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Aurora selvagem
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E-book94 páginas18 minutos

Aurora selvagem

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Sobre este e-book

Aurora selvagem, de Stélia Castro, é uma fusão poética de potências. A autora reafirma em sua escrita um projeto de luta, um propósito de vida, de resistência. Entende que essa obra não é uma semente lançada ao vento, aleatória como a seta da sorte. Sua poesia é certeira quando evoca os corpos políticos na mesma dinâmica em que percebe a floresta, o rio e a terra. Afinal, todos eles têm sido barbaramente devastados desde a aurora de suas existências. A poeta manifesta nessas páginas questões de gênero, raça, classe e meio ambiente, fazendo uma bonita e intensa jornada de interseccionalidades. A dor, a indignação e o ímpeto revolucionário são alavancas poderosas de sua lírica. Aurora selvagem é um grito latino-americano que reverbera da garganta da mulher transviada até o coração da Amazônia; parindo sabedorias; enfrentando uma pandemia e outras tragédias; e alvorecendo com certa doçura uns tantos afetos e alguma alegria.
  
SOBRE A AUTORA
"Sou a mulher que busquei ser, procurei minhas próprias verdades, procurei meu corpo, procurei minha essência. Sou a mulher que me salvou dos próprios abismos. Estudei a terra e os astros na Geografia, estudei as memórias coletivas nos museus, estudei meditação e yoga. Hoje trago tudo isso em minhas poesias. Aos 35 anos descobri que meu equilíbrio é ser muitas e que estar inteira exige coragem."
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de set. de 2021
ISBN9786586410204
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    Aurora selvagem - Stélia Castro

    Aos inquietos.

    Renova-te.

    Renasce em ti mesmo.

    Multiplica os teus olhos, para verem mais.

    Multiplica os teus braços para semeares tudo.

    Destrói os olhos que tiverem visto.

    Cria outros, para as visões novas.

    Destrói os braços que tiverem semeado,

    Para se esquecerem de colher.

    Sê sempre o mesmo.

    Sempre outro.

    Mas sempre alto.

    Sempre longe.

    E dentro de tudo.

    Cecília Meireles

    Rosinha do Beco

    (em memória)

    Homem de dia

    Mulher de noite

    A do corpo retalhado

    maldito

    malcriado

    Trans-bordei meu corpo sem moldes

    Trans-passei o macho

    e a fêmea em mim

    Me con-figurei

    sem cenários

    sem pressa

    Bordei minha pele

    meu cabelo

    minhas coxas

    minha vagina

    minhas axilas

    Eu trans-bordei

    Se cala, te humilham

    Se doce, te abusam

    Se ama, te comem

    Se paciência, te torturam

    Se luta, te iludem

    A humanidade busca deus no coração

    Uso óculos

    Aprendi a socializar meu rosto

    Aprendi a socializar minhas ideias

    Retraí um pouco a revolta

    Segurei algumas verdades

    Tornei-me alegre

    Descobri a importância

    de ser civilizada em terras

    de fome e de guerra

    Era uma estratégia

    Corrigi os medos em uma

    coragem sem fundamento

    Talvez eu seja 25% do que sou

    do que penso e do que sinto

    Tudo isso junto

    Outros 25% eu penso no outro

    Penso em deixar espaço ao outro

    (Eu também busco deus no coração)

    15% eu erro tentando

    15% faço pelos outros

    Tirando o que

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