Passagens
De Elsa Fonseca
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Sobre este e-book
Numa escrita introspetiva, a autora veste a pele dos personagens como sua, percorrendo através da poesia, o mais profundo do ser, levando-nos a uma viagem intensa por entre sentimentos, sonhos, desejos, desilusões e desesperos.
Elsa Fonseca vem através de verso e prosa poética, transmitir mediante a sua sensibilidade, uma visão de passagens da vida comum. Ao longo dos textos encontramos momentos e vivências, criamos empatia com vidas que em tudo se igualam às nossas, somos convidados a encarnar os personagens, levando-nos a um caminho de reflexão e autoconhecimento.
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Passagens - Elsa Fonseca
Agradecimentos
O mundo digital permitiu-me a confiança e força necessária para arrancar com este projeto. Sou grata por todos os que acompanham a minha página e me motivaram a avançar nesta aventura.
Agradeço também, e de forma especial, a todos os que estão desde sempre, ou mais recentemente, presentes na minha vida, são parte integrante da minha construção, trazendo-me ao que sou hoje.
Prefácio
Era professor na Escola Preparatória Sebastião da Gama, em Estremoz, quando conheci a autora. Era ela, por essa altura, uma das minhas alunas. Aquela foi, devo dizê-lo, uma geração fantástica! Com pessoas assim, era tão fácil ser professor...!
Para ser professor, também é preciso ter as mãos purificadas. A toda a hora temos de tocar em flores. A toda a hora a Poesia nos visita.
, dizia Sebastião da Gama, citando Miguel Torga! Com flores
como estas, ao professor bastava apenas não as estragar! Foi o que tentei fazer. Limitei-me a incentivar os meus alunos a darem o melhor de si! Pelos vistos algo consegui!
A melhor prova disso é que, mais de trinta anos depois, a autora me pediu para escrever o prefácio da sua primeira publicação! Haverá melhor homenagem ao trabalho do professor (tantas vezes minimizado pelo poder institucional)?
A sensibilidade de que a autora desde muito cedo deu provas, revela-se aqui em toda a sua plenitude! Nada fiz de especial, mas a autora demonstrou, ao fazer-me este convite, que é de pequenos nadas
que a Humanidade faz grandes avanços! Citando novamente Sebastião: Pois se eu andasse zangado com a Vida, que não ando (…)
só este gesto bastaria para me reconciliar com ela
!
Resta-me destacar a coragem da autora para expor a sua interioridade e submeter-se, assim, à crítica dos potenciais leitores! Esta aparente vulnerabilidade é, também, a melhor prova da sua força! De outro modo, não poderia haver Poesia!
Joaquim Xarepe
A vida é feita de passagens, momentos soltos…
Estranhos que se cruzam, solitários ou não…
Percorrem caminhos distintos, deambulam nos seus dias…
Constroem-se de memórias que lhe revestem o sentido…
Perdem-se, encontram-se, na busca de um destino comum…
Meras passagens de um tempo que já foi e do que virá…
Anjo da Guarda
Partiste num dia de inverno
Sem um beijo me deixar
A vida perdeu a cor
Deixaste-me a chorar
E sem aviso fugiste
Não havia previsão
O dia chorou-te a sorte
Levaste-me o coração
Eras anjo que me abraçava
Que me guiava os passos
Eu criança tão pequena
Não te adivinhava o cansaço
Sinto-te hoje junto a mim
Tens a minha admiração
Orientas o meu caminho
Vives no meu coração
Proscrito
Na penumbra da noite percorre caminhos outrora trilhados, desejos perdidos, sonhos quebrados... Sem rumo ou norte, não crê no destino, faz as suas escolhas, prossegue sozinho... Negras como a noite, são as suas sombras, não sabe onde ir, nem onde se encontra... Perdido no escuro, não encontra o sentido, caminha vencido, prossegue sozinho... Encontra coragem, nos vícios da noite, prossegue sozinho, há muito esquecido... As dores são reais, a alma já sangra, não tem quem o guie, não crê na bonança... Perdeu-se num tempo, em que era criança, faltou-lhe o abrigo, faltou a esperança... O dia amanhece, aclara-lhe a mente, continua sozinho e a alma descrente...
Tempo final
Guardava na caixa de papel as lembranças dos