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Protótipo Didático para o ensino de Língua Portuguesa: práticas de multiletramentos na sala de aula
Protótipo Didático para o ensino de Língua Portuguesa: práticas de multiletramentos na sala de aula
Protótipo Didático para o ensino de Língua Portuguesa: práticas de multiletramentos na sala de aula
E-book241 páginas2 horas

Protótipo Didático para o ensino de Língua Portuguesa: práticas de multiletramentos na sala de aula

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Sobre este e-book

Este livro aborda uma experiência exitosa de ensino e formação docente na educação básica envolvendo os multiletramentos e as tecnologias digitais a partir do trabalho com protótipos didáticos. Trata-se de um tema emergente dentro do escopo dos multiletramentos que convida os professores de Língua Portuguesa da Educação Básica a experimentarem outras estratégias de trabalho com a linguagem no cotidiano de sua sala de aula, cada vez mais conectada e interativa. É chegado o momento de transgredir com nossas práticas educativas visando acompanhar o que a cultura digital nos reclama: novas posturas e apostas para o ensino e a aprendizagem.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de jan. de 2021
ISBN9786558777816
Protótipo Didático para o ensino de Língua Portuguesa: práticas de multiletramentos na sala de aula

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    Pré-visualização do livro

    Protótipo Didático para o ensino de Língua Portuguesa - Nelma Teixeira da Silva

    AGRADECIMENTOS:

    Aos alunos do 9° ano (turma de 2014) e a professora de Língua Portuguesa Cida Pereira, do Colégio Estadual Idalice Nunes, pela valiosa participação e colaboração nesta pesquisa.

    À Prof.ª Drª Ester Maria de Figueiredo Souza, pelo carinho e sabedoria ao conduzir a orientação da pesquisa.

    Ao Programa de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e à Capes por viabilizar a realização desta pesquisa.

    Em todos os seus caminhos até o objeto, em todas as direções, o discurso se encontra com o discurso do outro e não pode deixar de participar com ele de uma interação viva e intensa.

    (Bakhtin)

    APRESENTAÇÃO

    Em virtude dos avanços das tecnologias digitais, das descobertas científicas e do crescente diálogo entre culturas, vivenciamos o surgimento de saberes e fazeres que desafiam as práticas educativas. O professor, na atualidade, independente de qual modalidade de ensino atue, precisa se reinventar constantemente para saber lidar com diversas situações e ferramentas que permeiam o ambiente escolar, das quais lhe é exigido o desempenho diante de novas possibilidades de se estabelecer a aprendizagem. Qual perfil de aluno encontramos hoje na escola? Qual o papel do professor? Qual a metodologia mais adequada? Essas e outras provocações são consideradas neste livro, fruto de minha pesquisa de Mestrado, que tematizou o protótipo didático (PD) como estratégia pedagógica de organização do ensino de Língua Portuguesa (LP) a partir da intertextualidade no gênero discursivo anúncio publicitário impresso, tendo como base as contribuições da pedagogia dos multiletramentos (New London Group, 1996) que, mais do que nunca, devem permear a prática docente.

    Este livro está organizado em quatro capítulos. O Capítulo 1, intitulado Ensino de Língua Portuguesa e multiletramentos: fundamentos e concepções, aborda os principais conceitos que guiaram a pesquisa nos contornos do uso dos protótipos didáticos como estratégia de organização das aulas de Português e o ensino de Língua Portuguesa a partir dos gêneros discursivos, abordando a visão sociointeracionista da linguagem, baseada nos estudos do Círculo de Bakhtin. Destaca também algumas considerações sobre a aula enquanto gênero discursivo; os estudos de Schneuwly e Dolz (2004) ao referenciar o ensino dos gêneros discursivos a partir de sequências didáticas na escola; as reflexões de Bakhtin (1997; 1986) sobre gêneros discursivos e linguagem; e a caracterização do gênero publicitário enquanto gênero discursivo multimodal.

    O Capítulo 2 apresenta o contexto de desenvolvimento da pesquisa qualitativa, fundamentada no método etnográfico e os procedimentos metodológicos e as estratégias utilizadas para obtenção dos dados, que se desdobrou em duas partes: a primeira trata da construção do protótipo didático; a segunda se refere à intervenção na prática docente em sala de aula, por meio da aplicação do protótipo didático.

    No Capítulo 3, O protótipo didático na prática: conexões com a língua em uso, são descritos e analisados episódios de aulas observadas durante a aplicação das sequências didáticas que compõem o protótipo didático elaborado para o contexto da pesquisa.

    O Capítulo 4 traz reflexões sobre as revelações do que foi experienciado na pesquisa e os resultados alcançados, a partir da análise dos textos produzidos pelos alunos durante as aulas de aplicação do protótipo didático, sendo a análise de caráter interpretativista.

    A proposta deste livro, portanto, é mostrar uma experiência exitosa de ensino e formação docente na educação básica envolvendo os multiletramentos e as tecnologias digitais a partir do protótipo didático. Trata-se de um tema emergente dentro do escopo dos multiletramentos que serve de provocação para os professores de Língua Portuguesa da Educação Básica experimentarem outras estratégias de trabalho com a linguagem no cotidiano de sua sala de aula, cada vez mais conectada e interativa. É chegado o momento de transgredir com nossas práticas educativas visando acompanhar o que a cultura digital nos reclama: novas posturas e apostas para o ensino e a aprendizagem.

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    INTRODUÇÃO

    1 ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E MULTILETRAENTOS: FUNDAMENTOS E CONCEPÇÕES

    2 CONHECENDO O OBJETO: O PERCURSO DA PESQUISA

    3 O PROTÓTIPO DIDÁTICO NA PRÁTICA: CONEXÕES COM A LÍNGUA EM USO

    4 AS REVELAÇÕES DO VIVIDO

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    REFERÊNCIAS

    ANEXO

    OBJETIVOS

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    INTRODUÇÃO

    O ensino de Língua Portuguesa antes pautado apenas em materiais didáticos que se restringiam ao impresso, assume na sociedade contemporânea outros contornos, tendo em vista a influência tecnológica que interfere na dinâmica social e, consequentemente, na educação. Assim, como uma forma de dinamizar a aula de Português e tornar as práticas de leitura e escrita mais prazerosas e produtivas, tanto para o professor quanto para o aluno, é que elegemos o protótipo didático como uma estratégia pedagógica para os multiletramentos eficaz na organização do ensino de Língua Portuguesa, estruturado a partir de sequências didáticas que articulam as ações da linguagem através dos gêneros discursivos. O protótipo didático é composto por muitas linguagens (é multimodal) e exige capacidades e práticas de compreensão e produção de cada uma delas (multiletramentos) para fazer sentido no cotidiano do aluno. Além disso, o novo contexto tecnológico em que os alunos estão inseridos exige dos docentes novas práticas de ensinagem que podem ser facilitadas através do uso de novas tecnologias e mídias digitais. Nesse sentido, o protótipo didático faz referência a um modelo preliminar, uma atividade em processo de construção e em fase de experimentação, que pode ser tomado como ponto de partida de um projeto maior e mais elaborado (ROJO, 2012).

    A pesquisa teve como objetivos sugerir e experimentar uma proposta de intervenção didática no Ensino Fundamental II a partir do uso do protótipo didático como organizador do ensino de Língua Portuguesa, como uma forma de contribuir para a melhoria do ensino e da prática docente, tendo como base os gêneros discursivos. A proposta do protótipo didático sugeriu uma possibilidade diferenciada de trabalho com a leitura e a escrita a partir de textos multimodais – anúncios publicitários impressos –, pretendendo demonstrar que é possível trabalhar com leituras de diferentes gêneros discursivos que circulam socialmente de modo mais prazeroso e estimulante para o aluno.

    O trabalho com o gênero discursivo anúncio publicitário impresso no protótipo didático foi realizado de forma dialógica e intertextual como uma alternativa para ajudar o aluno perceber na tessitura do escrito a prática da leitura intertextual, o diálogo entre textos, a importância do contexto e a influência de leituras realizadas. O evento da intertextualidade, estratégia que o aluno pode utilizar para ajudá-lo no processo da escrita contribuindo para a construção de sentido do texto – pois nenhum texto se produz no vazio ou se origina do nada –, é fortalecedor e enriquecedor da leitura, colaborando para a formação de um leitor proficiente e crítico, não se limitando ao simples reconhecimento de um texto em outro, mas permitindo considerar todos os sentidos que compõem esse contexto maior de produção textual.

    A questão central abordada nesta pesquisa procurou entender como o trabalho com protótipo didático, utilizado como ferramenta organizadora da aula de Língua Portuguesa a partir da intertextualidade presente no gênero discursivo anúncio publicitário impresso, poderia ajudar o professor a melhorar a sua prática pedagógica e incentivar as habilidades de leitura e escrita do aluno nas aulas de Língua Portuguesa do 9º ano do Ensino Fundamental.

    Nesse sentido, a intervenção didática realizada com o protótipo de ensino verticalizou-se para o trabalho docente, devido ao fato de a maioria dos professores do Ensino Fundamental trabalhar os gêneros discursivos de forma muito superficial, não tornando palpável ao aluno conceitos básicos da linguística textual como a intertextualidade e os gêneros discursivos, dificultando a percepção da funcionalidade dos textos no cotidiano (o texto como função social) e abrindo mão de ferramentas inovadoras, como a pedagogia dos protótipos didáticos, que contribuem para a melhoria da prática docente.

    A compreensão da leitura e da escrita como prática sociocultural deve estar agregada ao prazer, possibilitando discussão e apreciação dos significados atribuídos ao texto, dentro de um clima favorável e com resultados significativos para alunos e professores. Na pesquisa, isso foi efetivado com o uso do protótipo didático, devido ao dinamismo e flexibilidade dessa estratégia, oportunizando explorar diversos gêneros discursivos a partir dele. Para Rojo (2012, p. 8) protótipos são estruturas flexíveis e vazadas que permitem modificações por parte daqueles que queiram utilizá-las em outros contextos que não o das propostas iniciais. Essas modificações vão depender do contexto de aplicação do protótipo e da intenção do professor ao utilizar essa estratégia pedagógica, visto que ele parte de um trabalho com múltiplas linguagens e mídias para buscar uma ampliação do olhar crítico, ético e democrático do aluno (ROJO, 2012). Ao longo de toda a pesquisa, a professora colaboradora demonstrou autonomia e dinamismo ao adequar as sugestões de aula do PD ao seu planejamento pedagógico, explorando ao máximo as sequências didáticas sugeridas.

    O protótipo didático foi elaborado a partir de sequências didáticas considerando a estrutura base de uma sequência didática apresentada por Schneuwly e Dolz (2004). Os resultados da pesquisa apontaram que o protótipo didático aliado ao trabalho com os gêneros discursivos é uma importante estratégia que pode contribuir para a melhoria da prática docente e para que o ensino de Língua Portuguesa se torne cada vez mais dinâmico e voltado para situações concretas de linguagem, vinculadas à realidade e à sua função social.

    Assim, a partir deste protótipo didático acreditamos que é possível para o professor de Língua Portuguesa trabalhar as habilidades de leitura e escrita do aluno a partir da intertextualidade aliada aos gêneros discursivos, considerando o aluno como sujeito de seu próprio dizer e fazer, tornando o ensino e aprendizagem da leitura e da escrita significativos.

    Apesar de já haver um número considerável de pesquisas envolvendo os gêneros discursivos e o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, o campo da leitura e letramento é muito vasto e necessita ser mais estudado, especialmente pelo enfoque metodológico que esta pesquisa propõe: o protótipo didático como organizador do ensino de língua portuguesa a partir do estudo dos gêneros discursivos.

    Seguramente, a metodologia do protótipo didático com foco no ensino de Língua Portuguesa surge como uma ferramenta pedagógica que pode auxiliar o professor no planejamento e na execução de suas aulas, propiciando ações didáticas que priorizam a construção de novos conhecimentos ancorados nas práticas de linguagem como ação social. Portanto, justifica-se a relevância do trabalho ao sugerir essa estratégia didática para o ensino de Português, uma vez que suas contribuições não se limitam apenas ao campo metodológico, pois ela também aproxima o professor que está em sala de aula das atuais teorias que têm alicerçado as práticas de ensino da Língua Portuguesa, principalmente aquelas embasadas na pedagogia dos multiletramentos, na abordagem sociointeracionista de Bakhtin e nas contribuições mais recentes de Schneuwly e Dolz sobre o trabalho com sequências didáticas.

    CAPÍTULO 1. ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E MULTILETRAENTOS: FUNDAMENTOS E CONCEPÇÕES

    A nova realidade a ser parida por nós educadores é mais do que uma espera (nostalgia do futuro); é um escavar no hoje de nossas práticas à procura daquilo que hoje pode ser feito (CORTELLA, 1999).

    1.1 - O USO DOS PROTÓTIPOS DIDÁTICOS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

    Nesta pesquisa, tomamos como foco o ensino de Língua Portuguesa a partir dos protótipos didáticos, uma ferramenta metodológica proposta por Roxane Rojo (2012) no livro Multiletramentos na Escola. O livro é o resultado de diversos trabalhos/protótipos que nasceram a partir dos Estudos do letramento e da leitura realizados pelos alunos da autora nos cursos de pós-graduação da UNICAMP que mostraram resultados exitosos ao levar para a sala de aula essa estratégia de ensino.

    A Pedagogia dos Multiletramentos surgiu em 1996 (Cf. ROJO, 2012), a partir das inquietações de um grupo de pesquisadores – New London Group (GNL) – consolidadas em um manifesto denominado A Pedagogy of multiliteracies – Designing Social Futures Uma pedagogia dos multiletramentos – Desenhando futuros sociais, que mostrava

    [...] a necessidade de a escola tomar a seu cargo os novos letramentos emergentes na sociedade contemporânea [...] e de levar em conta e incluir nos currículos a grande variedade de culturas já presentes nas salas de aula de um mundo globalizado e caracterizada pela intolerância na convivência com a diversidade cultural, com a alteridade (ROJO, 2012, p. 12).

    O GNL também chamou a atenção para o novo contexto tecnológico em que os alunos estavam inseridos, dispondo de meios de acesso à cultura letrada, abrindo espaço para novos letramentos de caráter multimodal e multissemiótico ou hipermidiático, isto é, textos que abarcam uma multiplicidade de linguagens que requerem novas competências na sua compreensão e produção para ter sentido, caracterizando o termo multiletramento. Na perspectiva de Rojo (2012)

    [...] o conceito de multiletramentos – é bom enfatizar – aponta para dois tipos específicos e importantes de multiplicidades presentes em nossas sociedades, principalmente urbanas, na contemporaneidade: a multiplicidade cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica [Grifo da autora] (ROJO, 2012, p. 13)

    É nesse sentido que a autora aponta para o fato de que a escola deve abolir práticas que resultem em exclusão e no não reconhecimento do multiculturalismo (multiplicidade cultural), partindo do pressuposto de que, atualmente, as práticas de linguagem são envolvidas por uma multiplicidade semiótica que molda simultaneamente a construção de novos significados. Assim, urge a necessidade de se trabalhar com os multiletramentos na escola, a fim de preparar os alunos para as novas realidades vivenciadas a partir de múltiplas linguagens, identidades e culturas que se interagem nos textos contemporâneos em circulação, seja em linguagem verbal, não verbal, digital, impresso, audiovisual. Dessa forma, para Rojo (2012), os letramentos tornam-se multiletramentos, exigindo novas ferramentas e análise crítica do receptor diante dos novos e (multi)letramentos. A esse respeito, Lemke (2010) afirma que

    [...] o texto pode ou não formar a espinha organizadora de um trabalho multimidiático. O que realmente precisamos ensinar, e compreender antes de ensinar, é como vários letramentos e tradições culturais combinam essas modalidades semióticas diferentes para construir significados que são mais do que a soma do que cada parte poderia significar separadamente

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