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Bagagem
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E-book140 páginas1 hora

Bagagem

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Sobre este e-book

Primeiro livro de Adélia Prado, mostra em suas páginas o talento que faria da escritora uma das mais aclamadas poetisas da literatura brasileira.
Publicado originalmente em 1976, Bagagem foi lido e recebido com empolgação por Carlos Drummond de Andrade, um dos entusiastas da obra de Adélia e que indicou sua publicação. O livro traz textos repletos de emoções que, para a autora, são inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas vezes, do sofrimento. O sentido de religiosidade também está presente em grande parte dos poemas, retratando parte da realidade da vida no interior do Brasil. Muitas vezes, Adélia opta por expor conflitos entre o sagrado e o profano, observados a partir de coisas simples da natureza ou até mesmo da leitura de um texto religioso.
Os poemas de Bagagem nasceram de um período em que Adélia escrevia incessantemente. "Os poemas praticamente irromperam, apareceram cargas e sobrecargas de poemas. Eu escrevia muito nesse período", confessa a autora. Apesar de muitos e variados, abordando temas tão diversos quanto o amor carnal, o amor divino, a vocação do poeta, as cores e as dores da vida, os textos possuem uma unidade, uma fala peculiar. "Entre outros títulos que me ocorreram, Bagagem era o que resumia, para mim, aquilo que não posso deixar ou esquecer em casa. A própria poesia", finaliza Adélia.
IdiomaPortuguês
EditoraRecord
Data de lançamento27 de ago. de 2021
ISBN9786555873511
Bagagem

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    Bagagem - Adélia Prado

    CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    Prado, Adélia, 1935-

    P915b

    Bagagem [recurso eletrônico] / Adélia Prado. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2021.

    recurso digital

    Formato: epub

    Requisitos do sistema: adobe digital editions

    Modo de acesso: world wide web

    ISBN 978-65-5587-351-1 (recurso eletrônico)

    1. Poesia brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Título.

    21-72615

    CDD: 869.1

    CDU: 82-1(81)

    Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472

    Copyright © 2003 by Adélia Prado

    Concepção da capa: Adélia Prado

    Ilustração: Sarah Prado de Freitas

    Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

    Todos os direitos reservados.

    Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.

    Direitos exclusivos desta edição reservados pela

    EDITORA RECORD LTDA.

    Rua Argentina 171 – Rio de Janeiro, RJ – 20921-380 – Tel.: (21) 2585-2000

    Produzido no Brasil

    ISBN 978-65-5587-351-1

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    Atendimento e venda direta ao leitor:

    sac@record.com.br

    Louvai o Senhor, livro meu irmão, com vossas letras e palavras, com vosso verso e sentido, com vossa capa e forma, com as mãos de todos que vos fizeram existir, louvai o Senhor.

    Da imitação do Cântico das criaturas de São Francisco de Assis, a quem devo a graça deste livro.

    O modo poético

    Chorando, chorando, sairão espalhando as sementes.

    Cantando, cantando, voltarão trazendo os seus feixes.

    Escrito nos salmos

    COM LICENÇA POÉTICA

    Quando nasci um anjo esbelto,

    desses que tocam trombeta, anunciou:

    vai carregar bandeira.

    Cargo muito pesado pra mulher,

    esta espécie ainda envergonhada.

    Aceito os subterfúgios que me cabem,

    sem precisar mentir.

    Não sou tão feia que não possa casar,

    acho o Rio de Janeiro uma beleza e

    ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

    Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

    Inauguro linhagens, fundo reinos

    — dor não é amargura.

    Minha tristeza não tem pedigree,

    já a minha vontade de alegria,

    sua raiz vai ao meu mil avô.

    Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

    Mulher é desdobrável. Eu sou.

    GRANDE DESEJO

    Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,

    sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.

    Faço comida e como.

    Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro

    e atiro os restos.

    Quando dói, grito ai,

    quando é bom, fico bruta,

    as sensibilidades sem governo.

    Mas tenho meus prantos,

    claridades atrás do meu estômago humilde

    e fortíssima voz pra cânticos de festa.

    Quando escrever o livro com o meu nome

    e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,

    a uma lápide, a um descampado,

    para chorar, chorar, e chorar,

    requintada e esquisita como uma dama.

    SENSORIAL

    Obturação, é da amarela que eu ponho.

    Pimenta e cravo,

    mastigo à boca nua e me regalo.

    Amor, tem que falar meu bem,

    me dar caixa de música de presente,

    conhecer vários tons pra uma palavra só.

    Espírito, se for de Deus, eu adoro,

    se for de homem, eu testo

    com meus seis instrumentos.

    Fico gostando ou perdoo.

    Procuro sol, porque sou bicho de corpo.

    Sombra terei depois, a mais fria.

    ORFANDADE

    Meu Deus,

    me dá cinco anos.

    Me dá um pé de fedegoso com formiga preta,

    me dá um Natal e sua véspera,

    o ressonar das pessoas no quartinho.

    Me dá

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