Retalhos de textos: em verso e prosa ilustrado

De Ismeraldo Pereira Sousa, Elza Francisco e Luiz Augusto Moreira da Silva

Passeando pelas páginas do tempo, os autores de Retalhos de Textos apresentam a construção entre atores distantes junto a versos, ora cheios de realismos, ora soltos ao vento.
O caminho criativo percorre o diálogo entre a poesia, as imagens traduzidas pelos pincéis do artista e a sábia reflexão filosófica do poeta pensador.
São construções flutuantes em cenas que se alinham nos sopros das tramas dos sentimentos. Os versos são ressignificados e decifrados à luz do olhar das reveladoras e sedutoras linguagens: tessituras poéticas compartilhadas.
Retalhos de Textos representa ainda o aspecto fascinante do mundo da poesia no ritual da paisagem da emoção, esculpidos no simbolismo do deslimite da sua interpretação.
Identificar ponto de partida no caminhar pelas dialógicas veredas poderá despertar o desfecho do prazer da chegada ao ler esta obra despretensiosa e comprometida com o novo.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 29 de set. de 2021
• ISBN: 9786589873860

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AMANHECER

É lindo o amanhecer.

Imperiosamente,

belo é o amanhecer!

Pontes construídas,

atravessadas.

Sonhos instigantes.

Ao despertar o dia,

a Poesia sorri...

Triunfante!

O TEMPO

Tempo.

Tempo passado, presente e futuro. Passado distante, próximo; futuro longínquo ou daqui a uns instantes. Eis as configurações do tempo. Momentos em que se pode visualizar ações e suas extensões, se ficaram lá, se chegaram ao presente ou, se ainda não concluídos, prosseguem a caminhada para o porvir.

Penetra-se no mundo subjetivo da temporalidade na poética de Zaciss através da porta que ela abre nominada Amanhecer. Com essa entrada, descarta-se esse tempo tal qual configurado nos calendários, posicionado no antes, agora ou depois.

Visitar Zaciss no seu Amanhecer é abstrair o tempo, é posicionar-se na atemporalidade. Já no início ela dá a pista com o tempo verbal. No primeiro verso o É dá a pista. A colocação do verbo no indicativo presente reforça a atemporalidade neste seu poema. Uma característica dessa conjugação verbal.

É lindo o amanhecer.

...

belo é o amanhecer. (negrito meu)

Zaciss não nega que o amanhecer é marcante, agrada aos olhos. Mas é enfática ao acentuar a beleza dele. Para ela, é imperiosamente belo.

Estaria Zaciss a contemplar a natureza nos esplendores do sol nascente comparando-o com o seu poente? Ou a beleza em si, toda ela nesse momento único a olhar, supre o seu ser? Vejamos.

Ela vai além no seu imaginário poético. O seu Amanhecer denota, figurativamente, o primeiro momento, o início de um fato, o primeiro passo, o nascimento de uma ideia. O princípio. Mas pontes entram no poema. Elas são atravessadas. Há aí indicativo de pontos de chegada, de caminhadas e travessias. Conclusões de jornadas.

Pontes construídas,

Atravessadas.

Dois pontos, inicial e terminal. Entre eles, pontes atravessadas.

Na poética de Zaciss, a travessia da ponte, a caminhada do amanhecer ao entardecer, é impulsionada pelo poder instigante dos sonhos (o princípio).

Amanhecer vai além na imagética Zaciss. O poema enaltece a vitória da travessia da ponte. Atravessar significa o atingimento da meta sonhada, garantindo o prêmio de um novo renascer, um novo amanhecer imperiosamente belo.

Ao despertar o dia,

a Poesia sorri...

Triunfante!

Uma Poesia com a letra P maiúscula para homenagear a vida vivida poeticamente. Vivida e revivida a cada transpor de