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A Lenda
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E-book318 páginas3 horas

A Lenda

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Sobre este e-book

Como crianças, em sua candidez, encaram uma realidade distorcida, na medida em que se vive o falso e o real é negligenciado, é feito folclore? Como elas lidam com uma irregularidade no núcleo familiar desde berço? E como elas, Edward e Ludwig, inexoravelmente enveredam à descoberta desse mundo completo, com otimismo e entusiasmo até que se tornam naturalmente os maiores magos da história!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de mai. de 2022
ISBN9781526015174
A Lenda

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    A Lenda - Hélder Felix

    cover.jpg

    Antes que eu me esqueça…

    Prólogo

    Não sei ao certo o que seria o começo. Na verdade, o início para alguns pode ser o término para outros. Julguei que deveria começar com um nascimento…

    Uma mulher estava deitada virada para cima, ofegante, muito suada. O calor naquela época do ano era implacável durante o dia. Um homem, evidentemente seu marido, ajudava com o trabalho de parto. Todos os pais parecem ficar muito orgulhosos com o nascimento de um filho, principalmente o primogênito. Aquele, entretanto, parecia ser o maior sonho daquele homem. A felicidade escorria de seus olhos. Ele é o primeiro a segurar o filho nos braços. Limpa delicadamente o bebê com fraldas de algodão e descarta as sujas. Envolve-o em outras ainda limpas e o entrega para a mãe.

    - Olímpio… nasceu. - Fala a mulher com esforço maravilhada.

    O homem enxuga a tez e sorri.

    - Um guardião. Edward é como será chamado.

    Como se a vida fizesse piada daquele evento, soldados se aproximam muito ligeiro da aldeia. Ignoram completamente o que quer que não fosse o objetivo. Qualquer tentativa de resistência era repelida com estupidez e agressividade. Com o barulho, Sr. Olímpio torna-se alerta. Mesmo assim, era demais pedir que ele abandonasse seus dois naquele momento. Ouvem-se gritos. Então, prontamente, Sr. Olímpio pega uma vassoura que estava encostada ao canto do humilde cômodo, por trás de alguns amontoados de palha, para usá-la como arma, se preciso fosse, e olha pela fresta da janela procurando saber o que estava acontecendo. Sua face demonstra medo e apreensão. Três soldados entram no casebre com grosseria e logo incapacitam o varão. Com a mesma delicadeza, tomam o bebê das mãos da mãe e saem rapidamente.

    Não houve luta. Foi quase um ataque surpresa. Sem motivos, pelo que parecia. O guarda que tinha o bebê nas mãos se dirige ao lago que ficava bem próximo dali, que banhava a aldeia. Com muitas dificuldades, a mulher, mãe do bebê, sai da casa. Algo que não deveria ter feito. Ela sai a tempo de ver o guarda atirar a criança no lago. E ver aquilo foi insuportável. Ela desmaia e, dali, para nunca mais.

    Num castelo próximo, algo simplesmente impossível - até aquele momento, acreditava eu - acontecia. Uma mulher também dava à luz. Tudo normal, exceto por ela evidentemente estar em dois lugares ao mesmo tempo (no mesmo lugar, na verdade… era confuso…). Um homem bem velho, que, aparentemente, aguardava o desfecho daquele evento, recebe o bebê nos braços. Recebe, sim, mas não por alguém. O recém-nascido atravessa a fenda que ali havia, de onde estava a mãe, pairando no ar e é encaixado lentamente no colo daquele homem. Era bem distinto daquele que nascera na aldeia. Enquanto este exibia magníficos cabelos dourados bem claros, o outro possuía o pelo bem negro. Depois de colocar a criança num berço reservado para ela - havia dois, na realidade -, ele sai do aposento e se dirige aos portões de entrada. Do lado de fora, um homem de armadura o aguardava.

    - Bom dia.

    O arauto vestia cores quentes por sob a armadura predominantemente bronzeada. Estava munido de um trompete, espada embainhada e escudo bem apoiado às costas. Ele então invoca os termos adequados e se identifica como a voz do reino do Norte. Anuncia o evento que acontecia numa aldeia ao noroeste daquele castelo, domínios daquele reino, e justifica, portanto, a própria presença ali. O rei simplesmente agradece e autoriza a retirada do arauto. Ele não reagia a nada o que ouvia com surpresa. Era como se cada palavra que recebesse já fosse antecipada, esperada como um ato bem ensaiado. Com determinação, o rei entra novamente no castelo. Logo em seguida, num momento oportuno, a presença dele desvanece daquele lugar.

    Algum tempo depois, entra uma mulher muito aflita e assustada no castelo pela porta lateral, mais comumente usada pelos empregados por dar acesso direto aos aposentos deles. Ela trazia algo nos braços. Logo antes de entrar no corredor para os quartos, é surpreendida pelo rei.

    - Majestade!

    - O que havia dito sobre pilhagem?

    - Mas veja, majestade, o que eu encontrei desta vez. Estava boiando no lago!

    - Um bebê flutuando na superfície de um lago. Interessante… se não fosse absurdo. - Em tom de repreensão.

    - Mas majestade…

    Ele levanta rapidamente a mão.

    - Você encontrou uma vida, de fato. Somente por isso terá meu perdão. Traga-me mais uma ama-de-leite.

    O rei parecia não querer se estender muito. Levou o bebê aonde estava o outro e o colocou no leito vazio.

    - Edward… - Ele dá uma pausa. - Seu irmão, Ludwig.

    Capítulo Um - O Elixir Encantado -

    - Bom dia, papai. - O garoto de cabelos dourados.

    - Bom dia, pai. - O outro, de cabelos escuros.

    - Bom dia, crianças. Lamento ter que deixá-los, mas não organizei a biblioteca para a lição de hoje.

    Eles apenas assentem com a cabeça e começam a se servir. Estavam na sala de jantar para o café da manhã, haviam acordado há pouco. Engraçado que não era necessária uma organização prévia da biblioteca, visto que a maioria dos habitantes da cidade não sabia ler e, portanto, não a frequentavam. Embora fosse dentro do castelo, ela era aberta ao público e foi lá onde os meninos foram ensinados a ler e a contar, obrigação de qualquer membro da realeza da região, principalmente quando a cidade se tratava de uma capital. Mais estranho ainda, o rei não se dirige a ela, mas para fora do castelo.

    Sem muita demora, os meninos saem para o lugar combinado assim que terminam. Ao chegarem, percebem que o pai não se encontrava, ou pelo menos foi a impressão que tiveram. Um lugar de porte desproporcional à população: era um ambiente fechado, comprido, como seis conjuntos de estantes distribuídas ao longo do comprimento do local, espaçados em cerca de dois metros entre cada um. Cada conjunto continha cinco estantes de cinco metros de comprimento separadas por um espaço pouco menor que o anterior. Os portões que davam acesso a ela pelo lado de fora ficavam centralizados no comprimento e, como era o meio de acesso, era necessário que fosse desobstruído. Esse espaço garantido pelos portões era ocupado pela única mesa dali, entretanto. Era bem grande, pelo menos.

    Como os irmãos entraram pela porta que saía do castelo - só abria nesta direção -, procuram pelo pai por todos os corredores até os portões. Ao se encontrarem diante deles, são surpreendidos por ele saindo de um dos corredores centrais. Edward olha para Ludwig franzindo a testa e inclinando levemente a cabeça para o lado; ele responde com um inocente mas ele não estava ali.

    - Podemos? - O rei os convida à mesa.

    Depois desse episódio completamente inédito e inusitado, os garotos começaram a perceber períodos de ausência do pai, intervalos quando não se podia encontrá-lo em lugar algum.

    Nas manhãs em que eles não estavam ocupados, só o destino poderia contar o que aconteceria. Nesta em questão, foram banhar-se num lago ao norte do castelo, um lago que banhava as ruínas do que teria sido uma aldeia.

    Como dois meninos enérgicos que eram, as brincadeiras pesadas de luta nunca faltavam. E o faziam da maneira que saíam da água, muitas vezes: nus. Eram cândidos. Crianças de fato.

    - Ei, Ludwig, vamos lá em Reeza depois de comer? - Pode ser.

    E então, depois do almoço visitariam Reeza. Reeza era filha do Sr. Johnson, o faz-tudo da cidade. Ele tinha uma loja de ferramentas e utilidades no centro dali. Não era dos habitantes um dos mais antigos. Mas era com quem os garotos mais conversavam, por causa de tamanha ausência do pai, que era tão ocupado. Enquanto esperavam a amiga sair do banho, ouviam do pai dela mais uma de suas histórias interessantes:

    -… e aquele barco, o mais resistente que meu pai já construiu, perdeu não para a água, mas para a ausência dela. Ele ficou ancorado a noite inteira na ponta da península. De manhã, nós esperávamos que a maré enchesse para zarpar, mas ela só diminuía, revelando do que achávamos que era uma península a sua verdadeira face: era um cabo. E o barco estava na baía, não tinha mais como sair de lá. Com o bote, esvaziamo-lo os suprimentos. Em terra, ele transformou-se numa carroça. Eu e meus companheiros trilhamos mata adentro junto com o capitão por longos quinze dias. Chegamos a uma cidadela onde recebemos a notícia da tragédia: apenas barcos rasos conseguiam sair da baía. E em período de transição de fase da lua, da crescente para a cheia. Foi então que…

    - Reeza!

    Ela chegava à sala de estar. Embora ambos estivessem compenetrados na história, Ludwig tem o coração acelerado e as mãos começam a suar, além de mostrar inquietude. Já o Sr. Johnson, ele não tinha a menor pretensão de acabar a história ali. Era um homem de idade já, mas ainda um garoto perante o rei. Era imigrante das terras de além mar, filho de uma artesã com um homem que desempenhava tantas funções que seria injusto escolher uma que o representasse. Chegou ainda pequeno em Sulamar, a única cidade litorânea do Reino Central, onde estavam. Aprendeu tudo o que ainda não sabia com o pai. Casou-se e mudou-se para Lin, que ainda não tinha esse nome, assim que chegou a notícia que ela tinha sido escolhida como capital. O nome da capital havia sido escolhido em homenagem à aldeia atacada dez anos atrás.

    O sistema administrativo daquele lugar era, no mínimo, curioso. O Reino Central era apenas um dos cinco da região denominada Planos Brancos. Havia uma autarquia de quinze representantes, três de cada reino, que se reunia de tempos em tempos. Ela era convocada para decidir, dentre muitos assuntos, a nova cidade a ser eleita capital. Era um sistema interessante na medida em que apostava na rotatividade de sede como incentivo ao crescimento delas e, consequentemente, do reino. Nem todas concorriam, apenas as que já atendessem aos requisitos classificados como obrigatórios. Aqueles que não eram, classificavam-se como metas - de curto, médio e longo prazo - para a cidade contemplada.

    Depois de Lin ter se tornado capital, muito havia mudado realmente. Ganhava a divisão padrão do ano da região: trezentos e sessenta e cinco dias. Antes da reforma, as estações do ano eram o padrão de contagem de tempo. Foi implantado tempo fixo de trabalho, seis dias por semana, aceito com descontentamento pela maioria, sob pena de impostos extras aos não cumpridores. E o que veio a ser mais eficaz: a formação do exército. Todo cidadão, a partir dos vinte anos, deveria servir por pelo menos um décimo da idade no dia da apresentação. Quem se tornasse apto depois desse tempo ganhava o título de soldado. Desse modo, foi reunido rapidamente um exército de veteranos forçados a ensinar de tudo aos mais jovens, que eram forçados a aprender. A cobrança demasiada começou a gerar tensão na população, mas o rei já tinha algo em mente…

    No fim do ano em que a cidade comemoraria o primeiro decênio, Edward e Ludwig completariam doze. E, desde o início do ano, se começara os preparativos para a grande festa, que aconteceria na semana após o dia vinte e oito de junho, dia da contemplação. Seria o mesmo dia em que o rei anunciaria a grande surpresa, um evento que aconteceria apenas de década em década, com estreia naquele ano.

    No entanto, desde o começo do outono, o rei Augusto não passava muito bem. Complicações no sono, fastio e sonolência durante o dia foram apenas os primeiros sintomas. Os garotos haviam percebido, embora não comentassem nada. Ainda mais porque logo pelo fim da estação ele já se sentia bem melhor. Mesmo assim, a declaração em desculpas por não poder realizar o evento ainda deveria ser dada. As festividades, entretanto, ocorriam normalmente, como todo ano.

    E foi numa manhã de inverno que os meninos conheceram alguém que os acompanharia durante toda a vida. Ludwig atacava freneticamente o irmão, enquanto que este apenas defendia e eventualmente tentava um desarme. Foi só quando ele tentou um chute direto frontal na altura do tórax do irmão que a luta acabou. Edward aproveita a abertura e chuta a articulação do joelho dele com a perna esquerda, provocando inevitavelmente a queda.

    - Meus parabéns!

    Um homem saía de trás de uma árvore próxima aplaudindo. Evidentemente, ele assistia à luta. As duas crianças se assustam.

    - Não, não parem. Continuem. Eu estava me divertindo. Estava torcendo pra você - aponta para Ludwig - entretanto.

    - Quem é você? - Ludwig tenta estabelecer diálogo.

    - Ninguém que conheçam.

    - E por isso ele perguntou… - Edward fala com um engraçado desdém.

    - Ninguém muito importante também.

    - Nome?

    - Tabesin. Erüq Tabesin. E é um prazer falar com vocês finalmente.

    - Finalmente?

    - Por que estava tocaiando a gente? - Edward toma a palavra de Ludwig.

    - Não queria assustá-los, mas é inevitável. Soube do pai de vocês e aproveitei a época para aparecer. Quero oferecer ajuda.

    - Mercenário? Caçador de recompensa?

    - Que legal ouvir isso. - Ludwig era ainda mais ingênuo que Edward.

    - Nenhum dos dois.

    - Então por que não fala com ele?

    - Por uma questão bem clara: eu não estaria aqui se conhecesse um meio mais seguro de ajudá-lo.

    - Mais seguro? Você acha que a gente é novo demais pra fazer qualquer coisa?

    - Sabem cavalgar?

    - Claro. Ele tem um pouco de medo ainda.

    - Mas rapaz! E eu torcendo por você. Tem alguma coisa que você faça melhor que ele?

    - Lutar. - Ludwig mesmo responde.

    - Não foi o que testemunhei.

    - Você me pegou num dia de sorte Sr. Erik.

    - Erüq, por favor. Mas voltando, existe algum lugar onde vocês possam conseguir cavalos?

    - Com Bardo!

    - Não diga, mano!

    - Por que não? Se ele quisesse fazer alguma coisa já teria feito. Além do mais, ele não conhece.

    - Eu poderia ajudá-los se conseguissem três.

    - Mas ajudar em quê, afinal?

    - Já ouviram falar no Elixir da Vida?

    - Já. Todo mundo conhece. E não só ganha esse nome, não. - E de fato eles conheciam. Havia sido mais uma das histórias do Sr. Johnson.

    - Se eu dissesse que existe?

    - Eu diria que está mentindo. - Edward não cessava a desconfiança.

    - Eu gostaria de mostrar-lhes onde consegui-lo.

    - Sério?

    - Não Ludwig. É justamente o sentido do folclore: inventar histórias de coisas que não existem.

    - Mas Sr. Johnson parece ter vivido cada coisa que ele já contou. E a gente vai contar a papai pra perguntar se pode.

    - Na verdade, não. Para não o preocupar, é necessário sigilo.

    - 'Tá vendo? Vamos embora!

    - Eu vou sempre estar aqui.

    - Pois vai passar frio, Sr. Erik.

    - Não se preocupe, Ludwig. E você, quem é? - Ele pergunta de longe. Os meninos já caminhavam em retorno.

    Ludwig grita o nome do irmão e o acompanha.

    - Por que fez isso? O nome é meu.

    - Por que não tinha nada demais.

    - Vamos dizer a pai isso tudo.

    - Não. Ele pediu. E não aconteceu nada. Não tem pra que. É só a gente não fazer nada.

    - 'Tá certo.

    Embora eles realmente não fossem dizer nada, acho que no fundo eles tinham consciência de que, em algum momento, tudo viria à tona. Talvez não esperassem que acontecesse tão cedo…

    Estavam à mesa para o jantar naquele mesmo dia. Augusto entra momentos depois. Sentiram que havia tensão. Os três começam a refeição do mesmo modo que acabam: em profundo silêncio.

    - Poderia haver algo que vocês ansiariam para me contar?

    Edward fica pensativo. Ludwig responde prontamente:

    - Nada papai. Por que nós teríamos?

    - Também faz parte do que quero saber.

    - Apareceu um homem nas ruínas oferecendo a cura para o senhor. Ele não é daqui com certeza. Se vestia muito engraçado.

    - Mas que droga! A gente não tinha combinado, Edward?

    - Acalme-se, filho. Sobre isto: vocês devem, acima de tudo, confiar um no outro. É evidente que eu estou próximo de dizer adeus e um ao outro é tudo o que vocês terão depois disto. Se você prometeu que não contaria, pecou em não tê-lo feito. Por outro lado, eu sou o pai de vocês. Vocês devem, sem hesitar, conversar comigo sobre o que têm dúvida. Sou eu que devo aconselhá-los. E em se tratando de um assunto com tamanha relevância, a atitude de vocês é repreensível. Você, Edward, contudo, não merece congratulações. Foi em traição que você escolheu a verdade. Foi mais por sua desconfiança, evidenciando egoísmo, que prevaleceu sua escolha. Prefiram sempre a verdade, sim, mas sejam cúmplices. Confiem um no outro acima de tudo e sejam prudentes. Venham cá.

    Ambos levantam e abraçam o velho. Poucos têm a sorte de ter um pai. Mais ainda, um sábio e amoroso como aquele…

    - Ah, peçam a Bardo os cavalos mais robustos. Peçam-no que venha falar comigo.

    - O senhor nos está deixando ir?

    - Como sabe que ele pediu pra gente arrumar os cavalos?

    - Eu conheço o Sr. Tabesin. Em verdade, fui eu quem pediu a ele este favor. Já providenciei a bagagem de vocês. É necessário que sejam colocados à prova, assim terei consciência de tê-los educado corretamente.

    A caminho dos quartos, a discussão inevitável:

    - Você acredita nisso?

    - É curioso mesmo, mano. Mas papai estava certo.

    - Ah, sim, Ludwig, me perdoa. Eu 'tava era com medo. Mas diga se não é muito estranho isso tudo.

    Ludwig consente e parece encerrar por ali. Edward ainda insiste:

    - Não vai ficar com raiva não, n'é, maninho?

    Ele abre um tímido sorriso e abraça lateralmente o irmão e logo vão se deitar. A jornada no dia seguinte seria bem pesada.

    Logo ao alvorecer, Augusto amanhece despertando os filhos. Vai primeiro ao quarto de Ludwig. Em seguida, o de Edward. E a surpresa: ele não estava lá. O rei se concentra e olha fixamente para o nada e caminha diretamente para a biblioteca. Lá estava ele deitado no chão, com a metade de cima do corpo debaixo da mesa. O velho se abaixa sobre ele, murmura algo ininteligível e o coloca nos braços. Se na hora do nascimento dos meninos acontecia algo que qualquer um julgaria impossível, o que acontece logo depois que ele se levanta merece, no mínimo, a mesma definição. Augusto se dirige ao mesmo corredor entre as estantes, de onde apareceu repentinamente no outro dia, e aparece imediatamente no quarto daquele em seus braços. Coloca-o sobre a cama e o acorda.

    - Bom dia, pai.

    - Bom dia, filho. Seu irmão já se banha. Apresse-se.

    Em obediência, ele logo se encontra com

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