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Com luz de ferreiro
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E-book330 páginas4 horas

Com luz de ferreiro

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Sobre este e-book

"Pelas mãos da pesquisadora, a diversificação econômica (agricultura, pecuária, extração e fabricação minerárias, comércio interno) volta ao seu lugar de direito nesse passado subjugado. Compreende-se que a crioulização, apropriação cultural afrodescendente, foi um dos fatores fundamentais que possibilitaram a disseminação dessas oficinas e saberes (...)

(...) No estudo de Britto, o espaço urbano da povoação de Itabira ajuda a revelar esse outro legado de oficiais e aprendizes ferreiros ou aspectos de um patrimônio denegado. Na configuração do traçado urbano oitocentista, as moradias/oficinas dos ferreiros concentraram-se em determinados logradouros, o que denota o sustento vigoroso dessas atividades, costumeiramente inscritas nas redes de vizinhança e na troca de saberes entre os sujeitos. Trata-se, assim, de aprendizagens de artífices, os sujeitos do saber-fazer, e, portanto, enraizadas no convívio local, familiar e de amizade. Situados nos circuitos das tropas e dos viajantes (no trajeto para a fundições de ferro de maior escala e, talvez, com algum acesso aos recursos naturais da produção), os ferreiros, fabricantes de ferro e ferradores, buscavam os benefícios das rotas do mercado interno."

- Prof. Dr. Francisco Eduardo de Andrade (Universidade Federal de Ouro Preto)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de fev. de 2022
ISBN9786550791032
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    Com luz de ferreiro - Maura Silveira Gonçalves de Britto

    CAPÍTULO 1

    Que Minas Gerais?: aspectos geogrAficos, as gentes e a economia das Minas do ferro

    1.1 De Santa Bárbara à Itabira do Mato Dentro: minério de ferro, matas e águas

    As Minas Gerais do Oitocentos, há algum tempo vem sendo palco de debates historiográficos acerca de sua organização social, estrutura econômica, e formas de poder nela vigentes. Questões como a evolução da escravidão na Província, as características do trabalho escravo e a transição deste para o trabalho livre, as características da economia, seus vínculos com o mercado externo ou sua capacidade de acomodação evolutiva num período em que os veios de metais e pedras preciosas tornavam-se escassos em grande parte da Província, tem sido os pontos fortes deste debate.

    Contudo, quando se fala em Minas Oitocentista, muitas vezes utiliza-se uma terminologia geral para identificar uma extensa área sobre a qual se poderia utilizar outros tipos de qualificações. Nesse sentido, torna-se interessante para nosso trabalho trazer à tona alguns elementos para se pensar a que Minas Gerais Oitocentistas nos referimos. Chamamos para frente da discussão a questão da região, do espaço, numa perspectiva em que este só pode ser considerado enquanto parte de uma experiência vivida.

    Para analisar o desenvolvimento das atividades de produção e transformação do ferro desenvolvidas por escravizados e forros, no decorrer do século XIX, buscamos tais experiências no espaço mineiro em que estas atividades tiveram maior destaque no período em questão. Ao nosso recorte demos o nome de Minas do ferro. ⁶ Assim, o espaço em que buscamos visualizar a maneira como se desenvolveram as atividades ligadas ao ferro e as relações criadas em torno das mesmas, corresponde a Itabira do Mato Dentro e seus distritos (Antonio Dias, Joanésia, Santana do Alfié, Santa Maria de Itabira, São Domingos do Prata, São Gonçalo do Rio Abaixo, São José da Alagoa, São Miguel e Cuieté) e Santa Bárbara (cujos distritos são Cocais e São João do Morro Grande).⁷

    Nesse sentido, nossa regionalização não se dá a priori por um limite administrativo. É antes, resultado de um conjunto de espaços, ao mesmo tempo sociais, econômicos, políticos, naturais e culturais.

    Se analisamos um fenômeno, um processo social, este fenômeno é localizado, ele ocorre em um lugar definido. Este lugar, contudo, tem relações (sociais, políticas, econômicas, culturais) com outros lugares. Qual intuito então de segmentar um espaço para análise? Como promover esta segmentação do espaço em uma pesquisa empírica?

    O conceito de região e as maneiras de se definir uma região em uma pesquisa histórica já foram discutidos por diversas vertentes historiográficas. Há, nessa questão, uma preocupação que o historiador vem adotando de dialogar com outras áreas do conhecimento para melhor poder representar, definir seu espaço de análise, sem cometer anacronismos ou perder de vista o aspecto da historicidade. Neste intuito, o diálogo com a Geografia econômica e cultural tem sido de grandiosa contribuição nessa definição dos caminhos metodológicos de uma pesquisa histórica. Discutiremos, a seguir, algumas possibilidades, para então definir o critério de segmentação do espaço adotado em nossa pesquisa.

    Pensar em segmentação do espaço para definir uma região de análise, implica em definir alguns critérios (social, natural, econômico, político, cultural) para tal. A noção de espaço associada exclusivamente a paisagem natural e a relação entre homem/natureza vem sendo discutida desde o fim do século XIX, quando a vertente determinista da escola alemã passa a ser relativizada. Vidal de La Blache, embora mantenha a relação entre homem/natureza como eixo de sua noção de espaço, apresenta algumas contribuições importantes que nos servem como parâmetro. Sua análise sobre os gêneros de vida nos permite considerar uma visão de espaço e região definidos por artefatos, que pode ser interessante.

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