Com sentidos
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Sobre este e-book
Desta forma, é convidado continuamente a procurar as intenções das palavras, as interpretações ocultas, ou os sentires disfarçados e multi-interpretativos, na tentativa de compreensão de diversos estados, dos mais eufóricos aos mais erosivos ou corrosivos. Este repto começa, desde logo, na leitura do título que despoleta no leitor uma diversidade de questões, mesmo antes deste se aventurar na leitura. Neste caos de experiências pessoais e neste universo de equilíbrios instáveis, uma leitura atenta de Com Sentidos irá, com certeza, deixar no leitor uma marca emotiva ou algum tipo de reação, concordante ou discordante.
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Poesia para você
meu corpo minha casa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pra Você Que Sente Demais Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Se você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Alguma poesia Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poesias para me sentir viva Nota: 4 de 5 estrelas4/5Tudo Nela Brilha E Queima Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poemas selecionados Nota: 5 de 5 estrelas5/5o que o sol faz com as flores Nota: 4 de 5 estrelas4/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 5 de 5 estrelas5/5O amor vem depois Nota: 4 de 5 estrelas4/5Aristóteles: Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5Melhores Poemas Cecília Meireles (Pocket) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLaços Nota: 5 de 5 estrelas5/5Emily Dickinson: Poemas de Amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Para não desistir do amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Autoconhecimento em Forma de Poemas: Volume 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA flauta e a lua: Poemas de Rumi Nota: 1 de 5 estrelas1/5Antologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5A amplitude de um coração que bate pelo mundo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ebó pra Oxum na Mata Atlântica Nota: 3 de 5 estrelas3/5As palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bukowski essencial: poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5
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Com sentidos - J. R. Saramago
Agradecimentos
À Maria do Céu que sustém a obra que alimenta a inquietação…
Sem ela nada existiria, tudo acontece…
À Dolores guardiã da palavra, do saber e da amizade...
Prefácio
Nesta viagem, em que a inocência virgem da primeira experiência literária se foi fundindo com uma expressão emocional amadurecida, o autor expõe-se, de novo, de uma forma despudorada e ausente de qualquer autocensura.
A uma amálgama de sentimentos, junta-se a necessidade incontrolável de converter em palavras turbilhões de sensações, resultantes de muitas condicionantes: envelhecimento, paixão, desencanto, pandemia, crise migratória e guerra, entre outras temáticas.
Desta necessidade compulsiva de …libertar o seu fingir nas palavras que lhe nascem entre os dedos…
o poema Ser poeta é acaba por resultar uma tentativa de escrita introspetiva e atenta aos problemas transversais da sociedade e do mundo.
De mim
Acordar
Veste-se a razão
De negro luto
Bastarda é a alegria da momice
Ocultas verdades se levantam
De vergastas loucas da sandice
De novo nos vergam a vontade
Justificado medo se liberta
Da nova ordem que renasce
Da vida menor que se acerca
Vi serras verdes, mares azuis
Vi terra lavrada pelas mãos
Pão que crescia gentilmente
Sonhos feitos de lutas e de nãos
Agora, sem saber o que há-de vir
Me ordenam ruminação e sensatez
Mas se de novo me acordo
Que seja bruto desta vez!
Adamastor
De que me serve o mar inútil
Se de tanta lonjura não alcanço
De que me serve o azul inútil
Se não me canso
Deste mar que ao céu roubou
De que me serve
Tamanhas vagas de sal e dor
Se dentro de mim não balanço
Igual vontade
Adamastor
As palavras do meu livro
As palavras do meu livro
Não são números
Nem velhos moribundos
De lares sem lei
As palavras do meu livro
Tem corpo intemporal
Tem alma vertical
Mesmo para quem acredita
As palavras do meu livro
Nasceram cúmplices de insónias
De vagos despertares de violência
De pasmos dormentes de apatia
As palavras do meu livro
São irmãs da inquietação
Mães de sorrisos impartíveis
Filhas de dores e de silêncios
As palavras do meu livro
Deitam-se comigo na cama
Beijam-me por dentro
E deixam-me só
Em cada hora da noite
Em cada tempo não vivido
As palavras do meu livro
Não são minhas
São de Pessoa ou de Brel
De Bakunin ou Saramago
De Sophia ou de ti
As palavras do meu livro
Não são
Nem nunca foram minhas
Existem em ti
Serão, ternamente, sempre tuas
Asas
Se me desses os teus olhos
Gaivota de voo perdido
Abismo de céu e mar
Poderia ver Lisboa
Poderia ver o Tejo
Perdido no teu voar
Se me desses tuas asas
Brancas ondas deste cais
Levaria pra bem longe
Esta dor, esta saudade
Nascida nos vendavais
Se me desses o coração
Livre vento deste sal
Faria de cada pena
Desta praia bem pequena
Vontade de Portugal
Sei bem que foi ilusão
Perdida no meu amar
Vontade de pena louca
Deste fado de voz rouca
Desta razão sempre pouca
Não saber o que é voar
Azul
Do velho cancioneiro
A canção de embalar
De velhos cantares
Tristes, solitários
Este azul de luz imensa
Que se esconde em nuvens
De aves solidárias
Danças certas
Em voos incertos
Irmãs senhoras
Do espaço inteiro
Que na sua liberdade incontida
Tristes solitárias gritam
De tanto azul
Fosse eu
Um gesto de adeus
Que na mão parada
Se fez silêncio
E neste espaço imenso
Que enche o grito
Todo o azul caberia
Burro de nascença
Quando escrevo aquilo que quero
Alguém sempre me dizia
Está tudo mal, está errado
A sintaxe, a ortografia
A concordância, o sentido
A metáfora, a ironia
Se escrevo tudo o que penso
Ou mesmo se o digo
Não faltam os corretores
Alertando para o perigo
São doutores e engenheiros
Eruditos, veterinários
É absurdo, é utópico,
Pensamentos visionários
Já sou parvo de nascença
Vou-me rindo como os