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Senhor Do Yoga E Da Mente
Senhor Do Yoga E Da Mente
Senhor Do Yoga E Da Mente
E-book472 páginas9 horas

Senhor Do Yoga E Da Mente

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Sobre este e-book

Krishna, o grande Mestre apontado na presente obra, é um perfeito conhecedor da mente humana e seus segredos, e no que se refere à psicologia, é bem mais profundo que qualquer estudioso moderno (psiquiatra, psicanalista, e psicólogo), conhecendo as causas primárias dos males que afligem o homem. Este Mestre nos alerta muito oportunamente, dizendo-nos: O homem deve elevar-se graças a seu próprio SER, e nunca rebaixar-se a si mesmo, porque somente o homem é amigo de si mesmo e também pode ser seu próprio inimigo. Homem, homem, conhece o bem que o SER em ti representa e dá-te conta do mal que o eu (ego) em ti pode ocasionar, Depois, lúcida e inteligentemente, domina tua fala, domina essa mente condicionada, domina tua maneira de respirar e teu próprio pensamento. Domina também o falso conhecimento ou intelecto impuro, porque se purificares o Entendimento em ti, poderás inclusive transcender este vale de lágrimas . Aquele que se conquistou a si mesmo, graças ao SER, é seu próprio amigo; porém aquele cujo (ego ou) eu não está subjugado, esse mesmo ego atuará como seu inimigo, como se fosse um adversário eterno! Geralmente quase todos os sentidos são subjugados pelo pensamento. O pensamento, contudo, nunca se submete a nada. A mente personificada, ou a falsa consciência ( o estar-consciente de , o ficar cônscio de ou ego), e que é uma obra-prima do pensamento, é um adversário terrível, o mais poderoso de todos os inimigos. O único, porém, que o subjuga é o Senhor da Vida (ou o SER). Convém que se conquiste e se subjugue o pensamento vulgar, que é um inimigo quase invencível. Por causa dele, tolos há que, deixando-se enredar por suas artimanhas, envolvem-se em brigas inúteis em que só os mortais participam. Estes, por causa de simples opiniões, convertem o próximo em amigos, inimigos ou em pessoas neutras (quando todos são iguais e deveriam amar-se uns aos outros. O eu (ego) é um péssimo Senhor; todavia é um bom servo quando subjugado pela reta Compreensão e pela Inteligência Superior e não pelo intelecto).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de fev. de 2013
Senhor Do Yoga E Da Mente

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    Pré-visualização do livro

    Senhor Do Yoga E Da Mente - Ernesto Bono

    Blog e e-mail do Autor

    http://blogdoernestobono.blogspot.com/ ebono.ez@gmail.com

    Obras do Autor

    É A CIÊNCIA UMA NOVA RELIGIÃO? (Ou Os Perigos do Dogma Científico - 1971 - Editora Civilização Brasileira S/A - RIO

    NÓS A LOUCURA E A ANTIPSIQUIATRIA - Editora Pallas S/A – Rio – Editora Afrontamento, Porto, Portugal - 1975 e 1976, respectivamente

    SENHOR DO YOGA E DA MENTE - Editora Record S/A – 1981 - Rio

    ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO - Editora Record S/A - 1982 - Rio

    ANTIPSIQUIATRIA E SEXO - (A Grande Revelação) - Editora Record S/A - 1983 - Rio

    OS MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE - Fundação Educacional e Editorial Universalista FEEU - 1994

    A GRANDE CONSPIRAÇÃO UNIVERSAL, - Bonopel Edições - 1994 - Porto Alegre (edição restrita) e Zenda Editora LTDA - 1995 - São Paulo -2a Edição. – Zenda Editorial, 1999, 3a Edição – São Paulo

    O APOCALIPSE DESMASCARADO (Nem Anjos nem Demônios, Apenas ETs) – Editora Renascença – 1997 (edição restrita de 500 volumes) - Renascença - 1999 - Porto Alegre - 2a edição.

    AIDS, QUEM GANHA QUEM PERDE - Uma história Mal contada – Editora Rigel – 1999 – Porto Alegre

    CRISTO, ESSE DESCONHECIDO –3a Edição, Ed. Record S/A, 1979, Rio – Editora Renascença, 2000, Nova edição ou 4a Edição – Porto Alegre

    (Tradução) PERCEPÇÃO INTERPESSOAL - Dr. Ronald D. Laing, Phillipson, Cooper - Editora Eldorado - 1974 - Rio

    (Tradução) KUNDALINI, A ENERGIA EVOLUTIVA DO HOMEM - Gopi Krishna - 1980 – Editora Record S/A - Rio

    O LADRÃO E SALTEADOR DA MENTE HUMANA - Parar Este Falso Mundo – (livro 1) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    TRANSMUTAR ESTE FALSO MUNDO - Parar Este Falso Mundo – (livro 2) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    KUNDALINI, O FOGO ESPIRITUAL - Parar Este Falso Mundo – (livro 3) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    A FARSA DOS MEIOS DO CONHECIMENTO - Parar Este Falso Mundo – (livro 4) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    PRISÃO DO TEMPO – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE – Clube de Autores – 2011 – Segunda Edição – São Paulo

    O DESAPARECIMENTO DE NOSSOS FILHOS – 2011 – Clube de Autores – São Paulo

    FILOSOFIA E SABEDORIA DE JESUS – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    SERÁ QUE A CIÊNCIA NOS ENGANA? - (Ciência, a Nova Religião, Primeiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    CIÊNCIA, MAGIA LOGIFICADA – (Ciência, a Nova Religião, segundo tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    DISCURSO CONTRA O MÉTODO OU A ANTIDIALÉTICA – (Ciência, a Nova Religião, Terceiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    AS BASES INCONSISTENTES DA MEDICINA CIENTÍFICA – (Ciência, a Nova Religião, Quarto Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    UMA REVOLUÇÃO QUÂNTICA - Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Primeiro Volume - Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Segundo Volume – Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    JESUS SEM CRUZ – Clube de Autores 2012 – São Paulo

    OS HERDEIROS DO FILHO DO HOMEM – Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    TRES JÓIAS DO BUDISMO - Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – S.Paulo

    SENHOR DO YOGA E DA MENTE – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – São Paulo

    SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO

    EXPLICAÇÕES PRÉVIAS

    PRIMEIRA PARTE – Canto do Senhor ou Bhagavad Gita ou Senhor do Yoga

    Capítulo I - O Pesar de Arjuna

    Capítulo II - Sankhya-Yoga ou o Caminho do Discernimento

    Capítulo III- Karma-Yoga ou o Caminho da Ação

    Capítulo IV - Jñana-Yoga ou o Caminho do Conhecimento

    Capítulo V - Sannyâsa-Yoga ou o Caminho da Renúncia

    Capítulo VI - Dhyana-Yoga ou o Caminho da Meditação

    Capítulo VII - Jñana-Vijñana-Yoga ou o Caminho do Reto Conhecimento e de sua Realização

    Capítulo VIII - Akshara-Brahmán-Yoga ou o Caminho do Imortal Brahmán

    Capítulo IX - Râjavidya-Râjaguya-Yoga ou o Caminho da Verdadeira Ciência e do Segredo Real

    Capítulo X - Vibhâti-Vistara-Yoga ou o Caminho das Manifestações Divinas

    Capítulo XI -Vishya-Rupa-Darsanam ou a Visão da Forma Universal

    Capítulo XII - Bhakti-Yoga ou o Caminho da Devoção

    Capítulo XIII - A Yoga do Kshetra e do Kshetrajña ou o Caminho do Discernimento entre a Natureza e a Alma

    Capítulo XIV - Guna-Traya-Vibhâga-Yoga ou o Discernimento sobre os Três Gunas

    Capítulo XV - Puruchottama-Prâpti-Yoga ou o Caminho do Ser Supremo

    Capítulo XVI - Diferença entre as Qualidades Divinas e as Diabólicas

    Capítulo XVII - A Divisão da Tríplice Fé

    Capítulo XVIII - O Caminho da Renúncia

    Postfácio Literário e Histórico Sobre a Primeira Parte

    SEGUNDA PARTE – Bhagavata Purana ou Senhor da Mente

    Apresentação

    Capítulo I - O Homem Lúcido e o Decaído

    Capítulo II - O Ser É o Amigo mais Fiel

    Capítulo III - A Criança e o Sábio Iluminado

    Capítulo IV - Similitudes entre o Sonhar e o Mundo

    Capítulo V - A Mente Primordial É Escrava ou Livre?

    Capítulo VI - Os Sábios e os Santos

    Capítulo VII - Os Segredos da Mente e do Pensamento

    Capítulo VIII - Krishna Adorando ao Sábio Devoto

    Capítulo IX - Os Poderes da Yoga

    Capítulo X - A Manifestação do SER

    Capítulo XI - Apego à Família e a Busca de Deus

    Capítulo XII - No Meio-Termo Está o Equilíbrio

    Capítulo XIII - Ver o Absoluto e não a Multiplicidade

    Capítulo XIV - A Importância da Ação, da Sensação e Intuição

    Capítulo XV - Os Escravos dos Sentidos

    Capítulo XVI - O Homem Verdadeiro não é só Corpo

    Capítulo XVII - O Grande Mal das Riquezas Materiais

    Capítulo XVIII - A Tríplice Manifestação

    Capítulo XIX - A Influência e a Superação dos Gunas

    Capítulo XX - Libertar-se da Memória-Imaginação

    Capítulo XXI - Tudo o que Começa e Termina é Irreal

    Capítulo XXII - Amor ao Próximo

    História ou Lenda

    Kundalini Yoga

    APRESENTAÇÃO

    Encarando as passagens iniciais do presente trabalho como alegoria – (todo o primeiro capítulo e os dez versetos que encabeçam o segundo capítulo) — alegorias que quem sabe correspondam a fatos históricos — e abstraindo-nos desse começo, possivelmente certos leitores haverão de estranhar a profundidade psicológica e a sublimidade filosófica que a obra em si vai desenrolando. De nossa parte, nos limitamos somente a verter, comentar e adaptar o venerável texto ao entendimento do homem moderno, sem violar o espírito da mensagem original. Alguns, por certo, haverão de se perguntar como podiam homens supostamente ignorantes e não evoluídos de dois ou três mil anos atrás expressar-se tão clara e sublimemente, ou como podiam entender a Vida com tanta inteligência e profundidade e finalmente exprimir-se de forma tão maravilhosa!

    Ora, nos tempos atuais, inclusive agora quando a maioria das pseudo certezas históricas e científicas estão caindo por terra, seria um total contra-senso admitir que o homem antigo, digamos, de sete, oito mil anos atrás, ou mais, tivesse sido menos avançado do que nós em entendimento moral e espiritual, para não dizermos em conhecimento filosófico e científico.

    Muitos dentre eles já sabiam por vivência própria que Deus é abrangente como Universal, que o Absoluto é antes de tudo Existência-Entendimento-Felicidade (ou Sat-Chit-Ananda, como diz o yogue), e que Deus tanto podia humanizar-se como restringir-se meramente à Existência impessoal. Graças ao verdadeiro autoconhecimento e também ao autocontrole do corpo e da mente, alguns homens antigos podiam gozar alcançar e usufruir da felicidade eterna. Sabiam com clareza que todo sofrimento humano decorre do fato de o homem sempre mal pensar e por isso ignorar sua própria natureza divina. E então, por causa de seu mal pensar, reluta em se identificar com a Divindade que o impregna e permeia também a natureza circunjacente. Assim, é absurdo dizer e sustentar que o homem antes do advento da era cristã não necessitou da presença Viva das Encarnações Divinas, nem teve sua benção. É dogmático e insensato dizer que antes do aparecimento de Jesus a raça humana jamais recebera a graça divina e que, com a Encarnação de Deus no corpo de Jesus, estavam se abrindo pela primeira vez as portas da salvação.

    O famoso versículo bíblico (João-X-8), que nos leva a pensar que é o próprio Cristo quem declara: Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouvirame que se for interpretado ao pé da letra nos leva a crer que Jesus estava qualificando todos os Mestres de qualquer outra religião e que o haviam precedido, inclusive os próprios profetas do Velho Testamento, de ladrões e salteadores - isso em verdade não passou de uma vergonhosa manipulação e deturpação do editor antigo, mero fazedor do Novo Testamento. Em realidade, o que Jesus Cristo teria dito de fato foi que: "TODOS OS QUE SE LEVANTAM DIANTE DE MIM (ou de 'EU SOU'), ou ainda, TODOS OS PENSAMENTOS QUE SE LEVANTAM DIANTE DE 'EU SOU' OU DIANTE DO DEUS VIVO SÃO LADRÕES E SALTEADORES, E A MANIFESTAÇÃO DIVINA OU AS OVELHAS NÃO OS OUVIRAM." Portanto, longe estava o Nazareno de excluir ou rechaçar Mestres e Profetas que lhe antecederam.

    Bem ao contrário daquilo que o crente ocidental foi habituado a crer, especialmente alguns cristãos, o religioso oriental acha perfeitamente razoável e válida a idéia de que Deus, o Senhor absoluto da Vida, se humanize ou tome corpo humano, tantas vezes quanto for necessário. Em determinada passagem do presente trabalho, lê-se: Toda vez que declina a religião e passa a prevalecer a mentira e a irreligiosidade, Me encarno de novo, ou tomo corpo. E por que isso haveria de ser impossível? Só porque desagrada a alguns fanáticos extremados? Ora, para que tantas falsas certezas e radicalismo?

    O Absoluto ou o Deus-impessoal, inabordável às especulações e qualificações do pensamento, é um SABER-SENTIR tão elevado que a maioria dos homens não consegue nem captar nem entender.

    Somente aqueles pouquíssimos seres, que se libertaram de toda espécie de especulações, desejos e necessidades, conseguiram superar a despótica impressão de vida objetiva, material e múltipla. Esses, graças a uma devoção perfeita e a uma pureza de coração, dedicaram seu corpo, mente e alma a Deus, e desse modo puderam apagar em si mesmo a convicção da suposta diferença e separação entre o homem e o Senhor. Somente esses podem dizer, por vivência própria, que Deus é essencialmente impensável e impessoal, porque nesse Estado de Pureza de Alma já não sobram mais conceitos e impressões de corpo e alma diferentes e separados de Deus. E mesmo assim, esses seres bem-aventurados, ao descer de seu elevado estado de Supra Consciência, aceitam e difundem que o Deus-impessoal também pode ser um Deus-indivíduo, na condição de SER Universal e até mesmo na condição de Mestre ou Filho de Deus. Sim, ele é tudo; e o que parece se nos apresentar objetivamente, separado e diferente do homem, é tão-somente sua própria Manifestação.

    O Absoluto é e está em todos os seres animados inanimados e mais além, sem que isso se constitua num mero panteísmo. O resto da humanidade, os que têm que viver uma vida de carências e necessidades de satisfação, ou os que vêem a realidade imediata como sendo seu próprio ego e mundo, esses necessitam de um exemplo objetivo, de um deus individualizado. Ou seja, esse necessitam de um ser humano especial e Iluminado, que com sua vida pura e absolutamente inegoísta – fundida no Princípio Divino, vivendo a própria imagem da Bondade e da Justiça – ainda lhes declare e com autoridade a existência de Deus. Essa individuação humana da Divindade é a ENCARNAÇÃO que de tempo em tempo vem para proteger os bons, destruir os maus e restabelecer a Eterna Religião. No Oriente, essa Encarnação é também conhecida por Bodhisattva e, na Índia, por Avatar. Este termo em sânscrito significa descida. Equivaleria, pois, à descida de uma Entidade Divina na terra, ou à vinda do próprio Deus. Para os hindus os avatares mais importantes são os do deus Vishnu, deus conservador, providente e amigo dos homens, o qual, quando a humanidade declina ou entra em grave crise, assume a forma humana a fim de ajudá-los na superação das dificuldades em que se encontram. É de se supor que Kalki o avatar de Vishnu está preste a vir.

    Na religião judaica o messias deles é uma espécie de avatar preocupado somente com o povo judeu. Este é filho de Davi, que os crentes judeus ainda esperam. Cristo já veio e tanto pode ser visto como um messias universal como pode ser visto como um Enviado e Iluminado, e que, para os cristãos, prometeu voltar ao mundo. O Cristo teológico teria devolvido ao homem a imortalidade da alma que havia se perdido com o pecado original de Adão e Eva... (Argh que tolice!) Mas, afora isso, avatar é o próprio Absoluto que SE TRANSFORMA EM CORPO HUMANO ou é aquela Divindade especial que vem à terra conviver com os homens comuns, ensinando-lhes o caminho da salvação. E isso implica uma doutrina mais ou menos semelhante a que o cristianismo adotou posteriormente ao idealismo hindu. Um deus assume realmente a natureza humana; parece, porém, isento de humanas imperfeições. Terminada sua tarefa temporal, volta ao seio do Absoluto e renova suas vindas quantas vezes achar necessário. Essa é a SALVAÇÃO que a Encarnação oferece aos homens que crêem e vivenciam a mensagem que Ele transmite. De outro lado, Salvação também equivale a transformar o nosso próprio e vulgar ficar cônscio de em Entendimento libertador e em consciência da eterna presença de Deus.

    Outrossim, os orientais reconhecem perfeitamente que, tal como acontece com todas as idéias, normas, regras e ciências, as revelações e inspirações de urna religião prosperam durante certo tempo e a seguir decaem. As pessoas, de sua parte, afastando-se de seus ideais, da ética pura e benfazeja, tomam-se egoístas e mesquinhas, esquecendo-se de amar a Deus e ao próximo, principalmente, passando a viverem uma vida puramente competitiva, de lutas estéreis conflitos. Quando se generaliza esse estado de coisas, certos amantes da Luz e da Verdade rogam fervorosamente pela salvação de seus ignorantes irmãos, e a Luz Divina se condensa então na forma humana. Essa ocorrência mística, essa Manifestação do Amor mais puro já ocorreu antes de Cristo e certamente voltará a ocorrer, se já não está ocorrendo.

    Como o leitor verá, a primeira parte da obra amiúde se reporta ao cumprimento do dever. Em qualquer parte do mundo para o homem vulgar, ser religioso consiste apenas em cumprir alguns rituais, obedecer a certos deveres morais, manter-se ligado à seita na qual foi batizado ou escolheu livremente, acreditar nos sacerdotes ou ministros de sua preferência e, acima de tudo, temer obedecer a Deus. Sucede, porém, que religião pura não é nada disso. Verdadeira Religião é exatamente aquela em que a sabedoria, os conselhos, as sugestões e as admoestações de suas Escrituras e de seus sacerdotes sinceros levam a que o seguidor crente se religue (religião quer dizer religar, unir) à Fonte Divina de onde promanou. A Verdadeira Religião devolve o homem a Deus, e em amor verdade o identifica com seu próximo. É só depois disso que as hipnotizantes noções de eu e meu e as falsas impressões e convicções de que nascemos, de que duramos e de que um dia teremos que morrer desaparecem, como sombras que são.

    Em determinada altura do presente trabalho, o Mestre aqui apontado faz mais ou menos a seguinte declaração: "Aquilo que o homem chama de seu nascimento e morte corporal só pode ser inferido. (Ou só pode ser pressuposto como um fato que já passou ou que ainda não aconteceu, mas nunca como um fato atual.) Se o nascimento e a morte do corpo fossem vivenciados Aqui e Agora, não seriam nem nascimento nem morte cognoscíveis; seriam simplesmente VIVÊNCIA. O falso nascimento que supomos ter se infere a partir do próprio filho, que quase sempre se vê nascer, daí dizer-se que o Homem-autêntico também nasce assim. A falsa morte se infere a partir do próprio pai, que quase sempre se vê desencarnar, daí se infere que o Homem também vai morrer assim. Todavia, a Perfeita Testemunha, o Homem Verdadeiro ou o Deus interno, não se deixa afetar por nenhum objeto ou ser externo, os quais parecem nascer e morrer. Só na condição de objeto o homem parece nascer e morrer. Como Sujeito Autêntico, sensível, inteligente e atuante, nunca porém pensante, o Homem (SER) não nasce nem morre."

    A personalidade egocêntrica, ou falsa individualidade é um conceito que se relaciona somente com o que parece ser objetivo, com o que parece estar à nossa frente. Até mesmo o homem comum, curto de compreensão, quando pensa em si mesmo, sempre o faz em relação a seus familiares e parentes. Isso demonstra que, subjetivamente, ele jamais fica limitado por essa forma (corpo) que é vista pelos outros e por ele próprio, de modo parcial. O homem tomado em sentido subjetivo é sempre um reflexo do Absoluto, quando não é o próprio Deus que se esconde e parece dormitar no próprio homem. Seu pensamento, contudo, se não compreendido e controlado, é o próprio demônio.

    Ainda que paradoxalmente, o medo é a origem do ego-pensamento, posto que a ignorância-desejo, querendo-conhecer o que não deve e não pode, tem que recriar o outro, ou também se recria como o adversário. E este, como um autêntico aborto espúrio, como uma excrescência estranha à Vida total, passa a ter medo do Uno e Indivisível, passa a ter medo de Deus.

    O medo também é um dos principais impulsos da vida condicionada. E nos persegue de muitas maneiras. Pensando, temos medo da velhice, da doença, da morte, temos medo da opinião pública, medo de perder as posses, a reputação, a posição social, medo de perder os próprios parentes. Assim que foi exatamente essa mesma ignorância-medo que recriou, engendrou e fortaleceu essa falsa entidade que racionalmente chamamos eu ou ego, e também essa falsa consciência que o intelecto batizou de Superego, Id, ego e inconscientes biológicos. É sempre o medo quem sustenta nossa falsa personalidade, a qual nos aprisiona e nos mantém enlaçados à ronda das circunstâncias e inclusive nos leva a crer que somos criaturas sujeitas ao tempo contínuo, onde parece dar-se o nascimento, o amadurecimento, a decadência e a morte.

    Amiúde vemos que o homem, confundido e assustado, fala muito da valentia, da compaixão e do desapego, que ele realmente não sente nem demonstra na vida comum. Algo muito parecido acontece com o herói da primeira parte deste livro, o qual o Mestre tem que instruir a respeito do dever, do Yoga, da renúncia, dos diferentes sendeiros espirituais e da Libertação definitiva.

    Um Liberto ou um homem que purifica seu entendimento, sua ação da mesquinhez e intencionalidade, um homem que já não mais maquina com a cabeça, é exatamente aquele que os indianos chamam Yogue, os cristãos chamam Santo, os islamitas chamam Sufi, e os taoístas, Sábio imbuído de wu-wei. Tal homem transcendeu as limitações pessoais e egocêntricas. Ele próprio é Consciência Viva e Entendimento puro, e seus sentimentos são amor e compaixão para com todos e são harmonia universal. Através de sua pessoa aparente e objetiva, a Divindade nele – e em nós dormindo – nos chega de modo direto e nos comove. Conforme o caso chega inclusive a nos Despertar. Um Homem assim é por natureza calmo, equânime, silencioso, desapegado, misericordioso, justo, bondoso. Às vezes, para os demais, se apresenta como se fosse um bobo ou a uma criança. Sempre ativo, vive fazendo o bem ao próximo, sem que o próximo se aperceba disso. Vivenciador do segredo da Vida e da morte, unido definitivamente com Deus, sua notável presença pacifica e santifica tudo.

    Mas, ainda com relação ao cumprimento do dever, atuamos ou não atuamos? Eis a questão! Para tal, precisamos antes saber quem aí faz e o que faz. E esse dilema fica aqui esclarecido. Assim, que o presente trabalho não é um tratado de teologia, metafísica, nem é um livro de orações devocionais ou um texto de um sistema filosófico qualquer. Este Bhagavad-gita obra milenar, mas modernizada, ilumina a consciência humana de modo direto e sintético, esclarece todos os intrincados problemas a respeito do dever, do propósito da vida. Explica claramente o que é o autêntico amor e seu contrário, o apego. Traz nova luz à ciência do Yoga, à prática da devoção e ao difícil caminho do discernimento, graças ao qual, quando enveredado com correção, o homem da renúncia perfeita alcança o conhecimento direto do UM, sem segundo, que é Sat-Chit-Ananda ou Existência-Entendimento-Felicidade. E isso é o Absoluto.

    Aquele que está imbuído de certa inquietude espiritual sincera, ao ler este livro, descobrirá com assombro e alegria que muitas senão todas as perguntas que os inquiridores fazem a seu Mestre são ou poderiam ser exatamente as que ele sempre quis formular. Descobrirá também que as respostas mais do que sábias e convincentes do Iluminado, que eliminam todas as dúvidas. Questões que dizem respeito a Deus, à Vida em si, e a esse turbilhão chamado (jiva ou ego). Perguntas que dizem respeito à sobrevivência após o desenlace, ao evoluir e involuir do ser humano, à essência da matéria, da alma, do dever, do conhecimento, do conhecedor, e do que há para conhecer. Tudo isso é aqui respondido. Os ensinos contidos nesta obra nos dão ânimo e força para seguir em frente na senda espiritual, seja qual for. O propósito destes ensinos e esclarecimentos é o de eliminar as duvidas e idéias ilusórias que oprimem o homem em sua vida cotidiana. Amigos, tais dúvidas, ilusões e angústias só desaparecem com a Realização da Verdade. E então o homem, sentindo intimamente a presença de Deus em seu próprio Coração, passará a enfrentar todos os problemas que se lhe apresentam como um desafio ou como um dever.

    A leitura da presente obra não pretende apenas satisfazer a mera curiosidade intelectual; seu verdadeiro intento é arrancar o homem de seu estado de torpor, confusão, angústia e sofrimento. É o de fazer-lhe lembrar de momento a momento sua própria natureza originalmente divina, e prepará-lo para que venha a viver uma vida rica em sensibilidade e significados vitais, além de apontar-lhe qual o verdadeiro caminho que conduz à união com Deus, o SER verdadeiro.

    No presente livro, o homem é tratado como uma entidade integral que se expressa através de seus sentimentos, ações, sensações, intuições, compreensões, e inclusive através do pensamento. A atividade pensante pura, contudo, é denunciada como sendo uma autêntica deturpadora da Vida, algo que mais atrapalha e complica do que propriamente ajuda. E ninguém poderá compreender perfeitamente o Homem se, pelo menos não receber alguns vislumbres de sua existência básica.

    A Ação, Sensação e Intuição são a existência básica do homem, e essa base tem que deixar de ser utilizada mesquinhamente pelo pensamento, porquanto Elas é que são Vivência pura e não o intelecto. O pensamento fugaz e trapalhão tem que ser surpreendido desde os primórdios de sua indevida intromissão. Qualquer ação humana e qualquer pensamento (ou intenção), com tal ação identificada, produzem o efeito correspondente ou o carma. E se a ação for totalmente egoísta, a conseqüência atará ainda mais o homem a esta roda de nascimentos, sofrimentos e mortes, bem dolorosas, mas ainda assim aparentes. Todavia, quando a Ação livre, a Sensação pura (sentir com sensibilidade e sentimento) e o perfeito Entendimento reassumirem seu valor e lugar, a própria Vida nos devolverá a Luz e a Liberdade perdidas.

    As tendências que o homem atualmente apresenta são o resultado de seus próprios pensamentos, os quais, sendo em si mesmo iguais a zero ou iguais a nada, quando se aderem ou se ligam à execução dos atos — qualquer ação originalmente falando ou em seu momento de eclosão poderia ser livre ou impessoal — transformam-se em efeitos, consequências ou em ação e reação, e isso é o que oriental chama carma (ou a Lei de Causa e Efeito). Essas conseqüências formam um rosário de tendências e inclinações que, espraiando-se desde vidas pretéritas, refluem e terminam se refletindo na vida presente.

    Cada ação intencional ou cada ato que se cumpra sob a influência da intenção e da decisão (e esses dois são pensamentos ladinos) produz uma impressão. Esta passará a fazer parte da natureza aparentemente inconsciente do homem, que, em última instância, é memória-imaginação. E esse estado mental sutil e personificado não se destrói com a morte do corpo que dizemos físico. Esse rosário de tendências é que virá a constituir a falsa alma (ego) ou o eu consciente do homem. O nosso atual e peculiar ficar cônscio de – no qual só há imagens caducas e discursos e onde também parece caber um ego com nascimento, evolução, decadência e morte corporal, ou até mesmo uma plausível reencarnação – é fruto do impulso dessas impressões e tendências antigas, que se aglutinam com outros pensamentos, e que vão se intrometendo na Novidade do Aqui e Agora.

    São essas tendências que, afora as influências mais recentes, determinam o caráter atual do homem, além de determinar seus deveres (destino a ser cumprido), suas idéias de religião, filosofia e ciência, seus critérios de existência e inexistência, em suma, toda essa dualidade conceitual, e que parece acabar constituindo o objeto pensado (mundo) e o sujeito pensante (ego).

    Nenhum homem nasça talvez com uma Mente-Consciência absolutamente livre e pura. Até mesmo o nascimento dos Avatares (Mestres) sugere que eles aceitam voluntariamente certas impurezas e limitações para melhor poder atuar neste nosso meio chamado mundo. A diferença entre a individualidade do Mestre e a de qualquer outro homem comum é que o Mestre é sempre sensibilidade-amor-compaixão. É uma Consciência que Sente e Sabe de seu Estado Absoluto, e também sabe de seu estado momentâneo e passageiro de limitação humana. Em troca, o homem comum só está consciente de suas próprias limitações e dores. Permite que seu pensamento se transforme em carcereiro e cárcere, e depois se torna totalmente ignorante e inconsciente quanto ao resto. O tirano de sua própria mente, ou seja, o pensamento lógico e inclusive o mágico — ou discurso racional e o discurso incoerente — não permite sequer que homem se sensibilize ao chamado das verdades maiores, chamado poderia lhe devolver a condição de Consciência pura. Não há qualquer dúvida de que o mundo objetivo, pensado, refeito e reconhecível, é imperfeito. O tão anelado mundo utopicamente perfeito resulta ser ilógico, pois um mundo-objeto que chegasse a tamanha perfeição deixaria de ser objetividade e acabaria diluindo-se em sua própria origem Espiritual: o Absoluto ou Deus.

    Tudo o que se nos apresenta de modo objetivo é imperfeito, carente e sempre sujeito à necessidade. Somente Deus, o SER Supremo, é perfeição, liberdade, amor e espontaneidade. E progredir à moda intelectual significa apenas transformar o sujeito coisificado pelo pensamento no Sujeito-SER primordial.

    Deus, o ímã eterno, nos atrai continuamente porque o outro em nós (ou ego) é falso, extraviador, desvirtuador e espalhador de confusões. Nosso único e verdadeiro dever é purificar e simplificar nossa Mente. Fazer uma higiene mental Todo e qualquer sábio oriental diz que nossa origem é Deus, que existimos em Deus e que Deus em seu estado manifesto, seja na condição humana, seja em outra qualquer, não perde sua própria Divindade.

    Alerta o Mestre indicado no presente trabalho: Quem vive no meio do mundo, e oferece a Deus o fruto de suas ações, nunca se contamina com os males do mundo aparente, pois, assim como a flor de lótus, sob a água, consegue enraizar-se no lodo, para desabrochar e florescer sobre a água, a mesma sublimação conseguirá o homem que, apesar de estar enredado com as atividades do mundo, vai e oferece o fruto de seus atos ao Senhor!... Essa é a maneira de purificar o ato, despersonalizando-o.

    Clama o homem sofrido: Onde e quando haverei de encontrar a paz? Se por toda uma vida haverei de trabalhar como um cavalo atrelado, preso pelos arreios, para que me servirá tanto esforço?

    Responde o Mestre: Só conhece o segredo da Vida e a paz de espírito aquele que no meio da maior atividade encontra a doce paz e é completamente ativo no meio da mais profunda calma. ... ...Amigo, só encontrarás a paz assim. Se te esquivares da ação, jamais alcançarás a tranquilidade de espírito. Admitamos que pudesses prescindir de todos os teus deveres e te dirigisses ao topo de uma montanha isolada, a meditar. Se antes não encontraste Deus na própria ação pura (ou não-intencional), no topo do monte só te acompanharão os teus pensamentos angustiantes, as tribulações da mente e as perturbações do espírito.

    A inércia, a indolência e a ignorância primeva são os três piores inimigos do homem. Malgrado existam intelectuais puros que opinam que a espiritualidade e a religião atuam como ópio, e que adormeceriam o homem e lhes fariam esquecer a crua realidade da vida.

    Essa crua realidade da vida, contudo, não passa de pensamento velhaco e nada tem a ver com a Vida em si. Portanto, a esses se lhe aconselha que leiam atentamente o presente trabalho, porém despojados de preconceitos e prejuízos. Aqui o buscador sincero encontrará o que o Senhor da Mente tanto recomenda, ou seja, praticar a ação inegoísta de modo incessante e contínuo. Esta é a ação que purifica o coração do homem, salvando-o, ao mesmo tempo em que o libera de todos os apegos e sofrimentos.

    O que é que torna o mundo capitalista e comunista um verdadeiro inferno? É o apego aos frutos dos atos, é a prática da ação intencional ou propositada, em busca de auto-reforço e engrandecimento pessoais ou grupais. Somente aqueles atos executados com total isenção de egoísmo produzem resultados bons e duradouros. E, para tal, o homem não precisa prender-se nem a religiões nem a partidos, sejam estes da esquerda, centro ou direita. Aquele que verdadeiramente renuncia ao fruto das ações não fica inativo como uma pedra. Ao contrário, seu coração se satura de empatia e simpatia, e pode perfeitamente abraçar o mundo com seu amor.

    Atuar ou cumprir desapegadamente com o dever, segundo o ambiente e as condições em que o homem nasceu, não é contrário à vida espiritual. O verdadeiro inimigo da vida espiritual é a ignorância-desejo que nos leva a esquecer que somos seres sempre livres e ela, agigantando o pensamento (raciocínio), nos faz concluir que somos seres limitados, carentes e mortais. Essa ignorância-desejo primordial é a mãe do apego, do medo, da ilusão, da debilidade, da dependência, da falsa personalidade (ego) do intelecto e de

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