Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Toada - O canto do Amazonas: Livro-Reportagem sobre a trajetória da Toada de Boi-Bumbá de Parintins
Toada - O canto do Amazonas: Livro-Reportagem sobre a trajetória da Toada de Boi-Bumbá de Parintins
Toada - O canto do Amazonas: Livro-Reportagem sobre a trajetória da Toada de Boi-Bumbá de Parintins
E-book307 páginas3 horas

Toada - O canto do Amazonas: Livro-Reportagem sobre a trajetória da Toada de Boi-Bumbá de Parintins

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A obra Toada: o canto do Amazonas é uma narrativa que apresenta, a partir do olhar de compositores desse gênero musical, a trajetória histórica das toadas de boi-bumbá, desde a composição das canções até a apresentação no Bumbódromo, relatando como ocorre o processo de criação e conceituação delas, nos momentos anteriores e posteriores à instituição das disputas.
Organizado em onze capítulos, o livro-reportagem trata também de questões que envolvem esse universo das toadas, tais como a determinação de suas temáticas, a motivação que levam seus compositores a trocarem de bumbá, além do sentimento deles quando compõem para o boi contrário.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de jun. de 2022
ISBN9786558408215
Toada - O canto do Amazonas: Livro-Reportagem sobre a trajetória da Toada de Boi-Bumbá de Parintins

Relacionado a Toada - O canto do Amazonas

Ebooks relacionados

Antropologia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Toada - O canto do Amazonas

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Toada - O canto do Amazonas - Carly Anny Barros

    APRESENTAÇÃO

    Das conversas informais às mais sérias, ficou a ideia de tentar fazer algo diferente. E eis que sou surpreendida com o convite para apresentar esta obra – fruto do amplo conhecimento que detêm seus autores sobre nossa cultura, nossa música e nossa toada. Toada que é o ato de toar, o brado do vaqueiro, a cantiga entoada nos pastos.

    Incorporada ao cotidiano da Ilha Tupinambarana no brincar de boi, o Boi de Pano, nos seus primeiros anos de existência, ganhando as ruas da cidade e, depois, imortalizando o som dos Bumbás de Parintins, nossa toada tem ritmo próprio, instrumentos únicos (rocar, palminhas e outros) que entoam o dois pra lá, dois pra cá e narram o maior espetáculo a céu aberto do mundo.

    A importância da toada para o Festival Folclórico de Parintins e a cultura amazônica ultrapassa o nosso imaginário. Não há como desvincular a narrativa apresentada ao longo das três noites da festa, o som inconfundível da batucada e marujada do inevitável arrepio que toma conta da alma de quem ouve, pela primeira vez, o rufar dos tambores incendiando a arena. A poesia da toada traz nas suas letras o canto, o encanto, o mistério das lendas e a saga dos povos da floresta.

    Aos poucos a toada extrapolou os limites do Bumbódromo. Primeiro, levada pelo Grupo Carrapicho, ganhou a França (Tic-Tac, de Braulino); depois, Vermelho (Chico da Silva) encantou Portugal, na voz de Fafá de Belém e virou hino do Benfica e, já agora, frequenta palcos teatrais em performances filarmônicas. E haja pavulagem (gabolice). E haja não mais caber em si de importância, até que acabou fazendo jus ao seu próprio Festival.

    No ano de 2007, um grupo de funcionários da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Parintins (Mário Pinheiro, Kilderson Serrão, Ray Santos, Carla Garcia, Gigliane Andrade, Eduardo Gomes), entre os quais me incluo, questionando o destino da produção gerada a partir dos editais dos Bumbás Caprichoso e Garantido, não selecionada na formatação do CD Oficial do Festival Folclórico, decidiu-se pela criação do Festival de Toadas, visando à maior valorização do gênero musical e da cultura regional, buscando, sobretudo, a revelação de novos talentos.

    Parintins respira toada durante os 365 dias de cada ano. Impossível falar desta Ilha sem reportar-se aos Bumbás Caprichoso e Garantido, seus artistas, compositores, intérpretes, itens e brincantes como responsáveis e divulgadores desta inquestionável manifestação cultural cuja importância e beleza são admiradas no país e no mundo.

    Aos queridos escritores e amigos Ray Santos, Telo Pinto e Carly Anny Barros, meu reconhecimento pelo trabalho realizado e também minha gratidão pelo privilégio de apresentá-lo ao público amante da arte cabocla.

    Karla Viana Ferreira

    Turismóloga e secretária municipal de Cultura, Turismo e Meio Ambiente

    Parintins, outubro de 2020.

    PREFÁCIO

    Os autores desta obra fazem uma arqueologia dos versos e versadores do Boi-Bumbá de Parintins e revelam outras camadas de uma história e do imaginário que, ao longo dos anos, vêm sendo soterradas pelas mudanças provocadas pelo mercado e pela sua aliada de primeira hora, a mídia espetacular.

    A narrativa, transversal, por meio do gênero grande reportagem, agrega ainda mais relevância ao estudo, porque, assim, ele dá voz aos sujeitos pesquisados, que também se tornam sujeitos e coautores da obra, e não apenas objetos engessados em metodologias de gabinetes.

    Imagino que os leitores, principalmente os mais jovens, se surpreenderão com essas descobertas e que, a partir delas, terão uma melhor compreensão da Amazônia e das suas complexas relações socioculturais. Afinal, as festas populares, sejam elas próximas ou distantes do mercado, constituem-se janelas importantes e necessárias ao entendimento da história e da diversidade humana.

    É possível perceber, nas falas dos entrevistados e nas inferências dos autores, que Caprichoso e Garantido constroem suas trajetórias sob a tensão entre os conceitos de tradicional e moderno, um conflito intelectual que, na prática, deságua em um equilíbrio dinâmico entre os múltiplos indivíduos e coletivos das partes.

    Assim, pode-se dizer, parafraseando o sociólogo brasileiro Renato Ortiz (1987), que a tradição do Boi-Bumbá de Parintins é moderna; ou que existe uma moderna tradição nesta festa que surgiu no terreiro de parentelas negras e se transformou em um espetáculo pop com os pés na selva amazônica. Por isso, Pai Francisco, Mãe Catirina, Gazumbá, o Sinhozinho e Sinhazinha, o Boi, os Vaqueiros, os tambores, as palminhas, o rocar e outros itens se misturam a elementos das novas tecnologias e expressões artísticas.

    Toada: o canto do Amazonas está imerso nesse mundo de muitas falas e sotaques para esclarecer que a harmonia que se manifesta na arena do Bumbódromo é o resultado de dissonâncias entre muitas notas. O jovem cantor, compositor ou músico que faz a sua arte hoje, sabe que não a faria sem subir nos ombros dos poetas do passado, gente que fazia versos com a força pulsante do coração e com as energias das estrelas. E o jovem artista sabe e reconhece esse legado.

    […] as primeiras composições acabaram servindo como uma espécie de modelo para grandes compositores de todos os tempos, enfatizam os autores.

    Não é à toa que persistem os grupos de músicos que só tocam toadas da velha guarda em Parintins e em outras cidades; da mesma forma que as agremiações registraram, com relevante aprovação dos seus sócios, CDs com toadas antológicas.

    Sob as camadas dessa massa cinzenta também vamos encontrar a reafirmação de que o boi tem raiz no terreiro e não no curral. O terreiro é um espaço de identificação e identidade negra, enquanto o curral é um lugar de opressão e amansamento da boiada. O registro das toadas antigas em livro não deixa que esse fato seja soterrado por terra de curral, que sempre foi o desejo da elite religiosa ocidental dominante local, para desenraizar o boi da cultura negra.

    Acorda morena bela / vem ver / O meu boi serenando / No terreiro / É assim mesmo que ele faz lá na fazenda / Quando ele avista o vaqueiro […] Lindolfo Monte Verde.

    Mas o espetáculo dos bois-bumbás de Parintins, instigado pelos debates na mídia e pelas gerações de artistas formados nas universidades ou engajados em movimentos culturais, acolhe a representação artística de mitos e mitologias afro-brasileiras e indígenas.

    E, desse modo, tensionando, o Boi-Bumbá Parintinense vai interagindo com o espetáculo e com as suas raízes seminais. Está tudo escrito nas toadas, e são elas que não permitem o apagamento total.

    Por fim, quero parabenizar os autores desta obra instigante e aos seus leitores, que terão muitas camadas de informações, conhecimento e saberes a explorar.

    Manaus, bairro de São Francisco, outubro de 2020.

    INTRODUÇÃO

    A imagem que temos da Amazônia é o resultado de um emaranhado de elementos maravilhosos.

    Os nativos reconhecem-na como indispensável à sobrevivência. Já os estrangeiros, como fonte de produtos exóticos. Contudo, antes do exotismo, as pessoas amazônicas tinham o padrão cultural tão notável quanto à forma adaptativa da floresta úmida.

    A cultura é definida por Meggers (1987) como comportamento adquirido e disseminado mais livremente no tempo e no espaço. Este comportamento repassado pelo povo amazônico às novas gerações se sedimenta por meio do Folclore.

    O Festival Folclórico dos Bumbás Caprichoso e Garantido, realizado no último final de semana de junho, é um exemplo dessa tradição popular. Durante as apresentações, todo o cenário amazônico é retratado nas lendas, rituais, indumentárias coloridas e gigantescas alegorias. A toada de Boi-Bumbá é o fio condutor que narra todo esse universo.

    É no ritmo marcado pelo tambor, caixinha, palminha e rocar (instrumentos responsáveis pelo gingado diferente, mais acelerado ou mais compassado, dependendo do Bumbá) que as histórias são narradas na arena do Bumbódromo – local onde o festival acontece. Na década de 1990, a toada – estilo musical tipicamente amazonense – torna-se o veículo de divulgação da Ilha Tupinambarana, seus encantos e sua cultura, para o mundo.

    Este livro-reportagem relata, por meio de narrativa, a trajetória histórica das toadas de Boi-Bumbá, desde a composição das letras até a apresentação no Bumbódromo, segundo a visão dos próprios compositores. Especificamente, registra como eles conceituam as toadas, antes e depois da instituição das disputas; como se dá o processo criativo delas e como são concebidos os versos de desafios usados pelos Amos dos Bois. Permeiam essa narrativa também questões não menos importantes, a saber: como são determinadas as temáticas das novas toadas; os motivos que levam compositores a trocarem de Bumbá, bem como o sentimento deles ao compor para o Boi contrário.

    Além disso, o livro dá visibilidade às dificuldades dos compositores para terem os direitos autorais reconhecidos, e permite que contem algumas histórias envolvendo cantores, levantadores, tocadores e outros personagens do universo das toadas parintinenses, principalmente os que testemunharam inovações formadoras do produto atual.

    O registro do relato da história das toadas de Boi-Bumbá e seu universo tornou-se possível graças ao caráter não periódico do meio de difusão escolhido, o Livro-Reportagem. Segundo Lima (1998), este veículo amplia o trabalho da imprensa cotidiana penetrando em assuntos tratados por ela de modo superficial. Catalão Jr. (2010), por sua vez, lembra a perspectiva de veicular uma voz autoral que assume posição definida no inacabável diálogo da cultura, permitindo a ativa compreensão responsiva de seus destinatários.

    A pesquisa de campo durou aproximadamente vinte meses e se deu em Manaus (anos 2012-2013 e 2019-2021), onde residem compositores já desligados dos Bumbás; e Parintins, o berço da toada, e local onde moram compositores ou outros personagens intimamente relacionados a esse gênero musical.

    A fim de entender o processo criativo das toadas de Boi-Bumbá, acompanhamos duas edições do Festival Parintinense de Toada, gravações e lançamentos de CDs e DVDs dos dois Bumbás, assim como a gravação, lançamento do Blu-Ray do Bumbá Caprichoso e como a toada chegou no espaço cybercultural.

    Por fim, recomendamos que você escolha onde se recostar e deixe a poesia da toada te levar a Parintins dos Parintintins.

    Para quem vier nos visitar, acredite, alguém vai te dizer: Sejam bem-vindos os visitantes que vem trazer o seu alô! Pois, em festa de Boi na floresta […] tem gente bacana de todo lugar. Certamente, quem toma cerveja, toma tarubá, quem come lagosta, come tracajá. Mas se preferir o muquiado de jaraqui, de tucunaré, de curimatá, nossa culinária é rica. Também há pacu, há bodó, há tambaqui, há farinha d’água e o tucupi.

    Você, já bem satisfeito, tem que escolher o seu Boi! Atenção, minha galera, vamos levantar bandeiras e balancear no ar, que Boi Caprichoso gira e balanceia no brilho das estrelas. Se preferir o Garantido e quiser se declarar, é só cantar Garantido, tu és lindo quando chegas pra brincar.

    Além dos Bois, amos e sinhazinhas temos cunhãs-porangas, pajés, lendas e rituais. Há também o caboclo, com sonho caboclo, sangue caboclo e pele morena. O ritmo é por conta do Batuqueiro, quem traduz essa magia, traduzida em harmonia no batuque do tambor, do lado vermelho. E do Azul, a vida soa com a Marujada, que explica sou o suor que balança esse povo no mês de junho tocando tambor, batendo palminhas renasço de novo, ninguém gosta mais desse Boi do que eu!

    Como já foi dito, a ópera cabocla é toda narrada pelas toadas, o ritmo quente, amazonense. Os poetas locais definem-na como o batuque misturado, apaixonado tem a cara do Brasil, coisa assim nunca se viu. É o balanço que imita banzeiro, tem cheiro de beira de rio. Por conseguinte, a música tem herança do Nordeste, tem gingado de quilombo, tem poeira levantando, tem rufar de tambores tribais. E não é só isso, é um som tropical, de terreiro e quintal até as cordilheiras, descendo em aldeias, […] e acompanha o menino pelas ribanceiras; este bailado gostoso, do povo do tronco tupi-guarani, é dos tupinambás, é dos parintintins, ou é da Ilha Tupinambarana.

    Na Ilha, antigo e o novo se fundem para formar o sacode do Norte que não escolhe rico ou pobre, qualquer um aprende. Depois de tanta emoção, vindas do vermelho, […] vermelhusco, vermelhão ou do azul da cor do céu, azul a cor do mar, garanto que você já se sente parte da festa e vai cantar eu sou Boi-Bumbá, sou Parintins, sou a raiz e o coração de uma nação.

    Isso acontece porque aqui há o encontro das tribos de todas as cores, de muitos brasis, de muitos amores, de crença, de festa, de gente e floresta. Por isso, liberta a vaidade e vem brincar de Boi, na cadência eternizada na toada, a poesia de um amor que se transforma em som que vem da alma.

    Então, vamos fazer a contagem que a viagem vai começar: é 1, é 2, é 3 e já!

    CAPÍTULO I

    A TOADA E A INTERNET

    A toada é a trilha sonora das apresentações dos Bois-Bumbás de Parintins. São essas composições que, com toda a sua poesia, magia literária, contagia os brincantes e torcedores dos Bumbás. Suas letras já ajudaram na metodologia de leituras, já foram estudadas semioticamente e já ensinaram até zoologia, acreditem! Se procurar na Web, a internet vai mostrar muitos artigos e reportagens para fazer pensar que a toada de Boi de Parintins, por si só, é cultura e a identidade do Parintinense.

    Segundo Bentes e Fernando (2018, p. 68), trata-se de uma música tradicional entoada pelos levantadores de toadas dos Bois-Bumbás de Parintins, acompanhada por instrumentos como: tambores indígenas, matracas e surdos. Posteriormente, recebeu o charango andino e os instrumentos eletrônicos, como o teclado, guitarras dentre outros. Para além das narrativas que conduzem a festa, como ópera cabocla que é, a Toada ganha destaque no item 11 – toada letra e música –, sendo três toadas de Garantido e Caprichoso as concorrentes do Festival anualmente. Algumas perpassam os anos a fio e são cantadas em capela pela torcida que, em Parintins, é chamada de Galera, e a faz Melhor Galera do Festival, título almejado por azuis e vermelhos.

    E por falar em Web, Internet e Festival, 2020 foi o ano do Festival por Live. Realizado num sábado, dia 27 de junho de 2020, o Parintins Live trouxe para a arena itens oficiais dos Bumbás Garantido e Caprichoso, mas sem as Galeras vermelha e azul. O jeito de assistir à apresentação foi por meio da transmissão feita pela TV aberta, Acrítica – canal 4 de Manaus (AM) e, em Parintins e região, nos canais 12 VHF e 25 UHF digital e também pelas redes sociais, na internet.

    O Caprichoso se apresentou primeiro, alegrando os azulados. Duas horas depois, Garantido surgiu para delírio dos espectadores vermelhos, conforme sorteio realizado na tarde do dia 24 de junho de 2020, no Bumbódromo, e transmitido nas redes sociais. Nos dois lados havia uma nova preocupação, algo incomum no período de festival: mobilizar o menor número de pessoas dentro da arena para evitar aglomeração. O motivo? A pandemia do coronavírus, causador da covid-19¹, que assolou o mundo no ano de 2020.

    Na cidade de Parintins, as torcidas se preparam para a apresentação que objetiva arrecadar doações de cestas básicas e kits de higiene e limpeza para os artistas de cada associação folclórica, que estão sem trabalhar por conta das paralisações causadas pela pandemia da covid-19. O presidente do Caprichoso, Jender Lobato, explicou que o público pode contribuir com doações em diferentes valores, por meio de QRcode, e toda a arrecadação será destinada a artistas que estão em situação de vulnerabilidade por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus.

    — As pessoas podem doar de R$ 1 até quanto puder para que possamos ajudar artistas, soldadores, escultores, ajudantes, costureiras, componentes da torcida organizada e membros da marujada. Essa é a missão do Caprichoso, que tem um trabalho social muito forte, motivo de orgulho para nós. Quero pedir mais uma vez para a nossa nação azul e branca nos ajudar, afirma.

    Para o presidente do Garantido, Fábio Cardoso, a live é importante para manter a tradição e emocionar os apaixonados pelo festival e matar a saudade.

    — Essa live não substitui o festival, mas vamos matar um pouco dessa saudade do nosso boi, dos itens oficiais e das toadas antigas. Nela vamos realizar uma apresentação com segurança, dentro das condições que os órgãos competentes vão nos orientar a fazer e o Garantido prepara um espetáculo belíssimo. Nós esperamos contar com as doações do público, assegura.

    Marcos Apolo Muniz, secretário de Cultura do Amazonas (SEC), disse ao portal Acrítica² que era importante fazer a live na data e local tradicionais do Festival Folclórico de Parintins do ano de 2020. A 55ª edição foi suspensa do jeito físico, o jeito tradicional de mais de cinquenta anos. Contudo, a apresentação das lives inaugurou uma nova maneira de o público participar, aliando uma paixão com uma ação social de contribuir com doações de cestas básicas e depósitos bancários de qualquer valor às duas associações folclóricas, a fim de ajudar os artistas que ficaram sem renda pela suspensão de festas populares, por causa da propagação da covid. Segundo A Crítica, o secretário da SEC, afirmou:

    — Com esta versão, nós potencializamos, divulgamos a cultura local e fortalecemos o movimento, ao mesmo tempo em que nos adaptamos à realidade, conscientes da importância do distanciamento social como prevenção da covid-19 e seguindo todos os protocolos de segurança. Toda arrecadação será destinada para os artistas dos bumbás que estão em situação de vulnerabilidade.

    Os parintinenses viram as lives com estranhamento. Seja pela falta de hábito, pois o Festival dos Bumbás parintinense é sinestésico, necessita de presença, de toque e de estar junto para os apaixonados, os que não podiam aceitar que não houvesse festival em 2020. Seja pelos que achavam o festival on-line desnecessário, uma vez que a contaminação pelo coronavírus estava alta em Parintins e, apesar de muitos pedidos para que os torcedores não viessem para o Bumbódromo, muitos vieram para a Praça dos Bois para ver a movimentação (entrada e saída de itens dos Bois no Bumbódromo).

    Chiara Reis, professora de Língua Portuguesa e Literatura, é uma parintinense torcedora do Caprichoso. Ela não viu a aglomeração dos espectadores do Bumbás na Praça dos Bois com bons olhos. Pois o Coronavírus estava

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1