Bagagem
De Adélia Prado
4/5
()
Sobre este e-book
Publicado originalmente em 1976, Bagagem foi lido e recebido com empolgação por Carlos Drummond de Andrade, um dos entusiastas da obra de Adélia e que indicou sua publicação. O livro traz textos repletos de emoções que, para a autora, são inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas vezes, do sofrimento. O sentido de religiosidade também está presente em grande parte dos poemas, retratando parte da realidade da vida no interior do Brasil. Muitas vezes, Adélia opta por expor conflitos entre o sagrado e o profano, observados a partir de coisas simples da natureza ou até mesmo da leitura de um texto religioso.
Os poemas de Bagagem nasceram de um período em que Adélia escrevia incessantemente. "Os poemas praticamente irromperam, apareceram cargas e sobrecargas de poemas. Eu escrevia muito nesse período", confessa a autora. Apesar de muitos e variados, abordando temas tão diversos quanto o amor carnal, o amor divino, a vocação do poeta, as cores e as dores da vida, os textos possuem uma unidade, uma fala peculiar. "Entre outros títulos que me ocorreram, Bagagem era o que resumia, para mim, aquilo que não posso deixar ou esquecer em casa. A própria poesia", finaliza Adélia.
Leia mais títulos de Adélia Prado
Poesia reunida Nota: 3 de 5 estrelas3/5Reunião de poesia: 150 poemas selecionados Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poesia (e) filosofia: por poetas filósofos em atuação no Brasil Nota: 5 de 5 estrelas5/5Box Adélia Prado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFilandras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTerra de Santa Cruz Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMiserere Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuero minha mãe Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO coração disparado Nota: 2 de 5 estrelas2/5
Relacionado a Bagagem
Ebooks relacionados
O coração disparado Nota: 2 de 5 estrelas2/5Miserere Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO pó das palavras Nota: 5 de 5 estrelas5/5Biografia de uma árvore Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuero minha mãe Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Moleque Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntologia poética Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5Melhores Poemas Cecília Meireles (Pocket) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5Na morada das palavras Nota: 5 de 5 estrelas5/5Belo belo Nota: 4 de 5 estrelas4/5Alguma poesia Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poemas selecionados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cartas a um Jovem Poeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Antologia poética - Cecília Meireles Nota: 5 de 5 estrelas5/526 poetas hoje Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Poesia do encontro Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pensamentos que penso quando não estou pensando Nota: 5 de 5 estrelas5/5O quarto de Jacob Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs durações da casa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Espera Nota: 5 de 5 estrelas5/5WALT WHITMAN - Poemas Escolhidos Nota: 3 de 5 estrelas3/5Ao Farol Nota: 5 de 5 estrelas5/5Espumas flutuantes Nota: 3 de 5 estrelas3/5Para querer bem Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poesias esquecidas: Volume 3 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Cores do crepúsculo: A estética do envelhecer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA mensageira das violetas Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Poesia para você
Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bukowski essencial: poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5o que o sol faz com as flores Nota: 4 de 5 estrelas4/5meu corpo minha casa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pra Você Que Sente Demais Nota: 4 de 5 estrelas4/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Se você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLaços Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poemas de Álvaro Campos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJamais peço desculpas por me derramar Nota: 4 de 5 estrelas4/5Tudo Nela Brilha E Queima Nota: 4 de 5 estrelas4/5Para não desistir do amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Lusíadas (Anotado): Edição Especial de 450 Anos de Publicação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMarília De Dirceu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTodas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 4 de 5 estrelas4/5Alguma poesia Nota: 4 de 5 estrelas4/5Antologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5As palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5WALT WHITMAN - Poemas Escolhidos Nota: 3 de 5 estrelas3/5Sonetos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTextos Para Serem Lidos Com O Coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poesias para me sentir viva Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Bagagem
5 avaliações0 avaliação
Pré-visualização do livro
Bagagem - Adélia Prado
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Prado, Adélia, 1935-
P915b
Bagagem [recurso eletrônico] / Adélia Prado. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2021.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-5587-351-1 (recurso eletrônico)
1. Poesia brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
21-72615
CDD: 869.1
CDU: 82-1(81)
Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472
Copyright © 2003 by Adélia Prado
Concepção da capa: Adélia Prado
Ilustração: Sarah Prado de Freitas
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.
Direitos exclusivos desta edição reservados pela
EDITORA RECORD LTDA.
Rua Argentina 171 – Rio de Janeiro, RJ – 20921-380 – Tel.: (21) 2585-2000
Produzido no Brasil
ISBN 978-65-5587-351-1
Seja um leitor preferencial Record
Cadastre-se em www.record.com.br
e receba informações sobre os nossos
lançamentos e nossas promoções.
Atendimento e venda direta ao leitor:
sac@record.com.br
Louvai o Senhor, livro meu irmão, com vossas letras e palavras, com vosso verso e sentido, com vossa capa e forma, com as mãos de todos que vos fizeram existir, louvai o Senhor.
Da imitação do Cântico das criaturas
de São Francisco de Assis, a quem devo a graça deste livro.
O modo poético
Chorando, chorando, sairão espalhando as sementes.
Cantando, cantando, voltarão trazendo os seus feixes.
Escrito nos salmos
COM LICENÇA POÉTICA
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
GRANDE DESEJO
Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,
sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito ai,
quando é bom, fico bruta,
as sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
claridades atrás do meu estômago humilde
e fortíssima voz pra cânticos de festa.
Quando escrever o livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar, e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.
SENSORIAL
Obturação, é da amarela que eu ponho.
Pimenta e cravo,
mastigo à boca nua e me regalo.
Amor, tem que falar meu bem,
me dar caixa de música de presente,
conhecer vários tons pra uma palavra só.
Espírito, se for de Deus, eu adoro,
se for de homem, eu testo
com meus seis instrumentos.
Fico gostando ou perdoo.
Procuro sol, porque sou bicho de corpo.
Sombra terei depois, a mais fria.
ORFANDADE
Meu Deus,
me dá cinco anos.
Me dá um pé de fedegoso com formiga preta,
me dá um Natal e sua véspera,
o ressonar das pessoas no quartinho.
Me dá