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Réstia: Um movimento na penumbra
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Réstia: Um movimento na penumbra
E-book143 páginas40 minutos

Réstia: Um movimento na penumbra

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Sobre este e-book

Réstia... um movimento na penumbra: Fernando Pessoa da prosa à poesia, consiste de uma adaptação de trechos do Livro do desassossego. Antecede os poemas, uma breve revisão sobre vida e obra de Fernando Pessoa, sempre permeada por citações do livro em questão. Os poemas fazem uma incursão pelo sensacionismo, intersecionismo e paulismo, para se aproximar da linguagem de Fernando Pessoa e do existencialismo. O título de cada poema veio de uma imagem apreendida em determinada frase do trecho, a qual norteou o processo criativo, uma espécie de mote (a imagem) suscitando o não-dito nas entrelinhas a reclamar uma folha em branco para inscrever (como se fosse possível) estados anímicos diante de levezas inquietas de tarde que cai e de penumbra que se arrastam levando consigo o cheiro esquecido no rastro... réstias no escuro e tantas outras impressões intangíveis em meio a sentimentos que se solve na leitura de Pessoa. A linguagem vai se tecendo a partir de imaginárias entrelinhas, ou linha tênue, na qual o sujeito tenta se equilibrar no caos existencial diante da liberdade e o tédio que se imerge diante dela... Enfim, os versos buscam lugar à sombra mítica de Fernando Pessoa. A maioria deles mantém até certo ponto, algum nível de fidelidade ao original, contudo de cunho autoral, como se fosse uma tentativa vã de recriar as experiências do fictício ajudante de guarda-livros. O presente livro se encontra dividido em duas partes: a primeira (sob o título de trechos) reúne poemas com relativa representatividade dos "grandes trechos", contudo sem desmerecer a "autobiografia sem factos".
A segunda parte (avulsos) traz poemas menos densos e não se prendem ao teor do trecho de onde fora extraído o título), mas se enamora com a atmosfera respirada por Pessoa em tempos de desassossego. Portanto, os poemas se destinam a leitores que não se sentem atraídos por um livro denso com mais de 500 páginas, um convite para entrar no universo encantador no Livro do desassossego.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento28 de fev. de 2022
ISBN9786525407753
Réstia: Um movimento na penumbra

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    Réstia - Arão A. Gomes

    PREFÁCIO

    Pode-se dizer que Arão Araújo Gomes criou, para o Bernardo Soares, e no Brasil (mais precisamente – no Sergipe!), uma espécie de quase-heterônimo para esse que já era um semi-heterônimo do Pessoa. E i sso, sem falar em Vicente Guedes que, na inacabável discussão acerca do Livro do Desassossego - e este é foco desta obra de Arão - figura como seu coautor e, mais que isso, como o iniciador da escrita do Livro que, como uma herança ou como uma tocha olímpica (que se passa para um nunca mais acabar), vai desembocar nas mãos do Soares, já que o Guedes pressente que a tuberculose pode dar cabo de si, antes mesmo que consiga encerrar sua grandiosa tarefa.

    Se nos enredarmos na selva ficcional de Fernando Pessoa, seria possível ainda assacar que Soares teria sido uma simples mutilação da personalidade de Pessoa (como este afirma) que, aliás, já conta, depois de vasculhada a contento a sua arca, com 136 autores! Aos quais se acrescenta, agora e aqui, um outro – este que é da lavra de Arão: esse ser meio passageiro entre um e outro dos semi-heterônimos do Pessoa, pois que é ele quem redige o livro a que refiro: Réstia... Um Movimento na Penumbra.

    De maneira que, esticando mais um pouco esse drama em gente pessoano, diríamos que o poeta sergipano se torna, aqui, um ajudante do ajudante de guarda-livros que foi Bernardo Soares e que foi Vicente Guedes. E que, para que se saiba, ele se sai muito bem nessa íngreme (e deleitosa) empreitada poética!

    Arão se insere, assim, nessa intrincada genealogia (quase digo arqueologia) quando se põe a escarafunchar, a perscrutar e a desenfeitiçar o que se asila nas brechas, nos buracos, nos interstícios da escrita do Livro. Pois que os fragmentos de que este é feito criam propositadamente pontos de abertura, saltos para outra coisa que não foi registrada e que ficou à margem, ao deus-dará – na penumbra, como o título de Arão elucida.

    O empenho de seu autor é, então, o de procurar, a seu modo, expandir aquela respiração ali contida e segredada, aquela alma apertada (como diz o Herberto Helder), aquele grito de socorro, a agonia, a aflição que entre as palavras foram depositadas e que agora nos acenam. Porque há na escrita do Livro do Desassossego, como em qualquer obra aliás, haustos pedintes, enviesados com vontade de voz outra, imperscrutáveis, ecos mendicantes do impossível – e a nós, leitores-criadores, nos cabe atendê-los. Pois não é assim que a literatura se faz?!

    O escritor é acima de tudo um leitor, aquele que crê que vem para continuar, para puxar, para expandir, para reatualizar, para, enfim, dialogar, com a outra escrita, na medida em que a pratica como sua. Os escritores somos todos, sem dúvida, ajudantes, auxiliares dos guardadores-de-livros, guardiães de coleções de escritas, preservadores ambulantes da existência das obras. Em nós, a biblioteca ganha voz, torna-se vida de novo e de novo, para todo o sempre. Somos os perpétuos intérpretes dos livros, os que os retêm em outros diapasões para disseminar seus tons - dos mais óbvios aos mais obscuros. Somos os que esticam (para dividir e comungar) ainda e ainda mais o Verbo.

    E, neste caso, Arão cria um poeta que olha de soslaio, que conhece uma vida entre parênteses (a tal vida que se leva morrendo), cuja poesia está sempre por um triz, no entremeio, à parte, namorando as

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