para atender às demandas atuais no que se refere à formação docente em Educação Física? Que disciplinas poderiam discutir a questão da formação de professores para a diversidade? Quais disciplinas efetivamente discutem a questão da formação de professores para a diversidade? Para a autora, nenhuma formação ou disciplina dará conta de preparar definitivamente um professor para lidar com a complexa diversidade humana, por isso, a formação deve ser contínua ao longo de toda experiência docente.
O décimo capítulo, escrito por Thiago da Silva, Bárbara Rodrigues, Fabiano Devide e Eliane dos Reis, busca a reflexão sobre o ensino das Lutas como conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar. Os autores discutem a temática trazendo à tona questões como a distinção entre lutas, brigas e violência, a falta de preparo dos professores de Educação Física ao ensiná-las, as dificuldades e estratégias de se trabalhar Lutas na escola, a formação inicial e continuidade em Lutas, a questão do gênero relacionada às Lutas e como tais questões influenciam no currículo na Educação Física no que tange ao conteúdo Lutas. Apresentam resultados de duas pesquisas, que investigaram o discurso docente sobre o ensino de Lutas na Educação Física Escolar, na educação básica, em redes públicas de ensino. Os autores consideram que, apesar de relevante, o conteúdo Lutas tem se mantido à margem do planejamento devido a diversos fatores.
O décimo primeiro capítulo, fruto de pesquisa de mestrado, investigou a influência da violência no processo ensino-aprendizagem nas aulas de Educação Física Escolar. Os autores, Carlos Ferrari, Carlos Figueiredo, Roberto Ferreira e Alfredo Faria Junior, buscaram verificar a percepção dos docentes sobre a influência da violência no cotidiano da escola; analisar a influência da pacificação sobre o prisma violência e educação; refletir a partir dos relatos de professores e diretores a incidência da violência armada; e descrever as ressignificações que estão a se constituir na escola pesquisada. Para os autores, a percepção dos docentes no que se refere à influência da violência no cotidiano escolar resume-se à vivência particular dos atores sociais. Apresentam a discussão sobre a violência e suas influências nas aulas de Educação Física a partir de entrevistas realizadas com professores e diretores da escola investigada.
O décimo segundo capítulo, que encerra o livro, escrito por Maurício Murad, mostra que o Brasil infelizmente obteve a liderança em ambiente escolar violento, segundo pesquisa realizada pelas Nações Unidas, em 2015, com dados de 127 países. O autor dialoga com autores da Sociologia e explica que o ambiente interno da escola está enquadrado no ambiente social geral, e este é problemático. A violência é um dado historicamente estrutural na formação social brasileira. Atualmente, especialmente as escolas públicas em áreas carentes sofrem pressão do tráfico de drogas e do crime organizado. A educação não transforma a sociedade sozinha, mas também nada muda satisfatoriamente sem investimento em educação. Uma interação entre a escola e os poderes públicos constituídos é fundamental. As crianças têm direito de praticar esportes, e o autor apresenta dados sobre a educação formal e não formal direcionada para a Educação Física. Na opinião dele, os profissionais de Educação Física, diante desse contexto, têm uma missão muito além de transmitir conteúdos: eles podem contribuir para diminuir a violência tendo como horizonte a formação do cidadão ético.
O livro apresenta problemas do contexto sócio-histórico presentes no ambiente escolar, aproveitando ideias do passado que são pertinentes na atualidade, assim como apresenta novas possibilidades para o presente e o futuro de uma Educação Física Escolar sintonizada com o seu tempo.
Arlindo Fernando Paiva de Carvalho Junior
Renata Osborne
PREFÁCIO
Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dona de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono das minhas certezas, sou minha cara contra o vento, contravento, e sou o vento que bate em minha cara.
(Eduardo Galeano)
Há algum tempo, tenho caminhado a contravento. Por entre uma brisa fresca e algumas rajadas mais furiosas, fui tecendo-me com esses ventos que batem em minha cara. Sou uma andarilha que circula por espaços/tempos de ensinar/aprender. Licenciada em Educação Física e atualmente trabalhando como docente no Curso de Licenciatura do Instituto de Educação Física da Universidade Federal Fluminense, tenho, ao longo dos anos, buscado por possibilidades de interrogar o que compreendemos; e mais, o que pode e deve ser esse campo de conhecimento.
Nesse sentido, este livro é um anúncio de reflexões/escritas que permitem avançar na tessitura de outros significados que me afetam e por isso me modificam. Pensando com Larrosa (2002), a leitura desta obra é uma experiência de formação. Assim sendo, os textos publicados trazem com diferentes aportes epistemológicos/metodológicos tensões curriculares que passam por um recorte histórico de como essa disciplina inseriu-se no contexto escolar e, sobretudo, como afeta e está sendo afetada por questões contemporâneas que invadem os espaços educativos. Os currículos não são meras prescrições; são espaços de disputas e de poder. Pensar os currículos como uma política cultural significa compreender além do que é formal e tradicionalmente estudado. Para tal, é preciso estar atento às tramas cotidianas que movimentam o currículo oficial e criam o currículo vivido com toda sua multiplicidade e multiculturalidade.
Nesse processo, o que me move com esta leitura são as possibilidades de estabelecer relações dialógicas que encaram a polissemia que se encarna nas circularidades de conhecimentos relevantes. Este trabalho vai além dos limites das problematizações enraizadas nas dicotomias que marcam a nossa história como corpo/alma, teoria/prática, bem como traz análises críticas que reconfiguram os sentidos e significados da Educação Física, questionando uma ideologia que defende os interesses do poder instituído a serviço do sistema capitalista.
Tudo isso nos coloca diante da importância dessa área e sua função social no ambiente escolar. E aproximo-me dessa ideia porque compreendo, cada vez mais, que, mesmo mergulhados nas estruturas de poder que trabalham para regular a nossa sociedade e moldar uma concepção utilitária da Educação Física, não estamos paralisados, e mudanças são possíveis. As redes que tecem a escritura deste livro são espaços/tempos onde circulam criações que se produzem por imprevisíveis e improváveis táticas articuladas sobre os detalhes
(CERTEAU, 1994, p. 101).
Nossos conhecimentos constituem-se por trilhas... e com partilhas. Nesse processo, esses(as) autores(as), como professores(as) pesquisadores(as), criam um terreno fértil e provocam deslizamentos conceituais que são fundamentalmente importantes para trazer à tona outras formas de pensar, sentir e agir com a Educação Física nos cotidianos escolares. Isso dito, penso com Alves (2008) que esta obra faz um mergulho com todos os sentidos
nesses contextos educativos e vira de ponta a cabeça
, complexificando e problematizando o que é e o que pode ser a Educação Física.
Dessa forma, as ordens não abafam as desordens, as certezas não diminuem as incertezas, as verdades não são absolutas, a realidade é sempre um recorte e uma interpretação do real, e as dicotomias teorias/práticas e corpo/alma ficam profundamente abaladas. Com isso, uma potência heterogênea e efêmera brota destes textos, que inventam e (re)inventam outros significados com pontos que não são finais, mas que permitem avanços criando novos caminhos possíveis.
Este livro é um devir
, como nos diz Deleuze (2004, p. 13). Em um devir, não há imitação, nem um modelo ao qual se deseja alcançar. Os devires são o que há de mais imperceptível: São os actos que só podem ser contidos numa vida e expresso num estilo
.
Dilemas temos muitos e teremos sempre, pois aqui eles não são encarados como faltas, mas sim como tensões necessárias e que provocam outras tensões que nos colocam diante da vida, e, especialmente, com a intenção de potencializar outros olhares para a Educação Física.
Martha Copolillo
Professora doutora do Instituto de Educação Física
da Universidade Federal Fluminense
Sumário
CURRÍCULO: CONCEITOS, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Arlindo Fernando Paiva de Carvalho Junior
Renata Osborne
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O CURRÍCULO PARA O ENSINO DE PRIMEIRO GRAU NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Alfredo Faria Junior
INSTITUIÇÃO ESCOLA, EDUCAÇÃO FÍSICA E CURRÍCULO EM TEMPOS LÍQUIDOS
Rodrigo Portal Peixoto
Arlindo Fernando Paiva de Carvalho Junior
Carlos Eduardo Rafael de Andrade Ferrari
Renata Osborne
A EDUCAÇÃO DECOLONIAL E O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Bianca Viana Santos Souza
Andrea Rosana Fetzner
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E EDUCAÇÃO FÍSICA: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA APRENDE-SE NA ESCOLA
Luciana Santos Collier
EDUCAÇÃO FÍSICA E TEATRO DO OPRIMIDO: PROFESSOR-CURINGA EM BUSCA DE UMA EDUCAÇÃO HUMANIZADA
Marcel Cavalcante
TECNOLOGIA, CURRÍCULO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA
Rodrigo Portal Peixoto
Arlindo Fernando Paiva de Carvalho Junior
Renata Osborne
A EDUCAÇÃO FÍSICA E AS IDENTIDADES DE GÊNERO NA ESCOLA
Marcos Vinicius Pereira Monteiro
Simone da Silva Salgado
FORMAÇÃO DOCENTE EM FOCO: CAMINHOS CURRICULARES EM PROL DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Michele Pereira de Souza da Fonseca
O ENSINO DE LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA REFLEXÃO CRÍTICA
Thiago B. R. L. da Silva
Bárbara A. de A. G. Rodrigues
Fabiano Pries Devide
Eliane Glória dos Reis
A INFLUÊNCIA DA VIOLÊNCIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Carlos Eduardo Rafael de Andrade Ferrari
Carlos Alberto Figueiredo da Silva
Roberto Ferreira dos Santos
Alfredo Faria Junior
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: REFLEXÕES EM TORNO DA VIOLÊNCIA
Mauricio Murad
SOBRE OS AUTORES
CURRÍCULO: CONCEITOS, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Arlindo Fernando Paiva de Carvalho Junior
Renata Osborne
Se pensarmos o currículo em uma perspectiva tradicional, como conjunto de conhecimentos/conteúdos que são ensinados/transmitidos visando a um ideal/objetivo, podemos