Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

O Fim do disfarce
O Fim do disfarce
O Fim do disfarce
E-book116 páginas1 hora

O Fim do disfarce

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

O desabrochar do primeiro amor é um dos temas mais frutíferos na literatura e, sem exceção à regra, a singela história de Carlos e Esttela é o poderoso fio condutor da narrativa de 'O fim do disfarce', na qual os leitores se deixarão envolver também pelos detalhes da realidade sócio-cultural das ilhas de São Tomé e Princípe, durante o complexo processo de descolonização de Portugal. Carlos é um adolescente sensível e trabalhador, oriundo de uma humilde família nativa de São Tomé, cujo pai problemático e violento é motivo de instabilidade emocional e psicológica do desenvolvimento do rapaz. Esttela é também oriunda de uma família nativa, mas abastada e privilegiada na realidade da ilha, para quem Carlos acaba por trabalhar. A vida dos dois transforma-se profundamente quando se cruzam ao acaso pela primeira vez na rua, logo após a independência da antiga metrópole. O rapaz, que se exprime através de poesia, esconderá por tempo longo os sentimentos que nutre pela amiga, filha dos patrões, com medo de que as diferenças sociais os afastem. No entanto, ao descobrir-se correspondido, os dois jovens vivem uma explosão de sentimentos, só interrompida quando descoberta pela família de Esttela, que engendra um plano para separá-los.
IdiomaPortuguês
EditoraGato-Bravo
Data de lançamento31 de mar. de 2022
ISBN9789898938879
O Fim do disfarce
Autor

Victor Santos

Victor Graça dos Santos nasceu em São Tomé em 18 de Agosto de 1975. Licenciou-se em Organização e Gestão de Empresas (OGE) no IUCAI, é empresário, membro da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e Auditores de São Tomé e Príncipe (OTOCA) e membro da União Literária e Artística Juvenil (ULAJ). Com longa trajetória no associativismo, deu o seu contributo com outros jovens criando a Jovens Luz Verde (JLV), ONG ambientalista, Federação das Associações Centro e Clubes Unesco de São Tomé e Príncipe (FACCUSTP), Associação Santomense de Energias Renováveis (AENER), exercendo funções como Diretor-Presidente. É membro fundador da Federação de Organizações Não Governamentais em São Tomé e Príncipe (FONG-STP) e, em 2019, criou a Associação Santomense de Promoção Empresarial (ASPRE).

Autores relacionados

Relacionado a O Fim do disfarce

Ebooks relacionados

Ficção Literária para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de O Fim do disfarce

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    O Fim do disfarce - Victor Santos

    1.png

    © Editora Gato-Bravo, 2021

    Não é permitida a reprodução total ou parcial deste livro nem o seu registo em sistema informático, transmissão mediante qualquer forma, meio ou suporte, sem autorização prévia e por escrito dos proprietários do registo do copyright.

    editor Marcel Lopes

    coordenação editorial Paula Cajaty

    revisão e adaptação Inês Carreira

    projecto gráfico Bookxpress

    imagem da capa Rebeca Rasel

    Título

    O fim do disfarce

    Autor

    Victor Santos

    e-

    isbn 978-989-8938-87-9

    1a edição: Fevereiro, 2021

    gato

    ·

    bravo

    rua de Xabregas 12, lote A, 276-289

    1900-440 Lisboa, Portugal

    tel. [+351] 308 803 682

    editoragatobravo@gmail.com

    editoragatobravo.pt

    A Frederico Gustavo

    A Victor Bonfim

    Sumário

    Agradecimentos

    Mataram a praia lá de Água Izé

    Introdução

    O fim do disfarce

    Glossário

    Agradecimentos

    Os meus sinceros agradecimentos às pessoas que diretas ou indiretamente me ajudaram neste trabalho tão árduo e bonito como é o caso da escrita de O fim do disfarce, de uma longa vida.

    Não se compra a amizade,

    ela é como uma semente lançada à terra.

    Sendo de boa qualidade brotará,

    crescerá e dará frutos no seu habitat.

    Assim seja!

    Mataram a praia lá de Água Izé

    Com Luta ganhamos a nossa andorinha

    Feita com revoltas e garras

    Gentes audaciosas

    Balbuciaram a meia voz

    Andorinha voa, voa Andorinha

    Pássaro de bom tempo

    Voo tão lindo e difícil

    Mas, morreram os nossos heróis

    E Conquistamos os nossos valores

    Andorinha, saímos passeando pelas ruas

    Com tambores e gritos

    Conquistamos a liberdade.

    Nesse voo perdemos a voz do comando

    É por este conto que choro

    Onde está o nosso ninho

    Num alicerce a desfazer-se na areia

    Andorinha voa voa

    Não quero mais lembrança

    De tanta vingança

    Que os códigos, palavras de ordem

    Sem alardes nem conflitos

    Não sejam sons dispersos

    O bom tempo virá

    Andorinha voa voa

    Na procura de bom tempo

    Hoje perdemos as cores da andorinha

    Brotamos a semente separatista

    De uma mente sem rumo!

    Encontramo-nos todos perdidos

    Na barca do abismo incerto

    Andorinha voa, voa andorinha

    Não queremos mais tristeza

    Este nosso voar é populista

    De barca do abismo incerto

    Heróis terão que nascer

    Com tanta luta perdemos os comandantes

    Caídos na boca do inferno

    Lá na praia de Água Izé

    Hoje reinam soldados.

    Dizemos que o bom tempo voou

    Onde a vida primitiva reinou

    Onde era espelho da pátria

    E o individualismo entrou.

    Até onde chegamos

    De canoa a remos ficamos

    Andorinha voa voa

    Em roda do arco

    Um dia conquistaremos o bom tempo

    É que eu sou portador desta rubrica

    Deste espaço bonançoso

    Em que havemos de sorrir todos num forum

    Sem rancor e reservas

    Deixemos voar a nossa andorinha

    Andorinha voa voa…

    Ao meu pai – Manuel Victor

    Aos meus entes queridos

    Sucumbido pela vida

    Tão cedo levou-te a morte.

    Para tão longe dos viventes

    Nem já sei o que te aconteceu

    Onde na nossa roda de arco

    Fazíamos um rio de esperança…

    Da mesma água e da mesma nascente!

    Corriam nas nossas veias.

    No seu redor sinto!

    Linhas que separam o nosso passado

    Do teu espírito presente

    Do teu coração imaculado

    Tu deixaste-me saudades

    Fração de lembrança que semeaste;

    E não enterraste na terra!

    Onde tu partiste e deixaste o cristal

    Hoje! O nosso coração chora

    Por uma insanável perda tua.

    Introdução

    O acordo pretendido pelo escritor era o de transcrever e terminar uma série de episódios de cinco rodas de convento de ideias ‘O fim do disfarce’, de uma vida passada.

    Por acaso, este trabalho teve o seu início na Galeria Teia D’Arte, no grande encontro de oficina de letras em que o escritor projetou os primeiros rascunhos de uma grande resistência interna e interpretação de um projeto, no interior de uma esfera amigável que mantinha com o Carlos, a Antonieta, o Duda, a Esttela, a Cáthia e o Celso.

    O romance tem o seu alicerce em factos reais, que o autor tenta expor de forma clara, tais como as personagens, os seus obstáculos, as suas emoções, a sua repugnância e as situações críticas da sociedade. Este carrinho de rodas, puxado por uma imensidão de amigos, pessoas carinhosas e afetuosas a quem não deixaria de dedicar esta obra, pelo auxílio prestado na realização dessa aspiração de um passado, de uma longa vida, como é o caso do Dr. Frederico Gustavo, do Dr. Victor Bonfim e do Senhor Caustrino Alcântara.

    O fim do disfarce

    I

    Naquele tempo em que algum homem mais velho, como era o caso do Sun Me Xinhô, o homem respeitado no seu meio…

    Ele acabou por sair, partiu de madrugada com os seus pupilos para a praça de fronte do cais velho, a atual Praça da Independência, no dia doze de julho de mil novecentos e setenta e cinco, para ver com os seus olhos o célebre evento que teve lugar naquele dia (marcado pelo cair da bandeira colonial e o hastear da bandeira nacional).

    Segundo ele, e conhecido como sábio da freguesia de Almeirim, Dja jagu na sa dja pa sun fe nadaxi plumêlu vê fa¹. Mas quem mais perto dos acontecimentos estava um bocadinho a leste dessa questão.

    Eram os mais novos, porque os mais velhos anciãos eram conhecedores do saber popular, em suma, do verdadeiro manancial da sabedoria popular. Achavam sem limite, com mágoa, a escolha daquela data menos doce e azarenta, doce como mel, mas um verdadeiro fel para o advento da independência nacional.

    Esses mais velhos associavam a esta data uma ideia de azar, que havia referências e atribuições daquilo que é profano, infeliz ou que prognosticava desgraça.

    Aquele mundo exótico de suspeitas, de incertezas que tragavam tempestades acompanhadas de relâmpagos que poderiam devastar as inspirações de um povo, por estar associado a um evento infeliz ou de pouca sorte.

    O povo imbuído desse credo cristão interpretou esse acontecimento com uma grande dúvida e conturbação, tentando obter resposta de como seria o nosso destino a partir daquele momento.

    Quando era manhã já grandinha, a multidão mostrava-se enfurecida da longa espera daquele sorriso radiante da conquista da liberdade dos seus melhores dias. Reuniam em diferentes pontos das localidades mulheres de saias e kimoni, todas vestidas do mesmo traje, miúdos saltando com tanta alegria, pensando atingirem o céu.

    O grupo dos outros indivíduos reunidos na localidade de Água Arroz limpava com vassouras com o lema – vamos lavar os pés dos colonos, blanku be bô, su be d’ala e assim iam lavando as ruas, lojas e muitos outros estabelecimentos da capital e arredores. As lojas eram invadidas e tudo se encontrava no chão, sem pernas, e o povo também limpava tudo o que representava os colonos para a foz da Baía Ana Chaves.

    Tudo isso acabou numa confusão sem pernas — a cidade, rodeada de manifestações culturais, mais tarde deu lugar a um grande comício popular em que Sun Me Xinhô, cabisbaixo, falava baixinho aos seus adjuntos.

    — Zêntxi Kêsê’ pya jagu². Coisa dele começa bem, mas acaba mal. É como se você começar um teto de casa e a mesma não finaliza.

    Esta conversa soava camuflada na mente dos indivíduos que haviam sido espalhados pelas raízes de toda a praça, ficando os ouvintes em dúvida de que se transformaria num obstáculo para as pessoas mais céticas.

    — Isto é verdade?

    O povo dividido sentia o executar de uma profecia, como que se acabasse de realizar um novo enlace matrimonial. Qualquer um que pede recebe, e quem busca achará, e a quem bate abrir-se-á a porta para a liberdade.

    Porém, ao lado da bomba Sopol do velho Pontes, encostado na robusta palmeira real que ali se encontrava, o jovem Carlos, que esperava a sua vez para comprar petróleo, sentia correr nele uma leve brisa naquela tarde em que o sol já dourava, nesse embaralhar de gente, quando se deparou com uma menina aproximadamente da sua idade.

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1