Três Jóias Do Budismo
De Ernesto Bono
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Três Jóias Do Budismo - Ernesto Bono
Blog e e-mail do Autor
http://blogdoernestobono.blogspot.com/ ebono.ez@gmail.com
Obras do Autor
É A CIÊNCIA UMA NOVA RELIGIÃO? (Ou Os Perigos do Dogma Científico - 1971 - Editora Civilização Brasileira S/A - RIO
NÓS A LOUCURA E A ANTIPSIQUIATRIA - Editora Pallas S/A – Rio – Editora Afrontamento, Porto, Portugal - 1975 e 1976, respectivamente
SENHOR DO YOGA E DA MENTE - Editora Record S/A – 1981 - Rio
ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO - Editora Record S/A - 1982 - Rio
ANTIPSIQUIATRIA E SEXO - (A Grande Revelação) - Editora Record S/A - 1983 - Rio
OS MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE - Fundação Educacional e Editorial Universalista FEEU - 1994
A GRANDE CONSPIRAÇÃO UNIVERSAL, - Bonopel Edições - 1994 - Porto Alegre (edição restrita) e Zenda Editora LTDA - 1995 - São Paulo -2a Edição. – Zenda Editorial, 1999, 3a Edição – São Paulo
O APOCALIPSE DESMASCARADO (Nem Anjos nem Demônios, Apenas ETs) – Editora Renascença – 1997 (edição restrita de 500 volumes) - Renascença - 1999 - Porto Alegre - 2a edição.
AIDS, QUEM GANHA QUEM PERDE - Uma história Mal contada – Editora Rigel – 1999 – Porto Alegre
CRISTO, ESSE DESCONHECIDO –3a Edição, Ed. Record S/A, 1979, Rio – Editora Renascença, 2000, Nova edição ou 4a Edição – Porto Alegre
(Tradução) PERCEPÇÃO INTERPESSOAL - Dr. Ronald D. Laing, Phillipson, Cooper - Editora Eldorado - 1974 - Rio
(Tradução) KUNDALINI, A ENERGIA EVOLUTIVA DO HOMEM - Gopi Krishna - 1980 – Editora Record S/A - Rio
O LADRÃO E SALTEADOR DA MENTE HUMANA - Parar Este Falso Mundo – (livro 1) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
TRANSMUTAR ESTE FALSO MUNDO - Parar Este Falso Mundo – (livro 2) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
KUNDALINI, O FOGO ESPIRITUAL - Parar Este Falso Mundo – (livro 3) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
A FARSA DOS MEIOS DO CONHECIMENTO - Parar Este Falso Mundo – (livro 4) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
PRISÃO DO TEMPO – Clube de Autores – 2011 – São Paulo
MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE – Clube de Autores – 2011 – Segunda Edição – São Paulo
O DESAPARECIMENTO DE NOSSOS FILHOS – 2011 – Clube de Autores – São Paulo
FILOSOFIA E SABEDORIA DE JESUS – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
SERÁ QUE A CIÊNCIA NOS ENGANA? - (Ciência, a Nova Religião, Primeiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
CIÊNCIA, MAGIA LOGIFICADA – (Ciência, a Nova Religião, segundo tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
DISCURSO CONTRA O MÉTODO OU A ANTIDIALÉTICA – (Ciência, a Nova Religião, Terceiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
AS BASES INCONSISTENTES DA MEDICINA CIENTÍFICA – (Ciência, a Nova Religião, Quarto Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo
UMA REVOLUÇÃO QUÂNTICA - Clube de Autores – 2010 – São Paulo
JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Primeiro Volume - Clube de Autores – 2012 – São Paulo
JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Segundo Volume – Clube de Autores – 2012 – São Paulo
JESUS SEM CRUZ – Clube de Autores 2012 – São Paulo
OS HERDEIROS DO FILHO DO HOMEM – Clube de Autores – 2012 – São Paulo
TRES JÓIAS DO BUDISMO - Clube de Autores – 2012 – São Paulo
ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – S.Paulo
SENHOR DO YOGA E DA MENTE – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – São Paulo
SUMÁRIO
PREFÁCIO
PRIMEIRA JÓIA E APRESENTAÇÃO
ALGUMAS PRECIOSIDADES DOS LIVROS BUDISTAS, CONSAGRADOS OU CANÔNICOS
A DOUTRINA BÁSICA DE BUDA
A Primeira Nobre Verdade
A Segunda Nobre Verdade
A Terceira Nobre Verdade
A Quarta Nobre Verdade
AS OITO ATITUDES OU O ÓCTUPLO CAMINHO
A Reta Palavra
A Reta Ação
A Reta Conduta ou Ocupação
O Reto Esforço
A Reta Atenção ou o Reto Discernimento
A Reta Concentração ou Meditação
A Reta Aspiração
Reta Visão ou Reta Compreensão, ou ainda Reta Percepção
PRIMEIRA VERSÃO DO "PRATITYASAMUTPADA" PARA O NOSSO TEMPO
Dodécupla Cadeia
EXPLICANDO O PRATITYASAMUTPADA
A ASCESE DO BOM BUSCADOR
A PROPÓSITO DA FÉ
SEGUNDA JÓIA E APRESENTAÇÃO
A VOZ DO SILÊNCIO
FRAGMENTO PRIMEIRO
Sutra 1 a sutra 82
FRAGMENTO SEGUNDO
Os Dois Caminhos
Clama a voz dos buscadores, dos candidatos
O Mestre então responde (sutra 9 a sutra 64)
Pergunta então o discípulo
O Mestre então responde (sutra 9 a sutra 64)
FRAGMENTO TERCEIRO
Os Sete Portais (sutra 1 a sutra 89 )
TERCEIRA JÓIA E APRESENTAÇÃO
DHAMMAPADA (ou Palavras da Boa Doutrina
Capítulo 1 – Versículos Gêmeos
Capítulo 2 – Estado de Alerta e Vigilância
Capítulo 3 – A Mente
Capítulo 4 – As Flores
Capítulo 5 – O Insensato
Capítulo 6 – O Homem Inteligente
Capítulo 7 – O Arhant
Capítulo 8 – Os Mil
Capítulo 9 – O Mal
Capítulo 10 – A Violência
Capítulo 11 – A Velhice
Capítulo 12 – Si Mesmo ou o UNO em Renovação
Capítulo 13 – O Mundo
Capítulo 14 – Buda
Capítulo 15 – A Felicidade
Capítulo 16 – O Prazer
Capítulo 17 – A Ira
Capítulo 18 – A Impureza
Capítulo 19 – Estar Dentro do Dharma
Capítulo 20 – O Caminho
Capítulo 21 – Temas Diversos
Capítulo 22 – Decaindo ou Mundo de Sofrimentos
Capítulo 23 – O Elefante
Capítulo 24 – A Sede Insaciável
Capítulo 25 – O Religioso [Bhikkhu]
Capítulo 26 – O [Verdadeiro] Brâmane
PREFÁCIO
Chamar este livro de Três Jóias do Budismo é quase uma redundância, porque todo o Budismo em si é uma verdadeira maravilha ou Jóia.
O budismo clássico ou canônico, e que encerra os ensinos espirituais e as palavras de Buda em inúmeros livros milenares já é uma coisa extraordinária. O sapientíssimo e grande Mestre Buda ensinou durante quase cinqüenta anos, e é de se crer, então, que tudo o que ele dizia acabava sendo registrado em pergaminhos, papiros, livros (pitakas)
Além desse budismo clássico ou canônico, apareceram depois discípulos notáveis ou verdadeiros Mestres que ampliaram o alcance da doutrina budista ainda mais. Vou citar só três que foram verdadeiros fenômenos em sabedoria transcendental. Há muitos outros mais.
No começo da era cristã, o Budismo passou a apresentar duas correntes, a clássica e canônica ou Hinayana, com seus monges de mantos amarelos e sanghas ou congregações, totalmente fiel aos ensinos básicos de Buda, o que é muito justo. E surgiu também o bloco budista filosófico-sapiencial chamado Mahayana ou grande veículo. Neste último foi incluído o grande filósofo e mestre Nagarjuna que criou a notável escola budista Madhyamika. Fantástica pela sua profunda sabedoria e pelo seu agudo criticismo. Além de Nagarjuna, temos também os irmãos Asanga e Vasubandhu que criaram um budismo profundamente psicológico chamado Yogacara-Sautrantika. E a psicologia e sabedoria dos dois irmãos ia muito além de qualquer escola moderna de psicologia e psicanálise.
A primeira jóia do budismo transcreve, compila e comenta alguns poucos dizeres e ensinos clássicos do grande Sidharta Gautama, o venerável e adorável Buda. A obra canônica que contém tudo o que Buda disse e ensinou é imensa. É muitíssimo maior que o Novo Testamento e os Quatro Evangelhos. Ficou registrada numa linguagem normal para aquele tempo, mas hoje, lamentavelmente de difícil entendimento. O leitor devoto que quiser assimilar algo dos notáveis ensinos de Buda tem que se aprofundar em sua mente e aguçar muito o entendimento para acabar compreendendo alguma coisa.
ATENÇÃO: As palavras do Buda ou do texto canônico aparecem digitadas em negrito. Meus pequenos acréscimos e comentários aparecem em letra comum ou letra padrão e entre colchetes [ ] ou entre parênteses ( ). Não alteram os dizeres budistas primordiais.
Vejamos agora alguma coisa do Budismo canônico ou a Primeira Jóia do Budismo:
(1) [Disse Buda um dia: monges amigos, compreendei]: O Não-ego [ou o REAL] escapa da intelectualização vulgar. A Verdade em Si é só VER ou Reto Perceber. Jamais é algum ego-[pensamento pretensamente cerebral] metido a conhecedor e perceptor. Todo aquele que simplesmente conhece [e reconhece, mal pensando], esse sempre se enlaça com a ignorância-desejo. Mas para aquele que Vê com correção – [e aqui nenhum fruto da intelectualização prevalece] – esse mesmo VER, nele, é EXISTIR!"
(2) [O Santo e Sapientíssimo Buda em outra ocasião também ensinou, dizendo]: "…Existe, ó irmãos, Aquele Domínio em que não se dão nem [as noções ou os pensamentos de] infinitude do espaço, [nem se dão as noções] de infinitude da consciência, nem se dá o prevalecimento conceitual do nada, nem ocorre o prevalecimento conceitual do conhecimento e do não-conhecimento. Aí tampouco se dá [o reconhecimento discursivo do] Sol e da Lua [pretensamente materiais ou meramente objetivados].
[Ó irmãos, em tal Domínio], dá-se, isto sim, a comunhão direta [do 'Isto-objeto' com o autêntico Sentir-EU
', sem a mediação do mal pensar]. Eu vos digo, ó irmãos, que nesse Domínio não se entra e não se sai, que aí não se permanece, [porque tudo se renova], que aí não se renasce nem nada aí decai. Isso [ou essa Maravilha] jamais pode ficar fundamentado por meio do intelecto, e em tal Domínio não prevalece qualquer atividade [discursiva da mente]. Tal Domínio, não pode ser objeto do pensamento [nem em objeto se transforma]. Tal Domínio, ó irmãos, é exatamente a Libertação do Homem, o fim do sofrimento, [é a anulação da morte, que o Mestre chama Nirvana e outros mais chamam Reino de Deus, Tão, Satori, Nirvikalpasamadhi, Éden Primordial, Jardim de Alá]!"
(3) [E Buda, o grande Iluminado, ainda acrescentou]: "…Existe, ó irmãos, o Não-Nascido, o que Não-Vem-a-Ser, o Não-Feito, o Não-Composto, Aquilo de que nada depende… Irmãos, se não existisse o Não-Nascido, o que Não-Vem-a-Ser, o Não-Composto, o Não-Feito, não se perceberia neste mundo [pretensamente material, mas em verdade sempre pensado, humano e reconhecível] uma saída, um escape para aquele homem que diz ter nascido, para aquela pessoa-ego que acha que vem-a-ser [em pensamento], para o feito [de modo proposital], para o que é composto… E visto que existe, ó irmãos, o Não-Nascido, que existe O que Não-Vem-a-Ser, [ou O QUE nem começa nem acaba], que existe O Não-Feito, que existe O Não-Composto, por esse mesmo motivo, constata-se uma SAÍDA, um ESCAPE para o [Homem] que diz ter nascido, para o [o homem-ego] que vem-a-ser [em pensamento], para o feito [de modo intencional], para o composto…"
Em continuação, vamos ver agora alguma coisa do Budismo derivado ou Mahayana (Grande Veículo}. E para tal vou copiar, transcrever, compilar e comentar dois ou três versículos soltos do livro A VOZ DO SILÊNCIO, para que se tenha uma pálida idéia dos ensinos do Budismo Mahayana ou até mesmo Budismo Tibetano.
Aquele que anela ouvir a Voz do Silêncio, o Som Insonoro [ou a voz da Sunyata, do Sunya ou do Vazio-Pleno, Buda Espiritual], e quer compreender este Som a fundo, esse tem que mergulhar na natureza da concentração-meditação [que em língua pali e sânscrita se escreve "dhyana" ou "dharana" ou concentração-meditação].
Tendo-se tornado indiferente às impressões de objetos que a falsa percepção [fisiológica] parece captar, [de fora para dentro, ou do mundo para os órgãos sensoriais], o discípulo tem que encontrar em si mesmo o (o falso) rei [ou o Raja] dos Sentidos, aquele que produz os pensamentos [estruturantes e discursivos], (ou seja) aquele que introduz na MENTE [Pura do Discípulo-EU] a Primordial Ilusão, [que é a ignorância-ego-pensamento, ignorância que passa a vigorar através da falsa percepção, principalmente].
A mente [personificada ou ego-mente] é a grande assassina do REAL [ou da Autonatureza, ou também da Mente Pura ou Consciência-EU]. Que o bom discípulo destrua, pois, a Primordial Ilusão[Avidya}, a destruidora da Vida!
E finalmente vejamos agora algumas palavras do livro DHAMMAPADA, a monumental jóia sapiencial do Budismo Hinayana e do Theravada. Este Dhammapada, em minha compilação, constitui exatamente a Terceira Jóia do Budismo. Se ele fosse mais difundido como um manual de boa conduta e de sabedoria perfeita, o mundo seria totalmente outro.
Tudo o que somos [que os budistas chamam dharma ser, existir] ou a nossa condição humana é o resultado do que temos pensado; o homem fundamenta-se em seus próprios pensamentos, foi feito pelo seus pensamentos. [Ou a nossa condição ego-humana, totalmente refeita, reconstruída, extremamente complexa e aparente, é o resultado do que temos pensado, foi feita pelos pensamentos]. E se um indivíduo fala e atua com idéias malignas, a dor segui-lo-á como a roda acompanha os passos do boi que puxa a carreta.
[Ou também: O dharma que nos caracteriza ou a nossa condição ego-humana é o resultado do que temos pensado e temos feito, posto que sempre se reconhece o que pensamos. O que somos é o resultado do que temos pensado, ou senão é o resultado da lamentável e enganadora preexistência espaço-temporal própria que a mente ego-personificada forja ou recria. A condição ego-humana fundamenta-se em nossos próprios pensamentos e atos, foi feita pelos pensamentos que nos caracterizam. E se uma pessoa-ego fala e atua com idéias malignas, a dor segui-lo-á como a roda acompanha os passos do boi que puxa a carreta].
Tudo o que somos [dharma] ou a nossa condição humana é o resultado do que temos pensado; o homem fundamenta-se em seus próprios pensamentos, foi feito pelos pensamentos [ou a nossa condição ego-humana é o resultado do que temos pensado e agido em consequência, foi feita pelos pensamentos]. E se um indivíduo fala e atua com idéias benevolentes, a felicidade acompanhá-lo-á como a sombra que nunca o abandona.
Ele abusou de mim, ele me agrediu, ele me subjugou, roubou o que era meu
, – aqueles que albergarem em si mesmos, e de modo constante, sentimentos rancorosos como esses, – [como, aliás fazem certos notórios personagens ditos religiosos] – nunca deixarão de ser agressivos, [mau, hipócritas e injustos].
Ele abusou de mim, ele me agrediu, subjugou-me, roubou o que era meu", – aqueles que deixarem de abrigar em si mesmos sentimentos de rancor como esses, libertar-se-ão do ódio, posto que em nenhum tempo o ódio se extingue com o ódio; o ódio só se extingue com o amor ou com a benevolência; e esta é uma Lei antiga ou é o próprio Dharma budista.
Ernesto Bono
PRIMEIRA JÓIA E APRESENTAÇÃO
Sakhya Muni ou Sidharta Gautama (príncipe) e depois Buda (Liberto, Iluminado, Realizado) existiu de fato e nasceu na Índia ou nas fronteiras do Nepal, mais ou menos 620 anos antes de Cristo e morreu (ou retirou-se do mundo) nas proximidades do ano 543, em Kusinagara, na província de Udh.
Sidharta Gautama, depois de sua incomparável Iluminação surpreendeu-se com o Nirvana e ao conquistá-lo, transformou-se no próprio – Vida pura, incondicionada, totalmente livre e harmônica. Em suma, Sidharta Gautama, totalmente realizado voltou a ser Sat-Chit-Ananda ou Ser-Cosciência-Felicidade. Os mestres precursores e posteriores da Índia chamam o Nirvana de Buda de Nirvikalpasamadhi.
Antes de retirar-se deste falso mundo material, tornou-se um Sábio Superior e Mestre da boa religiosidade – Religar – da filosofia suprema, da sabedoria excelsa, da ciência máxima, da epistemologia e gnoseologia corretas, um perfeito avatar do autoconhecimento. Nenhum outro Mestre conheceu a Mente ou o Espírito-EU como Buda. E Ele obsequiou ao homem a suprema possibilidade da Libertação, Redenção e Iluminação.
Foi o grande descobridor da Lei dos engendramentos humanos superpostos, ou da Lei da Geração Condicionada que em termos budistas se chama Pratityasamutpada: Isto sendo, aquilo é; isto não sendo, aquilo não é
.
Em termos modernos, tal lei também pode ser exprimida assim: "Isto sendo, em pensamento, aquilo aparece, aquilo se sobrepõe, aquilo é ou passa existir, aquilo se objetiva e se superpõe como dado pensado, sempre que para tal o homem execute o ato intencional ou proposital. Isto não sendo pensado, aquilo não aparece, não surge, não se sobrepõe, porque aí além de não se pensar a respeito, também não se executa o ato intencional.
Essa Lei é a que rege as reconstruções mundanas, os pequenos milagres, e principalmente os engendramentos da ciência moderna que ela chama de descobertas
. Rege principalmente tudo o que é feito
, tudo o que é composto
, tudo o que parece ter começo, meio e fim. Ou melhor, o
dado eternamente dependente e falsamente substancial (material), e que parece ser espaço-temporal e pareceu ter tido um começo, e também parece ter um meio e fim. Para a visão budista, nunca houve criação de nada. Tudo se Manifesta de modo Incondicionado ou também, o que é pior, de modo condicionado ou dependente. Há, portanto, uma Geração Incondicionada e outra, falsa, condicionada.
Amigos esta Lei da Geração Condicionada é a mais importante lei da vida condicionada e do mundo reconstruído. Todas as demais leis da ciência, da justiça e religiões são secundárias ou banalidades, salvo o Dhamma budista e o Amor universal.
Buda ensinava que a vida em si era não-material ou Çunya, ou era um Vazio-Pleno. Nada a ver com o nada ou o com o niilismo. Çunya é uma vida de pura vitalidade, livre de substância ou complicações materiais. A Verdadeira Vida ou o Divino Espírito-EU é totalmente incondicionado. Manifesta-se sem laços, sem impedimentos e sem leis estúpidas atravancando a Manifestação Primeva ou Autonatureza, (Geração Incondicionada).
O Homem Verdadeiro também faz parte dessa Manifestação Primeira, mas algo anômalo parece acontecer em sua Mente, e por causa disso se extravia.
Além de Saber-Sentir-Intuir-Atuar-Amar (pulsações primevas), o homem a modo de dizer se perde, se confunde, se extravia porque começa a mal pensar. E esses maus pensamentos são reflexos caducos da Vida Pulsátil Verdadeira.
E esse mal pensar começa então a