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A Farsa Dos Meios De Conhecimento
A Farsa Dos Meios De Conhecimento
A Farsa Dos Meios De Conhecimento
E-book729 páginas10 horas

A Farsa Dos Meios De Conhecimento

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Sobre este e-book

Acredito que o título deste trabalho é extremamente audacioso, pois ninguém se permitiria duvidar da validez dos meios do conhecimento, consagrados pela tradição, pela filosofia em geral, pelas religiões do Ocidente e principalmente pela Ciência Moderna. E não se trata somente de duvidar de tais meios, como principalmente chamá-los de A Farsa dos Meios do Conhecimento. Pois é, amigos, se se aceitasse a absoluta validez dos meios do conhecimento, ou seja, se se aceitasse a absoluta validez dos órgãos sensoriais, dos corpúsculos sensitivos, dos terminais nervosos, dos nervos sensitivos ou aferentes, do cérebro, da mente personificada, da alma teológica, do ego-consciência, do inconsciente inventado por Freud, do Id, do Superego, da lógica-razão, da memória-raciocínio-imaginação etc., isso obrigaria a que um criticismo inteligente, sadio e mordaz, e uma Lógica Extremada e Autofágica se silenciassem e se anulassem para que ficassem prevalecendo os pareceres dogmaticamente limitadores da lógica-razão habitual. Frente a certos ardis dialéticos, como os que apresento no livro, todo o mundo costuma baixar a cabeça, emudecer e não saber o que dizer, quando contrariamente aí é que se deveria protestar e criticar contra aquilo que nos é impingido à força. Estes são os ardis em questão: a)Os meios do conhecimento são absolutamente indispensáveis e válidos para qualquer investigação crítica e inteligente, e inclusive serviriam para a auto-reflexão e para a meditação. (Em verdade, tais meios do conhecimento só parecem ser indispensáveis numa investigação discursiva, pretensamente filosófica, religiosa e científica, investigação essa cheia de truques, restrições, dependências, limitações, aparências etc. já veremos por que).). b)Os meios do conhecimento são indubitavelmente infalíveis, axiomáticos e duvidar de sua função significa estultícia. (Isso é o que a ciência, a filosofia, a teologia e a tradição vigente dizem, porque lhes convém). c)Os (pretensos) meios do conhecimento são universalmente aceitos por todos, principalmente pelos filósofos comuns, pelos cientistas, pelos teólogos, pelos psicólogos, psiquiatras e outros mais. (Infelizmente, digo eu. No texto do meu livro, provo exatamente o contrário dos tópicos a), b), c).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de fev. de 2011
A Farsa Dos Meios De Conhecimento

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    A Farsa Dos Meios De Conhecimento - Ernesto Bono

    Ernesto Bono

    A Farsa dos Meios do Conhecimento

    FICHA CATALOGRÁFICA

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP

    ___________________________________________________

    B712f Bono, Ernesto

    A farsa dos meios do conhecimento. / Ernesto Bono. –

    Porto Alegre, 2010.

    279 p. 14,8 cm x 21 cm.

    1. Percepção sensorial. 2.Epistemologia. Gnosiologia

    (posição epistemológica). 3.Budismo. I. Título

    CDU 159.93

    165.000.165

    294.3

    ___________________________________________________

    TODOS DIREITOS RESERVADOS – é proibida a reprodução, salvo pequenos trechos, mencionando-se a fonte. A violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/98) é crime (art.184 do Código Penal). Depósito legal no escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, sob o número de registro 516.982, livro 980, folha 3

    Blog e e-mail do Autor

    http://blogdoernestobono.blogspot.com/ ebono.ez@gmail.com

    Obras do Autor

    É A CIÊNCIA UMA NOVA RELIGIÃO? (Ou Os Perigos do Dogma Científico - 197l - Editora Civilização Brasileira S/A - RIO

    NÓS A LOUCURA E A ANTIPSIQUIATRIA - Editora Pallas S/A – Rio – Editora Afrontamento, Porto, Portugal - 1975 e 1976, respectivamente

    SENHOR DO YOGA E DA MENTE - Editora Record S/A – 1981 - Rio

    ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO - Editora Record S/A - 1982 - Rio

    ANTIPSIQUIATRIA E SEXO - (A Grande Revelação) - Editora Record S/A - 1983 - Rio

    OS MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE - Fundação Educacional e Editorial Universalista FEEU - 1994

    A GRANDE CONSPIRAÇÃO UNIVERSAL, - Bonopel Edições - 1994 - Porto Alegre (edição restrita) e Zenda Editora LTDA - 1995 - São Paulo -2a Edição. – Zenda Editorial, 1999, 3a Edição – São Paulo

    O APOCALIPSE DESMASCARADO (Nem Anjos nem Demônios, Apenas ETs) – Editora Renascença – 1997 (edição restrita de 500 volumes) - Renascença - 1999 - Porto Alegre - 2a edição.

    AIDS, QUEM GANHA QUEM PERDE - Uma história Mal contada – Editora Rigel – 1999 – Porto Alegre

    CRISTO, ESSE DESCONHECIDO –3a Edição, Ed. Record S/A, 1979, Rio – Editora Renascença, 2000, Nova edição ou 4a Edição – Porto Alegre

    (Tradução) PERCEPÇÃO INTERPESSOAL - Dr. Ronald D. Laing, Phillipson, Cooper - Editora Eldorado - 1974 - Rio

    (Tradução) KUNDALINI, A ENERGIA EVOLUTIVA DO HOMEM - Gopi Krishna - 1980 – Editora Record S/A - Rio

    O LADRÃO E SALTEADOR DA MENTE HUMANA - Parar Este Falso Mundo – (livro 1) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    TRANSMUTAR ESTE FALSO MUNDO - Parar Este Falso Mundo – (livro 2) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    KUNDALINI, O FOGO ESPIRITUAL - Parar Este Falso Mundo – (livro 3) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    A FARSA DOS MEIOS DO CONHECIMENTO - Parar Este Falso Mundo – (livro 4) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    PRISÃO DO TEMPO – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE – Clube de Autores – 2011 – Segunda Edição – São Paulo

    O DESAPARECIMENTO DE NOSSOS FILHOS – 2011 – Clube de Autores – São Paulo

    FILOSOFIA E SABEDORIA DE JESUS – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    SERÁ QUE A CIÊNCIA NOS ENGANA? - (Ciência, a Nova Religião, Primeiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    CIÊNCIA, MAGIA LOGIFICADA – (Ciência, a Nova Religião, segundo tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    DISCURSO CONTRA O MÉTODO OU A ANTIDIALÉTICA – (Ciência, a Nova Religião, Terceiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    AS BASES INCONSISTENTES DA MEDICINA CIENTÍFICA – (Ciência, a Nova Religião, Quarto Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    UMA REVOLUÇÃO QUÂNTICA - Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Primeiro Volume - Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Segundo Volume – Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    JESUS SEM CRUZ – Clube de Autores 2012 – São Paulo

    OS HERDEIROS DO FILHO DO HOMEM – Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    TRES JÓIAS DO BUDISMO - Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – S.Paulo

    SENHOR DO YOGA E DA MENTE – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – São Paulo

    Sumário

    Apresentação

    As Três Posturas Psicológicas e os Três Tempos

    Os Cinco Sentidos e o Sentir Verdadeiro

    Ver ou Enxergar

    A Falaciosidade dos Meios do Conhecimento

    O que é Tornar-se Cônscio de, Conscientizar, Perceber?

    As Duas Fontes do Conhecimento

    As Oito Etapas do Conhecimento Científico

    Um acréscimo Salafrário

    Suplantando o Despotismo das Velhas Teorias do Conhecimento

    O Raciocínio nem Sempre é uma Virtude; às Vezes é um Vício

    Os Meios do Conhecimento não são Nenhum Axioma

    Os Alertas da Autêntica Sabedoria Milenar

    O Entendimento que Supera o Tempo

    As Oito Atitudes ou o Óctuplo Caminho

    A Lei da Geração Condicionada "nos Faz Renascer numa Estranha Condição"

    Pratityasamutpada ou Geração Condicionada

    Uma Similitude para a Lei da Causalidade

    O que o Mestre Nagarjuna Quis Dizer com

    Os Termos Substancial e Insubstancial

    Diga-se não ao Ego-Agente, ao Ego-Ator, ou também

    Diga-se não ao Ego-Conhecedor-Perceptor

    Diga-se também não ao Conhecer e Perceber Fisiológico do Ego

    Outra Apreciação dos Sutras de Nagarjuna

    Que Conhecimento Direto Seria Esse que Poderia

    Autenticar os Meios Fisiológicos do Conhecimento?

    Nenhum Ego-Cérebro Objetivado em Mim e no

    Próximo Consegue Conhecer o Corpo Humano Verdadeiro

    Nem o Vedor se Prova a si Mesmo nem a

    Coisa Vista Prova o Vedor

    Analogias entre Câmara Fotográfica e o Olho

    Os Sentidos Não São Janelas nem o Mundo é um Mero Panorama

    Percepção Sensorial

    A Respeito dos Agregados (Formas, Nomes mal Vistos, mal Sentidos)

    Os Estados Mentais e o Ego

    Um Conjunto de Colocações Oportunas

    Repetições Necessárias

    Mais Repetições Oportunas

    Mais um Repeteco

    Artimanhas do Pensamento

    A Falsa Autoridade e as Analogias e Inferências Enganadoras

    Os Meios do Conhecimento Puramente Intelectual

    Nem Prova Objetivada nem Raciocínios Provam Nada

    A Lógica-Razão não é Nenhum Organon

    Do Irreal ao Real

    O Real (Interno e Externo) não é Igual à Lógica-Razão

    O Perfeito Entendimento é Também o Absoluto

    As Três Posturas da Boa Filosofia

    Criticismo Kantiano e suas Limitações

    Nem Corda (Falsa Realidade) nem Serpente (Aparência Superposta)

    Apenas Contra as Opiniões e não Contra o Real

    A Filosofia-Ciência, Higienizadora e Libertadora

    O Absoluto e o Universo

    Interdependência e Irrealidade

    O Cosmo Verdadeiro é Consciência-Ação

    Dor e Libertação

    Livres de Apego, a Dor Simplesmente não Existe

    A Retribuição do Ato Intencional Personificado (ou Carma)

    Tudo o que for Ligado na Terra Será Ligado no Céu

    Nem Eternismo nem Niilismo

    Não Alimentar nem Teses nem Antíteses e não

    Se Iludir com Sínteses

    O Mestre Supremo e a Verdade Impensada

    Cultural Espiritual é Auto-Reflexão

    Sunyata e Karuna

    A Verdade não Começa nem Termina

    As Categorias do Pensamento não Afetam o Real

    Os Paradoxos da Verdade Última

    O Perfeito Entendimento

    Apresentação

    Leitor amigo, não lhe parece que o título deste meu livro, o quarto de uma quadrilogia, é extremamente audacioso, pois ninguém se permitiria duvidar da validez dos meios do conhecimento, consagrados pela filosofia em geral, pelas religiões do mundo ocidental, pela tradição e principalmente pela Ciência Moderna. Sim, é audacioso não somente por duvidar de tais meios – quando, não obstante esta minha denúncia, para todas correntes do saber, os órgãos sensoriais parecem funcionar muito bem – como mormente por transformá-los no principal farsante desta Farsa dos Meios do Conhecimento.

    Pois é, amigos, se se aceitasse a absoluta validez dos meios do conhecimento, ou seja se se aceitasse a absoluta validez dos órgãos sensoriais do corpo que a ciência descreve, dos corpúsculos sensitivos desses pretensos órgãos, dos terminais nervosos, dos nervos sensitivos ou aferentes, da córtex cerebral, do cérebro como um todo. E se além disso se se aceitasse a mente ego-personificada, a alma teológica, o ego-consciência, o inconsciente inventado por Freud, o Id, o Superego, o Inconsciente coletivo etc. Em suma, se nisso tudo se incluísse ainda a lógica-razão, a memória-raciocínio-imaginação etc., tudo isso obrigaria a que uma Lógica Extremada e Autofágica (criticismo mordaz e inteligente) fosse silenciada e se anulasse, para que ficassem prevalecendo as opiniões ou os pareceres limitadores e dogmaticamente estabelecidos de modo ardiloso e que a seguir transcreverei.

    Diante dos ardis dialéticos, como os que a seguir vou descrever, todo o mundo baixa a cabeça, emudece e não sabe o que dizer, quando, contrariamente, é aí que se deveria clamar, protestar e criticar contra aquilo que nos é impingido quase à força.

    E, portanto, os donos do Saber estabelecido, verdadeiras múmias empafiadas, dizem:

    Amigos, nesses três tópicos há um subentendido astuto ou uma objeção básica e que parece dizer que se não se aceita a validez prévia dos meios fisiológicos do conhecimento, nada pode ser avaliado e um criticismo eficaz também não cabe ou não caberia.

    Essa objeção, contudo, está assentada em inúmeras confusões e fatores gratuitos, como já foi visto em meus três livros anteriores: l) O Ladrão e Salteador do Mente Humana – 2) Transmutar Este Falso Mundo – 3) O Fogo Físico e o Fogo da Paixão.

    Primeiramente, essas três posturas ou três colocações nada sabem do que vem a ser o pensamento em si. Tampouco levam em conta que uma dialética realmente boa – não necessariamente hegeliana, marxista – não teme enfrentar a assim dita infalibilidade da lógica-razão. E muito menos uma lógica extremada e autofágica tentará assentar-se a si mesma, no trono da Verdade, feita uma testemunha perfeita, como a lógica-razão acadêmica sempre faz. Mas mais do que a lógica-razão, os lógico-racionais é o que sempre fazem, com seu lucubrar emburrecido e raciocínios aborrecíveis.

    As três objeções supra poderão parecer válidas para a lógica comum, ou para a maneira de pensar e atuar da Ciência, maneiras que, pretendendo manipular o mundo objetivo e dele tirar proveito, são obrigadas a aceitar esses cânones da lógica em voga.

    Porém e de qualquer maneira, um homem inteligente e avisado se apercebe que tais cânones lógicos são principalmente ladinos, enganadores, despóticos e deturpam a Vida.

    Nenhuma atividade absolutamente válida pode saltar fora desses três cânones, como de fato não surge. Bem ao contrário, o que daí poderá aparecer serão só a complicação, o desvirtuamento e a violência – e para tal é só ver os meus três tomos que precederam a este que o amigo têm em mão.

    Ademais, baixar a cabeça para tais cânones, equivale a assentar causas e condições esdrúxulas, que em verdade são deletérias e negativas. Num caso assim, a Sensibilidade e a Inteligência do Homem Primevo, além de seu Ato Puro, serão sempre suplantados e sacrificados. E para favorecer tal arbítrio, digamos, o ato propositado, intencional, terá que ser amiúde executado a favor do pensamento mentiroso e enganador. E aqui então teremos ou experimentações científicas descabidas, ou senão puros atos de violência, a obedecerem ordens de prepotentes e extremados, e até mesmo alguns acharão estar cumprindo a Lei..

    De qualquer modo, aceitar essas três objeções do senso comum, do pensar filosófico e científico, da teologia seria um verdadeiro suicídio. Se os princípios do senso comum e da ciência tivessem que ser sempre aceitos como infalíveis, eles nos arrastariam a uma regressão para um menos infinito de tolices e confusões, como as que o conhecimento científico já desencadeou e estabeleceu.

    Valendo-me de uma Lógica Extremada e Autofágica volto a perguntar:

    De que maneira os meios do conhecimento – ou os olhos, as células da retina, o nervo ótico, os nervos sensíveis ou aferentes, o cérebro, o centro do ficar cônscio de cerebral, os neuropeptídeos, a memória-raciocínio-imaginação cerebral, a pretensa alma emprestada, o inconsciente fisiológico de Freud, Id, etc. – se estabeleceram como autênticos ou como funcionando de fato ou ainda como eficazes, sem que alguém primeiro não tivesse recorrido ao seu raciocínio (pensamento)?

    Ou também sem que alguém não tivesse recorrido aos meios do conhecimento de alguém mais, um legítimo concordino ou partidário disso tudo, para que ambos autenticassem e justificassem toda essa remontagem mentirosa?

    Se para estabelecer a pretensa autenticidade dos dados da neurologia e fisiologia sempre temos que recorrer ao pensamento vulgar e aos meios do conhecimento de um indivíduo prévio, digamos um cientista, um fisiólogo, neurologista, bioquímico etc. como, então, os meios do conhecimento do cientista ou neurologista se estabeleceram primeiro de modo completamente veraz ou válido?

    E mais, como puderam tais pretensos meios do conhecimento tornarem-se absolutamente fiéis, válidos, eficazes e realmente objetivos? De que maneira a ciência fisiológica pôde explicá-los satisfatoriamente se os pesquisadores que se meteram a estudar tais meios, em seu modo de pensar e atuar jamais levaram em consideração aquela condição enganadora da persona-ego de cada um? O ego-pensamento em todos nós, com violência e mal pensando, sempre transforma seu objeto de estudo – no caso, o próximo ou uma simples cobaia – em fonte de revelações enganadoras que resultaram em falsas provas?

    Em termos de dialética fútil e externamente falando, nada pode ser veraz e nada pode ficar realmente estabelecido sem que primeiramente os pretensos meios do conhecimento se autentifiquem por si mesmos, nem que seja de modo aproximado. Se eles não se autentificam por meio do autoconhecimento, e não da ciência (coletânea de opiniões), não se pode dizer que eles de fato captam e testemunham algo externo. Quem diz que os órgãos sensoriais captam e testemunham é o ego-pensamento falastrão em todos nós e não os órgãos sensoriais.

    Sabendo-Sentindo-Intuindo, Aqui e Agora, já somos completos, sem que aqui se acrescente ego-mal-pensante e órgãos sensoriais pensados. Só depois de começar a pensar de modo errôneo, e no tempo, é que passamos a reconhecer os assim ditos órgãos sensoriais, as terminações nervosas, os nervos sensitivos ou aferentes, o cérebro etc .etc tudo sempre pensado.

    Digamos que os órgãos sensoriais pertencem a um cientista que só sabe mal pensar e mais mal pensar. Repito, então, como conseguiu ele autoconhecer-se em profundidade, ou como acabou conhecendo inclusive seus próprios meios da percepção, meios da conscientização cerebral, funcionando a contento e autenticando tudo o que parece ser externo?

    Em sua própria cabeça (subjetivismo), descobriu ele o pretenso e enganador quimismo cerebral (neuropeptídeos etc.) redundando em pensamentos, sentimentos e em percepção?

    Ou quem sabe, só descobriu isso feito objeto e na cabeça do próximo?

    Mas, independentemente do que possa ter acontecido, se em sua própria cabeça ou se na cabeça do próximo, ao efetuar tal descoberta, mesmo assim, quem alcançou tais torpes conclusões e conhecimentos estapafúrdios foi o ladrão e salteador dentro dele (ou ego-pensamento) e não seu quimismo cerebral.

    Este nosso respeitável cientista simplesmente jamais conheceu a fundo seu modo de pensar nem conheceu de modo direto o pensamento em si. Sim, pois em termos de intelecção pura, tampouco o poderá conhecer. É por isso que o pensamento primevo, instalado por sobre do Real, por sobre do Aqui e Agora, de modo bem ladino e sagaz, ele arma causas e condições prévias e sutis que acabam convencendo qualquer homem ou qualquer cientista desavisado.

    E se tal buscador cientista não se conheceu nem Diretamente, graças a um Autoconhecimento (ou Saber-Sentir-Intuir), nem conseguiu se conhecer de modo indireto ou por meio de um fisiologismo pretensamente cerebral, de que modo pôde ele conhecer também o funcionamento dos meios do conhecimento ou o cérebro de seu vizinho?

    Como pôde conhecer de maneira correta os meios do conhecimento de seu objeto de análise, ou seja, da pessoa-cobaia que está ou estava à sua frente?

    E não esqueçamos que este modo indireto de conhecer, como adiante veremos, indica e traduz apenas a um ego abstrato, mentiroso, ladrão e salteador, pensando a respeito de si mesmo e a respeito daquilo que acredita ter à sua frente.

    Ou seja, o ego-pensamento é a sombra do filho da mulher estéril meditando em cima da própria sombra que ele mesmo é.

    Mas tal pesquisador conseguiu entender realmente e decifrar o modo de perceber e pensar daquela pessoa-cobaia-objeto para, generalizando, finalmente tornar isso um conhecimento científico irrefutável e válido para tudo e todos? Mas é isso possível, ou pelo menos terá isso algum valor? Os cientistas quando enfocando o cérebro e os órgãos sensoriais acreditaram entender e decifrar os meios do conhecimento não terão somente mentido e delirado ao extremo?

    E desde quando um objeto de experimentação (cérebro), em total dependência ao modo de pensar e agir do experimentador, nos obsequia alguma verdade, alguma prova, sem que primeiro, determinado cientista ou sujeito pensante pense pelo objeto inerte e mudo (o cérebro). E, além disso, se meta a executar o ato proposital ou a fazer experiências, estapafúrdias, arrancando daí falsas provas, as quais já faziam parte do fundo mental desse mesmo experimentador, provas que ele simplesmente extrojetou? Por acaso raios X, tomografias, ecografias, cintolografias, eletroencefalogramas e outras parafernálias mais, se postas em contato com o cérebro, falam por si mesmas ou é o homem que as faz funcionar e as interpreta em conformidade a peculiares maneiras de pensar profundamente enraizadas? Se não se pensa primeiro e depois se faz alguma coisa, os aparelhos científicos podem revelar alguma coisa? E os peptídeos cerebrais por si mesmos revelam alguma coisa? E podem?

    Nessa brincadeira toda, o nosso cientista experimentador não fez outra coisa senão reconhecer suas próprias reconstruções mentais, remontagens sutis e extrojeções, próprias de seu fundo mental ou Campo de Consciência Sensorial da Ciência.

    E se um cientista se meteu a estudar os meios do conhecimento de seu próximo, digamos um terceiro indivíduo, sem ter o mínimo vislumbre e entendimento de seus próprios e pretensos meios, sem ter tido a mínima chance de surpreender e perceber como se desenrolava sua maneira torta de observar, seu próprio raciocínio desonesto, sem ter qualquer Autoconhecimento, então aquilo que ele arrancou do cérebro alheio, do cérebro exposto de seu próximo era somente o seu lixo mental, a sua fumaça mental. Isso não era uma descoberta que acabou se constituindo num fisiologismo cerebral válido, autêntico, ou num meio do conhecimento humano decifrado, mas eram seus próprios pensamentos ladinos, seus modelos e representações os que estavam se projetando adiante, exatamente naquilo que ele chamou de seu objeto de estudo, objeto este que geralmente é um próximo desconhecido e sofredor ou é uma cobaia indefesa.

    Se os meios fisiológicos do conhecimento do estudioso, do cientista, a partir de um autoconhecimento ou a partir de outros enfoques mais, esclarecedores de fato, não se estabelecem primeiro, esse cientista não poderá concluir que agora conhece os meios de conscientização ou de percepção do próximo, só porque esmiuçou uma pasta melequenta (cérebro) e a transformou em objeto de análise, como, aliás, sempre tem feito a medicina, o fisiologismo e a neurologia cerebral. Isso não é bom conhecimento, isso é embuste completo.

    Filósofos, cientistas honestos, religiosos autênticos (e não fanáticos), bons pensadores onde estais para não clamar aos céus contra tudo isso, contra todos esses abusos gratuitos da ciência e do cientificismo?

    Aquele que investiga as coisas à maneira científica, nada sabe sobre as artimanhas e astúcia de sua própria mente, sobre como o pensamento ou memória-raciocínio-imaginação nos engana, sobre o quanto o seu perceber restrito é distorcedor e enganador, sobre aquilo que de fato está fazendo ou como está procedendo. E se insistir em atuar desse modo, nada poderá alcançar de válido naqueles órgãos sensoriais, nervos e cérebro que estão à sua frente, feitos coisas factíveis de analisar.

    Lamento dizê-lo, mas a fisiologia científico-cerebral, a neurologia, a psiquiatria e a psicanálise por alguém (ego) praticadas em terceiros são as disciplinas mais desonestas e enganadoras que existem, próprias de um (re)conhecimento ladino, e são o pior absurdo que um homem falsamente entendido poderia ter inventado.

    Como se poderá estabelecer a validade dos meios do conhecimento de seja lá quem for, se um estudioso não se autoconhece e nunca se auto-enfocou, e nada sabe sobre seu próprio pensamento ou mente (verdadeira) funcionando? Como esse pode, pois, se meter a estudar o cérebro alheio (mero objeto), que forçosamente sempre se confunde com sua própria mente ladina – pessoa pensante, de um lado, e objeto pensado do outro, ambos superpostos a uma Verdade Maior – mente-ego-pensante essa que o leva a concluir tolices. Ou seja, de que todas as revelações que arrancou do cérebro alheio são exatamente aquilo que ocorre em tal cérebro e finalmente em seu próprio cérebro-mente também?

    De onde o pensamento não cerebral, astuto e mentiroso, retirou tanta força para confundir e enganar? Evidentemente da falta de cuidado do homem, do egocentrismo, do egotismo, da desatenção, da falta de profundidade, Inteligência e boa religiosidade, e do eterno sacrifício a que o Saber-Sentir-Intuir-Atuar-Amar do Homem Verdadeiro é submetido.

    Ai amigo leitor, tens que te autenticar por um Autoconhecimento, por um Conhecimento Direto, por um Conhecimento Maior, e não por meio de simples textos de livros ou ensinos universitários sempre comprometidos e contraditórios. Se um Mestre e Sábio de verdade, já Autenticado, (não um professor de escolinha), e também legitimado por Vivências Transcendentais, por uma Iluminação, por uma Realização, não estabelecer e sacramentar como absolutamente verazes os meios fisiológicos do conhecimento – e que a ciência exalta, usa e abusa, acreditando por meio deles alcançar grandes verdades – esses meios fisiológicos do conhecimento, (em verdade meios do reconhecimento), não podem ser tomados ou admitidos como instrumentos válidos, reais e fiéis no que parecem estar captando e interpretando.

    Se os meios fisiológicos do conhecimento de alguém – olhos, retina, nervo ocular, nervos sensitivos, cérebro, ficar cônscio disto ou daquilo, inconsciente freudiano, Id e ego cerebrais, Inconsciente coletivo, alma teológica e emprestada etc. – não ficam primeiro assentados como reais em si mesmo e não dependentes de nada, e/ou se não ficarem absolutamente esclarecidos e decifrados, depois – ou tempo – eles não poderão servir para decifrar, esclarecer e assentar o mundo ou todo o resto objetivado, como algo Real, tais como o corpo e o mundo, e tampouco justificarão e autenticarão os meios do conhecimento de um terceiro indivíduo transformado em cobaia.

    Entrementes, meus amigos, vejam só que ironia: sim, pois, ao longo do falso tempo, nada poderá ficar esclarecido, porque mal pensar aí é tempo e tempo é mal pensar ou raciocinar. Pensamento é tempo e falso espaço físico. Valendo-nos do tempo-pensamento, não se pode pretender alcançar alguma verdade absoluta no próprio tempo, tipo peptídeo-abracadabra? .

    Poderemos, por acaso, estabelecer nossos próprios meios do conhecimento – e que final e honestamente desconhecemos por completo – recorrendo a outros meios do conhecimento? Ou digamos aos meios do conhecimento de um cientista que também não se autoconhece e muito menos autenticou seus próprios meios? Ora aquilo que ele diz conhecer, em verdade foi apenas pensado, lucubrado, imaginado, extrojetado por ele, e concretizado por meio da execução do ato propositado ou intencional. De onde esse cientista tirou a certeza de que aquilo que ele conhece é de fato um bom conhecimento ou é Conhecimento Verdadeiro, e não somente um extrojetar de fantasias e um agir ladino? Ou é um discursar ao redor de e depois simplesmente reconhecer?

    Tal cientista para estabelecer como verazes e eficazes seus próprios meios do conhecimento terá que recorrer à autoridade e aos meios do conhecimento alguém muito importante, digamos aos de um Einstein, supostamente mais veraz e mais famoso do que ele. Este, por sua vez, sincero e honesto como era, recorreria a outros indivíduos mais, e desse modo esses outros mais acabariam apelando para o próprio padre eterno, o deus-persona objetivado de certas religiões. Desse modo, portanto, se implantaria um recuo ao mais ou menos infinito, recuo que apenas resultará em confusão e não num esclarecimento dos assim mal chamados meios do conhecimento. Um recuo dialético que vai ao menos ou mais infinito é sempre contradição e mentira, e não prova nem o começo nem o meio nem o fim de coisa alguma. Apenas confunde e engana, como, aliás, costuma acontecer com todos os enfoques do conhecimento científico.

    Esses três tópicos que parecem fundamentar os meios fisiológicos do conhecimento voltarão a ser abordados mais adiante.

    Ernesto Bono

    As Três Posturas Psicológicas e os Três Tempos

    Amigo leitor, em três livros precedentes – ou seja, a) O Ladrão e Salteador da Mente Humana – b) Transmutar Este Falso Mundo – c) O Fogo Físico e o Fogo Espiritual – critiquei a suposta validade absoluta do espaço, do tempo, do movimento, da matéria, da célula, das proteínas e macromoléculas, constituintes dos enganadores DNA, RNA, genes, genomas. Dos pepítodeos-abracadrabra então nem se fala.

    Critiquei também a validez da molécula, do átomo, da luz física, da energia bruta, além de ter questionado também e pulverizado a pretensa continuidade das coisas e seres. Depois critiquei também o suposto começo, meio e fim de tudo, as causas e os efeitos, a casualidade, a pretensa criação das coisas e seres, sua destruição física absoluta, o determinismo científico e religioso, as relações que todas essas aparências objetivas travam ou travariam, mais as leis físico-químico-matemáticas da ciência que fundamentariam todo esse engodo altamente convincente.

    Em suma, se negou validade a tudo o que constituía e constitui o sagrado e o consagrado da nossa objetividade cotidiana e reconhecível (ou mundo).

    Criticou-se inclusive a própria lógica-razão que fundamenta essa fantasmagoria toda, mais as palavras, o cálculo matemático que a lógica-razão se vale para convencer e enganar os incautos. Outrossim, tentou-se salientar que nada tinha realidade em si, ou nada possuía essência própria anímica ou até mesmo atômico-molecular-material, mormente se admitirmos que esse algo é visto como um dado distinto ou como um ente separado da pessoa-ego mal pensante e observadora.

    Agora, caro amigo e paciencioso leitor, com o mesmo critério e idêntico criticismo, meu e de Nagarjuna, o grande Sábio budista, do II século d.C., passarei em revista os próprios meios do conhecimento, infelizmente já transformados em objetos materiais, pela fisiologia médico-materialista, meios esses enfocados de modo desastrado pela ciência moderna, e idiotamente esquematizados. E foram endeusados de modo inconcebível nos dois filmes Quem somos nós? Ou uma revolução quântica.

    Neste nosso trabalho, veremos que nem o hipotético ego-pensamento-conhecedor cerebral nem a suposta coisa conhecida pretensamente objetiva e material se sustentam de por si. Finalmente veremos que, primordialmente falando, tudo é um Vazio Pleno {Çunya, Sunyata), similar ao vazio da física quântico-ondulatória, ou tudo é uma espécie de REAL altamente sensível, inteligente e significativo, ao qual não se podem dólar conceitos gratuitos nem interpretações ou traduções do péssimo pensar meramente intelectual e até mesmo do pensar científico.

    A Autonatureza (ou o REAL, o Vazio-Pleno) – Natureza Manifestada pelo SER, e já não uma falsa natureza criada milhões ou bilhões de anos atrás,pelo deus acaso da Ciência ou senão milhares de anos atrás por um Deus barbudo à parte – é sempre nova e está saturada de significados reais, totalmente surpreendentes, Autonatureza Vivenciável sim, mas nunca reconhecível, raciocinável e apreensível pelo intelecto comum.

    Por conseguinte, convém que, antes de tudo, se aclare um pouco mais as três posturas epístemo-psicológicas da mente limitada e condicionada (ego), posturas que parecem se enquadrar no desdobramento temporal ou nos três tempos físicos e pretensamente externos.

    Fazendo concessões, pode-se dizer então que o passado (tempo) constitui exatamente o substrato de minha mente escravizada ao ego e que parece estar presente em Mim (ou Consciência-Sensação-Intuição-Ação) como O QUE FOI (ou também como memória).

    O futuro (tempo) também constitui minha mente egóica e egocêntrica e pretende estar em Mim (Vida ou Saber-Sentir-Intuir-Atuar) como O QUE SERIA SE (ou como imaginação).

    O QUE SERÁ, no caso, é apenas uma pretensão aparentemente lógica, ligada a algo desconhecido, e que essa mesma lógica ladina acaba traduzindo como tempo futuro perfeito. Esse o que será, portanto, é só uma artimanha do pensamento discursivo, uma legítima extrapolação.

    No lugar de o que será, Aqui e Agora, livre do tempo surge O QUE É, e que, em última instância é sempre Desconhecido às pretensas traduções e interpretações da intelecção vulgar. É esta intelecção primária – quer seja confusa ou a do iletrado, quer seja refinada ou a do erudito – a que resulta em falso tempo.

    De certa maneira, leitor amigo, isto que digo, já foi escrito num livro precedente editado e esgotado, e que intitulei Antipsiquiatria e Sexo. Agora me repito de modo aproximado ou até mesmo com outras palavras.

    Sim, pois o passado é em Mim (Ser ,e não ego) como memória. Este ego tramposo em Mim é exatamente o tempo que ele inventa e que parece desdobrar-se dentro (tempo psíquico) e fora de Mim (pretenso tempo físico).

    O pretenso futuro é em Mim (Ser) como imaginação. Mas tanto a memória fatual e memória discursiva como a imaginação, para terem algum significado, ou mesmo para suscitarem em Mim impressões e convicções temporais distorcidas, que se superpõem à Realidade Silenciosa e Imediata, dependem sempre do É MENTAL. Ou dependem de MIM, de EU SOU, ou senão dependem da Existência Verdadeira, da Consciência-EU, da Mente-Vida ou ainda dependem do Saber-Sentir-Intuir-Atuar-Amar.

    Este "É MENTAL", livre do tempo, Aqui e Agora se Manifesta, e também flui numa Eterna Surpresa, além de se renovar.

    A memória e a imaginação mais o raciocínio (e que só diz respeito ao falso hoje de 24 horas) contribuem para o aparecimento e prevalecimento dos enganadores meios fisiológicos do conhecimento (pensados) e também da falsa percepção fisiológica que a ciência estabeleceu, a partir da qual, para desgraça do homem, saltam fora o conhecimento indireto e o conhecimento indiretíssimo, (já falaremos destes dois). Os dados destes dois tipos de conhecimento depois se implantam como absolutos.

    Os falsos meios do conhecimento são os que a filosofia clássica, a teologia e a ciência moderna estabeleceram. Ou seja, nesses meios teríamos os cinco órgãos sensoriais do corpo exteriorizado, suas pretensas terminações nervosas, os estímulos hipoteticamente vindos de fora e que tais órgãos sensoriais captariam.

    Além disso, temos as supostas descargas elétrico-neuronais resultantes da captação de tais estímulos externos, o transporte de tais descargas pelos nervos aferentes (sensitivos) e a enganadora massa cerebral receptora, o fantasmagórico ego-persona, perceptor e conhecedor de todo esse engodo, e a falsa conscientização ou percepção que a massa melequenta do cérebro propiciaria a esse embuste chamado ego-persona ou ego-pensamento.

    Mas afora isso, prezado amigo, é bom saber que quem Sabe-e-Sente não pensa; e quem pensa ao redor de nunca conhece adequadamente nem Percebe coisa nenhuma com correção.

    O Perceber Primevo Incondicionado e não dividido ou o Sermos Vivência, Consciência Viva é intemporal e não-espacial. É Existência pura e não depende de nada.

    E posto que todos nós acabamos sendo subjugados e enganados pelo discurso interior ou pelo pensamento discursivo, ou ainda pelo "ficar cônscio de", ou senão pelo ficar cônscios disto, ficar cônscios daquilo em que parece haver um ego-conhecedor-perceptor de um lado e uma coisa percebida e reconhecível do outro – em verdade não vivemos, não sentimos, não amamos, não compreendemos a Autonatureza Intemporal que já somos.

    Todos nós, lamentavelmente, ficamos escravos de um ser abjeto e que é a própria negação da Vida. Ou seja, do Demiurgo (falso Deus) e do ego, a sua semente, exatamente porque somos induzidos a pensar de modo errôneo. Sim, pois sempre nos ensinaram e nos ensinam o que pensar, ou sobre o que pensar, mas nunca nos ensinaram como pensar e quando parar.

    Sempre que o pensamento prevalecer em nós, ao invés de Saber-Sentir-Intuir e Comungar, ficamos cônscios de falsas multiplicidades, de dualidades que parecem se estender no espaço, persistir e continuar fora de nós, no tempo. Toda essa dualidade (pessoa pensante e objeto pensado) ou falsa multiplicidade é constituída de realidades precárias, que em verdade são simples ressonâncias, são restos e caducidades do Isto-Sentir Primevo, restos mal sentidos esses que constituem os dados obsequiados pelo conhecimento indireto e indiretíssimo.

    Mas fora esses dois, sem nada impor, sugira-se que Isto é o objeto verdadeiro e Sentir é o sujeito primevo e real.

    Perceber de modo Sensorial, Emocional e Sapiencial é igual a Saber-Sentir, a Intuir, a Dar-se Conta, a Compreender. Equivale também a Agir de modo puro, a Atuar não intencionalmente, direta, espontânea e corretamente.

    Saber, Sentir, Intuir, Atuar, Dar-se Conta, Compreender, Amar, Explodir em Idéias construtivas etc., ESSAS SÃO AS FACULDADES MENTAIS LEGÍTIMAS, VÁLIDAS E VERDADEIRAS, sempre novas, altamente dinâmicas e surpreendentes. Elas nada têm a ver com o PENSAMENTO ENGANADOR, COM o CÉREBRO, com a LÓGICA-RAZÃO, com a MEMÓRIA-RACIOCÍNIO-IMAGINAÇÃO, TEMPORAIS E POSTERIORES.

    Pensar é igual a chamar e ligar o reflexo de coisas mortas, e aí obsequiar permanência ou continuidade a meros fantasmas. O impulso renovador da Vida aparentemente morre ou fica sufocado com tais fantasmas superpostos que já são mortos.

    E mais ainda, o reconhecimento em nós, – mistura de memória, raciocínio e imaginação – aliando-se ao conhecimento indireto e indiretíssimo, diz perceber a Coisa em Si ou o Fato Atual, e depois alega, numa legítima atividade discursiva, própria do danado que está por trás (ou ego-pensamento), que ISTO, Agora, é igual à coisa ou ao fato anteriormente conhecido.

    O reconhecimento, contudo, é uma ardilosa faculdade da mente condicionada, que pretende provar a permanência externa das coisas e seres, quando nada dura (tempo) nem nada se estende (espaço) como a ciência diz e Descartes, o filósofo francês, conseguiu estabelecer.

    Num reconhecimento supõe-se que ISTO (Objeto Real do Momento Atual) é igual àquilo que vi ontem, ou é igual a um objeto inexistente ou pretensamente passado. Em verdade, porém, é a memória que, sendo apenas passado psicológico e não passado físico, extrojeta sua tapeação da duração de ontem para hoje. Depois recita seu arrazoado que acaba nos convencendo, insinuando que um pretenso e mesmo objeto durável tem que estar inserido no tempo presente e no tempo do passado, quando nenhum dos dois tempos existem, além de a memória dar continuidade ao próprio ego-pensamento.

    Assim que um pretenso objeto do passado, e que Agora é só memória fatual ou é só atividade discursiva da mente ego-personificada, e que objetivamente ou na minha frente não existe mais, e nem mesmo subsiste nos fantasmagóricos níveis atômicos, só por causa do mal pensar em Mim seria igual ao REAL, ou no caso seria igual ao ISTO do Agora, ou ao ISTO-Momento.

    A memória factual, portanto, nos aponta um pretenso aquilo que ainda subsistiria no mundo e que agora ainda é um dado objetivo, quando não é verdade.

    E a memória discursiva, por sua vez, liga-se ao aquilo mental puro e que é uma mera abstração.

    O reconhecimento pretende, pois, ligar o ISTO REAL (ou o Sentir-Isto Aqui e Agora, Momentâneo, ao aquilo-memória (fantasma) e afirma: "Isto que agora vejo é igual ao que já vi ontem!"…

    Todavia, a eficácia do Sentir Puro, comungando, fluindo e renovando-se sempre, é totalmente diferente da lembrança, ou do que supostamente restou do evento passado.

    O Saber-Sentir Verdadeiro – eficaz, não deturpado, não fisiológico, não condicionado nem condicionante – é comunhão presente com um ISTO-objeto Real ou também é Conhecimento Direto.

    O ATO Puro em si também é eficaz porque o Ato só pode cumprir-se Aqui e Agora.

    Mas fora isso, o ato maculado ou intencional parecerá cumprir-se a partir do segundo momento em diante (tempo), parecerá cumpri-se no falso ontem (memória) e no falso amanhã (imaginação) isso se for um ato propositado, em que o ego parece ser um agente (atraso existencial), quando em verdade não existe nenhum agente-ego na execução do ato, como ficou evidenciado em meu livro O Ladrão e Salteador da Mente Humana.

    Com o Intuir ou com a Inteligência, com a Criatividade etc. prevalece também a Eficácia completa do Agora ou da Intemporalidade.

    A lembrança, a memória, o raciocínio, a imaginação e que fundamentam a lógica-razão são pragmatismo ladino e resultam em continuidade temporal e em falsa eficácia.

    O reconhecimento – que tenta fundir a eficácia do Fato em Si, ou a eficácia do Real em Si com a ineficácia da memória-raciocínio-imaginação – reconstrói coisas e eventos pensados e os superpõe ao Aqui e Agora ou ao Isto, à Autonatureza, distorcendo e deturpando tudo..

    Os Cinco Sentidos e o Sentir Verdadeiro

    E mais, amigo, apesar das limitações e condicionamentos impostos ao homem, existem alguns aspectos em nossa sensação pretensamente fisiológico-corporal que se aproximam do Sentir Primevo, malgrado tudo aquilo que a Neurologia e a Fisiologia alegam e impõem a todos nós de modo contrário.

    Por exemplo, o TATO nos sugere que o que Agora Sentimos é novo e único, e difere de qualquer memória ou lembrança e de qualquer imaginação.

    O OLFATO nos sugere que o que Agora Sentimos é novo e único, totalmente diferente de uma evocação da memória ou também de um simples imaginar.

    O PALADAR nos sugere que a Sensorialidade Atual é única e difere de qualquer registro morto da memória ou ainda não nascido da imaginação.

    A AUDIÇÃO nos sugere que o que Agora Sentimos é novo e único, diferindo da lembrança.

    Entrementes, no Sentir-Ouvir, a memória e a imaginação já começam a se intrometer com suas superposições, pois o pensamento discursivo, que da memória-raciocínio-imaginação provém se desenrola por meio de palavras e de discursos audíveis. Estes discursos, então, se aliam com os registros de imagens caducas que o pensamento estruturante elaborou e arquivou, constituindo exatamente aquilo que certos filósofos chamam de modelos e representações.

    Estas imagens, quando se extrojetam, refazem um mundo pensado, se para tal o ego estiver, a modo de dizer, executando o ato intencional, ou se de certa maneira faz alguma coisa de modo proposital.

    O lado objetivo ou o mundo material, mas em verdade sempre pensado, é sustentado pelo atuar e pelo discurso interior.

    O tato, o olfato, o paladar, a audição, tomados isoladamente (e mesmo juntos) não engendram memória, ou pelo menos não a engendram com tanto força. Tampouco, de modo imperioso, sofrem a influência da imaginação.

    Havendo lembranças ou memória do tato, do olfato, do paladar, da audição, da libido etc., estas voltarão a se exteriorizar por impulsos que pretenderão se repetir, instintivamente ou não. Essa repetição, necessariamente, não é coisa da memória pura.

    Entrementes, o enxergar vulgar (ou a visão cotidiana), sobressaindo-se de todas as demais possibilidades Sensoriais (Sentir) afirma que o que se vê Agora é igual àquilo que a memória registrou. Depois, graças às palavras, proclama: reconheço idêntico! O enxergar vulgar também pode negar.

    Sucede, porém, que o enxergar vulgar é geralmente um VER conspurcado, é um olhar condicionado e interesseiro, contaminado pela memória psicológica (imagens) e memória discursiva, pela imaginação (imagens mortas ou ainda não nascidas) , por um fundo mental ou campo de consciência sensorial etc. (da humanidade, da ciência, de certas religiões etc.), com todos os seus preconceitos, prejuízos, modelos, representações.

    Não obstante o reconheço idêntico, esse enxergar contaminado, esse ver pensante-pensado, repito, corresponde a um fundo mental, a um campo de consciência sensorial da humanidade (ou consciente-inconsciente coletivo), ou ainda ao conteúdo da própria memória-imaginação. Equivale a imagens caducas (ou representações), associadas com discursos ou raciocínios (conceituação), que se superpõem a todos os demais testemunhos dos sentidos, geralmente mais humildes e silenciosos, além dessas imagens visuais se sobressaírem. Esse enxergar contaminado inclusive sobrepuja o Ver-Sentir Hunizado Inocente e Primevo.

    Superpondo-se ao Perceber Primevo e Incontaminado (Isto-Sentir ou Conhecimento Direto), os pensamentos estruturantes e discursivos, mais a memória-raciocínio-imaginação, suplantam então a Visão Pura e nos obrigam não a Ver-Sentir, mas a reconhecer sempre o que eles querem. Em suma, a reconhecer falsas objetividades pensadas, aparências, forjações ou formas-e-nomes superpostos. O enxergar condicionado do nosso viver cotidiano, e que implica um vedor e uma coisa vista, é o próprio barulho interior ou é a própria memória-raciocínio-imaginação interferindo e distorcendo tudo.

    Quando esse falso ver pensante-pensado pressente que sua ardilosa intromissão cotidiana está em perigo, ele (ego) abandona suas reconstruções objetivadas persistentes, com os mais variados aspectos geométricos, mas ainda não circulares, para passar a apresentar somente as formas geometricamente circulares ou aproximadas, numa tentativa de nos confundir em nossas pretensiosas observações condicionadas.

    Esse é exatamente o caso da pressuposta necessidade de termos de enxergar células, bactérias, vírus, macromoléculas, cristais, moléculas, átomos elétrons, núcleons etc. em nível microscópico, ou senão de termos que ver planetas, satélites, sois, sistemas solares, galáxias, nebulosas etc. em níveis macroscópicos ou astronômicos, onde tudo se apresenta circular ou aproximado. Mas esses pretensos círculos em verdade ou são miragens ou são símbolos, os quais implicam uma boa interpretação intuitivo-sensitiva, nunca só intelectual.

    A alegação da ciência aí é que o que se situa muito perto ou o muito longe (ou distância) sempre resulta em forma circular, quando isso é um embuste, já que o espaço, as pretensas distâncias e o tempo são um logro maior.

    No caso da observação dessas pretensas micro e macro objetividades geométricas, o ego mistura o plausível, que são as formas nem sempre circulares do viver cotidiano, com formas permanentes e circulares, mas contraditórias e absolutamente impossíveis, próprias da macro e micro visão.

    Em meu livro Transmutar Este Falso Mundo deixei evidente porque a forma circular é totalmente contraditória. A periferia do círculo, em verdade, parece não ter nem começo nem fim e o diâmetro desse mesmo círculo parece ter começo e fim. Dividindo o pretenso infinito circular com o pretenso finito do diâmetro temos um absurdo em geometria chamado número pi, sagrado e consagrado, apresentando um número 3 inteiro, com infinitos pequenos números após a vírgula.

    A própria memória-visual traduz-se por imagens, por formas mentais que correspondem a eventos passados. A imaginação, baseada na memória, elabora hipotéticos eventos futuros, abstrações figuradas que ainda não aconteceram objetivamente, mas que encerram muito da experiência passada. E atrás desse enxergar pensante-pensado esconde-se o pai da mentira, o grande farsante ou o ego-pensamento, com pretensões de permanência e reforço, tanto subjetivo como objetivamente…

    O SER ou Absoluto em Si é VER Puro.

    Entrementes, o ego e seus sempre falsos meios do conhecimento são sempre o próprio enxergar fisiológico.

    O pretenso ego em si é atraso existencial e isso também é o falso tempo.

    E é nos olhos aparentes ou na falsa visão, mais do que em quaisquer outros sentidos, que o ego-intelecto-mente centralizou suas manipulações e acomodações, escondendo sua defasagem existencial. Se as demais possibilidades do Sentir fossem mais fortes que a visão (contaminada), elas revelariam a insubstancialidade e a impermanência das coisas objetivadas e reconhecíveis.

    A pretensa permanência, o materialismo, a substancialidade, continuidade, começo-meio-fim ou evolução das coisas e seres reconhecíveis são pura aparência, pura ilusão (ou Maya) que o discurso interior ininterrupto superpõe e sustenta quando diz enxergar. Todo esse engodo começa a partir de uma capciosa bifurcação epístemo-psicológica a qual resulta num falso ego-vedor e numa falsa coisa vista.

    Não é por nada que o grande Sábio e Mestre da Galiléia, chamado Cristo, encarado por muitos como um mero santarrão, um místico, um taumaturgo, ou senão como o filho unigênito de um Deus barbudo especial, ou ainda visto como o próprio Deus-Ser entre os homens (isto sim, é possível), já criticava com muita justiça os falsos sábios de seu tempo, ou seja, os fariseu, saduceus, escribas, sacerdotes etc., dizendo: Deixai-os, pois são cegos conduzindo a outros cegos… Um deles, ouvindo isto, ofendido retruca: Mestre, quer dizer que todos nós somos cegos? Com que autoridade dizes isto? E Cristo respondeu: Se fôsseis cegos de verdade não teríeis pecado (ou não seríeis mais escravos do ego-pensamento em vós), mas como agora dizeis Vemos! (ou como agora estais raciocinando), por isso vosso pecado permanece! (ou o ego-pensamento em vós permanece e seguirá vos escravizando)… Eu vim a fim de que os que não vêem (ou que simplesmente não Compreendem) Vejam (ou Compreendam, Sintam-e-Saibam); e (vim para) os que vêem (ou os que só abusam do pensamento) se façam cegos! (ou suspendam o raciocínio enganador).

    Por sua vez, o Sábio escritor do livro Gênesis, e que não foi necessariamente Moisés, em sua alegoria sobre Adão-Eva também conta claramente: Depois de comer da árvore do conhecimento do Bem e do Mal (conhecimento esse que exatamente é o intrometer-se do pensamento lógico ou mágico, ligado ao bem e ao mal), seus olhos se abriram e Adão-Eva viu que estava nu. Ou Adão-(Eva) reconheceu que havia-se separado de sua contraparte objetiva, ou Eva, que é exatamente o meio ambiente que nos envolve e de tudo o mais… A impressão de separatismo entre Adão e Eva, ou a impressão de pluralidade (Adão aqui e Eva lá) , foi uma manipulação posterior própria dos escribas e editores antigos.

    Em outras palavras, essa alegoria sugere que a Visão Inocente havia cedido lugar ao enxergar pensado e contaminado. E este fenômeno de degradação visual e perceptual ou degradação epístemo-psicológica ocorre com todos os homens de todos os tempos em todas as latitudes, mormente quando se dá o pretenso despertar da razão, que equivale apenas à intromissão do ego-intelecto-mente, com seu notório "ficar-cônscio de" enganador.

    A sabedoria popular, por sua vez, assim se expressa: Cresceu o olho nele… Ele tem o olho grande!, apontando para um sujeito ambicioso, que costuma usar e abusar das maquinações mentais ou do pensamento. Em suma, apontando um sujeito mesquinho e mau.

    Ver ou Enxergar

    Pois é, amigo, é através do ver contaminado que o ego-pensamento em todos nós forja a impressão epistemológica e a convicção psicológica da multiplicidade, do separatismo, da dualidade espaço-temporal, da continuidade de tudo, da imutabilidade mesmo que relativa das coisas e seres. E isso tudo também faz parte do conhecimento indireto e indiretíssimo. E este engano epístemo-psicológico, projetando-se adiante, modifica a boa comunhão humana com o Isto Primordial ou Dado Real. Essa Comunhão só prevalece num Conhecimento Direto.

    O dado objetivado – ou aquilo que aparenta estar fora de nós, mas que em verdade é fugaz, impermanente e está sempre ligado ao observador pensante – por sua vez, devido à visão maculada, condicionada, pensante-pensada, apresentar-se-á separado da pessoa-ego-pensante, transformando-se então num objeto permanente, extensível, manipulável, pretensamente real, algo seguro no qual o ego pode se apoiar, num legítimo faz-de-conta.

    Amigo, como antes alertei, o reconhecimento não prova nem a permanência da pessoa pensante (máscara) nem a do objeto pensado.

    E os avanços e triunfos da ciência moderna se devem principalmente ao enxergar contaminado e ao prevalecimento da memória-raciocínio-imaginação ou ao mal pensar que se superpõe ao Saber-Sentir-Intuir, que como já disse são atividades autênticas da Mente Primeva.

    Na ciência acadêmica praticamente só vinga o enxergar ou ver viciado, que divide o que não deve ser dividido. Nesse modo de conhecer, prevalecem a falsa pessoa pensante e o objeto pensado, enganador. Estes dois, finalmente, são apenas pensamentos estruturantes a extrojetarem tudo isso, são pensamentos discursivos ou palavras fúteis a reforçar o que não devem. È a matemática ladina a fundamentar esses faz-de-conta, é a execução do ato intencional, pretensamente inconseqüente, a materializar ou consubstanciar simples aparências holográficas, são pretensas provas laboratoriais a reforçar o impossível etc. Em suma, meu amigo, isso tudo é um simples artifício do pensamento vulgar.

    Nos enfoques da visão microscópica e da visão macroscópica ou astronômica, os aparentes triunfos da Ciência foram enormes. Na visão comum, cotidiana ou normoscópica do povo em geral, junto com a qual participam todos os demais sentidos, as enjambrações científicas não foram tão abundantes nem tão grandiloqüentes.

    Não obstante o enxergar contaminado, Aqui e Agora há outro VER, em todos Nós, do qual o ego-pensamento não participa. Quando esse VER PURO prevalece, sobressaem-se Instantes de ternura, explosões criativas, Instantes de vivências, de compreensão, de aclaramento, de pacificação. Momentos de silêncio ou de ausência do barulho interior. Instantes em que o Gênio criador se revela. E esse é o VER autêntico e natural do Sábio. É também a visão simples da criança que ainda não especula. E, em certos momentos fugazes, é inclusive a visão caótica e supostamente alucinada do louco ou psicótico, que é atormentado não pelo que enxerga, naturalmente, em estado de transe psicótico, mas sim é atormentado por aquilo que seu pensamento forja ao redor disso, e também o é pelas reconstruções confusas que esse mesmo pensamento monta.

    Como tentei provar em dois livros antigos e editados (1) Nós, a Loucura e Antipsiquiatria – 2) Antipsiquiatria e Sexo), a loucura humana é uma evidência gritante de que o ego em todos nós é bandido, assaltante, ladrão e salteador.

    Num reconhecimento há apenas uma convergência dependente entre a impressão impermanente do passado – portanto já morta – e a impressão fugaz do momento atual, sem que seja necessário postular a existência de um eu, de uma alma, separados e permanentes, dotados de memória, raciocínio e imaginação. Ora, o eu-memória-raciocínio-imaginação é o próprio pensamento discursivo superpondo fantasmagorias.

    Metaforicamente, diz-se que o raciocínio é apenas uma série de conceitos bem construídos que se sucedem. Quando o momento caduco do mal pensar se levanta, diante da suposta presença de um novo Isto –(objeto), acredita-se que o pensamento conhece esse objeto, numa representação e discurso; quando em verdade ele apenas se apossa dos reflexos desse Isto e os reconstrói como lhe convém, feito um dado reconhecível, extrojeta isso e depois discorre a respeito, forjando teses e antíteses.

    Por exemplo, por meio de impressões e convicções ladinas, diz-se que a forma-cor existe, nasce, dura e desaparece, quando em verdade por trás de tudo isso não há de fato nada real, não há um pretenso ente-objeto nascendo, um quê durando, e que difere daquilo que a pessoa costuma (mal) pensar. Em vez de uma forma-cor separada do ego, o que aí passa a prevalecer objetivamente é apenas uma reconstrução extrojetada. Mas no fundo, tal contexto, tal pessoa pensante e tal objeto pensado não passam de uma quimera. Atrás deles, sem nada afirmar, talvez haja uma Existência Global em constante renovação, ou talvez haja a Autonatureza, ou ainda o Absoluto em Manifestação.

    E mais, amigo, se determinadas coisas passadas não existem mais, como podem elas se tornar objetos presentes do reconhecimento, que se metamorfoseia em pretenso conhecimento atual, como costuma acontecer no conhecimento indireto e indiretíssimo?

    Sucede que esses pretensos dados passados existem na maneira como foram tomados. Isto é, como objetos passados que existiram. A memória se apossa dos reflexos do Sentir-Ver atual e os encaixa com o que teria sido visto no passado. Ou também, apropria-se de reverberações da Sensação Atual e as correlaciona com aquilo que foi sentido no passado. Desse modo, então o ego-memória recria assim o fantasmagórico trio aparentemente constituído pelo vedor, pela coisa vista e pelo enxergar ou visão, os quais fazem parte do conhecimento indireto e indiretíssimo. E por causa disso, a Consciência-VER ou o Ver-Isto-Sentir Momentâneo ou o Conhecimento Direto passa despercebido.

    No enganador hoje de 24 horas, o VER do Momento não é Sentido como tal, mas sempre de modo aproximado, ou como teria sido sentido no passado. E mais, no modo de conhecer científico, essa reconstrução da memória-raciocínio-imaginação, com o respectivo reconhecer, prevalecem sempre.

    A Falaciosidade dos Meios do Conhecimento

    Sabias, amigo, que o drama do mundo moderno, além de estar ligado a noções esdrúxulas e falsas convicções de espaço-tempo, matéria, energia científica, plasma etc. também reside na enganadora epistemologia e gnosiologia ou na capenga teoria do conhecimento vigente?

    E sabias que esta teoria advém do indevido endeusamento das opiniões de Platão, Aristóteles, Bíblia, Tomás de Aquino, Descartes, Kant, Hegel et altri in più, opiniões que a ciência fisiológica e a psicologia acadêmica aceitaram e abraçaram completamente, porque não tinham capacidade suficiente para elas mesmas surpreenderem outras teses melhores? E a propósito, haverá coisa mais ridícula e torta do

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