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Poemas de muitas faces
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E-book97 páginas31 minutos

Poemas de muitas faces

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Sobre este e-book

Poemas de muitas faces, da autora pernambucana Aléxia Moura, é uma obra que pulsa intensa e nos põe a refletir profundamente. Dividido em três blocos, o livro desenha um julgamento aparentemente insólito na primeira parte, um leque de cenários poéticos e mais introspectivos na segunda, e um universo de gentes, terra, lida, suor e histórias na última parte. Mas o que de fato se pronuncia a todo tempo é a pergunta: quem tem direito à palavra? Palavra de cidadão, palavra de poesia, palavra íntima, palavra pública, palavra por direito e por justiça. Guardando referências a João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna (mas também a outros autores extraordinários), a escrita de Aléxia é cadência bonita de ritmo e sonoridades, que nos transporta para uma espécie de teatro de grande crítica social. O que está em jogo é o corpo-indivíduo que ocupa ruas, calçadas e varandas, podendo de fato ocupar qualquer canto da sociedade. Esse indivíduo se identifica com outros; todos reivindicando voz, memória e uma janela para observar o mundo, que pode caber na poeira do sertão e na imensidão dos olhos de quem verseja.
  
SOBRE A AUTORA
"Levo comigo um pouco de tudo que li e de todos os grandes autores que já admirei, desde que me encantei pelos livros, aos nove anos. Ao descobrir a biblioteca da escola, comecei a ler por amor, incentivada por minha mãe e, por uma grata coincidência, logo me apaixonei pela mesma obra que ela, dentre os clássicos de Machado: O Alienista. Depois disso, comecei a escrever em casa, e de frase em frase esbarrei nos versos. Aos 11 anos, venci meu primeiro concurso literário, com poesia, e nunca mais parei de escrever. Sou pernambucana de Serra Talhada, tenho 26 anos, sou advogada, especialista em ciências criminais, e bancária. Mas é na escrita que me encontro. Em 2019, o destino felizmente fez com que encontrasse a Absurtos, e publicasse, apenas pela segunda vez, um poema em antologia nacional. De lá pra cá foram mais três participações, e agora a realização de um sonho, concretizado em folhas e tinta. Meu sonho tem cheiro de livro!"
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de dez. de 2021
ISBN9786586410341
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    Poemas de muitas faces - Aléxia Moura

    Insuspeito

    Página de jornal – um verso foi furtado

    Não há o que tome o seu lugar

    Vai o pobre furtado verso

    Com ele Jairo, sem fala, o tipógrafo

    Jairo, o sem beira nem lar

    Suspendam o ato

    Extra, extra! Que paire no ar

    Você com a maleta parda

    Aonde pensa que vai com essa palavra?

    Ora, larguem. Ora, larguem

    Quem se queixa?

    Ouçam, ouçam!

    Ela é minha, a palavra

    Ora, vejam, se a subjuguei

    Aos ares plúmbeos das minhas quimeras!

    Página de jornal – um verso foi furtado

    Não há o que tome o seu lugar

    Vai o pobre furtado verso

    Com ele Jairo, sem fala, o tipógrafo

    Jairo, o sem beira nem lar

    Quem me dera, quem me dera

    Fosse outro o existir mesmo que tenho

    E não fosse o silêncio tão ferrenho

    Ainda outro o pecado, que não ela

    PARTE 1

    O Julgamento de Jairo

    Decerto recordam que Jairo

    Em meados daquele dia

    Foi flagrado e consigo trazia

    Palavra de que não era dono

    Posto o enfado pelo qual me tomem

    Nem precisarei dizer que este homem

    Não passa de um gatuno medonho

    E como bem devem saber

    Manda a etiqueta desta capital

    Que de cada capa de jornal

    Metade bajule o sangue nobre

    E a outra metade julgue esta ala pobre

    Que, a não me falhar a memória

    Devo ter dito ao começo da história

    Batizaram marginal

    Queridos amigos

    Cidadãos de bem

    Acaso me digam quem tem

    Deste um qualquer defesa

    Eu por mim pulo a janta e a sobremesa

    Será tirar as algemas dos pulsos

    E pedir deste Jairo a cabeça

    Ouçam, ouçam! Vejo um braço

    Por acaso

    Este moço, todo em requinte, pomposo

    Quer endossar minha fala?

    Mas que é disto? E quem me cala?

    Quem vos deu tal incumbência?

    Excelência!

    Um favor, digo a vocês

    Eu não entendo de leis

    Eu só entendo de prensa

    E disse a Jairo que compensa, desde logo, perder sangue

    Por ver a ferida estanque

    Esta lepra que nos fere, qual larva

    E direi que a palavra, quem deu a Jairo fui eu!

    Eu quem a prometeu

    Eu quem o disse: leva! Semeia e verás, qual erva

    É palavra em solo firme

    Sendo assim não vejo o crime

    Que vos ocupou a tarde

    Não passa de outro alarde

    Que se puna quem mereça

    Querem com isso é que se esqueça

    Da fome, da desonesta sede

    Pela qual o homem com capital

    Aquela capa de jornal

    Joga um Jairo na cadeia

    Com uma mão e com a outra

    Ceia

    Ateando os farelos para debaixo do tapete

    Protesto, protesto

    Excelência!

    Protesto perante a audiência!

    Posto não ser permitido

    A falar tal cidadão

    Achegado à

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