O Botafogo De 95
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O Botafogo De 95 - Thales Machado
Thales Machado
Rio de Janeiro
2015
Copyright © Thales Coelho Machado
Todos os direitos reservados. Vedada à produção, distribuição, comercialização ou cessão sem autorização do autor.
ISBN: 978-85-920321-0-4
Autor: Thales Machado
Título: O Botafogo de 95 - o título em detalhes
Edição: 1
Local: RIO DE JANEIRO/ RJ
Contatos com o autor: thalescmachado@gmail.com
Projeto gráfico e design da capa: Larissa Ribeiro
Revisão: Vera Araújo
A ilustração da capa é obra do artista paraibano Chico Shiko, que colaborou imensamente com o projeto. O sentimento em relação ao título de 1995, a paixão alvinegra, o sentimento do torcedor botafoguense estão representados pela figura de um torcedor comum, qualquer, que viveu aquele ano e jamais se esquecerá.
Sou uma das únicas pessoas no mundo que viveu 1995 duas vezes na vida. Dedico à obra a meu pai, convivente dessa paixão, e à Clara, outra paixão, que aguentou firme essa empreitada de viver com um cara que lê jornais de vinte anos atrás.
24.09.1995
Acervo pessoal/ Thales Machado
A foto é do dia do título. Não do título do Botafogo, calma, não contaria o final do livro na primeira frase. A foto é da data do título desta introdução. Os capítulos aqui tem nome de datas. Esse é o único não linear. É o vigésimo quarto dia do mês de setembro do ano tema deste livro. Data marcante. Em especial, naquele domingo, meu aniversário de oito anos. De presente, um Botafogo x Flamengo.
Deixei a festa para o dia 23, sábado (com direito a uniforme completo, presente prontamente trajado na própria festança, e bolo com o escudo alvinegro, chantilly na parte branca, recheio de chocolate na parte escura, lembro até hoje). Festa temática. Um balão preto amarrado, cuidadosamente, no outro branco pelo salão. O Botafogo nem era líder do campeonato, nem tinha ainda cara de campeão, coisa que, na realidade, pouco teve até realmente ser.
Se não premonição, ou provável empolgação, ou inocência da infância, não recordo outro motivo de estar ali, camisa listrada com aquele maravilhoso e horrendo logo da SevenUP, short e meião cinza, cantando parabéns em cima de uma cadeira, com olhar ameaçador para os coleguinhas que combinavam cantar o com quem será?
com alguma menina que eu não curtia tanto. Era confiança demais, não na questão da menina, mas na questão do clubismo.
O Botafogo não parecia um timaço. Era um time que vinha tropeçando ainda na temporada, não fora nem para a final do Campeonato Carioca e no Brasileirão era terceiro na tabela do Grupo A, quatro pontos atrás do ótimo Palmeiras. Vinha embalado de uma grande vitória contra o Grêmio no Olímpico, mas já desembalado por melancólico empate contra o lanterna Juventude em casa. O menino inocente, de uniforme do Botafogo, em cima da cadeira, acreditar no time assim tudo bem, mas era otimismo demais para um botafoguense calejado feito meu pai. Como podia ser tão irresponsável com um fedelho auspicioso como eu, um quase senhor botafoguense como meu pai, sobrevivente ao jejum de 21 anos sem título, sabedor da lei da vaca, a que diz que ela sempre volta para o brejo, ao contrário do que dizem os padres e os pastores? Para que ousar e deixar sua cria assim, exposta aos entendidos (pais de colegas) e aos desentendidos (colegas) da coisa? E o menino ainda exacerbava o seu orgulho de ser Botafogo frente aos demais, mesmo sendo tão casto na calosa arte de ser alvinegro, sem a menor ideia da lei da vaca, criação de João Moreira Salles, outro botafoguense tão calejado quanto Hermano Machado, o tal do irresponsável que calhou de ser meu pai.
Infância é assim: empolgação
, justificou ele, já vinte anos depois, eu com 28, ele com quase 60, relembrando esta passagem quando contei que aquela cena, aquela festa, registrada em 36 poses guardadas em um álbum de fotos, estaria nas primeiras páginas deste livro.
A psicologia barata me permite dizer que meu pai transferia para mim toda a sua empolgação de menino, disfarçada já pelos seus 39 anos, na época. Via a possibilidade de reviver, em mim e comigo, alegrias que viveu como um morador da Tijuca, no Rio, do ladinho do Maracanã, na década de 1960, e ia para os jogos com uma bandeira na mão. Também tinha toda a expectativa do filho viver o que ele viveu, ainda que pela televisão.
Morávamos em Três Corações, sul de Minas, e, ele sabia que a distância geográfica do Rio, somada a um time que fosse perdedor naqueles tempos fundamentais, seria a fórmula perfeita para não ter em mim a garantia natural
da paixão futebolística. Ao menos a paixão que importava, aquela pelo time da estrela solitária.
Para além de um simples gritar é campeão
, meu pai torcia ali para que eu fosse capaz de me apaixonar. E viu que poderia dar certo. Eu era empolgado. Inexplicavelmente, tinha a mania de ver e rever várias vezes a fita VHS com todos os gols do Campeonato Carioca de 1989, com o jogo inteiro da final narrado por Paulo Stein e comentado por Márcio Guedes, com quem eu viria a trabalhar na ESPN, anos depois. Era uma doutrinação fácil, e um título seria consolidante. Mas um título é sempre um título, e botafoguense que se preze só pensa na dificuldade de conquistá-lo, nunca antes no ato de fantasiar o prazer da glória, que é sempre, por natureza, improvável.
Enquanto não vinha troféu, papai usava e abusava da minha empolgação naquele ano de 1995. Os usos e abusos voltam agora à minha memória com aquele gosto bom de infância e de carinho de filho que hoje mora longe do pai, mas que não deixa de mandar um recado no Whastapp em cada intervalo, fim de jogo, ou lance importante o suficiente para isso.
Lembro do Botafogo x Bahia, em que ele me pôs dentro do carro escutando o jogo enquanto jantava com amigos, me dando a exclusiva missão de avisar quando cada gol da partida saísse. Fui duas vezes: gol do Narcízio e gol do Wilson Goiano, e quando voltei, pela terceira vez, para informar que o jogo tinha acabado, fiz uns cálculos para provar que, na próxima rodada, o Botafogo já poderia se classificar para a semifinal. Lembro ter ganhado os mais tenros sorrisos de orgulho e um picolé de limão de presente pela missão cumprida. A minha e a do Botafogo.
Noutros jogos ele ficava tomando cerveja na cozinha, hábito que tem até hoje, me punha em frente à TV, na sala do andar de baixo, com instruções claras: quando aparecer um moço falando ´TA AÍ O QUE VOCÊ QUERIA´, sobe lá e me chama para ver o jogo
. E eu, todo orgulhoso, ia buscar meu pai, que me explicava cada dúvida, repetia cada história, enquanto assistíamos a mais um jogo do Botafogo na inesquecível narração de Januário de Oliveira, na TV Bandeirantes. Cruel, muito cruel pensar que esse tempo bom não volta mais. Para isso, a gente faz o que pode.
Inegável que 1995 me marcou. Vivia ali meus anos fundamentais, teoria de que não abro mão: se um garoto, perto do seu oitavo aniversário, é incentivado a gostar do que realmente ele já gosta, é batata: vai se apaixonar. Se for futebol então, minha teoria vira quase um teorema.
Tudo que vivi em 95 foi importante: o Botafogo, os Mamonas Assassinas, os Cavaleiros do Zodíaco, e até A Próxima Vítima
, novela que até hoje considero a melhor que já vi. Mas, de tudo, restou o Botafogo. E em duas décadas, nunca se foi tão feliz quanto naquele ano. Felicidade trazida por Túlio, Gottardo, Gonçalves, Wagner, Montenegro, Sérgio Manoel, Autuori, mais heróis que qualquer Cavaleiro do Zodíaco, seja de ouro, seja de bronze. Faziam-me crer que todo adversário necessariamente era a próxima vítima. Naquele time, aos olhos de um garoto, cada jogador parecia uma personagem, alguns coadjuvantes, outros protagonistas, e tudo junto era uma história que para mim só tinha um fim: o Botafogo campeão. Afinal, o Cavaleiro do Zodíaco do bem sempre vencia o do mal, o assassino era pego na Próxima Vítima
e dizer que os Mamonas
morreriam todos juntos em uma tragédia no ano seguinte seria tão absurdo quanto dizer que o Túlio não seria para sempre do Botafogo.
Em maio de 2015, após matutar bastante e me inspirar em um projeto da PUC-RS que narrou, pelo Twitter, o golpe de 1964 em tempo real
, mas 50 anos depois, criei um perfil na mesma rede social chamado O Botafogo de 95
. A diferença é que o objetivo era narrar, por longos e trabalhosos sete meses, o dia a dia do Botafogo no ano em que conquistou o Campeonato Brasileiro. Para quem não conhece, o Twitter é um microblog onde você posta atualizações em 140 caracteres. Usualmente, informa o que acontece em tempo real. Hoje em dia, é talvez a rede social onde tudo chega mais rápido. No caso do @OBotafogode95, como se nomeia o perfil, a ideia era fazer a informação voltar. Assim, no dia 10 de maio de 2015, exatos 20 anos após a notícia veiculada no dia 10 de maio de 1995, postei, como se um maluco tivesse acesso a um smartphone no meio da década de 1990:
Botafogo já mira reforço para usar a 10 no Brasileirão: Edmundo
,
e inseri a imagem do jornal que provava que eu não estava mentindo, coisa que nunca fiz no perfil. Como neste livro, tudo foi baseado em pesquisa e apuração.
O perfil no Twitter é uma grande (no sentido da duração) reportagem, auxiliada por exaustiva (no sentido do volume de trabalho) pesquisa histórica que, com sete meses de veiculação, aproveitou uma nova mídia das mais modernas que existem por aí. Só por causa dela, no entanto, é possível que essa mídia mais antiga, o bom e velho livro, chegue até as suas mãos.
Sonho antigo, uma obra que contasse detalhadamente a história do ano mais feliz da minha vida como torcedor do Botafogo, só pôde ser realizada graças à empolgação de quase 400 pessoas que, direta ou indiretamente, souberam, pelo perfil no Twitter, da existência do projeto. O agradecimento está nas páginas com o nome de cada um, mas fica aqui também, de forma mais pessoal, a todos os que contribuíram, através do financiamento coletivo, para a realização dessa obra.
O livro conta toda a história daquele time, mês a mês, desde antes de o campeonato começar, seguindo por capítulos marcados por datas que julguei fundamentais, mas não necessariamente as mais importantes.
Sabemos que cada torcedor vive um título a sua maneira. Como homenagem
ao perfil no Twitter, um pequeno calendário ao final do livro mostra, em poucos caracteres, o dia a dia do título, com uma notícia por cada 24 horas da época da campanha vitoriosa. Tudo disponível para aqueles detalhistas, já que é um livro de detalhes. Não se pode jamais se esquecer de Grotto, Guto, Eliomar, Wilson Mineiro, Dauri, Niki e outros reservas que só ficaram na memória dos mais fanáticos.
Se você é mais velho do que eu, nasceu antes de 1987, usará este livro para relembrar um ano muito especial como torcedor do Botafogo. Se for mais novo, a obra tem outro feitio. Provavelmente você não recorda ou não era nascido quando Márcio Rezende de Freitas (e quem disse que iriamos ignorá-lo?) apitou o fim de jogo do Pacaembu naquele 17 de dezembro e fez a alegria alvinegra explodir, invadindo até pista de aeroporto em pleno pouso de avião com os campeões. Para você, o livro vai fazer o que a literatura faz de melhor: te levar para um mundo, para uma época que você não viveu. Com a diferença que você já sabe do final feliz, que tudo foi uma realidade e que pode acontecer de novo. Há de se ter crença, esperança, anseio. Sabemos da dor e da delícia de torcer por este time.
Meu pai acreditou, haja vista o menino da foto lá em cima, todo de preto e branco, como as fotos e as notícias desta obra. E deixou o pirralho fazer oito anos com bolo e uniforme do time, falando para os coleguinhas que o Botafogo ganharia de todo mundo, como se o Botafogo fosse dessas coisas. Apostou com frieza que, ou a decepção não viria, ou seria superável, como quando o menino caiu em prantos, ainda em julho daquele ano, com o Brasil perdendo a Copa América para o Uruguai nos pênaltis, justamente por uma cobrança errada de seu herói preferido: o Maravilha.
Poupou o filho dos detalhes. De contar ali que, ainda que a glória viesse, viria com sofrimento, que a vida de botafoguense, ao contrário de seu aniversário, não costumava ser uma festa. Que, ao contrário do doce sabor do chantilly e do chocolate daquele bolo com o escudo do time, ser Botafogo tinha lá seus momentos de doçura, mas para isso passaria por momentos mais amargos do que aquelas cervejas que os adultos bebiam. Deixou o garoto dormir com o uniforme que tinha ganhado e usado na noite anterior, e que acordou no dia seguinte todo amassado. Pediu que, já domingo, o menino ficasse com a camisa, afinal, era dia de Botafogo x Flamengo e cabia ao pai dar o clima de importância para o clássico. Não explicou que o jogo era em Fortaleza, e não no Maracanã, porque o Botafogo não tinha dinheiro, precisava vender o mando de campo para pagar os salários, e que, mesmo assim, não conseguiria dar, em dia, o ordenado merecido a seus heróis, e que, baseado com o que já vira no futebol, provavelmente aquele time sucumbiria aos salários atrasados em algum momento, caindo monstruosamente de produção, como o menino, já grande, viu acontecer algumas vezes no futuro.
Disse que o jogo era lá porque tinha muito botafoguense por aqueles lados, ainda que o Castelão estivesse lotado de flamenguistas, ávidos para ver Sávio, Romário e Edmundo, o famigerado melhor ataque do mundo
. O menino, bobo, só se orgulhava do time que ia jogar em um estádio com nome de castelo. Nada mais propício para seus heróis.
E o Castelão de Fortaleza viu um jogão. Me lembro bem, vimos eu e ele no sofá da sorte de cada um, lá do interior de Minas. Faltavam só uns quinze minutos para o fim, eu ainda com a camisa listrada com a horrenda e maravilhosa marca do refrigerante e o Botafogo de Paulo Autuori jogando o fino da bola, vencendo o Flamengo por 2 a 0, gols de Túlio e Gonçalves. Nunca vira meu pai tão nervoso. Roía as unhas, como rói até hoje, mas com um afinco que nunca mais presenciei. Dois a zero é um resultado perigoso
, lembrei-me do ensinamento que ele me passara jogos antes. A realidade é que ele estava engasgado com o Flamengo. Mais do que o normal naquela noite.
Na final da Taça Guanabara daquele ano, ainda no primeiro semestre, eu assistia com ele a outro Bota x Fla em uma noite de quarta. O Flamengo abriu 2 a 0, o Botafogo empatou 2 a 2 e parecia que conseguiria uma virada histórica. O jogo foi para os minutos finais indefinido. Eu, muito novo, e torturado pela escola que me obrigava a acordar antes das sete da manhã no frio congelante do sul de Minas, fui dormir. O jogo e a voz de Januário de Oliveira avançariam pela noite.
Acordei no outro dia pensando se o Botafogo teria vencido. E meu pai me deu, na maior das tristezas, a notícia que Márcio Theodoro entregara, no finzinho, uma bola nos pés do Romário, que marcou, sem chances para Wagner. O 3 a 2 para o Flamengo, a perda do título, o Flamengo campeão… tudo machucou, por certo, mas ter que contar a notícia para o filho com olhinhos esperançosos de sete anos deve ter doído ainda mais.
Voltando a Fortaleza, ao Brasileirão, ao 24/9, às unhas roídas, faltando quatro minutos para acabar o jogo, Edmundo descontou para o Fla no Castelão. Tensão. Unhas, se ainda existiam, deixariam de existir. O 2 a 1 deu a todo botafoguense a certeza do empate do Flamengo, seja gol de Sávio, seja de Romário, tanto faz se for do Edmundo. Mais convicção da tragédia sentimos todos quando Autuori, para fechar o time, pôs o tal do Marcio Theodoro no lugar do Beto logo na sequência.
É aquela hora universal em que o pensamento é incontrolável, o pessimismo é inevitável, quase um remédio, espécie de prevenção do pior. Trabalhados na derrota, doutores no pessimismo, aceitamos a dor antes mesmo de ela chegar. Com a cautela necessária, ao prever o revés, já começamos a sofrer e aceitar. Aí sai o gol contra esperado e esbravejamos o famoso eu já sabia
, fingindo, pois no fundo não sabemos é de nada quando a unha está tão roída pela emoção de um jogo decisivo, quando o coração está acelerado pelo desespero alucinante de um maldito juiz que não apita o fim de jogo.
No Castelão, em 1995, não. Último minuto e, ao invés de Sávio, foi Túlio que deu um passe maravilhoso de calcanhar para Marcelo Alves, um dos meus coadjuvantes favoritos, que veio de trás para chutar para o fundo do gol todo o nervosismo do meu pai. Gol do Botafogo, 3 a 1, e o juiz encerrou a partida na sequência. Aquele êxtase que não se explica e a cena inédita para mim de ver meu pai rolando no chão feito um menino que acabara de fazer oito anos.
Agora ganhou do Flamengo! Não precisa nem ser campeão mais! Já estou satisfeito esse ano
- disse, berrando, em palavras que até hoje ficaram na minha mente. Ali, como mais um presente de aniversário, meu pai me ensinou o que era rivalidade. Aprendi direitinho e usei com salubridade ao longo dos anos. Aprendi ao longo daquele 1995 a ser Botafogo. Me surpreendo vendo que já passaram vinte anos.
A primeira pessoa some aqui. Minha micro história já durou páginas demais. Hora de entender como um time desunido, montado com doses de profissionalismo, acaso e improvisação, conquistou o Brasil na metade da década de 90.
A história daquele time, antes e depois dos meus oitos anos, daquele jogo de 24 de setembro de 1995, está nas próximas páginas deste livro. Desejo que você aproveite como eu aproveitei o meu aniversário daquele ano. Com bolo confeitado com chantilly fazendo a estrela e recheio de chocolate dando forma ao escudo de clube mais lindo do mundo. E, claro, com vitória contra o Flamengo.
Para um pouquinho, descansa um pouquinho…
e boa leitura.
Por onde começa?
Jornal do Brasil, 29/01/1995.
É difícil começar a contar uma história. Qualquer uma. Se envolve paixão, elementos conhecidos, memória coletiva, afetiva, mais difícil ainda. Cada parte é sentida de modo diferente por cada um. Cada dor dói de um jeito em um lugar, cada sorriso se abre de uma maneira em cada pessoa. Não parece, mas não existe grito de gol igual. Há o sujeito que talvez já tenha esquecido que o Botafogo estreou no campeonato contra o Vitória, em 1995, em um típico jogo de outros Botafogos, não daquele. Um frustrante empate após estar ganhando por dois a zero. Outros, entretanto, lembram de cor e salteado esta tarde no Barradão, e acham que ali o time começou a vencer. Como se faz? Por onde se começa? Quando começou o Botafogo de 95?
Dirão uns que é quando Márcio Rezende de Freitas, sim, ele, apita o início daquele Botafogo x Vitória, a 19 de agosto de 1995 no Barradão. Mas como se formou esse time que ali estava? O que aconteceu até então? Como, de repente, o Botafogo entra em um campeonato para ser, de fato, campeão? Perguntas que os dirigentes devem fazer sempre. Responderão então os pragmáticos que não, que se é O Botafogo de 95
, stricto sensu, tal história começa no início de 1995. Desculpem, leitores mais positivistas, mas não há contra argumentação de data e hora oficial potente o suficiente para bater este argumento: Túlio Maravilha chegou em 1994. A história, portanto, vem de antes.
Mas daí, em um debate que poderia ser eterno, dirão outros que Donizete e Gonçalves já estavam no clube em 1990. Os mais chatos, detalhistas que só eles, bradarão que Wagner era o titular com mais tempo de clube, até antes do Túlio, pois havia chegado em 1993. Os muito chatos, exacerbados nos pormenores, mencionarão Moisés, reserva na maioria da