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Novelas de Faroeste 5: Volume V
Novelas de Faroeste 5: Volume V
Novelas de Faroeste 5: Volume V
E-book307 páginas3 horas

Novelas de Faroeste 5: Volume V

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Sobre este e-book

No Velho e Selvagem Oeste, o saloon era o local mais movimentado e frequentado da cidade. Ali aconteciam shows, dança, jogo e muitas brigas. Ali se encontravam mocinhos e bandidos, pistoleiros e desafiantes, mulheres bonitas e perigosas. A maior parte das histórias de faroeste passava por ele. Dos ambientes mais simples e rudes aos mais sofisticados, todos, indistintamente acolhiam moradores e forasteiros, cada um com sua história, cada um com seu destino.Famosos pistoleiros criaram fama nesse local. Outros ali encontraram a morte, na boca esfumaçada de um Colt. A fumaça da pólvora negra era o manto lúgubre que cobria mais um morto. Um punhado de serragem era jogado sobre a poça de sangue. Uma rodada gratuita de uísque barato era servida e minutos depois ninguém mais se lembrava do ocorrido.Afinal, o Oeste era mesmo um lugar selvagem e as Novelas de Faroeste mostram isso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526053145
Novelas de Faroeste 5: Volume V

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    Novelas de Faroeste 5 - L P Baçan

    Novelas de Faroeste

    Volume V

    L P Baçan

    Copyright © 2022 L P Baçan

    Todos os direitos reservados. Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido ou usado de qualquer outra forma nem divulgado sem a expressa autorização do autor, exceto o uso de partes para referência ou comentários.

    2022

    Conteúdo

    Novelas de Faroeste

    O Velho e Selvagem Oeste

    Rio da Discórdia

    Sangue no Oeste

    Terra da Discórdia

    Coleção Novelas de Faroeste

    L P Baçan

    saloon.jpg

    O Velho e Selvagem Oeste

    No Velho e Selvagem Oeste, o saloon era o local mais movimentado e frequentado da cidade. Ali aconteciam shows, dança, jogo e muitas brigas. Ali se encontravam mocinhos e bandidos, pistoleiros e desafiantes, mulheres bonitas e perigosas. A maior parte das histórias de faroeste passava por ele. Dos ambientes mais simples e rudes aos mais sofisticados, todos, indistintamente acolhiam moradores e forasteiros, cada um com sua história, cada um com seu destino.

    Famosos pistoleiros criaram fama nesse local. Outros ali encontraram a morte, na boca esfumaçada de um Colt. A fumaça da pólvora negra era o manto lúgubre que cobria mais um morto. Um punhado de serragem era jogado sobre a poça de sangue. Uma rodada gratuita de uísque barato era servida e minutos depois ninguém mais se lembrava do ocorrido.

    Afinal, o Oeste era mesmo um lugar selvagem e as Novelas de Faroeste mostram isso.

    Rio da Discórdia

    001.jpg

    Dois homens caminhavam pela rua principal de New Rockford, em Dakota do Norte. Passava um pouco do meio-dia e não havia sombras, apenas aquele calor intenso de junho.

    A rua estava vazia, mas, por trás das janelas e portas, todos acompanhavam aquela caminhada.

    Os dois estavam armados. Um era um velho e o outro, apenas um rapazola. As armas estavam soltas nos coldres, prontas para serem sacadas.

    Seus olhos estavam fixos no saloon, diante do qual alguns homens os observavam.

    — Lá estão eles, pai — disse Billy Colman.

    — Sim, já os vejo. Não estou cego assim, filho — respondeu o velho Slim Colman.

    Retardaram um pouco o passo, analisando suas possibilidades. Eram três homens, todos pistoleiros do pior tipo, a serviço de Jim Wallace, o mais poderoso rancheiro da região.

    Os três homens saíram lentamente para a rua, ajeitando os chapéus sobre a cabeça, liberando os revólveres nos coldres. Seus olhares frios e cruéis se fixaram nos dois oponentes que vinham ao encontro deles.

    — Saíam da frente — gritou o velho. — Queremos falar com Jim Wallace.

    — Então porque vêm tão armados assim? — retrucou um dos pistoleiros.

    — Queremos estudar uma forma de resolver a questão — falou Billy.

    — Cale-se, garota! A conversa ainda não chegou em você — falou Billy.

    — Billy é igualmente dono das terras e tem direito de ser ouvido — ponderou o velho.

    — Na verdade mesmo, vocês já falaram demais. Já ofenderam o Sr. Wallace e nada há mais a ser discutido. Puseram cercas nas nascentes do rio mas nós as tiramos. E isso vai acontecer de novo se insistirem em manter as nascentes só para vocês.

    — Estou protegendo as nascentes. O gado de Jim Wallace pode beber mais abaixo, onde o rio encorpa e as margens são raras. Nas nascentes eles sujam as águas e destroem a vegetação. Em breve não haverá água para ninguém, é o que digo — falou o velho.

    — Não seja tolo, velho! Aquelas nascentes estão lá há muito tempo...

    — Mas o gado de Wallace irá acabar com elas, se eu não cuidar. As terras são minhas, o gado pode beber mais abaixo. Vou voltar a cercar o local e pôr vigias lá. Se alguém se aproximar, será morto.

    A porta do saloon se abriu e um homem gordo e alto surgiu, acendendo um charuto. Usava terno elegante, bem cortado e não portava armas.

    Desceu até a rua, os dedos polegares metidos nos bolinhos do colete, baforando seu charuto. Parou diante dos dois, encarando-os. Tirou o charuto da boca.

    — É um velho burro, Slim. Tem mais terras do que pode cuidar e ainda se arvora em protetor das nascentes do rio. Ouça a minha oferta: dez mil dólares pelas suas terras, como estão. Porteira fechada! É minha última oferta.

    — Sabe o que pode fazer com sua oferta, não? — falou Billy, demonstrando irritação.

    — O que faço em minhas terras é problema meu — ajuntou o velho Colman. — As nascentes estão em minhas terras...

    — Tenho um pasto ao lado — cortou-o Wallace.

    — Mas tem outro, maior, rio abaixo. Leve seu gado para lá.

    — E perder as terras ao lado das suas? Nunca!

    — Então não pode querer invadir meu rancho.

    Wallace se aproximou ainda mais, soltando fumaça na cara do velho Colman.

    — Não seja idiota — disse, entredentes. — Posso fazer o que quiser aqui. O prefeito é meu irmão, o juiz é meu primo e o xerife é meu sobrinho. O que mais preciso para convencê-lo?

    — Não me convencerá. Recorrerei ao Juiz Federal, em Bismarck. Ele haverá de fazer justiça — ponderou Colman.

    Wallace olhou-o nos olhos, fuzilando-o.

    — É um homem morto, Slim!

    — Não sacarei contra seus homens. A cidade toda está acompanhando.

    — Melhor ainda. Mato-o como dois cães sarnentos, depois mando executar a hipoteca. Já se esqueceu que o presidente do banco é meu tio? — ironizou Wallace, começando a rir.

    Afastou-se. Os três pistoleiros encaravam os dois rancheiros. Billy olhou para o pai. Sabia que não tinham chance.

    — Pai! — exclamou o garoto.

    — Se vão nos matar, filho, que seja do modo deles — disse o velho, virando as costas para os pistoleiros.

    — Tem certeza, pai? — indagou o jovem, virando lentamente as costas também.

    — Eles conhecerão a justiça, filho — afirmou o velho, começando a se afastar.

    — Saquem suas armas! — berrou um dos pistoleiros, disparando entre pai e filho.

    A bala zuniu entre os dois, que pararam por instantes, depois continuaram caminhando.

    — Parem, eu disse! — insistiu o pistoleiro, disparando para o chão.

    A bala fez levantar uma pequena nuvem de pó na rua, rapidamente desfeita pela brisa quente do meio-dia.

    Outro tiro soou. O velho Colman, atingindo na coxa direita, cambaleou e caiu na poeira.

    — Malditos! — berrou Billy, enraivecido, sacando a arma com extrema rapidez.

    Os três pistoleiros, porém, já tinham suas armas nas mãos. As balas partiram quase que ao mesmo tempo. O corpo do rapaz foi jogado para trás.

    Caiu na poeira. Uma poça de sangue começou a se formar ao lado do corpo. A terra seca foi absorvendo, bebendo a vida que se esvaía do corpo do rapaz.

    — Billy! — gritou o velho Colman, ao ver o filho estrebuchando na poeira.

    Levou a mão ao Colt, mas jamais poderia se igualar em rapidez aos pistoleiros que o vigiavam.

    Nova saraivada de balas prostrou o velho ao lado do corpo do filho, as mãos apertando o peito ferido, o revólver ainda no coldre, assim como o de Billy.

    — Bom trabalho, rapazes! — elogiou Wallace. — Bebidas por minha conta.

    Os pistoleiros foram recarregando suas armas, enquanto subiam os degraus para o saloon.

    O papa-defuntos correu pela rua, com sua fita métrica e seu trabalho macabro a ser feito.

    0intervalo.gif

    A leste de Rapid City, nos pântanos, um homem se misturava à vegetação, olhos fixos na cabana logo adiante, imóvel como um lagarto prestes a dar o bote.

    Seus olhos investigavam os movimentos no interior da cabana. Cinzas, eles refletiam tetricamente as cores rubras do pôr-do-sol.

    Os dois fugitivos estavam lá dentro. Vinham de uma série de roubos a banco em Dakota do Sul, agora, para o Wyoming, na expectativa de fugir aos xerifes locais.

    Ele, porém, era um delegado federal e, como tal, tinha autonomia em todos os Estados. Os índios o haviam apelidado de Olhos Cinzentos. Seus amigos o conheciam como Delegado Peter Olhos Cinzentos, o homem que nunca falhava.

    Os dois fugitivos eram procurados vivos ou mortos. Para Peter Olhos Cinzentos isso não fazia a menor diferença. Levá-los vivos ou mortos era apenas uma questão de oportunidade.

    Engatilhou sem pressa sua Winchester, jogando uma bala de quarenta e cinco na agulha. Apontou para a janela. Podia matar um deles, se quisesse, mas sempre dava uma última chance.

    — Bob e Ed Freeman! — gritou ele. — Estão cercados. Saíam com as mãos para cima e serão levados a um julgamento justos, antes de serem enforcados.

    Em resposta, as duas janelas da cabana foram fechadas violentamente. Peter continuou imóvel, misturado à vegetação. A porta da cabana se entreabriu. Alguém descarregou um Colt, disparando em todas as direções.

    O homem da lei continuou imóvel. Já sondara o ambiente. Só havia aquela porta na cabana, as duas janelas e janelas laterais. Por onde saíssem, seriam alvos fáceis.

    Os cavalos estavam num curral a uns dez metros da casa. Ambos estavam sem arreios. Não havia como os dois fugitivos pudessem correr para apanhar os cavalos, sem serem abatidos.

    As duas janelas foram entreabertas. Os homens lá dentro sondavam o pântano diante deles, procurando. O sol se punha pouco a pouco. Confiavam na escuridão para uma fuga.

    Peter Olhos Cinzentos não se preocupava com isso. Havia previsto esta situação. Naquela noite, a lua surgiria rapidamente, tão logo escurecesse.

    Uma lua cheia e generosa, capaz de dar-lhe a luminosidade que precisava, embora não precisasse de muita claridade. Não era a toa que seu apelido era Olhos Cinzentos.

    — Quem é você? — gritaram lá de dentro da cabana.

    Ele não respondeu. Era um velho truque. Se respondesse, eles atirariam na direção do som de sua voz.

    Ao invés disso, moveu-se um pouco mais para a direita, obtendo uma perfeita visão da janela entreaberta. Podia ver o chapéu do homem lá dentro.

    Mirou um pouco abaixo da aba. Apertou o gatilho e girou o corpo para o lado. Da velha cabana veio um grito e um tiro. Um dos fugitivos recebera um tiro na cabeça. O outro disparara, mirando na fumaça produzida pela Winchester do homem da lei.

    — Maldito seja você! Matou meu irmão! — berrou o homem lá dentro, furioso.

    — Olhos Cinzentos! — respondeu ele, simplesmente, girando o corpo novamente.

    — Maldito federal! Você de novo! — gritou o outro, saindo à janela e disparando toda a carga de seu Colt.

    Quando o revólver ficou sem munição, ele sacou outra arma, continuando a disparar. Peter fez a mira cuidadosamente. Apertou o gatilho.

    O rosto do fugitivo simplesmente sumiu, quando a bala o atingiu no nariz, afundando tudo para dentro.

    Um silêncio de morte pairou sobre o pântano. As aves se acalmaram em seus ninhos. Anoitecia rapidamente. Peter foi selas os cavalos dos mortos. Queria pernoitar em Wall, onde deixaria os mortos e telegrafaria para Bismarck, informando do sucesso de sua missão.

    Precisava, agora, de um descanso. Nos últimos anos havia percorrido aqueles territórios de um canto a outro, à caça de fora-da-lei.

    0intervalo.gif

    A freira caminhava solenemente na frente de Lucille Wallace. Ambas percorriam os austeros corredores do Notre Dame, o colégio feminino mais famoso de Boston, deixando a ela das internas e rumando para o setor da administração, após as salas de aula, vazias durante o verão.

    Como interna, Lucille ainda tinha uma série de atividades extra-curriculares para desenvolver. Por isso não entendia a razão daquela convocação à sala da diretora.

    — Irmã Marrie, o que ela quer comigo? — indagou.

    — Silêncio, Lucille. Ela mesma lhe dirá — respondeu severamente a freira.

    A garota respirou fundo e pensou em alguma travessura que pudesse ter feito para merecer uma reprimenda.

    Nada havia nesse sentido. Nos últimos meses tinha se comportado bem. Quando completara dezoito anos, decidira que era hora de deixar de ser criança e assumir as responsabilidades da vida adulta.

    Estudar era seu prazer, muito embora as coisas da terra lhe fossem mais cara. Tinha saudade de New Rockford, de sua infância no rancho do pai.

    À medida que crescia, seu pai fora se tornando mais poderoso, comprando mais terras, até se tornar um dos maiores rancheiros de todo o território.

    Ele e sua mãe decidiram que ela deveria se instruir, por isso fora mandada para Boston, para se educar.

    A viagem era demorada e extenuante, por isso raramente ela os visitava. Apenas se correspondiam raramente, pois sua mãe era agora uma mulher doente e seu pai, muito ocupado.

    — Por aqui, Lucille — indicou a freira.

    Entraram na sala da diretora do colégio. Lucille a cumprimentou. Ao lado dela estava a Irmã Shelby, a enfermeira-chefe da escola. Lucille estranhou isso.

    — Sente-se, Lucille — ordenou a Madre Superiora, detrás de sua escrivaninha.

    A garota a obedeceu, apreensiva.

    — O que houve, irmã? — indagou a jovem.

    — Lucille, os desígnios de Deus estão além de nossas forças e de nosso controle — começou a Madre. — Todos tem seu destino e sua hora, por isso...

    — Minha mãe? — indagou a garota, cheia de suspeita.

    — Você tem que ser forte — disse a Madre.

    — Mamãe! — exclamou ela, aturdida.

    A enfermeira-chefe a amparou. Lucille conteve as lágrimas e a emoção. Era uma mulher do oeste e aprendera a controlar-se.

    — Seu pai nos escreveu contando sobre a morte de sua mãe. Foi uma morte tranqüila, ela não sofreu. Ele deseja que você retorne ao rancho por algum tempo.

    — Pobre papai! — exclamou ela, imaginando como seria voltar àquela terra após tanto tempo.

    O que poderia ter mudado por lá? O mesmo clima seco, a mesma cidade, o mesmo rancho, tudo teria mudado por lá?

    — Quando poderei partir? — indagou ela.

    — Será uma longa viagem, querida. Partirá em dois dias. Tudo está sendo providenciado.

    Enquanto retornava ao seu quarto, Lucille lamentava por sua mãe, mas imaginava o que a esperava na volta a sua terra. As planícies, o rio, as amigas de infância, possivelmente já casadas e com filhos.

    Alegrou-a, principalmente, a sensação de liberdade que teria lá, longe dos controles e da clausura do colégio.

    Contou a sua amiga de quarto, Samantha River, sobre o que acontecera.

    — Eu sinto muito por sua mãe. Lucille — disse a amiga. — Mas a invejo por poder voltar para aquela terra maravilhosa. Verões quentes, ardentes, invernos gelados, estações bem definidas numa paisagem de liberdade, sem este cheiro de decadência que há em Boston, esta prisão que é o colégio...

    — Samantha, por que não vem comigo? — convidou Lucille. — É férias de verão e somente em agosto você precisará estar de volta aqui.

    — Não, não posso. Meus pais, na Califórnia, me matariam se soubessem. Vá você, minha amiga, e aproveite a oportunidade. Vê se encontra um vaqueiro daqueles bem machões para você e fica por lá mesmo.

    — Ora, Sam! — protestou ela.

    Deitou-se em sua cama. Cobriu o rosto com as mãos. Sua amiga a conhecia muito bem para saber que ela queria ficar sozinha. Discretamente se retirou.

    Sozinha, Lucille pode chorar livremente, lamentando a morte de sua mãe.

    Depois, pouco a pouco a foi contagiando a idéia de voltar para New Rockford, sentir a amplidão do cenário, aqueles cheiros tão familiares de sua infância.

    Muita coisa mudara, seguramente, mas ela também mudará. Já era uma mulher, no alto de seus dezoitos anos. Amigas suas, muito mais novas, já haviam se casado.

    Talvez aquele fosse o seu destino, sendo rescrito longe do burburinho e da agitação de Boston. Um destino que se iniciara nas planícies de Dakota no Norte.

    Estava feliz por retornar.

    002.jpg

    A diligência para o oeste estava pronta para partir, após uma noite parada em Tower City, para consertar uma roda. Os passageiros aproveitaram bem a noite de sono e, apesar de doloridos, estavam prontos para seguir viagem ao amanhecer.

    Havia uma garota, um casal de velhos e outro de recém-casados, totalizando cinco passageiros. Um homem alto entrou no escritório. Trazia uma mala pequena de roupas. Usava um chapéu de abas retas, preto, bem como o resto de suas roupas. Pelo colarinho da camisa fechada até o pescoço percebia-se que se tratava de um pastor.

    — Há um lugar para Jamestown? — indagou a sua voz era forte e marcante.

    — Fico com ele — respondeu o religioso, tirando a carteira e pagando o bilhete.

    Virou-se, então, e olhou ao redor. Os outros passageiros, com ares sonolentos, espalhavam-se nos bancos encostados nas paredes. Foi até a porta.

    — Oh, desculpe-nos, pastor! — disse o homem que esbarrou nele, fazendo a mala cair no assoalho.

    — Não foi nada — respondeu ele, abaixando-se para apanhar a mala.

    Quem tivesse reparado bem teria sentido o quanto seu tom de voz revelava de indignação. Os dois homens que entraram estavam bêbados e foram até o balcão.

    Conversaram por instantes, depois um deles se alterou:

    — Diabos! Temos de estar em Bismarck hoje à tarde!

    — Nada posso fazer, a diligencia está lotada.

    — Demônios! — explodiu o homem, virando-se para olhar as pessoas no salão.

    O pastor continuava na porta, olhando a rua e o nascer do sol. Os dois bêbados se entreolharam, fixando-se no casal de velhos. Foram até lá.

    — Vovô, que tal nos ceder suas passagens? — indagou um deles com arrogância.

    — Estou indo para o oeste ver meu filho e por nada neste mundo eu lhes daria as minhas passagens — respondeu o velho.

    — Tem muito tempo para isso, velho. A próxima diligência passa na semana que vem. Temos um trabalho a fazer em Bismarck e...

    — Cadê seus cavalos? — questionou o velho.

    — Que cavalos?

    — Não têm cavalos?

    — Bem, tínhamos, mas... — ia dizendo um deles.

    — O que ele quer dizer é que perdemos nossos cavalos no jogo, vovô. Agora, você não tem nada com isso, sabia? Queremos as passagens, só isso! — insistiu o homem, a mão direita apoiando-se na coronha do revólver.

    Lá fora o cocheiro gritou que estava tudo pronto para a partida. Os outros passageiros se levantaram e foram para a porta, saindo em seguida.

    Os velhos fizeram menção de se levantar. Um dos homens esbofeteou o idoso, fazendo-os se sentarem de novo.

    — Acho melhor chamarmos o xerife — disse a mulher.

    — O xerife está dormindo e não vamos incomodá-lo. Agora passe-nos as passagens, velho.

    — Não vou fazer isso...

    O velho foi esbofeteado de novo. O pastor se aproximou. Seus passos soaram firme e pesados no assoalho.

    — Meus filhos, a paciência é um dom de Deus — foi dizendo.

    — Ora, dane-se, pastor! — respondeu um dos homens, pondo a mão no peito dele para empurrá-lo.

    O pastor a agarrou e, com um gesto surpreendentemente rápido, torceu-a, fazendo o pistoleiro cair de joelhos. Imediatamente sua bota subiu ao encontro do rosto dele, jogando-o para trás, com uma máscara de sangue.

    — Talvez você queria nos dar a sua passagem, pastor — foi dizendo o outro homem, levando a mão à arma.

    O pastor enfiou a mão dentro do paletó e retornou-a com um Colt já engatilhado.

    Apontou-o para o centro da testa do homem diante dele, que começou a tremer.

    — Por favor, senhor, leve sua esposa para a diligência. Avise ao cocheiro que não me demoro — pediu o pastor ao velhinho.

    — Sim, filho — concordou ele, apressando-se em atendê-lo.

    O homem atrás do balcão de bilhetes acompanhava tudo com visível interesse, observando a lição que o pastor estava dando nos dois mal educados.

    — É

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