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Com sentidos
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E-book228 páginas47 minutos

Com sentidos

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Sobre este e-book

Nesta aventura pelo íntimo do autor, o leitor assume a condição de companheiro de viagem, sendo quase praticamente obrigado a repartir-se pelos seus diversos estados de alma, tornando-se em cada momento solidário, apoiante, compreensivo, ou crítico discordante ativo num universo de reações que podem ir do humor ao desespero.
Desta forma, é convidado continuamente a procurar as intenções das palavras, as interpretações ocultas, ou os sentires disfarçados e multi-interpretativos, na tentativa de compreensão de diversos estados, dos mais eufóricos aos mais erosivos ou corrosivos. Este repto começa, desde logo, na leitura do título que despoleta no leitor uma diversidade de questões, mesmo antes deste se aventurar na leitura. Neste caos de experiências pessoais e neste universo de equilíbrios instáveis, uma leitura atenta de Com Sentidos irá, com certeza, deixar no leitor uma marca emotiva ou algum tipo de reação, concordante ou discordante.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de jun. de 2023
ISBN9789895720125
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    Com sentidos - J. R. Saramago

    Agradecimentos

    À Maria do Céu que sustém a obra que alimenta a inquietação…

    Sem ela nada existiria, tudo acontece…

    À Dolores guardiã da palavra, do saber e da amizade...

    Prefácio

    Nesta viagem, em que a inocência virgem da primeira experiência literária se foi fundindo com uma expressão emocional amadurecida, o autor expõe-se, de novo, de uma forma despudorada e ausente de qualquer autocensura.

    A uma amálgama de sentimentos, junta-se a necessidade incontrolável de converter em palavras turbilhões de sensações, resultantes de muitas condicionantes: envelhecimento, paixão, desencanto, pandemia, crise migratória e guerra, entre outras temáticas.

    Desta necessidade compulsiva de …libertar o seu fingir nas palavras que lhe nascem entre os dedos… o poema Ser poeta é acaba por resultar uma tentativa de escrita introspetiva e atenta aos problemas transversais da sociedade e do mundo.

    De mim

    Acordar

    Veste-se a razão

    De negro luto

    Bastarda é a alegria da momice

    Ocultas verdades se levantam

    De vergastas loucas da sandice

    De novo nos vergam a vontade

    Justificado medo se liberta

    Da nova ordem que renasce

    Da vida menor que se acerca

    Vi serras verdes, mares azuis

    Vi terra lavrada pelas mãos

    Pão que crescia gentilmente

    Sonhos feitos de lutas e de nãos

    Agora, sem saber o que há-de vir

    Me ordenam ruminação e sensatez

    Mas se de novo me acordo

    Que seja bruto desta vez!

    Adamastor

    De que me serve o mar inútil

    Se de tanta lonjura não alcanço

    De que me serve o azul inútil

    Se não me canso

    Deste mar que ao céu roubou

    De que me serve

    Tamanhas vagas de sal e dor

    Se dentro de mim não balanço

    Igual vontade

    Adamastor

    As palavras do meu livro

    As palavras do meu livro

    Não são números

    Nem velhos moribundos

    De lares sem lei

    As palavras do meu livro

    Tem corpo intemporal

    Tem alma vertical

    Mesmo para quem acredita

    As palavras do meu livro

    Nasceram cúmplices de insónias

    De vagos despertares de violência

    De pasmos dormentes de apatia

    As palavras do meu livro

    São irmãs da inquietação

    Mães de sorrisos impartíveis

    Filhas de dores e de silêncios

    As palavras do meu livro

    Deitam-se comigo na cama

    Beijam-me por dentro

    E deixam-me só

    Em cada hora da noite

    Em cada tempo não vivido

    As palavras do meu livro

    Não são minhas

    São de Pessoa ou de Brel

    De Bakunin ou Saramago

    De Sophia ou de ti

    As palavras do meu livro

    Não são

    Nem nunca foram minhas

    Existem em ti

    Serão, ternamente, sempre tuas

    Asas

    Se me desses os teus olhos

    Gaivota de voo perdido

    Abismo de céu e mar

    Poderia ver Lisboa

    Poderia ver o Tejo

    Perdido no teu voar

    Se me desses tuas asas

    Brancas ondas deste cais

    Levaria pra bem longe

    Esta dor, esta saudade

    Nascida nos vendavais

    Se me desses o coração

    Livre vento deste sal

    Faria de cada pena

    Desta praia bem pequena

    Vontade de Portugal

    Sei bem que foi ilusão

    Perdida no meu amar

    Vontade de pena louca

    Deste fado de voz rouca

    Desta razão sempre pouca

    Não saber o que é voar

    Azul

    Do velho cancioneiro

    A canção de embalar

    De velhos cantares

    Tristes, solitários

    Este azul de luz imensa

    Que se esconde em nuvens

    De aves solidárias

    Danças certas

    Em voos incertos

    Irmãs senhoras

    Do espaço inteiro

    Que na sua liberdade incontida

    Tristes solitárias gritam

    De tanto azul

    Fosse eu

    Um gesto de adeus

    Que na mão parada

    Se fez silêncio

    E neste espaço imenso

    Que enche o grito

    Todo o azul caberia

    Burro de nascença

    Quando escrevo aquilo que quero

    Alguém sempre me dizia

    Está tudo mal, está errado

    A sintaxe, a ortografia

    A concordância, o sentido

    A metáfora, a ironia

    Se escrevo tudo o que penso

    Ou mesmo se o digo

    Não faltam os corretores

    Alertando para o perigo

    São doutores e engenheiros

    Eruditos, veterinários

    É absurdo, é utópico,

    Pensamentos visionários

    Já sou parvo de nascença

    Vou-me rindo como os

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