A árvore das árvores
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Sobre este e-book
Embora as gerações cultivassem essa lenda e cuidassem para que ela permanecesse viva nas memórias e nas árvores (sagradas em sua tradição), um grupo de oposição que cultua o lucro surge para colocar em risco a propagação das histórias antigas.
O nascimento de um menino e o seu crescimento dentro do contexto da lenda, mostram que a distância entre lenda e realidade é bem menor do que todos pensam. Uma história que mostra que juntamente a vida nasce também uma missão: a missão de espalhar, ser e manter toda forma de vida. A luta pela vida, porém, será uma árdua missão, já que as máquinas começaram a tombar árvores e levantar grandes selvas de pedra. O interesse é que as máquinas levem embora junto com as árvores qualquer indício de história, apagando completamente crenças e costumes antigos. Existem aqueles que fizeram do cinza o novo verde, como se tivesse sido sempre assim.
Há também, outros que não aceitam a nova realidade e se colocam em posição para defender a vida. Qual dos lados você vai escolher?
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A árvore das árvores - Alex Henrique Gonçalves
Capítulo 1
Jorrava água cristalina de onde pensaram que o tempo haveria de secar, árvores continuaram a crescer ao redor: grandes, médias e pequenas; cada qual com a sua beleza e os seus frutos, que continuariam a produzir, alimentar e dar sombra a todos que passassem por ali.
Tudo começou com a queda da maior árvore, que foi surrada e sofreu com cada um dos golpes, até que sua aparência de árvore começou a desaparecer, mas ainda assim, deixou sementes que se espalharam pelo ar com o vento e chegaram, onde deveriam chegar; crescendo onde deveriam crescer. Depois dessa, muitas outras árvores foram cortadas e levadas para outros lugares a fim de que tudo aquilo acabasse, mas as sementes sempre permaneciam; e a cada uma cortada, o vento aumentava e levava sementes para mais lugares, até que elas se tornaram presentes em todos os cantos, nas mais diversas formas; amadas por uns e odiadas por outros.
Dentre os que a amavam, espalhava-se um boato da água cristalina que deu início a tudo e da grande árvore cortada que gerou todas as outras; crescia, assim, a vontade de encontrar e beber dessa água. Entre os que a odiavam, os boatos também chegavam, mas a intenção era outra: negar e provar que, nunca, nada existiu:
— As árvores de agora – diziam eles – são mera obra do acaso!
Eis que em meio a tantos debates de ambos os lados, nasceu um menino que mudaria completamente a história: a dividiria ao meio, porém ninguém sabia quem ele era, nem que estava nascendo naquele exato momento em um lugar completamente humilde: um vilarejo onde todos, mesmo tendo pouco ou quase nada, esforçavam-se para ajudar uns aos outros. As casas eram feitas de barro com telhados de palha e o chão da casa era de terra batida, todas semelhantes. Em uma delas nascia o menino.
Sua mãe respirava profundamente, seu pai segurava as mãos dela e a parteira do vilarejo dava as instruções de como ela devia proceder:
— Respira, respira, está quase chegando. Força, a criança está chegando.
A mãe se esforçava a cada instante, tirando forças de onde nem sabia que tinha, e mesmo envolta por toda aquela dor do momento, sabia que um bem sem medida se aproximava.
E assim, chegou o momento em que aquela parteira se tornava a primeira pessoa a ter o peso daquela criança em seus braços:
— É um menino! – dizia ela, enquanto transferia aquela dádiva para os braços da mãe.
O menino chorava, mas não demorou muito para que encontrasse no colo da mãe um refúgio seguro. Depois de tanto sofrer para que chegasse este momento ela compartilhava com o pai uma abundante alegria.
— Olhe como ele é lindo marido – ele olhava com os olhos quase transbordando ao ver a alegria da esposa, e na falta de palavras para se expressar apenas concordava com a cabeça, abraçando e beijando-a. Por fim disse:
— O nosso Cícero! – sua esposa balançou a cabeça com o tradicional gesto de sim e juntou sua voz à do marido:
— Sim, o nosso Cícero!
Capítulo 2
Naquele vilarejo simples, de casas igualmente simples: barro, palha e terra; e que crescera em torno de uma grande árvore (a maior ali do vilarejo), viviam os pais do menino.
No geral era assim: as cidades e vilarejos, tanto os mais simples quanto os maiores, foram se formando ao redor de uma grande árvore, e era em torno dessa grande árvore do vilarejo que