Uma Estória Sem Pé E Sem Cabeça
De Luvimacos
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Uma Estória Sem Pé E Sem Cabeça - Luvimacos
72
umaestória1Uma estória sem pé e sem cabeça
Um capítulo da nossa história
luvimacos
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Uma estória sem pé e sem cabeça
1ª edição
São Paulo – SP
Luiz Vicente Macieira Costa
2013
Ficha catalográfica
C837.
Costa, Luiz Vicente Macieira.
Uma estória sem pé e sem cabeça, Luiz Vicente Macieira Costa. – Vitória da Conquista, BA, 2013.
141p.
ISBN 978-85-915716-0-4 livro impresso
ISBN 978-85-916387-1-0 livro ePub
1. Literatura brasileira 2.Ficção e contos brasileiros. I. Título.
B869.3 CDU – 82-32
Créditos
Criação da capa
Luiz Vicente Macieira Costa
Revisão: O autor
Todos os direitos desta edição reservados ao autor.
luvimacos@gmail.com
www.luvimacos.blogspot.com
Impresso por Clube de Autores
Disponível em: www.clubedeautores.com.br/authors/87145
sumário
Parte I
Ao primeiro interlocutor.......................9
Parte II
Às crianças ao meu redor....................11
Parte III
Travessia............................................27
Tempestade........................................37
Parte IV
Desembarque......................................47
Parte V
Terra do meu senhor
........................51
Casamento africano............................56
Comida na senzala..............................60
Minha verdade sobre a Lei Aurea.........65
Libertação...........................................69
Subida................................................76
Construção da cabana.........................79
Bicho no laço......................................83
População aumentada........................87
Nasce uma nova quimera....................98
Pequeno tesouro...............................100
Parte VI
Êxodo...............................................121
A todo aquele que gosta de ler, contar e/ou ouvir estórias da nossa negra raça.
Este exemplar vai especialmente com carinho
para _____________________________________
em _________________________________
I parte
Ao primeiro interlocutor.
Sem pé e sem cabeça é uma estória que, a princípio, causa estranhamento. Não está nos livros de história nem pode ser comprovada cientificamente. Surgiu como quem surge do nada e como tantas outras, é ouvida por alguém que repassa a outro e assim vai ganhando vida, cresce e passa a existir em nossas lembranças. E daí, ninguém mais consegue arrancá-la. Ou seja, passa a fazer parte da nossa história ou, mesmo, se torna a nossa própria história.
Contudo, quase sempre aparece um estudioso qualquer com muitas teorias e transforma a nossa história num improvável mito. Mas para quem viveu a história isso não é lá de muito causo, tendo em vista a importância que tiveram os mitos para a história da humanidade. Portanto, para nós o que vale é que sendo uma história real ou apenas um mito como querem nos fazer acreditar, ela está aqui, aí e acolá, enraizada em nossas memórias, e daí não se pode mais tirar.
– Inhô Pretinho, um mito pode ser considerado uma verdade? Questionou uma criança.
Pois é, nesses casos sempre há controvérsias e, às vezes, é muito difícil convencer alguém de uma verdade sem apresentar provas concretas. Contudo, sempre há caminhos que se cruzam e que, muitas vezes, servem de argumentos para levar pessoas a compreenderem histórias que ainda não foram contadas. E é baseado nessa teoria
que eu vou explicar como a nossa história começou.
II parte
Às crianças ao meu redor:
Vocês sabem que eu já contei muitas estórias ao pé desse velho fogão de lenha. Mas nunca antes com os detalhes que agora narrarei. Essa estória está guardada comigo há muito tempo. E conto-a agora não com a intenção de vos divertir, mas porque espero que a guardem em suas memórias e que a transmitam a outras pessoas quando vos tornares contadores de estórias como eu tenho sido para vós.
Vamos lá! Este caso, (...cof, cof,..hum hurm,) – o velho limpou a garganta – não é um acontecimento único no mundo. Assim como ele, há tantos outros que formam admiráveis estórias ainda por se contar. E algumas delas ainda estão bem vivas nas mentes de muitas pessoas como eu, a quem muitos jovens não querem ouvir. Por isso acredito que muitas dessas estórias, talvez, nem sequer cheguem a ser conhecidas, muito menos publicadas como algumas estórias bobas que nada trazem de importante, mas têm larga divulgação neste vasto país. Isso porque falta quem se interesse por elas por motivos diversos. Contá-las envolveria: disposição para pesquisa sem finalidade financeira. Além disso, conhecer e falar de uma coisa que só interessa aos sentimentos que acusariam a própria consciência e culpa, não faz parte do interesse capitalista. E como se sabe, ninguém estaria disposto a gastar tempo e dinheiro para encontrar provas que o condenariam. Esse último pequeno detalhe explicaria a forte censura exercida durante décadas à liberdade de expressão.
Entretanto, não podemos nos calar diante de tudo isso porque existem alguns detalhes que esclareceria a nossa verdadeira história, ou parte dela. Não podemos ser iguais àqueles que preferem viver iludidos pela escuridão da ignorância a serem libertos pela luz de uma verdade, mesmo que isso nos cause dor.
Mas antes de entrar na estória propriamente dita, ou melhor, antes de começar a narrar detalhes da