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O assassino silencioso
O assassino silencioso
O assassino silencioso
E-book275 páginas3 horas

O assassino silencioso

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Sobre este e-book

Neste emocionante romance de ficção, aparece uma doença desconhecida, até agora, está abalando os pilares de nossa civilização. As tentativas de contê-la são malsucedidas e se espalha de forma descontrolada. O Dr. Echegoyen parece ser o único capaz de encontrar uma vacina. Seus avanços não passam despercebidos por certos setores influentes da sociedade, aparentemente algumas pessoas parecem sentir-se confortáveis em meio ao caos mundial atual; estão considerando seriamente a opção de acabar com a vida do cientista, a fim de guardar seus interesses. O médico será acompanhado nessa aventura por Marcos, um jovem de muitos recursos; Karen, uma atraente espiã renegada, e Riki, um hacker imprevisível. O enredo percorrerá lugares tão diversos como a China, Itália, Espanha, Estados Unidos, Suíça e Alasca. A fascinante trama de suspense e intriga será temperada com certas pontuações, que ajudarão o leitor a entender melhor o emocionante mundo da virologia. Serão fornecidos dados estatísticos, bem como histórias curiosas, que descrevem os grandes marcos da ciência nessa área.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento23 de abr. de 2021
ISBN9781071597323
O assassino silencioso

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    Pré-visualização do livro

    O assassino silencioso - Juan Martín García

    Aos médicos, enfermeiros e órgãos de segurança. Esta dedicatória representa um novo aplauso a fim de realçar, mais uma vez, a sua entrega e dedicação nessa crise sem precedentes.

    1.Wuhan, o primeiro foco

    ––––––––

    No mercado de animais de Wuhan

    ––––––––

    Dois turistas passeavam por aquele lugar peculiar; por sua aparência pareciam mochileiros. A atmosfera era frenética. Milhares de pessoas circulavam pelas ruas estreitas, repletas de pequenas barracas pelas laterais. Muitos gritos foram ouvidos em alguns dos muitos dialetos chineses que existem.

    ― Javier, por que viemos a Wuhan? Somos os únicos estrangeiros neste lugar.

    ― Estamos aqui porque não somos o típico turista que faz um circuito pelos lugares marcados. Estamos na China profunda e somos livres ― Miguel levantou a voz, ao mesmo tempo que abria os braços.

    ― Esse lugar está me dando arrepios. É uma coisa muito macabra, estes animais prestes a morrer.

    ― Já sei ― indicou com semblante sério Miguel. ― Nós viemos aqui porque eu estava curioso para saber como esses lugares eram, mas eu também não estou gostando muito. Se quiser, atravessamos o mercado por essa rua e saímos do outro lado.

    Seu parceiro nem sequer respondeu, ele tinha um nó na garganta, mas um simples aceno foi suficiente para se fazer entender.

    Enquanto caminhavam, à sua esquerda e à direita parecia todos os tipos de animais enjaulados, como raposas, crocodilos, filhotes de lobo, salamandras gigantes, cobras, ratos, pavões, porcos-espinhos. Em outras barracas vendiam-lhe diretamente a carne de camelo, de rato ou de coiote.

    Ao chegar a um ponto do mercado, Miguel teve que parar em frente a algumas gaiolas com alguns cachorrinhos encantadores. Um deles lembrou o animal de estimação que teve sua família quando ele era pequeno.

    ― Foda-se! Não acredito que também comem cães!! ― o mochileiro ficou chocado. ― Devemos ter cuidado, para que qualquer dia, quando estivermos comendo, não nos deem carne canina.

    ― Pode ficar calmo. Como eu li em um guia de viagem, aparentemente a carne de cachorro é considerada uma iguaria. ― Javier fez uma pausa antes de fazer uma pequena piada para relaxar a tensão acumulada. ― O que nos podem dar é carne de rato.

    ― Acho que me estão me dando vontade de vomitar.

    ― Na verdade, a carne da maioria dos animais selvagens tem gosto de frango ― disse Javier. ― Digo isso porque um dia provei cobra e crocodilo num restaurante do Vietnam. O aspecto do prato era repelente, mas, depois de fechar os olhos, enfiar um pedaço na boca e mastigar, até me pareceu bom.

    Para Miguel, essa conversa estava desagradando, mas ele não queria parecer um froxo e acenou para todos os comentários de seu amigo para parecer que ele estava seguindo a conversa, embora em sua mente ele estivesse visualizando um hambúrguer do McDonald's.

    ― Eu, o mais nojento que já provei são os insetos em um mercado da Tailândia ― Javier insistia no tema. ― Se você for, eu recomendo escorpiões pequenos, eles são crocantes como camarão. Os grandes, em vez disso, quando você os morde é uma explosão de líquido que escorre na sua boca. O que não pude provar foram as tarântulas, cheias de pêlos que davam um pouco de nojo. Mas isso sim, a coisa mais nojenta que eu vi foi uma centopeia enfiada em um palito que lhe entrava pelo traseiro e lhe saía pela boca; os tailandeses a comiam como um snak.

    Agora sim, Miguel não aguentou mais e vomitou. As risadas de Javier e os olhares curiosos dos chineses que compravam e vendiam ao seu redor provocaram-lhe mais vergonha do que já sentia.

    ― Está bem. Vou mudar de assunto. Desculpe ― Javier lhe disse com algum arrependimento. Toma um lenço, limpe ― se e vamos, que toda essa gente está olhando para nós.

    Ao sair, eles passaram pelo lado do que parecia ser o posto da estrela do mercado, estava ficando cheio para vender morcegos. Ao que parece, para os orientais, sua carne tem muitos benefícios para a saúde, mesmo que seja algo que nunca tenha sido cientificamente comprovado.

    ––––––––

    No Hospital Central de Wuhan

    ––––––––

    Quando uma cidade tem mais de onze milhões de habitantes há sempre muitos doentes para cuidar, mas naquele dia percebeu-se que algo não estava bem.

    O Dr. Liang não parava de tratar pacientes com pneumonia atípica. Estatisticamente não era uma coisa provável, não é uma doença comum como uma gripe ou um resfriado. É verdade que se encontravam no final de dezembro de 2019, mas isso não explicava o transbordamento absoluto das urgências. O pior de tudo, eles não encontraram uma explicação do porquê essa doença afetou a tantos pacientes ao mesmo tempo.

    Pela sua cabeça passou um pensamento furtivo: e se fosse... Não ousava nem nomear essa enfermidade. Ele preferiu se encontrar com outros médicos e dialogar sobre o assunto para tentar chegarà conclusões comuns.

    ― Doutor Chang, os sintomas são febre com trinta e oito graus Celsius ou mais, tosse seca, falta de ar. Tem alguma ideia do que pode ser a causa?

    Todos os médicos olhavam uns para os outros. Aparentemente, eles pensavam em algo parecido, mas nenhum deles se atrevia a falar semrodeios. O Dr. Liang, embora se encontrassem dentro de uma sala de reuniões, continuava a ouvir o barulho que acontecia pelos corredores do hospital. Não fazia sentido perder mais tempo com quele jogo absurdo. Ele levantou e disse:

    ― O meu diagnóstico é que estamos a falar de SARS que, no caso de algum de nós estar sem noção, são as siglas da síndrome respiratória aguda grave.

    Os outros médicos negavam com a cabeça. A afirmação do Dr. Liang era viável, mas eles se recusavam a aceitar a realidade. Esta doença apareceu pela primeira vez em 2012 na província de Cantão na China e rapidamente se espalhou para dezenas de países, causando a morte de quase oitocentas pessoas.

    ― Não somos nós que fazemos uma afirmação tão retumbante ― expressou com algum desconforto o Dr. Chang. Isso será anunciado pelo governo chinês ou pelas autoridades de saúde do nosso país.

    ― Talvez não me tenha expressado bem ― matizou Liang. ― Os sintomas são semelhantes aos da SARS, que é um coronavírus que desapareceu há anos, mas talvez seja uma mutação ou um vírus que compartilha características semelhantes. Só estou dizendo que temos de investigar de onde vem o surto. Nestas situações, a velocidade com que se age é crucial.

    O Dr. Chang concordou. Como procedemos então? Alguma ideia?

    ― Proponho que conversemos cada um com nossos pacientes e tentemos elucidar os lugares em que estiveram nos últimos dias. Eu, enquanto isso, vou solicitar uma reunião com o diretor do hospital, por exemplo, no final da manhã. Até lá, já teremos bastante informações e poderemos informá-lo da forma correta.

    ― Bem, vamos todos trabalhar ― argumentou o Dr. Chang. Normalmente, ele gostava de reclamar de tudo, mas nessa situação tão peculiar agradecia que o Dr. Liang, que tinha mais iniciativa, tomasse as decisões; se algo não saísse bem, ele não estava disposto a ser o responsável.

    Algumas horas depois, a influência de casos ainda estava aumentando, mas os médicos fizeram uma pequena pausa para se encontrar com o diretor do Hospital Central de Wuhan; era uma espécie de gabinete de crise. Uma vez que todos estavam em seus assentos, o primeiro a falar, diante da indolência de seus colegas, foi o Dr. Liang.

    ― Sr. diretor, acreditamos ter detectado um novo surto de SARS ou algum vírus semelhante, que afeta a população de Wuhan.

    ― Tem certeza do que diz? ― perguntou o diretor com semblante de autossuficiência. ― É uma afirmação muito séria.

    O Dr. Liang olhou para seus colegas de profissão esperando por algum gesto de apoio, mas seus olhares estavam perdidos; deu a impressão de que estavam com medo de seu maior responsável.

    ― Eu ratifico minha afirmação ― disse o Dr. Liang com um tom determinado. ― Além do mais, acreditamos ter detectado o foco da doença.

    ― Não para de me surpreender, Liang ― comentou o diretor, perplexo com a segurança com que falava um médico insignificante.

    ― Eu e os meus colegas falamos com os nossos pacientes infectados pela doença estranha. Em muitos casos, alertamos que essas pessoas estiveram no mercado de animais de Wuhan há alguns dias.

    ― Continue. Está começando a me interessar.

    ― Acredita-se que os morcegos possam ter sido a origem da SARS. No mercado de animais de Wuhan vendem esse tipo de animais ― indicou o Dr. Liang aproximando-se cada vez mais. ― Temos de fechar o mercado e declarar o alerta sanitário!

    Um silêncio perturbador invadiu a sala de reuniões. O diretor do hospital esfregou o queixo com os dedos indicador e polegar da mão direita, valorizando a situação. O resto dos médicos pareciam fantoches colocados em suas cadeiras, com rostos inexpressivos. Apenas o Dr. Liang parecia ter sangue nas veias; a espera o estava matando.

    ― Por enquanto, não vamos fazer nada. Voltem aos seus postos de trabalho. Como já expressaram, hoje têm muito o que fazer ― sentenciou o diretor do hospital.

    ― Como é que isso é possível? ― O Dr. Liang levantou ― se da cadeira muito perturbado. Exijo uma explicação! Nós estamos arriscando a vida e também as de muitos outros compatriotas! Temos de tomar medidas drásticas rapidamente! Se não pararmos isso, pode explodir em nossas mãos!

    O Dr. Chang finalmente reagiu, descobriu-se que não era um boneco. Ele tentou segurar seu parceiro para que não cometesse uma loucura. O diretor do hospital não parecia uma pessoa que tolerasse a insubordinação.

    ― Sabe porque me sento nesta cadeira e você só trata de doentes? ― perguntou em tom bastante depreciativo, o diretor do hospital. Porque estou acostumado a tomar decisões e conheço os protocolos de atuação. Não vamos fechar o mercado de animais de Wuhan porque não há provas do que diz. Será necessário fazer análises nos animais e, se for positivo, veremos. Quanto à declaração do alerta sanitário, não sou o órgão competente.

    ― Então quem é? ― o Dr. Liang gritou perdendo o controle de vez.

    ― De acordo com a lei chinesa sobre doenças infecciosas, o governo local deve primeiro informar o surto às autoridades nacionais de saúde e, em seguida, obter a aprovação do conselho de estado antes de fazer um anúncio. Posteriormente, se o alegado vírus saísse da China, seria necessário elevar o assunto à Organização Mundial de Saúde para que declarasse a emergência sanitária internacional ou, dependendo do alcance, inclusive elevá-lo ao nível de pandemia.

    O Dr. Liang não conseguia disfarçar a sua raiva. não gostava de nada que estava ouvindo, mas, por outro lado, a China era um país muito hermético, o diretor poderia estar certo no procedimento.

    ― Uma última coisa antes de voltarem ao seu trabalho ― indicou com tom ameaçador o diretor, levantando-se e apontando com o dedo para todos os presentes, um por um. ― Não estão autorizados a contar detalhes sobre esse suposto vírus para ninguém, nem mesmo para seus parentes! Não queremos que seja criado um alarme desnecessário. Caso eu saiba que algum de vocês ignorou o meu aviso, eu mesmo me encarregarei de que recaia sobre ele todo o peso da lei chinesa!

    2. A Corporação Âmbar Negro

    ––––––––

    Num local secreto

    ––––––––

    Parece que todos os membros já haviam chegado à sala de reuniões. Ao entrar pela porta de acesso, via-se uma mesa alongada com vinte cadeiras, todas distribuídas uniformemente nas laterais, exceto uma que presidia a mesa. Ao fundo, observava-se uma ampla janela do qual se podiam admirar vários arranha-céus.

    ― Olá a todos! Muito obrigado por assistir a esta convocação ― levantou a voz Boss, que presidia à mesa. ― A nossa hora chegou! O momento que preparamos há mais de um ano!

    Os aplausos inundaram a sala, os participantes ficaram eufóricos. Podia-se ver que os membros não se davam bem entre si, mas, ao que parece, partilhavam um fim comum que os fazia remar na mesma direção.

    ― Comecemos pelo primeiro ponto da ordem do dia. O nosso velho amigo, O Lobo Siberiano, tem algo para nos dizer.

    Nessas reuniões, nenhum dos membros usava seu nome verdadeiro. Os temas em discussão não eram propriamente legais ou éticos; na verdade, era como se nunca tivessem se reunido. Por esse motivo, cada um usava um apelido.

    ― Queridos amigos ― disse O Lobo Siberiano com um acentuado sotaque russo, enquanto se levantava da cadeira e percorria com o olhar os rostos dos outros membros. Já tenho setenta e oito anos, a saúde não me acompanha e, além disso, quero garantir que meu legado perdure. É por isso que, a partir de agora, cederei o meu lugar como membro da Corporação Âmbar Negro ao meu filho, que representará os meus interesses como se eu estivesse presente.

    Voltaram a se ouvir aplausos, alguns sentidos, reconhecendo seu trabalho ao longo dos anos; outros com alguma preocupação, era um membro muito tradicional e não gostavam de introduzir estranhos em seu seleto grupo.

    O Lobo Siberiano assentiu com a cabeça. Em seguida, começou uma marcha lenta em direção à porta, que abriu alguns segundos antes de sua chegada. Seu filho apareceu, que deu-lhe um forte abraço. O pai aproveitou para dizer-lhe algumas palavras ao ouvido.

    Diante do olhar expectante do resto dos membros do Conselho de administração, o filho do Lobo Siberiano tomou assento na cadeira que outrora ocupava seu pai. Ele era o mais jovem de todos, magro, alto e com um olhar perturbador.

    ― Alguns acham isso desnecessário, mas, como há um novo membro, vou rever a razão pela qual estamos aqui ― comentou Boss apontando com o olhar para a Flor De Lótus, um dos membros mais impacientes e irritantes. Nós formamos a Corporação Âmbar Negro. É uma organização secreta que tem existido décadas e que tem como único fim enriquecer até limites insuspeitados aos seus membros. Para estar aqui, é preciso ser alguém importante. Alguns pertencem a famílias nobres; outros são presidentes de algum governo; temos generais, magnatas do petróleo, CEOs de grandes empresas, etc...

    A humildade não era uma das virtudes de nenhum dos membros da reunião. Com o discurso de Boss, se sentiram ainda mais importantes. Sua ganância sem limites estava descontrolada.

    ― Agora ― prosseguiu Boss depois de uma pequena pausa para deleitar-se com os olhos do resto dos membros, injetados com o símbolo do dólar em suas pupilas. ― Seguindo as regras pode-se a ganhar dinheiro até certo ponto. A partir daí, é necessário elaborar um plano complexo como o que iniciamos. Por esta razão, criamos um novo tipo de vírus que irá causar o caos no mundo e, entretanto, nos ricos.

    O Filho do Lobo Siberiano estava satisfeito. Os planos da Corporação Âmbar Negro não o chocavam. Como o seu progenitor, não tinha princípios éticos e estava ansioso para prosperar e fazer com que seu pai se orgulhasse dele.

    ― Mas é claro que, para enfrentar grandes desafios, são necessários grandes sacrifícios ― disse Boss baixando o tom de voz. Chegou o momento mais desconfortável da reunião. ― Por essa razão, vejo-me obrigado a exigir uma nova contribuição de fundos, seriam cerca de duzentos milhões de dólares por cabeça.

    Agora, seus colegas de mesa não estavam mais tão felizes. Um tumulto generalizado foi provocado com várias queixas em torno desse novo pedido de financiamento.

    ― Não voufazer nenhum aporte! ― gritou exaltado Hiena, ao mesmo tempo que batia com força a mesa com o punho direito. ― No ano passado eu coloquei quase um bilhão de dólares e sem ver nenhum lucro. Estamos todos aqui para ganhar dinheiro, não para perdê-lo.

    ― Todos aqui presentes somos milionários ― contribuiu com a sua parte a Viúva Negra. Ela compreendia a magnitude do que pretendiam lançar. ― Ou seja, temos mais de um bilhão de dólares em nossas contas. Alguns como você, Hiena, têm muito mais que essa cifra. Não seja mesquinha.

    ― Somos uma equipe ― disse Boss enquanto apertava o punho em sinal de força para enaltecer seus companheiros. ― A previsão é que multipliquemos esse dinheiro por dez, por vinte ou, inclusive, em certas circunstâncias, até cem.

    ― Se me retirar, a Corporação me devolverá as contribuições que fiz neste último ano?

    ― Acho que sim! ― hesitou alguns segundos Boss, mas no final cedeu. ― Não queremos ninguém descontente ao nosso lado.

    Hiena não hesitou. Partiu em direção à porta sem sequer olhar para seus companheiros. Fechou a porta. Enquanto os membros da corporação conversavam uns com os outros surpresos, Boss fez uma ligação para Slater.

    ― Hiena aproxima-se da saída. Despede-se como deve ser.

    ― Claro, Sr. Smith ― mostrou-se firme Slater, que era dos poucos que conhecia a verdadeira identidade de Boss.

    Quando Hiena chegou à porta do prédio, já no piso térreo, passou como uma exalação à frente de Slater. O lacaio se esforçou para cumprir o mandato de Boss, e disse:

    ― Adeus, Sr. Hiena.

    Uma vez que o homem malhumorado superou Slater, este esqueceu sua atitude submissa, puxou sua arma e atirou na nuca de Hiena. Em seguida, ligou para o serviço de limpeza para que cuidasse do sangue espalhado pela recepção. Ele mesmo se encarregaria de se livrar do corpo; sempre lhe tocava resolver os problemas que fossem surgindo.

    Na sala de reuniões, o som do tiro foi ouvido, um pouco abafado pela distância e pelos vidros da janela. Ninguém duvidou do que havia acontecido, mas, por precaução, Boss pontuou:

    ― Não pode haver testemunhas do que vamos fazer! Para não mencionar a informação sensível que Hiena conhecia por ter sido membro da Corporação Âmbar Negro. Mais alguém quer retirar a sua contribuição?

    O silêncio que embargava a sala era bastante desconfortável. Havia em alguns rostos preocupação; em outros, medo e, no de Flor De Lótus, simplesmente tédio.

    ― Muito divertido, Boss! ― mostrou o seu tédio

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