Rua 25 de Março: o lugar dos sacoleiros na construção de referências urbanas
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Sobre este e-book
Essa categoria, antes chamada de Mascates, participou ativamente na criação, construção e desenvolvimento de uma região que se tornou representativa e tão grande quanto a grande metrópole, que é a Região da Rua 25 de Março em São Paulo - Brasil.
Constatam-se práticas e ações que resultaram na apresentação de alternativas criadas à margem das dificuldades estruturais de uma etnia de "árabes", que foi expulsa do seu território de origem e buscou um lugar para viver em paz com seus familiares, que na sua origem, era uma região de beira de rio, sem importância nem prioritária nas ações públicas.
Assim, busca-se analisar os grupos sociais frequentadores da região do estudo, com base na evolução histórica do lugar, além de uma análise segundo os conceitos de globalização, de economia informal, de espaço e do lugar onde geograficamente ocorrem as interações sociais. Analisa, ainda, as características desses atores sociais que fazem girar a economia informal e que na busca por espaço, criaram um lugar de referência social urbana, construindo uma identidade e que ficou mundialmente conhecido como O Lugar dos Sacoleiros.
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Rua 25 de Março - Lineu Francisco de Oliveira
Ao meu pai que não acompanhou em vida o desenvolvimento dos meus trabalhos e à minha mãe que acompanhou parte, e que agora, os dois repousam juntos, dedico minha gratidão, inspiração, carinho e amor incondicional.
A cada um que direta ou indiretamente contribuiu para a construção e realização, independente da possibilidade a vontade é de agradecer pessoalmente um por um. Porém para realizar esse sonho mesmo diante das dificuldades de tempo e espaço, a ajuda de pessoas e instituições será sempre lembrada. Portanto se alguns não forem mencionados nominalmente, será pelo momento cansativo, como última atividade de redação e revisão da tese.
À minha orientadora, Profa. Doutora Maura Pardini Bicudo Véras, que além de demonstrar amor à docência, não mede esforços na ajuda e apoio aos seus orientandos, sempre se colocando presente, seja em finais de semana, feriados, férias ou seja vinte e quatro horas por dia, orientando e contribuindo para a formação acadêmica com força pessoal e entusiasmo na busca pela perfeição do trabalho e concretização do sonho e que merece meu total e especial agradecimento.
Ao Programa de Estudos de Pós-Graduados em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pela confiança e oportunidade de ingressar no quadro de alunos do curso de doutorado. Bem como o corpo de funcionários e trabalhadores das áreas de suporte ao aluno, aos trabalhadores da xerox, aos funcionários das lanchonetes que com simpatia ajudaram a superar as dificuldades.
Aos Professores e coordenadores do PEPG - Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, da PUC-SP, que transmitiram seus conhecimentos durante o cumprimento dos créditos, e muito contribuíram no meu projeto de pesquisa e em especial aos Prof. Dr. Luiz Eduardo Waldermarin Wanderley que juntamente com o Prof. Dr. Edison Nunes, aceitaram compor a minha banca, e que além dos ensinamentos transmitidos durante suas aulas, ao direcionar seus conhecimentos para minha pesquisa, ajudaram com valiosas sugestões enriquecendo a análise, os resultados e as constatações. Agradeço ainda os professores convidados para compor a banca de defesa.
Aos entrevistados Sr. Dimitrios Vahe Attarian, Sr. Miguel Giorgi Junior, Sr. Rezkalla Tuma, Sr. Fernando Assad, Sr. Jose Manoel Carvalho Tavares e muitos outros que se dispuseram a conversar, esclarecer dúvidas e obter suas impressões pessoais, bem como a dos membros do seu grupo de convívio pessoal e profissional referente à região em estudo e dos atores sociais que lá transitam e frequentam.
Aos meus filhos e neta pela ausência em momentos que tive que dividir a vontade de estar presente no meio dos mesmos com um forte abraço ou abraçando a pesquisa e a conclusão da mesma.
À Sonia minha querida, principal impulsionadora e companheira dos momentos de alegria e tristeza, que felizmente entendeu os minutos, horas, dias, semanas e anos de ausência, mas com dedicação e força ajudou em mais essa conquista pessoal e que devido ao seu apoio, afirmo ser mais uma conquista em conjunto, portanto nossa conquista.
Finalmente, agradeço meus pais que com sua origem simples e dificuldades, foram personagens vivos e frequentadores da Região em Análise, que com sua força de conduta, caráter e vontade, sempre buscaram possibilitar aos filhos tudo que recebera dos pais (meus avós), e acrescentar algo mais. Com este trabalho, realizações e prêmios que recebi, firmo aqui o compromisso de continuar essa tradição de busca por vitórias e conquistas, mas nunca esquecer a orientação de usar o poder e conhecimento para ajudar os descendentes bem como as pessoas de convívio diário em qualquer hora e local esteja onde estiver. Agradeço ainda a Deus por permitir e iluminar meu caminho.
UMA RUA
Na paulicéia nasci
As margens do Tamanduatei cresci
Muitos foram os meus nomes
Várzea do Glicério
, serpenteando como
Cobra, me tornei Das Sete Voltas
,
Nos baixos do Pátio do Colégio e do
Mosteiro de São Bento, fui De Baixo
Até Dos Turcos
fui chamada.
Jovem e junto de meus moradores
Árabes de todas as partes
E seus amigos, adulta me tornei
Ordem e progresso, organização,
Leis, disciplina, na "Constituição
De 1824, 25 de março, foi
Meu nome definitivo, em sua
Homenagem
Traço de união de todo Brasil,
Pois foi com orgulho que famosa
Me tornei.
Hoje sou uma Rua laureada,
"O Maior Shopping a Céu Aberto
Da América Latina".
Me consagrei, abri meu coração
E ao lado de sírios e libaneses, vieram
Palestinos, portugueses, coreanos, armênios,
Chineses e muitos mais, me engrandeceram e
Como gratidão, definitivamente
Paulistana me tornei.
REZKALLA TUMA 12/11/1999
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho é uma continuação do tema abordado no estudo anterior intitulado Mascates e Sacoleiros Empreendedores que Construíram uma Região Rua 25 de Março Desde 1865 Fazendo História
. Tem como objetivo analisar as contribuições bem como o desenvolvimento e ocupação do espaço urbano de uma categoria ocupacional, conhecida como Sacoleiro.
Essa categoria, antes chamada de Mascates, participou ativamente na criação, construção e desenvolvimento de uma região que se tornou representativa e tão grande quanto a grande metrópole, que é a Região da Rua 25 de Março em São Paulo - Brasil.
Constatam-se práticas e ações que resultaram na apresentação de alternativas criadas à margem das dificuldades estruturais de uma etnia árabes
, que foi expulsa do seu território de origem, e buscou um lugar para viver em paz com seus familiares que na sua origem, era uma região de beira de rio, sem importância nem prioritária nas ações públicas.
Assim busca-se analisar os grupos sociais frequentadores da região do estudo, com base na evolução histórica do lugar, além de uma análise segundo os conceitos de globalização, de economia informal, de espaço e do lugar onde geograficamente ocorrem as interações sociais. Analisa ainda, as características desses atores sociais que fazem girar a economia informal e que na busca por espaço, criaram um lugar de referência social urbana, construindo uma identidade e que ficou mundialmente conhecido como, O Lugar dos Sacoleiros.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA REGIÃO DA RUA 25 DE MARÇO
1.1 OS PRIMÓRDIOS DA REGIÃO
1.2 A URBANIZAÇÃO DO RIO TAMANDUATEÍ
1.3 A CHEGADA DOS IMIGRANTES SÍRIOS LIBANESES
1.4 A PRIMEIRA IGREJA ORTODOXA
1.5 TRANSFORMAÇÃO E IMAGEM DA REGIÃO
CAPÍTULO II - O LUGAR COMO REFERÊNCIA URBANA EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO
2.1 A GLOBALIZAÇÃO
2.2 A GLOBALIZAÇÃO E A CONSCIÊNCIA LOCAL
2.3 O LUGAR COMO ESPAÇO DE INTERAÇÃO
2.4 O LUGAR COMO REFERÊNCIA URBANA
CAPÍTULO III - A ECONOMIA INFORMAL E O SACOLEIRO, A FORÇA QUE CRIOU UMA REFERÊNCIA SOCIAL-URBANA
3.1 CARACTERÍSTICAS DOS SACOLEIROS FREQUENTADORES DA REGIÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
INTRODUÇÃO
O presente estudo explora algumas das reflexões necessárias quando da realização da análise das cidades. O trabalho tem por objetivo desvendar o papel de uma categoria de trabalhadores, cuja hipótese é que assim como a região foi construída socialmente pelos árabes, sírios e libaneses conhecidos como mascates, os atuais sacoleiros de origem diversa, continuam a construção da região comercial da Rua 25 de Março em São Paulo, como uma referência urbana que por sua vez, representa um ponto importante na vida econômica da metrópole. Dessa forma, o trabalho alcança três temas: a cidade contemporânea, inserida nas relações mundializadas, as zonas comerciais e a economia informal, no caso, os sacoleiros. Busca-se, dessa forma, a caracterização de cada um desses temas e, para tanto, objetiva-se, ainda, tratar das circunstâncias específicas do lugar e da referência selecionados.
Analisando os dias atuais, observa-se que a transformação e a união de forças criaram um lugar de concentração e atração de recursos, que fazem girar uma economia escalar, promovendo a transformação de sonhos e a busca por melhora da qualidade de vida de muitos anônimos e trabalhadores. Com uma grande força comercial, o lugar em estudo construiu sua própria imagem e, no decorrer da tese, serão apresentadas referências e características dessa imagem, construída pela região, que se tornou conhecida mundialmente.
Por meio da construção dessa imagem que se irradia pela ação de comunicação dos sacoleiros, ao longo do tempo, o lugar do objeto da análise, pertencente ao centro da cidade de São Paulo, merece ser conceituado, visando criar uma base para a análise de um dos três temas que é a cidade contemporânea. Nos dias atuais, a produtividade de uma sociedade urbana passou a depender do maior grau de conectividade, e a capacidade de disseminar conhecimento local está relacionada com a facilidade de transferências monetárias de um lado ao outro do mundo, em segundos. Região atrativa e produtiva economicamente, logo passou a ser determinada pelo espaço com maior capacidade de articulação, iniciativa e poder de participação na economia global. As regiões produtivas geradoras de renda passaram a determinar e atrair o capital empresarial, proporcionando uma tendência em que os lugares se unem verticalmente. Dessa união, créditos internacionais se apresentam e ficam à disposição dos países mais pobres e, dessa forma, redes modernas se estabelecem e se colocam a serviço do grande capital (SANTOS, 2008).
Cidades e seu espaço
Desde as cidades gregas, da oriental ou medieval, da cidade comercial e da cidade industrial, como também das pequenas cidades e da megalópole, o termo sociedade urbana é usado para definir essas aglomerações. As ciências como a sociologia, a economia política, a história, a geografia, apresentam um grande número de significados para caracterizar nossa sociedade, transformando a cidade em um local de sociedade do consumo com valor de troca e um possível objeto que pode ser analisado com relação à prática de atividades sociais. (LEFEBVRE, 2001).
Nunca na história da humanidade existiu uma concentração popular como as existentes hoje, as quais são transformações sociais impulsionadas por cidades com economias globais. Esses desafios se apresentam para respostas aos questionamentos de como desenvolver políticas públicas para esse novo mundo urbano. Hall (2011), urbanista e assessor de planejamento urbano do governo britânico, retrata a cidade como sendo um local ou lugar com forte concentração de problemas. Para o autor, a cidade se refere tanto à definição de aglomerações urbanas de uma forma genérica, quanto aos termos de unidades administrativas, pois seus problemas são idênticos, seja em pequenas ou grandes escalas, indo de bairros até grandes centros, diferindo apenas no que tange à intensidade dos mesmos. Ressalta ainda que os problemas locais exigem soluções amplas e abrangentes com uma política multiescalar.
Com o passar dos anos e a queda de barreiras comerciais entre estados e nações, a movimentação de mão de obra, bem como a movimentação de capitais para mercados economicamente mais rentáveis, mudaram os valores de região rentável. A região especialista, em um determinado segmento econômico, passou a ser um diferencial competitivo atraindo