Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A revolução dos bichos
A revolução dos bichos
A revolução dos bichos
E-book122 páginas1 hora

A revolução dos bichos

Nota: 5 de 5 estrelas

5/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Esta é a história da revolta dos animais contra a opressão e a violência dos homens, gerando uma verdadeira revolução. Após os bichos expulsarem os donos da fazenda, eles tomam conta do lugar e criam novas regras de conduta e de trabalho.

Mediante o caos na fazenda, um porco torna-se o líder e apresenta um plano de revolução contra os humanos, começando por sua expulsão, pois os animais não suportam mais conviver com a maldade e a violência, além da fome que imperava.

A revolução dos bichos conduz o leitor à reflexão sobre o mal que a ganância e o poder podem gerar: opressão, injustiça e crueldade.

George Orwell produziu este genuíno clássico exatamente no período da Segunda Guerra Mundial, chegando ao público em 1945. O autor tinha desejo de justiça social e lutava por uma vida melhor para os miseráveis e contra qualquer forma de totalitarismo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de abr. de 2022
ISBN9786589902058
A revolução dos bichos
Autor

George Orwell

George Orwell (1903–1950), the pen name of Eric Arthur Blair, was an English novelist, essayist, and critic. He was born in India and educated at Eton. After service with the Indian Imperial Police in Burma, he returned to Europe to earn his living by writing. An author and journalist, Orwell was one of the most prominent and influential figures in twentieth-century literature. His unique political allegory Animal Farm was published in 1945, and it was this novel, together with the dystopia of 1984 (1949), which brought him worldwide fame. 

Relacionado a A revolução dos bichos

Ebooks relacionados

Clássicos para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de A revolução dos bichos

Nota: 5 de 5 estrelas
5/5

1 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A revolução dos bichos - George Orwell

    Capítulo 1

    O SENHOR JONES, DONO DA FAZENDA DO SOLAR, trancou o galinheiro naquela noite, mas estava bêbado demais para se lembrar de fechar todas as vigias do estábulo. Com o facho de luz de sua lanterna dançando de um lado para o outro, ele cambaleou pelo pátio, chutou as botas para longe na porta dos fundos de sua casa, pegou um último copo de cerveja do barril na cozinha e foi para a cama, onde a Senhora Jones já estava roncando.

    Assim que a luz do quarto se apagou, houve uma agitação por todos os galpões da fazenda. Correram boatos durante o dia de que o velho Major, o enorme leitão que já fora premiado em uma exposição, teve um sonho estranho na noite anterior e desejava contá-lo aos outros animais. Foi combinado que todos deveriam se encontrar no grande celeiro assim que tivessem certeza de que o Senhor Jones estivesse dormindo a sono solto. O velho Major (ele era sempre chamado assim, embora o nome pelo qual concorrera na exposição tenha sido A Beleza de Willingdon) era tão conceituado na fazenda que todos estavam dispostos a perder uma hora de sono para ouvir o que ele tinha a dizer.

    Numa das extremidades do grande celeiro, sobre uma espécie de plataforma elevada, o Major já estava acomodado na sua cama de palha, sob um lampião pendurado numa viga. Ele tinha doze anos de idade e ultimamente ficara bastante corpulento, mas ainda era um porco de aparência majestosa, com ar sábio e benevolente. Pouco a pouco, os outros animais começaram a chegar e foram se ajeitando cada um a seu modo. Primeiro foram os três cachorros, Tilly, Lulu e Capitão, e depois os porcos, que se deitaram na palha bem em frente à plataforma. As galinhas empoleiraram-se nos peitoris das janelas, os pombos voaram até as vigas do telhado, as ovelhas e vacas deitaram-se atrás dos porcos e se puseram a ruminar. Os dois cavalos, Hércules e Florinda, chegaram juntos, andando muito lentamente e pousando seus enormes cascos com grande cuidado, para não machucar nenhum animalzinho escondido na palha. Florinda era uma égua forte e maternal que se aproximava da meia-idade, e que nunca recuperou a velha forma após dar à luz o quarto potro. Hércules era um cavalo enorme, com mais de dois metros de altura e tão forte quanto dois cavalos. Uma listra branca no focinho dava-lhe uma aparência um tanto estúpida e, na verdade, ele não tinha de fato uma inteligência de primeira, mas era respeitado por sua firmeza de caráter e tremenda capacidade de trabalho. Depois dos cavalos, vieram Marieta, a cabra branca, e Benjamim, o burro. Benjamim era o animal mais idoso da fazenda e o de pior temperamento. Ele raramente falava e, quando o fazia, geralmente era para fazer algum comentário cínico — por exemplo, ele dizia que Deus lhe dera uma cauda para afastar as moscas, mas que preferia não ter cauda... e nem moscas. Com os animais da fazenda, ele nunca ria. Se perguntado por que, ele diria que não havia nada do que rir. No entanto, sem admitir abertamente, Benjamin era muito próximo a Hércules; os dois geralmente passavam os domingos juntos no pequeno cercado atrás do pomar, pastando lado a lado em silêncio.

    Os dois cavalos tinham acabado de se deitar quando uma ninhada de patinhos, que haviam perdido a mãe, entrou no celeiro, piando baixinho e vagando de um lado para o outro em busca de um lugar onde não fossem pisoteados. Florinda fez uma espécie de parede ao redor deles com sua grande pata dianteira, e os patinhos se aninharam junto dela e prontamente caíram no sono. No último instante, Hortênsia, a fútil e bonita égua branca que puxava a charrete do Senhor Jones, entrou mastigando um torrão de açúcar. Ela ocupou um lugar bem à frente e começou a sacudir sua crina felpuda, na esperança de chamar a atenção para as fitas vermelhas que a enfeitavam. Por último, veio a gata, que olhou em volta, como sempre, em busca do lugar mais quente, e finalmente se espremeu entre Hércules e Florinda; lá ela ronronou satisfeita durante todo o discurso de Major, sem ouvir uma palavra do que ele estava dizendo.

    Todos os animais estavam agora presentes, exceto Moisés, o corvo de estimação do Senhor Jones, que dormia em um poleiro junto da porta dos fundos. Quando o Major viu que todos se acomodaram e aguardavam com atenção, pigarreou e começou:

    — Meu povo, vocês já ouviram falar, com certeza, sobre o estranho sonho que tive ontem à noite. Mas voltarei a ele mais tarde. Eu tenho outra coisa a dizer primeiro. Não creio, meu povo, que estarei com vocês por muito mais tempo e, antes de morrer, sinto que é meu dever transmitir a todos a sabedoria que adquiri sobre o mundo. Tive uma vida longa, tive muito tempo para refletir enquanto estava deitado sozinho em minha baia, e acho que posso dizer que compreendo a natureza da vida nesta terra tão bem quanto qualquer animal que existe. É sobre isso que desejo conversar com vocês.

    Então, meu povo, qual é a natureza desta nossa vida? Vamos enfrentar a realidade: nossas vidas são miseráveis, trabalhosas e curtas. Nascemos, recebemos a quantidade de comida necessária para nos manter respirando, e aqueles mais capazes são forçados a trabalhar até o último segundo de suas forças; e, no mesmo instante em que nossa utilidade chega ao fim, somos trucidados com horrível crueldade. Nenhum animal na Inglaterra conhece o significado da felicidade ou do lazer depois de um ano de vida. Nenhum animal na Inglaterra é livre. A vida de um animal é feita de miséria e escravidão: essa é a pura verdade.

    Mas isso é simplesmente parte da ordem natural das coisas? Isso acontece porque esta nossa terra é tão pobre que não pode proporcionar uma vida decente para aqueles que nela habitam? Não, meu povo, mil vezes não! O solo da Inglaterra é fértil, seu clima é bom, este solo é capaz de fornecer alimentos em abundância a um número muitíssimo maior de animais do que agora o habitam. Esta nossa fazenda comportaria facilmente uma dúzia de cavalos, vinte vacas, centenas de ovelhas — e todos eles vivendo com um conforto e uma dignidade que hoje estão bem além de nossa imaginação. Por que então permanecemos nesta condição miserável? Porque quase todo o produto do nosso trabalho é roubado de nós por seres humanos. Aí está, meu povo, a resposta para todos os nossos problemas. Resume-se em uma única palavra: o homem. O homem é o único inimigo real que temos. Retirem o homem de cena e a causa principal da fome e do nosso excesso de trabalho será abolida para sempre.

    O homem é a única criatura que consome sem produzir. Ele não dá leite, não bota ovos, é fraco demais para puxar o arado, não consegue correr rápido o suficiente para pegar um coelho. No entanto, é o senhor de todos os animais. Ele os coloca para trabalhar, dá a eles o mínimo necessário para impedir que morram de fome e guarda para si mesmo o restante. Nosso trabalho é que lavra o solo, nosso esterco o fertiliza e, ainda assim, nenhum de nós possui mais do que sua própria pele. Vocês, as vacas que vejo diante de mim, quantos milhares de galões de leite vocês produziram durante este último ano? E o que aconteceu com aquele leite que deveria alimentar bezerros robustos? Cada gota dele desceu pela gartanta de nossos inimigos. E vocês, galinhas, quantos ovos vocês botaram neste ano, e quantos desses ovos chocaram em pintinhos? O resto foi para o mercado, para gerar dinheiro a Jones e a seus homens. E você, Florinda, onde estão aqueles quatro potrinhos que gerou e que deveriam ter sido o apoio e o prazer em sua velhice? Cada um deles foi vendido com um ano de idade – e você nunca mais os verá novamente. Em troca de seus quatro partos e todo o seu trabalho no campo, o que você já recebeu, exceto suas rações básicas e uma baia?

    E nem mesmo as vidas miseráveis que levamos não podem chegar ao seu fim de forma natural. Por mim, não me queixo, pois sou um dos sortudos. Tenho doze anos e mais de quatrocentos filhos. Essa é a vida normal de um porco. Mas, no fim das contas, nenhum animal escapa do cutelo. Vocês, jovens leitões que estão sentados diante de mim, cada um de vocês vai guinchar no cepo dentro de um ano. Todos nós iremos chegar a esse horror cruel — vacas, porcos, galinhas, ovelhas, todos. Mesmo os cavalos e os cães não têm destino melhor que nós. Você, Hércules, no mesmo dia em que esses seus grandes

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1