Educação infantil na Unicamp: Experiências entretecidas no contexto de uma política de formação continuada
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Educação infantil na Unicamp - Eliana Ayoub
Copyright © 2021 by Paco Editorial
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Revisão: Márcia Santos
Capa: Matheus de Alexandro
Imagem da Capa: Turma dos Pintores; Sandra Mara de Oliveira Cruz; Marta Regina Perissotto Dellai; Fotos das professoras da DEdIC (diversas)
Diagramação: Bruno Balota
Edição em Versão Impressa: 2021
Edição em Versão Digital: 2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Conselho Editorial
Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)
Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)
Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)
Paco Editorial
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todas/os que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este trabalho se concretizasse. Não as/os nomearemos, pois correríamos o risco de não mencionar algumas/alguns dessas/es importantes interlocutoras/es.
De forma geral, agradecemos à administração central da Unicamp pelo apoio que temos recebido, o que reafirma sua importância como instituição pública que assume seu papel social.
A todas as professoras e todos os professores que atuam, pesquisam e militam para que o direito das crianças à infância seja uma possibilidade.
Registramos também nosso agradecimento especial às crianças dos diferentes espaços, que nos motivam diuturnamente a refletir e a impulsionar nossa ação como educadoras/es.
SUMÁRIO
Folha de rosto
Agradecimentos
Prefácio
À Guisa de Introdução – Construção Coletiva E Produção De Conhecimento Sobre A Educação De Crianças Na Unicamp: o curso de Especialização como (pre/inter) Texto
Adriana Missae Momma
Eliana Ayoub
Adriana Varani
A Defesa por um Plano de Carreira para os Profissionais de Educação Básica DEdIC/Unicamp
Viviani Vicentin Bergamaschi
Luciane Muniz Ribeiro Barbosa
A Pedagogia Freinet na Educação Infantil – A Experiência Junto ao Centro de Convivência Infantil – Ceci/ Unicamp
Cristina Aparecida Dias Kovalski
Sueli Helena de Camargo Palmen
A Potencialidade do Registro na Constituição do Trabalho Pedagógico da Creche
Valdinéia Bento Cordeiro
Adriana Varani
As Diferentes Gestões nas Creches da Unicamp: histórico e concepções
Suellen Irene Pereira Pierri
Luciane Muniz Ribeiro Barbosa
Débora Mazza
As Marcas da Experiência na Educação Não Formal
Thaís de Souza Silva Freitas
Carolina de Roig Catini
Avaliação da/na Educação de Crianças
Adriana Varani
Centro de Convivência Infantil no Contexto da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – (Ceci/Fop/Unicamp): Reflexões Sobre O Seu Processo De Constituição
Joseane dos Santos Ferreira Pereira
Adriana Missae Momma
Diálogos com Crianças em Roda da Conversa
Maria Jacira Lopes Macedo
Gabriela Guarnieri de Campos Tebet
Educação Não Formal: um ponto e um contraponto
Carolina de Roig Catini
Gênero e Sexualidade: pensando a minha prática e construindo saberes
Mellina Silva
Helena Altmann
Gênero na Educação Infantil: interseções entre ser professora mulher e a condução do processo educativo
Denise da Silva Campos
Helena Altmann
História da Infância e da Educação Infantil: algumas linhas para o debate
Gabriela Guarnieri de Campos Tebet
Flávia Rezende
Marisa Demarzo
O Jogo na Educação Infantil e Não Formal: experiências da educação física
Débora Jaqueline Farias Fabiani
Eliana Ayoub
Elaine Prodócimo
Reflexões sobre o Projeto Político Pedagógico da DEdIC
Marta Regina Perissotto Dellai
Luciane Muniz Ribeiro Barbosa
Reinventando a Professora de Crianças Bem Pequenininhas
Cecilia Alejandra Rodríguez Parra da Silva
Sueli Helena de Camargo Palmen
Um Contador de Histórias na Educação Infantil: entrelaçando um caminho de encontros
Milena Ferreira Guatelli
Marcia Strazzacappa
Sobre as autoras
Sobre a capa do livro
Página final
PREFÁCIO
Este livro nos ajuda, sobretudo, a esperançar. Porém, mais do que isso, ele aguça em nós muitas outras sensações! Sim, não são apenas muitos saberes! Ele nos traz uma sensação de alegria e, como dizia Paulo Freire, de boniteza! Ele apresenta a experiência do trabalho coletivo em muitas facetas, instigando-nos a ler o próximo capítulo, por isso incita também a nossa curiosidade. Há uma diversidade de leituras teóricas, há relatos de experiências partilhadas a partir de uma práxis que de fato leva em conta diferentes conhecimentos, sem hierarquizá-los. Tudo isso pode ser chamado de trabalho coletivo! Arroyo, ao tratar de movimentos sociais marginalizados, afirma que: Vincular ações coletivas, conhecimento e pedagogias supõe o reconhecimento das experiências e ações desses coletivos organizados ou não em movimentos sociais
(Arroyo, s/d; s/p).¹ É nesse sentido que todo um trabalho coletivo foi sendo tecido entre diferentes sujeitos que atuam na Universidade Estadual de Campinas, mas, em diferentes lugares, os quais, por sua vez, infelizmente são vistos como mais ou como menos valorosos: docentes do ensino superior x docentes e outros profissionais que atuam nas creches e centros de contraturno escolar. Ainda conforme Arroyo (s/d, s/p),
Os confrontos no campo do conhecimento, dos valores e saberes, das culturas e identidades, das cosmovisões e dos modos de pensar fazem parte da formação de nossas sociedades. Perduram como um campo de tensões políticas na diversidade de fronteiras, ações coletivas e movimentos sociais. Tensões que perduram como uma constante histórica, política, porque o padrão de poder foi e continua associado a um padrão de saber, de conhecimento, associado a um padrão de classificação das culturas, dos saberes e racionalidades.
É assim que, em busca da superação de tais tensões, um grupo de profissionais da Unicamp resolveu enfrentar a diversidade e, além de desenvolverem um riquíssimo curso de especialização, tomaram a sábia decisão de registrar todo esse processo no presente texto. Mais uma forma de partilha! Desse modo, o livro relata experiências vividas ao longo do curso bem como os resultados de trabalhos de conclusões de curso, dentre outros momentos vividos ao longo do processo que teve início em 2016.
Já no primeiro capítulo, A defesa por um plano de carreira para os profissionais de educação básica da DEdIC/Unicamp
, Viviani Vicentin Bergamaschi e Luciane Muniz Ribeiro Barbosa argumentam sobre a relevância de se obter um plano de carreira para as profissionais de educação básica, incluindo as de educação infantil da Unicamp. As autoras informam, ainda, aspectos relevantes sobre a história da assim denominada atualmente como Divisão de Educação Infantil e Complementar (DEdIC).
No segundo capítulo, A Pedagogia Freinet na educação infantil – a experiência junto ao Centro de Convivência Infantil – Ceci/Unicamp
, Cristina Aparecida Dias Kovalski e Sueli Helena de Camargo Palmen apresentam uma experiência baseada em Freinet e desenvolvida no Centro de Convivência Ceci/Unicamp.
No terceiro capítulo, A potencialidade do registro na constituição do trabalho pedagógico da creche
, de Valdinéia Bento Cordeiro e Adriana Varani, as autoras problematizam os registros de observações das vivências diárias das crianças, sendo que uma das autoras foi professora da turma cujos registros foram objeto de análise.
O quarto capítulo, As diferentes gestões nas creches da Unicamp: histórico e concepções
, de Suellen Irene Pereira Pierri, Luciane Muniz Ribeiro Barbosa e Débora Mazza, tem o objetivo de refletir sobre a gestão nas creches da Unicamp e seu caminho na perspectiva de uma gestão democrática. As autoras historicizam o percurso da creche desde sua criação até 2017 no que se refere à sua gestão em diferentes âmbitos no interior da universidade e como em diferentes momentos foram sendo alteradas a lógica de atendimento às crianças, bem como a da participação das funcionárias/professoras das creches.
No quinto capítulo, As marcas da experiência na educação não formal
, Thaís de Souza Silva Freitas e Carolina de Roig Catini interrogam as significações atribuídas pelas crianças sobre as suas experiências infantis em um espaço não escolar. Segundo as autoras, o Prodecad é uma instituição de educação não formal que atende cerca de 350 crianças entre 6 a 14 anos no contraturno escolar. Trata-se de uma experiência muito interessante por não se caracterizar como reforço escolar, por se tratar de espaço com liberdade para as crianças, com regras construídas coletivamente.
No sexto capítulo, Avaliação da/na educação de crianças
, Adriana Varani destaca a importância de repensarmos as práticas cotidianas na educação não apenas na etapa da infantil, mas, focando a infância de zero a 10 anos, com suas características e necessidades, destacando como a escola ainda nega a tão necessária liberdade para que as crianças se expressem e interajam.
O sétimo capítulo, Centro de Convivência Infantil no contexto da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – (Ceci/FOP/Unicamp): reflexões sobre o seu processo de constituição
, de Joseane dos Santos Ferreira Pereira e Adriana Missae Momma, apresenta uma síntese reflexiva sobre a constituição do Ceci FOP/Unicamp, local onde iniciaram-se ações organizadas no sentido de demandar atendimento para bebês e mães funcionárias. No respectivo campi, construiu-se em 1987 a primeira creche
da Unicamp que já tinha sido assumida financeiramente pela direção da respectiva faculdade em 1983.
O oitavo capítulo, Diálogos com crianças em roda da conversa
, de Maria Jacira Lopes Macedo e Gabriela Guarnieri de Campos Tebet, aborda o protagonismo infantil como algo que atualmente é bastante considerado na DEdIC, principalmente por meio das rodas de conversa.
O nono capítulo de Carolina Catini, Educação não formal: um ponto e um contraponto
, concentra-se em demonstrar a relevância da educação não formal no interior da Universidade Estadual de Campinas por meio do Programa de Integração e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente, o Prodecad. Isto porque, diferentemente de outros espaços de educação não formal, os profissionais do Prodecad são contratados mediante concurso ou processo seletivo que demanda formação em pedagogia ou licenciatura em cursos de formação de professores e professoras. Trata-se de um diferencial em termos de oferta educacional não formal no interior da universidade.
No décimo capítulo, Gênero e sexualidade: pensando a minha prática e construindo saberes
, Mellina Silva e Helena Altmann apresentam análises a partir do relato de uma das autoras na condição de professora de crianças, cujos registros versam principalmente sobre como encaminhou questões relacionadas à identidade de gênero com as crianças em dois casos específicos e como essa análise da própria prática, alicerçada em estudos teóricos, garantiu a superação de um olhar preconceituoso e naturalizante, superando a ideia de que determinados comportamentos devem ser eliminados para que não se sofra no futuro, quando na verdade é a sociedade que precisa saber lidar com a diferença e a diversidade.
O décimo primeiro capítulo, Gênero na educação infantil: interseções entre ser professora mulher e a condução do processo educativo
, de Denise da Silva Campos e Helena Altmann, apresenta a reflexão a partir de experiências como professora de educação infantil na creche em que questões de gênero foram sendo vivenciadas e como a professora foi percebendo a necessidade de problematizar a própria ação, ficando atenta à linguagem utilizada. Argumenta-se sobre como as professoras precisam refletir para auxiliar também as famílias, desnaturalizando comportamentos.
O décimo segundo capítulo, História da infância e da educação infantil: algumas linhas para o debate
, de autoria de Gabriela Guarnieri de Campos Tebet, Flávia Rezende e Marisa Demarzo, traz questões pertinentes sobre a construção social da infância e sua história em contexto mundial e no Brasil, bem como elementos que compõem o atendimento às crianças.
No décimo terceiro capítulo, O jogo na educação infantil e não formal: experiências da educação física
, Débora de Jaqueline Farias Fabiani, Eliana Ayoub e Elaine Prodócimo discutem a relevância do jogo tanto na pré-escola quanto entre as crianças mais velhas que frequentam a educação não formal, tomando como base as experiências das oficinas de Educação Física da DEdIC, cujas atividades enfatizavam um contexto lúdico e desafiador de aprendizado.
O décimo quarto, Reflexões sobre o Projeto Político Pedagógico da DEdIC
, de Marta Regina Perissotto Dellai e Luciane Muniz Ribeiro Barbosa, apresenta uma relevante discussão sobre a importância do Projeto Político Pedagógico (PPP) na educação infantil.
O décimo quinto capítulo, Reinventando a professora de crianças bem pequenininhas
, de Cecilia Alejandra R. Parra da Silva e Sueli Helena de Camargo Palmen, analisa a experiência de uma das autoras que se dispõe a trabalhar com bebês de seis meses a um ano e meio depois de ter atuado por 10 anos na pré-escola. Trata-se de um texto singelo, mas, muito inspirador, tratando com beleza os desafios da mudança realizada.
O décimo sexto capitulo, Um contador de histórias na educação infantil: entrelaçando um caminho de encontros
, de Milena Ferreira Guatelli e Marcia Strazzacappa, parte da experiência de mais de 15 anos de uma das autoras como professora de bebês e crianças de até seis anos no que se refere à sua prática de contação de histórias. Trata-se de uma reflexão crítica a partir dos novos conhecimentos construídos durante o próprio curso de especialização. Como a professora mantinha preservados seus registros, as autoras fazem uma autocrítica muito interessante de uma prática tão cara para a educação infantil, a contação de histórias, oferecendo aos leitores e leitoras boas dicas sobre como organizar esse momento para melhor fruição por parte das crianças.
Em suma, trata-se de uma belezura
de livro que vale a pena ser lido tanto por profissionais da educação infantil quanto por aqueles que atuam com sua formação inicial e continuada.
Que vocês, leitoras e leitores, possam fruir as delicadezas do livro e se inspirem em suas próprias práticas.
Bianca Correa
Notas
1. Disponível em: https://bit.ly/33tABHg. Acesso em: 30 abr. 2020.
À GUISA DE INTRODUÇÃO – CONSTRUÇÃO COLETIVA E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS NA UNICAMP: O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO COMO (PRE/INTER) TEXTO
Adriana Missae Momma
Eliana Ayoub
Adriana Varani
Escrever sobre o processo de construção coletiva do Curso de Especialização em Educação de Crianças e Pedagogia da Infância (EDU 0180), modalidade extensão, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE/Unicamp), faz-se desafiador, uma vez que algumas informações acessadas se localizam num tempo passado, mesmo permanecendo em movimento. Foram praticamente três anos de diálogos e elaborações conjuntas, até que em fevereiro de 2016, fizemos a abertura da primeira edição do curso. Sua segunda edição iniciou-se em 2018 e foi finalizada em 2019.
A seguir, apresentaremos uma breve narrativa da constituição do curso e de sua proposta formativa e, ao final, apresentamos um panorama do que contém a publicação em seu conjunto.
Confluências...
A equipe de docentes e demais profissionais da Unicamp que atuaram diretamente na propositura e gênese do EDU 0180, foi oriunda de quatro unidades de ensino – Faculdade de Educação (FE), Faculdade de Educação Física (FEF), Instituto de Artes (IA) e Faculdade de Tecnologia (FT), além de três órgãos da universidade, a saber: Comissão Permanente de Formação de Professores (CPFP) da Comissão Central de Graduação da Pró-Reitoria de Graduação; Divisão de Educação Infantil e Complementar (DEdIC) da Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH); e Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac).