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A Última Melodia
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E-book140 páginas1 hora

A Última Melodia

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Sobre este e-book

Na festa de dez milhões de inscritos de seu namorado Henrique, Luísa Garcia, uma cantora famosa, movida pela mágoa do recente pé na bunda, comete um crime. No meio de um conflito interno sobre assumir seu erro e sofrer as consequências, ela conhece seu autor de suspenses policiais favorito, Fabrício Dantas. Luísa só não imaginava que o caminho entre um crime considerado pequeno e uma atrocidade seria tão curto.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de jul. de 2022
ISBN9781526011206
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    A Última Melodia - T.S. Nogueira

    cover.png

    A ÚLTIMA MELODIA

    - Dez minutos. Eu juro.

    - É a terceira vez que faz isso esse mês, Luísa, eu não sei se quero continuar com isso.

    Henrique fazia seu discurso de sempre, enquanto eu pisava no acelerador

    - Amor, o show atrasou um pouquinho e eu precisei fazer umas fotos depois, sabe como é.

    - Eu entendo... Você é casada com o microfone - disse em tom de deboche, para logo em seguida desligar na minha cara.

    Suspirei e apertei o volante, tentando controlar a raiva. Durante todos os 2 anos de namoro, Henrique nunca mostrou muito apoio ao meu trabalho; os atrasos dos shows, ensaios com a banda, fotos e viagens, além das horas intermináveis no estúdio de gravação. Não sei se ele tinha ciúme de mim, pela atenção dos fãs ou da atenção que eu roubava dele quando saíamos juntos. Penso em como me explicar, dessa vez, enquanto estaciono na porta da casa dele, onde acontecia a festa em comemoração aos seus 10 milhões de inscritos no canal de youtube. Todos os patrocinadores, parceiros e contatos influentes para ele estavam reunidos em um perfeito evento pra aumentar os negócios.

    Entrei na sala lotada de pessoas muito bem arrumadas, dançando em volta de um palco redondo, onde um DJ tocava; a decoração em tons de cinza e azul marinho deixava o ambiente bem elegante e claro, combinava com a arte do canal de Henrique. Do teto, como se estivessem realmente caindo, haviam balões também cinza e azul, fazendo uma espécie de tubo em volta da tão adorada placa de diamante, imponente, girando devagar, basicamente um lembrete do quão bom Henrique é em seu trabalho.

    Um garçom impaciente coloca a badeja de champanhe bem perto do meu rosto e pego um taça, imaginando quanto tempo ele esperou até que eu terminasse de admirar a decoração do lugar. Olho para os lados, procurando Henrique, quando vejo a porta do escritório sendo aberta e saindo de lá, várias pessoas que não parecem, mas muito provavelmente são gerentes de marketing, donos de empresas, todos muito ricos e dispostos a investir dinheiro no meu namorado que, pelo olhar cortante que me lança, está irritadíssimo comigo.

    Ele abre espaço entre alguns casais dançando e caminha até mim, sério.

    - Está atrasada - ele parece um pouco bêbado, ou talvez esteja cansado por causa da reunião.

    - Eu sei, me desculpe. Quer me apresentar ao pessoal? - tento me animar, mesmo sabendo que essa coisa de apresentações é a pior parte da noite.

    - Luísa, acho melhor você ir embora - diz, sério.

    Fico tão chocada com o que ele diz que chego mais perto, tentando entender.

    - O que você disse?

    - É melhor você ir embora - ele repete.

    - O que está dizendo, Henrique? Eu estou aqui, não estou? Um pouco atrasada, mas estou - tento me justificar mais uma vez.

    - Você está sempre atrasada, Luísa. Sempre em algum show, sempre fazendo fotos, assinando contratos, viajando. Você nunca está realmente aqui, no nosso relacionamento, e eu não quero continuar com alguém que nunca está disponível pra mim.

    - O quê? - foi só o que consegui dizer, enquanto ele se virava, indo em direção ao palco, dançando com os convidados que eu não fazia nem ideia de quem eram. Eu não acreditava no que tinha acabado de acontecer.

    Caminhei até meu carro, ainda em choque, quando percebi que continuava com a taça de champanhe na mão. Bebi todo o líquido gelado de uma só vez, jogando a taça para trás, sem pensar se acertaria em alguém ou alguma coisa. Entro no carro, consciente de que é uma péssima escolha dirigir alcoolizada, ligo o rádio e encosto a cabeça no volante, tentando me acalmar. Californication está no final quando resolvo que já é hora de sair dali, afinal a última coisa que eu quero é ser assaltada, mas algo me para. Várias pessoas seguem Henrique até seu jardim, todas carregando uma taça de champanhe, e então eu me lembro da empolgação dele ao me contar, ainda naquela semana, qual seria a atração principal de sua festa.

    - Vai ser épico! Ninguém nunca fez isso antes e com certeza vai atrair a atenção dos possíveis parceiros do canal. Mal posso esperar pra ver a cara dos convidados quando os fogos começarem.

    Num impulso, saio do carro e corro para o lado da casa, em direção à porta dos fundos. A cozinha está em silêncio, mas consigo ouvir Henrique fazendo alguns agradecimentos, do lado de fora. Caminho até a sala - de repente com medo de ser pega ali -, passo direto pelo palco e vou em busca de uma cadeira, na sala de jantar. Escolho a da cabeceira da mesa e me assusto quando o primeiro fogo de artifício estoura lá fora. Arrasto a cadeira até o palco na sala, posicionando bem no meio do tubo de balões. Olho para os lados, me certificando de que estou sozinha, tiro os sapatos de salto e subo na cadeira cinza sem fazer nenhum barulho.

    A placa está encaixada em um ganchinho de ferro, então é fácil tirá-la de lá e descer em 5 segundos. Levo a cadeira de volta para seu lugar sem me preocupar muito, afinal há quase duzentos suspeitos para esse roubo amador bem ali, no jardim. Os fogos continuam estourando e os gritos ficam cada vez mais animados. Saio pelo mesmo lugar que entrei, voltando para o carro pela lateral da casa, e quando ligo o motor, o grande final dos fogos acontece. Lá em cima, no céu de Uberlândia, uma placa igualzinha a que se encontra no meu bando do carona, brilha como diamantes. Os convidados estão visivelmente extasiados, gritando e aplaudindo o espetáculo que, devo admitir, está realmente muito bonito. Olho mais uma vez para o céu.

    Virando a esquina, enquanto 'Not My Ex' toca ao fundo, dou uma olhada na placa brilhante ao meu lado e penso: O QUE DIABOS EU ACABEI DE FAZER?!

    ***

    O despertador me faz pular às oito da manhã. Tateio o criado mudo em busca do celular e finalmente consigo parar o barulho insuportável, caindo de novo na cama com a cabeça enfiada nos travesseiros. Aos poucos, as lembranças da noite anterior invadem minha cabeça; Henrique me dando um fabuloso pé na bunda, uma taça de champanhe quebrada e... viro devagar a cabeça, e ela me encara, apoiada no meu criado mudo. Eu roubei a placa de 10 milhões de inscritos do Henrique. Eu roubei uma placa. Eu nunca havia roubado nada na minha vida e fui escolher justo isso pra começar? Poderia ter sido um banco, o estoque de morfina de um hospital, um corpo do IML. Tinha que ser a placa do Henrique? Mas que droga...

    Levanto da cama tentando evitar o enorme diamante que roubei e sigo para o banheiro, na esperança de que um mini SPA matinal irá fazer o trabalho de me animar. Começo separando uma máscara de cabelo e outra de pele, um esfoliante e um hidratante com protetor solar para finalizar. Escolho uma playlist e entro no banho determinada a sair dali com um bom plano para o dia, algo que não envolva pensar no crime que cometi. Duas horas depois, saio do meu apartamento, maquiada e pronta pra encarar qualquer coisa que a vida colocar no meu caminho, menos o que vejo na saída do prédio.

    - Finalmente, Luísa! Já estava ligando pra polícia - gritou Danilo, já entrando no carro e trocando a música.

    Eu havia me esquecido completamente do nosso encontro e, francamente, já estava me arrependendo de ter saído de casa pois teria que contar tudo sobre a noite anterior para o meu melhor amigo.

    - Relaxa, estou viva - tentei acalmá-lo.

    - Ok, conta tudo. Como foi a festa ontem? - ele parecia empolgado. - Ainda estou magoado com o Henrique por não me convidar.

    Ah, espera só eu te contar uma coisa, meu amigo...

    - Ele terminou comigo - joguei a bomba assim mesmo, do nada.

    Danilo olhou pra mim com a boca aberta em um O, visivelmente chocado com a informação que acabara de receber.

    - Você está brincando comigo, dona Luísa? Cadê as câmeras? Isso com certeza é uma pegadinha.

    Não respondi. Deixei que ele absorvesse a notícia.

    - O que aconteceu? - pergunta, quase gritando.

    - Eu cheguei atrasada na festa, tipo duas horas atrasada - tento explicar.

    - E ele terminou contigo por causa de um atrasinho de duas horas?

    - Ele terminou comigo porque, ''não quero continuar com alguém que nunca está disponível para mim'' - desenhei as aspas com a mão livre.

    - Você ajuda pessoas a afogar as mágoas e o cara reclama de disponibilidade... eu não entendo esse mundo, sinceramente. Mas como você está? - meu amigo

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