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Empalhador: O Incidente de Vista Alegre
Empalhador: O Incidente de Vista Alegre
Empalhador: O Incidente de Vista Alegre
E-book259 páginas2 horas

Empalhador: O Incidente de Vista Alegre

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Sobre este e-book

'Veja! - Apontava para o portal da pequena cidade que dizia 'Bem vindo a Vista Alegre' - Estamos chegando na cidade. Vamos achar a polícia e contar tudo o que sabemos de Jeremias, ao menos a parte mais aceitável da história.'José gostaria que beleza nem sempre precisasse desaparecer.Ex-seminarista que desistiu de ser padre José agora estava sozinho no estacionamento do cemitério, após o enterro de sua esposa. De lá partiu para o desconhecido sem saber que inadvertidamente iria atrapalhar os planos malévolos de Jeremias, o que lhe custaria muito caro.Inimigos vão se aproximando dele como sombras da morte enquanto ele se pergunta se estaria louco ou vivendo a vida de outra pessoa. Perdido em meio a fenômenos que não sabe explicar, pergunta-se se está enlouquecendo.José aprendeu as técnicas da taxidermia de um frei, descendentes de europeus, que conheceu em sua juventude e recordou desta arte singular no momento mais terrível de sua vida, onde tudo que era belo parecia ter desaparecido para sempre com a morte de sua esposa.Sozinho, depois de perder a pessoa que mais ama neste mundo e vai se desdobrando em situações inesperadas e terríveis.(Luiz Lebre Bezerra é um pseudônimo de Max Back)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de fev. de 2023
ISBN9781526025081
Empalhador: O Incidente de Vista Alegre

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    Empalhador - Luiz Lebre Bezerra

    Confusão e fúria.

    Eu Pensava em mim como um monstro. Que espécie de marido destrói o quarto da esposa tão rápido?

    Precisava desesperadamente fazer algo. Quando o caixão foi baixado, quando o túmulo foi selado e a última pessoa se despediu ele viu que estava sozinho. Parte de si havia entrado na terra para não mais voltar. Nada de belo restou para ele. Estava confuso. Estava furioso.

    Foi até o estacionamento do cemitério, entrou em sua picape Chevrolet azul antiga, a única herança que mantivera de seu pai e dirigiu até seu pequeno sítio, onde morou com sua esposa todo o tempo que tiveram juntos. Dez anos. Em julho completariam onze. Não tiveram esta sorte.

    Andou um tempo pelos cômodos, sem saber o que fazer. Finalmente abriu a porta do quarto dela. Não era o quarto deles, mas sim o quarto de costura, leitura, estudos e por aí vai... O espaço dela.

    Não sabia o que faria com ele, não imaginava o que fazer com a sua vida. Queria ter perguntado para seu pai de novo mas ele já estava morto. Sua mãe se fora há mais tempo ainda e não tinha irmãos. Sua esposa era órfã de mãe desde os quatro anos e de pai desde os quinze. Crescera na casa dos únicos tios que morreram de forma trágica no rompimento de uma barragem. Fora um enterro com poucas pessoas, nenhum parente. Não possuíam filhos. Ele estava sozinho.

    Saiu da casa. Entrou no carro e dirigiu inicialmente sem rumo, mas, no fundo, ele sabia onde iria...

    Dirigindo

    As montanhas ladeavam a rodovia enquanto ele dirigia distraído com a fiação das linhas de alta tensão nos postes, trio de fios equidistantes distribuídos horizontalmente e que formavam parábolas a cada intervalo entre postes, onde prendiam-se em pinos de fixação que garantiam a distância antes eles e como pinos de alpinista os suportavam ao lançar-los em direção ao próximo poste. Então rejeitou aquele passatempo tão mórbido e entregou-se às lembranças de infância.

    Seu pai parecia estar ainda lhe falando:

    - Para de bisbilhotar, os freis certamente não vão gostar de um menino fuçando nas coisas deles.

    José estava com a garrafa de café na mão, que levou para seu pai no mosteiro. Ele era pedreiro e começou a prestar serviços de manutenção ao prédio naquela primavera.

    - Pai eu estava só vendo...

    Atrás de si estava a imagem gigante de Jesus, no centro do Jardim que o menino admirava ao invés levar o café para seu pai. Diversos canteiros separados por caminhos com variedades de flores multicoloridas fascinavam o rapaz que aprenderá com a mãe, descendente de alemães, o amor pela beleza dos jardins.

    - Agora pegue sua bicicleta e volte direto para casa.

    O velho era um pé no saco as vezes, mas ele sentia falta dele... Queria poder conversar com ele sobre a perda de sua esposa. Seu pai depois que parou de trabalhar gostava de ver filmes, enquanto esperava pelos fregueses em seu pequeno botequim.

    - Sabe filho. Faz anos que sua falecida mãe (que Deus a tenha) morreu. Então vi um filme é neste filme o velho fala para o filho dele que ele deveria continuar tocando a vida do mesmo jeito que tocava enquanto ela estava viva... Acho que isso está bem certo. É o que estou tentando fazer.

    José só queria perguntar ao pai como diabos ele conseguia fazer isso?

    Estava agora, no presente, em seu carro voltando para casa... Por que o fazia? Não saberia responder. Talvez para tentar captar algo, refazer algum fio rompido, estabelecer algum novo vínculo um elo que o mantenha estável. Sentir-se solto demais, solitário e sem referência de nada.

    Entrou na rua principal, virou depois da associação de moradores a direita e parou em frente à sua antiga casa. Tudo estava diferente mas a parede e as janelas eram a mesma... A cor havia mudado e o jardim de sua infância secado e morrido. Ficou lá até que o sol subir mais e quando algum movimento na casa o colocou em alerta ligou seu carro e dirigiu até o mercado.

    - Bom dia.

    Um senhor bem velhinho aproximou-se vagarosamente dele, em uma velocidade que quase o enlouqueceu.

    - Bom dia moço... Eu te conheço! Você não é o José filho dos Schimidts? Seu pai era o falecido Antônio e sua mãe a Vera não é?

    O velho sabia das coisas. José fez que sim com a cabeça. Havia um balcão grande e as prateleiras com a mercadoria ficavam atrás do balcão, exceto os produtos de feira que ficavam expostos ao lado da porta e o gorduroso baleiro no canto direito, perto do caixa.

    Ele apoiou os cotovelos naquele balcão como antigamente e olhou distraidamente o que havia para vender... Ferramentas! Um bom começo...

    - Vim aqui passear, relembrar os velhos tempos mas já que estou aqui, queria prestigiar o comércio local. Posso ir ai dentro dar uma olhada nas ferramentas?

    - Claro. - Abriu uma porta que permitia passar para dentro e andar até as prateleira das mercadorias.

    José pegou uma picareta, uma enxada, uma pá, dois formões, um martelo e uma marreta. Também pregos e parafusos e então lembrou que precisava de chaves de fenda e Philips...

    - Vou levar estas aqui. O senhor pode somar?

    - O seu moço vai construir alguma coisa né?

    - Sim. Tenho que juntar alguns pedaços de novo, cavar um pouco e abrir espaço...

    Ele falava mais da sua vida, mas achou que isso seria pessoal demais para falar para alguém que espalharia depois as notícias para todos os que lhe conheciam dos tempos de criança, mas que eram completos estranhos para ele. Perguntava-se o que estava fazendo lá? Que loucura essa de sair dirigindo a esmo para no fim vir parar naquele fim de mundo...

    - Posso perguntar uma coisa? - pagou a conta e como o outro não respondesse nada, continuou:

    - Você tem notícia do mosteiro? Ainda existe?

    - Dos dehonianos? Claro! Não é tão cheio como nos velhos tempos mas ainda existe. Quer visitar alguém?

    - Isso mesmo. Se é que o velho frei Nícolas está vivo ainda.

    - Sabe o caminho ainda?

    - Sei sim! Tenha um bom dia.

    Saiu na direção da sua antiga casa mas passando direto entrou em outra estrada, agora pavimentada com asfalto, que tomou o lugar da antiga cobertura de pedregulho... Escutava as ferramentas deslizando e batendo contra as paredes da carroceria a cada curva que fazia em alta velocidade enquanto alternava entre subidas e declives perigosos.

    Depois de uma curva mais fechada levou um susto que quase o fez perder o controle do carro.

    - Meu Deus tem um corpo estirado no asfalto!

    Havia algo deitado no meio da estrada no seu caminho. Encostou a alguma distância, escolheu entre as ferramentas uma marreta e uma grande chave de fendas e com o coração na mão e andou cautelosamente com medo do que viria a encontrar.

    Nas sombras do passado

    Finalmente chegou perto para ver.

    Era uma onça-parda morta durante a noite. Sentiu-se comovido por encontrar a morte de novo e depois de ficar lá parado por uns dez minutos lembrou que o frei Nícolas tinha uma onça destas empalhada em sua oficina, que depois fora transformado em museu.

    Talvez ele ainda pratique taxidermia e goste deste belo exemplar. Manobrou seu carro de ré próximo ao animal, arrastou as ferramentas para um canto e com muito custo colocou o animal sobre a carroceria.

    Chegou ao mosteiro.

    Saindo do carro fico em pé segurando a porta entreaberta e contemplando o prédio de aspecto europeu, a grande capela que lhe imprimia a parte mais bela da fachada, quinas angulosas e trabalhadas e o desenho caprichoso dos tijolos maciços que formavam mil contornos, nas molduras das janelas e portas, nas fronteiras entre paredes e telhado e ao longo de todo o prédio.

    A nostalgia que a arquitetura parecia expressar em relação a origem dos povos de lá ao construir os prédios e casas parecia-se com a sua repentina saudade em relação à infância e adolescência.

    Passou por muitas coisas ali, buscava agora um reencontro. Queria encontrar seu antigo mentor e preceptor não oficial, o frei Nícolas.

    A porta da capela estava aberta. Descobriu que estava havendo Missa e desistiu de entrar.

    Contornou pela direita até a parte de trás do prédio, parando por alguns instantes a contemplar aquele jardim, imutável como o prédio. Em seu centro a mesma estátua em tamanho real, com seu coração escancarado no peito.

    José tinha oito anos de idade quando esteve pela primeira vez naquele lugar. Seu pai começou a prestar serviços no mosteiro dos irmãos dehoniano (Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus).

    Ele não sabia que o nome deles era este. Aliás não sabia quase nada a respeito deles. A primeira área que explorou foi o jardim. Trata-se de um daqueles jardins todos separados por caminhos que dividia-se em lotes ou canteiros de diferentes flores. Ao centro, em uma espécie de ilha para onde todos os caminhos iam, Se via uma estátua em tamanho natural de Jesus.

    - Estou aqui rapaz! Pare de bisbilhotar por ai.

    Seu pai estava atrás dele. Ele virou-se e saiu sem deixar de dar uma última olhada a figura que apontava para o próprio coração, visível apenas da roupa, externo como se seu tórax houvesse sido aberto para que o coração fosse exposto.

    Entrando na oficina descobriu que de fato virara um museu como alguém lhe contou No balcão um seminarista, incumbido de cuidado do Museu para a visitação dos turistas e moradores que certamente passariam por lá após a capela, olhava-o de forma desconfiada, não deixando de notar a mancha de sangue em sua camisa.

    Ele próprio olhou para a camisa. Não notou que sua camisa havia ficado toda suja com o sangue do animal.

    - Desculpe a minha roupa. Bom dia. Tinha um bicho morto na estrada e parei para tirá-lo de lá e evitar algum acidente.

    - Bom dia senhor. Tudo bem. Gostaria de conhecer nosso museu?

    - Até sim. Mas temo que tenha gastado quase todo o meu dinheiro comprando algumas boas ferramentas e preciso comprar combustível para voltar para casa.

    - Mais uma coisa. O frei Nícolas trabalhava não fina, antes que virasse esse museu. Gostaria de falar com ele...

    - Senhor. Sinto muito informar, mas o frei morreu a vários anos. - É, vamos fazer o seguinte. Pode ficar à vontade e visitar sem lá pagar nada. Vejo que você conhecia o seu criador. - O jovem recepcionista e guia via no rosto de José o espanto e tristeza, misturados a algo de uma consternação que o preocupou. De fato o sangue na roupa do rapaz não ajudava muito.

    - Eu preciso ir resolver um assunto. Fique à vontade.

    O guia liberou a passagem dele na catraca de entrada e saiu apressado pela porta.

    José não deixou de perceber muito do que poderia estar se passando na cabeça do jovem. Uma pessoa transtornada; que acabou de matar alguém chega vem atrás do frei Nícolas, que na sabia estar morto. E se ele quisesse matar mais alguém? Poderia ser um outro frei, por substituição até um seminarista poderia bastar.

    Ele sabia que não isso? Ou era?

    Será que não era verdade que ele, mesmo que de uma forma menos cruenta, matou sua esposa?

    O que queria agora com o frei afinal de contas? Nem ele sabia ao certo. Um reencontro depois de tudo o que aconteceu não poderia acabar mal?

    Ele seria no final das contas um assassino?

    Além do Jardim e do prédio principal o museu (que naquela época era uma espécie de oficina do frei Nícolas) foi o chamou sua atenção de criança. O mais era plantações e mais jardins, agricultura e paisagismo. Mas neste trio residiam o mistério, e espiritualidade e a ciência natural. O conjunto lhe falava de procura, encontro e da realidade a sua volta. Esta última era espalhada e mantida inalterada em sua aparência, por arte do frei Nícolas e da técnica da taxidermia.

    Além de manter a forma externa dos animais com a técnica o frei caçava e colecionava insetos como besouros e borboletas. Possuía livros com catálogos cheios de ilustrações de seres vivos de todos os reinos e continentes.

    Estes livros ele costumava mostrar às crianças que iam visitar o mosteiros nos dias de abertura, acompanhados dos pais, após a saída da Missa.

    Museu agora, era visitado apenas por ele e após todos estes anos.

    José queria que seu antigo mentor pudesse estar mais uma vez com ele, mostrando tudo uma última vez ao menos... Teria lhe dado este gosto, de prometer que seria mantida acesa ao menos esta chama, do gosto pela pela arte e pela ciência, embora tenha deixado se apagar a da vocação à vida religiosa e do sacerdócio. Seu caminho no final das contas era outro, saiu pelo mundo, deixando a cidade, casou-se. Sentia muito agora por não ter vindo ver o amigo enquanto estava vivo.

    Entendeu neste momento como o quarto de sua mulher seria usado.

    Faria sua própria oficina, seu próprio museu. Sua mulher ele não tinha certeza se aprovaria... Mas como ela está morta ele pensou em como tocaria a vida sem ela é as suas antigas memórias lhe levaram ao falecido frei e a sua arte. As suas decisões agora teriam que ser tomadas sem que pudesse consultar a esposa.

    Uma lembrança o forçou a agir. Ele era uma pessoa suspeita. Temia que a polícia entrasse pela porta ou um grupo dos locais com a intenção de detê-lo até que tudo se esclarecesse.

    Em um expositor, estavam as ferramentas de manipulação para taxidermia, separadas por um vidro. Olhou para um lado e outro e as onças, capivaras e cães empalhados não lhe opuseram nenhuma oposição. Pegou um ferro de passar antigo e usou para quebrar a vidraça. Pegou rapidamente os instrumentos e colocou o kit de couro que os guardava antigamente, mas estavam cobertos com os cacos do vidro que quebrou para praticar seu roubo.

    Saiu correndo com os instrumentos apertados contra o peito e as mãos sangrando.

    Ao chegar perto de seu carro um grupo esperava por ele.

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