Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Sob o Sol Vermelho – Livro II: de volta à terra dos dragões
Sob o Sol Vermelho – Livro II: de volta à terra dos dragões
Sob o Sol Vermelho – Livro II: de volta à terra dos dragões
E-book190 páginas2 horas

Sob o Sol Vermelho – Livro II: de volta à terra dos dragões

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Shen Haidong, o samurai chinês, está voltando para casa, para sua terra. após alcançar a vingança por seu amigo Kawa Koto, ele agora está de volta para procurar seu malfadado irmão, que havia sido levado por mercadores de escravos, mais de uma década atrás.
Apesar de tudo que viveu, seu irmão mais novo jamais deixou seus pensamentos. jamais deixou de ser seu objetivo.
De volta à china, ele percebe que pouca coisa mudou. seu povo ainda vive sob o jugo do imperador mongol, entretanto, sua busca pelo irmão revela que na verdade há muito mais a encontrar.
Com a opressão cada vez maior, os chineses se organizam para combater o exército do Khan, e suas habilidades samurais podem ser de grande utilidade para a resistência chinesa.
Entre o samurai e a liberdade da china, no entanto, surge uma figura fantasmagórica, demoníaca. um inimigo sobrenatural que só sua presença no campo de batalha já inspira terror e desespero.
Revendo sua história, descobrindo suas origens, fazendo novas alianças e lutando contra um inimigo assustador, o samurai chinês se vê envolvido em uma grande revolução, onde lutar é preciso e vencer, necessário.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de set. de 2021
ISBN9786589873648
Sob o Sol Vermelho – Livro II: de volta à terra dos dragões

Leia mais títulos de Daniel Couto

Autores relacionados

Relacionado a Sob o Sol Vermelho – Livro II

Ebooks relacionados

Ficção Geral para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Sob o Sol Vermelho – Livro II

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Sob o Sol Vermelho – Livro II - Daniel Couto

    I. NOVAMENTE AMOY

    Haidong fazia sombra em seus olhos com a mão enquanto olhava atentamente o horizonte. Já via não tão ao longe o cais de Amoy. Num dia tão ensolarado, aves sobrevoavam a embarcação, enquanto as embarcações lá ancoradas já lhes pareciam maiores, quanto mais se aproximavam.

    Takeshi admirava a paisagem enquanto respirava a plenos pulmões o ar fresco, ainda que com cheiro de maresia. Podia ver ao longe a grande movimentação de pessoas no pequeno porto. De longe, pareciam formigas trabalhando incansavelmente, andando para todos os lados.

    Tsuhiro, agora usando uma barba cheia, parecia penteá-la com seus próprios dedos, enquanto, sentado pensava em como seria aquela viagem. Seu olhar perdido talvez aos olhos de seus companheiros, pudesse indicar alguma preocupação.

    — Tudo bem? Perguntou Haidong, apoiando uma de suas mãos em seu ombro.

    — Sim. Respondeu Tsuhiro, ainda olhando para o horizonte.

    Haindong pela primeira vez julgou seu amigo distante. Diferente, na verdade. Parecia incomodado com algo.

    Deixando o amigo, aproximou-se da guerreira e comentou:

    —- Tsuhiro parece chateado!

    A jovem guerreira não demostrou preocupação.

    — Talvez seja só enjoo da viagem. Quem sabe? — Sorriu Takeshi.

    Os marinheiros começavam a se preparar para a atracação. Puxavam cordas, baixavam velas, gritos para todos os lados. Homens corriam de uma lado para o outro.

    — Barco atracado! Um grito alto finalmente avisou.

    Logo ao pisar em terra, o samurai chinês respirou fundo e parou para contemplar a pacata vila de outrora. A pequeníssima vila de pescadores deu lugar a um pequeno mas muito movimentado porto. Pessoas carregavam e descarregavam barcos a todo tempo. Pessoas compravam e vendiam peixes, ervas, tecidos, objetos de decoração, espadas, cerâmicas. Havia uma grande feira próximo ao local.

    Os três amigos andavam olhando admirados para todos os lados. Esbarravam a todo momento em várias pessoas. Em alguns momentos, pessoas ofereciam seus produtos aos guerreiros, que embora carregassem algumas moedas, os recursos eram escassos.

    Cansados da viagem, sentiram necessidade de descansar e logo Haidong lembrou de Li Hui, o barqueiro. O velho amigo que lhe ajudou na travessia para o Japão quando menino. Sentiu uma alegria saudosa no seu íntimo. Lembrou da cordialidade e generosidade daquele homem simples.

    — Pessoal, conheço um lugar não longe daqui onde poderemos descansar. É a casa de um velho e bom amigo!

    Tsuhiro e Takeshi ficaram muito animados, afinal, pareciam não estar completamente à mercê da sorte.

    Assim, os amigos foram caminhando e compartilhando momentos. Haidong foi contando sobre sua infância, sobre as lembranças daquele lugar quando ali esteve antes de ir para o Japão e claro, contou-lhes o que fez por ele, seu amigo Li Hui, o barqueiro.

    Durante todo o caminho, o samurai chinês ia observando o lugar. Tinha vivo na memória a localização exata do pequeno casebre do barqueiro, e não demorou a chegar no lugar.

    Haidong e seus amigos pararam exatamente na frente de um pequeno mas bem protegido posto militar. Onde ficava o humilde casebre, agora tinha uma construção de bambu e tijolos de barro, muito bem organizado e distribuídos. Uma pequena guarnição de soldados mongóis guardavam o lugar. Takeshi e Tsuhiro perceberam a surpresa do amigo.

    — O que há, Haidong? Perguntou Tsuhiro.

    Meio perplexo respondeu o chinês:

    — Era aqui! Exatamente aqui a casa do velho barqueiro!

    Diante da perplexidade do amigo, Dai-Tsuhiro, o mestre samurai, tomou a dianteira e abordou o soldado que fazia a guarda mais externa do posto avançado, mas surpreendendo os amigos, fez o uso impecável do idioma chinês.

    — Saudações! Me chamo Dai-Tsuhiro, assim como você, não sou chinês, apesar de como você, também falar o idioma deles. Mas se preferir...

    Dai então passou a usar o idioma mongol com grande maestria.

    — Podemos falar no seu idioma? Perguntou Tsuhiro.

    Diante disso, o soldado mongol demonstrou empatia. Sorrindo, continuou:

    — Minha nossa! Você fala minha língua!

    Percebendo que o soldado havia lhe dado uma amistosa entrada, continuou, Tsuhiro:

    — Sim! Pode me ajudar? Procuro um velho barqueiro que morava exatamente aqui, onde hoje é esse posto avançado.

    O homem levou uma de suas mãos ao queixo, pensou um pouco e respondeu:

    — Olha, de fato havia uma casa neste local. Um homem, um pescador se não me engano, morava aqui, mas ele foi retirado. Ele não foi preso, ou executado, simplesmente ele deixou esse lugar. Não faço ideia de para onde ele foi.

    Dai-Tsuhiro, curvou-se agradecendo e discretamente se despediu. O mestre samurai virou-se para os amigos e disse:

    — Vamos! Temos que procurar um lugar para passar a noite.

    Haidong, já caminhando com os amigos, mostrou-se muito surpreso.

    — Não sabia que você falava chinês e muito menos mongol.

    Tsuhiro sorriu e respondeu:

    — Há muita coisa sobre mim que você não sabe, Haidong.

    O samurai chinês ficou ainda mais surpreso. O que Tsuhiro quis dizer com aquilo? Naquele momento, um nó apertava as ideias do chinês. Não compreendia o porquê de seu amigo nunca mencionar que falava chinês ou qualquer outro idioma. Haveria um motivo para tal?

    Takeshi observava a tudo tão surpresa quanto Haidong, mas preferiu o silêncio. A jovem guerreira se mostrava tranquila. Não demostrava sua perplexidade. Mantinha-se serena, mas atenta.

    — Onde ficaremos essa noite? Temos pouco dinheiro.

    — Que tal ali? Mostrou Tsuhiro, apontando para uma velha estalagem.

    A estalagem ficava no alto de uma pequena colina. Apesar de pequena e humilde, era limpa e organizada. Feita em troncos de árvores, tinham dois andares. Cercada por cercas baixas, e havia um celeiro ao lado, na parte baixa da colina. Uma fogueira acessa no chão, bem em frente iluminava a entrada da estalagem, bem como também aquecia alguns homens que ali estavam.

    Os amigos entraram e logo foram abordados por uma velha senhora.

    — São viajantes? Querem um lugar para repousar?

    Haidong já estava prestes a responder a senhora quando Tsuhiro, a olhou e com um gesto discreto de cabeça a chamou para um canto da pequena sala de recepção e falou-lhe bem baixinho. Tanto quanto o samurai chinês quanto a jovem guerreira se entreolharam perplexos.

    Cerca de alguns instantes depois, Tsuhiro voltou-se para seus amigos e lhes informou que o pequeno celeiro estava reservado para eles, com um sorriso irônico no rosto.

    — O que você disse a ela? Perguntou Takeshi.

    Dai-Tsuhiro apenas sorriu.

    — Fale homem! O que disse para conseguir nos instalar aqui? Quanto teremos que pagar? Questionou Haidong.

    — Pessoal, fiquem tranquilos! Por hora, vamos descansar. No jantar conversaremos. Quanto a despesa, está paga. Não se preocupem! — Falou Tsuhiro.

    Assim, os 3 amigos encaminharam-se para o pequeno celeiro. Ficaram surpresos com o que viram. Grandes e fortes portas guardavam o celeiro. Apesar de humilde, o espaço era limpo e muito bem organizado. Dividido em pequenos boxes, alinhados em duplas, onde haviam camas de madeira e um baú para organizar pertences em cada espaço. Ao todo eram 4 ambientes, dos quais depois da ocupação dos amigos, apenas um restou vago. Em cima de cada baú, havia um pequeno vaso de barro, onde flores frescas davam o ar de suas fragrâncias. Roupas de camas limpas e perfumadas eram um convite ao repouso despreocupado. Um pequeno cesto com frutas frescas sobre as camas eram ofertados aos viajantes. Um único e pequeno candelabro em forma de serpente produzia uma chama tímida no ambiente, produzindo um fulgor débil.

    Não demorou para que Dai-Tsuhiro, o mestre samurai, Takeshi, a jovem guerreira e Haidong, o samurai chinês, exaustos da viajem, relaxassem e pegassem no sono.

    A tarde daquele dia passou branda. O vento soprava amigável e gentil. Os pássaros cantavam discretos e grilos produziam o som de boas-vindas à noite, ainda no fim de tarde.

    Anoitecendo, a velha estalajadeira foi até o celeiro despertar os guerreiros.

    — Tem sopa fresca! Levantem! Espero vocês em frente a fogueira lá fora. Assim a velha saiu sem muitas explicações.

    Haidong esfregou os olhos e levantou-se. Sentia fome. Olhou a sua volta e percebeu que estava sozinho no celeiro.

    Ao sair do celeiro, viu três pessoas sentadas em troncos de madeira em volta de uma fogueira com uma panela velha aquecendo algo que cheirava bem. Ao lado, uma mesa rústica com tigelas de madeira e uma colher de bambu, para servir a deliciosa sopa. Imediatamente o samurai chinês reconheceu Takeshi, sentada à norte, de frente para o celeiro, a velha senhora em pé, que servia a sopa e havia um senhor sentado próximo a mesa.

    Haidong se aproximou e pôde ver melhor o senhor que ali estava. Semblante concentrado num rosto magro. Cabelos brancos presos num tradicional coque. Bigode ralo e barba fina. O ancião usava roupas simples, de camponês. Apoiava-se numa bengala de bambu.

    — Sente-se meu jovem. Tome uma sopa conosco. Está deliciosa! — Falou o senhor.

    O samurai chinês se aproximou, buscou o olhar da amiga Takeshi que fez um discreto sinal de cabeça, acenando que o amigo poderia sentar-se.

    — Onde está Tsuhiro? Questionou Haidong.

    A velha estalajadeira entregou uma tigela de sopa para Haidong, e também um par de hashi.

    — Tome sua sopa garoto e apenas ouça o que o velho tem a dizer.

    Haidong esboçou uma atitude questionadora, mas foi detido por Takeshi, que segurou sua mão como que pedindo para fazer silêncio.

    O velho senhor, dispensou seus hashi e tomou um pouco de sua sopa na tigela. Ainda sentado, começou a falar com sua voz firme e rouca.

    — Seu amigo, o mestra samurai japonês Dai Tsuhiro, precisou partir. Mandou lhes dizer que os encontrará em breve. Vocês não devem se preocupar.

    Haidong ficou surpreso. E questionou imediatamente.

    — O que? Como assim? Onde ele foi? Quem é você? Como vou saber se está falando a verdade?

    Nesse momento a velha começou a sorrir.

    — Calma garoto! Você está entre amigos.

    Takeshi estava confusa, sem entender, até que a velha se aproximou dela e bem próximo a um de seus ouvidos disse em japonês:

    — Não se preocupe minha menina! — Virou-se para o velho e completou: — Fale de uma vez, mas fale em japonês para que a jovem também possa entender.

    Os guerreiros estavam completamente perplexos por toda aquela situação. O desaparecimento de Tsuhiro, a velha estalajadeira que falava japonês, assim como aquele ancião misterioso que surgia como uma grande incógnita.

    O ancião levou um pouco mais de sopa a boca, cruzou as pernas e continuou.

    — Eu sou Jin Yan, dono desta estalagem. Essa senhora, também dona dessa estalagem se chama An, minha esposa. Conhecemos seu amigo Dai-Tsuhiro de longa data.

    Haidong e Takeshi estavam sem ação. Haidong não sabia exatamente o que pensar. A jovem guerreira, tomou a frente na situação e questionou:

    — Como conhecem Dai-Tsuhiro? E por que estamos aqui agora?

    — Como vocês sabem, Dai antes de se juntar a vocês, foi um andarilho. Conheceu muitas pessoas. E nós somos umas dessas pessoas.

    — O que você sabe sobre ele? Perguntou o samurai chinês.

    — Sei muito sobre ele. E sei muito sobre vocês. — Respondeu sorrindo o velho estalajadeiro.

    Haidong e Takeshi se entre olharam mais surpresos que nunca, e antes que pudessem dizer qualquer coisa, o velho continuou.

    — Não se preocupem. Tsuhiro está e ficará bem, assim como vocês!

    — Desculpe senhor, mas como posso confiar em suas palavras, se nem o conheço? Questionou o samurai chinês, ainda que educadamente.

    — Espero que isso seja suficiente para fazê-lo acreditar em minhas palavras, meu jovem.

    Ao dizer estas palavras, o velho estalajadeiro pediu para que sua esposa trouxesse algo que parecia uma espada, enrolado em um pano escuro, envolto em tiras de ceda. Enquanto Haidong observava, Jin Yan ia pouco a pouco desamarrando as tiras, e retirando o pano, revelando uma espada.

    — Esta é a espada de Toguro, irmão de Dai Tsuhiro, que foi morto pelo seu grande amigo Kawa Moto, um grande samurai. Naquela ocasião, Tsuhiro deixou a espada de seu irmão com Kawa Moto, e prometeu que um dia a pegaria de volta, quando o derrotaria em uma batalha, entretanto, com a morte do seu amigo, a espada de Toguro ficou permanentemente com Tsuhiro, e para ele, essa espada é sagrada!

    — De fato! Concordou, Takeshi.

    — Aqui está a espada de Toguro. Tsuhiro deixou comigo como prova de minhas palavras. Ele pediu, para você, o samurai chinês carregar consigo esta espada, pois ele a pagará de volta quando os reencontrar. Disse, o estalajadeiro.

    — Mas onde vamos encontra-lo? Perguntou Haidong.

    — Apenas siga seu caminho. Ele encontrará vocês.

    O samurai chinês e a guerreira japonesa ficaram perplexos com aquela situação.

    Por que Tsuhiro desapareceu? Para onde ele foi? Por que

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1