Desce Mais Uma!: Segunda Rodada
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Sobre este e-book
Antologia dos meus textos escritos e publicados entre 2009 e 2011.
Saiba mais sobre este e outros livros em: http://descemaisuma.blogspot.com.br/p/meus-livros.html
Rafael Castellar das Neves
Nascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo - Brasil, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de crônicas, poesias, contos, ensaios e romances.
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Desce Mais Uma! - Rafael Castellar das Neves
Mais um Dia de Verão Paulistano
Passa das seis da manhã e o Heródoto continua insistente no rádio relógio atrapalhando a extensão da minha noite mal dormida por causa calor. Arrasto-me da cama para o banheiro e percebo o sol intenso e branco que invade pela janela do apartamento abafado. Com muito esforço, lutando contra a sonolência, compreendo que estou no começo de mais um dia daqueles.
Já mais acordado e trocando de roupas, abro a janela do quarto para ver o tempo lá fora e sou recebido por uma pancada de ar quente e seco que irrompe sem pedir licença e me entorta a boca em decepção. O céu está limpo e de um azul esbranquiçado. O sol está forte e claro, já alto e castigando o mundo. A lua ainda paira alta e ousada. E por mais incrível que seja pronto para partir e de mochila nas costas, pego meu guarda-chuvas e vou para a luta!
E lá se vão as quatro quadras até o metrô, com direito a uma ladeira irritante e calçadas irregulares, cheias de buracos, hoje adornadas por galhos e lixos da noite anterior. Mesmo procurando por sombras, chego ao metrô completamente molhado de suor. E este calor, este suor, esta sensação de desconforto me persegue durante todo o dia, como se a correria do trabalho não fosse suficientes. E não são!
O dia se passará com todas as reclamações possíveis e logo mais, os céus anunciarão mais um despejo insatisfeito de águas e ventos por toda a cidade. Raios completarão o espetáculo que será concretizado pelo caos. Ruas estarão inundadas, veículos danificados, transporte impossibilitado, casas invadidas pela água que destruirá aquilo que se levou uma vida para conquistar, pessoas estarão ilhadas sem poder ao menos voltar para casa, crianças presas nas escolas, trânsito, rios enfermos – ditos como curados –, imundice e doenças pelas ruas e calçadas, famílias desamparadas, mortes e revoltas!
E assim será mais um dia de verão na cidade de São Paulo. Um verão mais intenso que os outros, é verdade, mas com os mesmos problemas de sempre, já tão conhecidos pelos concidadãos, aos quais só restam a criatividade e a coragem; pois, a ajuda não virá!
Os tributos inconcebíveis e excessivos (em quantidades e valores), não são suficientes? Que tal aplicá-los devidamente conforme as propostas que os justificaram? Novas regras para o IPTU são sancionadas, mais um aumento das tarifas de ônibus e metrôs é imposto. Mas as casas e ruas continuam sendo inundadas e destruídas, os ônibus mal conseguem circular – nem vou considerar níveis de conforto – e agora nem o metrô funciona!
Minha ignorância não me permite entender por que serviços e tributos com extrema importância, segundo sua essência, são passíveis de aumentos, ainda mais quando mais necessários. Oportunidade pela oferta versus demanda? Ou algum tipo de penalização governamental ao cidadão pela destruição da natureza? Não! É castigo mesmo!
Façamos nossa parte (pagar) e eles fazem a deles (cobrar), e nos preparemos para aventura do dia!
Abraços a boa-sorte a todos nós!
São Paulo, 04 de fevereiro de 2010.
Eterna Companheira
Olá! Há tempos não lhe vejo!
Hoje vem do jeito que mais me agrada:
Plena, definida, radiando glamorosa.
Por onde tem andado?
Há tanto para lhe contar,
Tanto para lhe esconder.
Tanto para entender.
Tem vindo sempre?
Por que não me acordou? Senti falta do seu toque.
As coisas andaram um pouco complicadas por aqui.
Havia nuvens nos separando, estava escuro
E acabei me esquecendo de lhe procurar.
Bom acordar com sua luz invadindo meu corpo,
Aquecendo meu coração neste frio da madrugada.
Senti sua falta.
Lembra-se de quando iluminava minhas noites amorosas?
De quando eu apagava os faróis para ter a visão da estrada que só você podia me dar?
Quando chorei escondido, quando sentia o amor transbordando em meu peito,
Quando cambaleei triste para casa?
Tantas coisas juntos.
Bom lhe ver de novo,
Iluminando os meus cantos – aqueles que eu mesmo não mais conheço.
Bom saber que estou sozinho.
Esta noite poderei dormir, e será sob seu zelo.
São Paulo, 28 de abril de 2009.
Sem Sentidos
Em meus infindáveis pensamentos me pergunto como enganar esse maldito retorno.
Já é um tanto óbvia a minha incapacidade frente ao meu obscuro eu.
Desculpas mil, efetivos apenas o tempo e as feridas.
Só me resta deixar de alimentar o que existe lá dentro.
Aquilo que me dita as regras, os atos, os sentimentos. Sufocá-lo de si.
Um arame fino e maleável seria