O voo rasante do pombo sem asas
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O voo rasante do pombo sem asas - Luís Fernando Amâncio
Autor: Luís Fernando Amâncio
Título da obra: O Voo Rasante do Pombo sem Asas
Revisão: Angélica Amâncio/ Jean Gabriel Álamo
Diagramação: Jean Gabriel Álamo
Capa: Editora Motres
Ano: 2020
Apresentação
SPOILER:
Não há pombos nos contos a seguir.
Se o leitor topou a aventura de ler este livro, mesmo achando seu título ruim, farei uma confissão: eu também não gosto. Na verdade, tenho uma dificuldade enorme em dar títulos para textos. Raramente concebo um que me agrade. Afinal, é para isso que existem dicionários, para não perdermos tempo dando nomes para as coisas.
Porém, como nunca chegarei ao nível de tolerarem minhas excentricidades, não posso escrever textos sem títulos. Goste ou não da tarefa, preciso me virar. E, de alguma forma, esse nome surgiu em minha mente, O voo rasante do pombo sem asas. Não me perguntem como.
E, para não ser acusado de ludibriar a comunidade columbófila, aviso de antemão que não há histórias sobre essas simpáticas aves neste livro. A palavra sequer aparece nos 21 contos que compõem a antologia. Mas, como conceito, o pombo sem asas é uma excelente definição das narrativas que você vai ler.
O Columba livia, nosso pombo-comum, é o animal de estimação de todos nós. Se você olhar pela janela, provavelmente verá alguns deles pendurados no cabeamento elétrico, abrigados nos telhados vizinhos ou traçando seus voos lineares no horizonte. Os pombos vivem das nossas omissões: das migalhas que deixamos cair e na escassa área verde que cultivamos, quase involuntariamente, em nossas aglomerações.
Eles são os filhos indesejados das cidades. Os mais carismáticos portadores de parasitas que conhecemos. Assim como boa parte dessas narrativas, que passeiam por temas urbanos e pelas tensas relações que sustentam a sociedade.
A expressão pombo sem asa
é usada em diferentes contextos. No início do século, ela designava uma pegadinha que envolvia o arremesso de um embrulho de fezes em jornal no telhado das casas. E ainda há quem diga que a incivilidade é exclusiva dos dias de hoje!
Também chamam de pombo sem asa
, em uma briga, um soco forte e inesperado. Uma pancada certeira que deixa o adversário desnorteado. No futebol, um chute de longe que surpreende a defesa e acerta o gol também ganha essa alcunha. E devem existir outras aplicações para a expressão.
Mas o fato é que a imagem de um pombo que, sem o auxílio das asas, parte em um voo kamikaze, parece adequada para estes contos. Talvez a ave faça uma trajetória atabalhoada no ar, até cômica para alguns. Pode ser. Por outro lado, o voo pode ser trágico. Violento. Depende do ponto de vista.
Pensando bem, mesmo que não seja sonoro, O voo rasante do pombo sem asas é, no fim das contas, um bom título. Ao menos, é adequado para as histórias curtas (algumas, curtíssimas) que compõem a presente obra.
Do terror causado pelo toque de um telefone na madrugada à ata de reunião escrita com sinceridade, passando pela carta de um jovem que calcula o tamanho do amor que sente por sua musa. Há uma considerável diversidade de histórias e formatos neste singelo volume. Em comum, o fato de serem contos sobre o cotidiano. O leitor sentirá, talvez, alguma familiaridade com as temáticas, pensando que narrativas assim poderiam acontecer em sua vida. Mas, provavelmente, não invejará o destino dos personagens.
Por fim, agradeço, de antemão, por doarem um pouco de seu tempo à leitura de meus textos. E faço uma advertência: apertem os cintos, este pombo não tem asas. Depois não digam que não avisei.
Problema
Qual é o seu problema?
Tenho certeza de que ela disse isso. Mas não nesse tom comedido que eu coloquei. Não. Foi algo bem mais agressivo, desconfortável, uma imposição: Qual é o seu problema!?
.
Foi mais assim, sabe, com um olhar agressivo. Daqueles que lançam fagulhas. Nem consigo reproduzir direito.
Eu tenho essa mania de falar batendo na mesa quando estou nervoso. Nervoso, não. Vamos colocar de um modo mais ameno: acuado. Eu estava acuado. Aí, tentava me explicar e acabava batendo na mesa. Sem violência, umas batidas de quem está nervoso. Acuado, de quem está acuado.
Ela me disse para parar, uma vez, duas vezes. Na terceira, ela disparou a tal frase: Qual é o seu problema
, naquele tom agressivo. Agressão, a palavra é essa. A funcionária me agrediu, fiquei ferido. E acabei me descontrolando. Mas foi ela quem começou, anota aí.
Porque problema
, eu não tenho só um. Dá uma lista grande. A começar pelo motivo imediato de eu estar ali, naquele banco.
Há dias estava tentando fechar uma conta. Primeiro, fui à agência perto da minha casa. Aí disseram que, para fechar a conta, eu deveria ir à agência na qual ela foi aberta. Fui, então. Aí me mandaram retornar com documentos que não estavam ali. Por fim, exigiram que eu pagasse o boleto de uma conta que eu desconhecia. Tudo assim, imposto, e eu me sentindo um inútil.
Como não ter problema numa situação dessas?
Mas não ficou por aí, eu tinha outro problema: a razão de eu estar fechando a conta. Sem trabalho, demitido, não fazia sentido ter uma conta para receber salários. Uma desgraça essa crise, fui demitido sem motivo algum. Só a empresa querendo cortar gastos. Pode perguntar lá, sempre fui funcionário exemplar. Aí vem esse grande problema, outro - está contando? -, que é ficar sem um puto no bolso.
Perdoe-me a expressão. Tô na pior das condições. Preciso pedir dinheiro emprestado para minha mãe se