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Lazer e recreação: Repertório de atividades por fases da vida
Lazer e recreação: Repertório de atividades por fases da vida
Lazer e recreação: Repertório de atividades por fases da vida
E-book377 páginas3 horas

Lazer e recreação: Repertório de atividades por fases da vida

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Sobre este e-book

O objetivo dos autores ao escrever essa obra foi o de compartilhar um repertório fundamentado de atividades de recreação e lazer que fosse útil para profissionais de várias áreas. As atividades estão organizadas por faixas etárias, denominadas como fases da vida - infância, juventude, idade adulta, e terceira idade. Tal segmentação permitiu que fossem levadas em consideração suas especificidades em relação ao lazer e à recreação, de acordo com as diferenças de interesse e nas relações e obrigações sociais.
O livro é dividido em módulos, cada um deles voltado para uma fase da vida. Cada módulo contém uma breve introdução teórica, destacando os pontos que devem ser observados pelos animadores socioculturais nas suas vinculações com as pessoas daquela faixa etária. Esse texto de abertura é acompanhado de um conjunto de fichas de atividades, a serem desenvolvidas de acordo com as características do grupo na sua relação com o lazer. Naturalmente, como as fases da vida não são estanques, a maioria das atividades pode ser utilizada com outros grupos, uma vez feitas algumas adaptações.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de set. de 2020
ISBN9786556500317
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    Lazer e recreação - Nelson Carvalho Marcellino (org.)

    LAZER E RECREAÇÃO:

    REPERTÓRIO DE ATIVIDADES POR FASES DA VIDA

    Nelson Carvalho Marcellino (org.)

    Cathia Alves

    Débora A. Machado da Silva

    Edmur Antonio Stoppa

    Felipe Soligo Barbosa

    Hélder Ferreira Isayama

    Jossett Campagna

    Mônica Delgado

    >>

    A coleção Fazer/Lazer publica pesquisas, estudos e trabalhos técnicos fundamentados em teorias, ligados ao fazer profissional, no amplo campo abrangido pelas atividades de lazer, entendido como manifestação cultural contemporânea, que ocorre no chamado tempo livre.

    SUMÁRIO

    APONTAMENTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM REPERTÓRIO DE ATIVIDADES DE RECREAÇÃO E LAZER, POR FASES DA VIDA

    1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O LAZER NA INFÂNCIA

    Débora A. Machado da Silva e Nelson Carvalho Marcellino

    ATIVIDADES   • AMARELINHA DA ÁGUA

    • BAGUNÇA GERAL

    • BONECOS MODELÁVEIS

    • CABANAGEM OU BRINCANDO DE CABANA

    • CAÇA-BRINQUEDOS

    • CAÇA-FANTASMAS

    • CAFÉ BORRARTE

    • CANTIGAS DE VERSO OU DESAFIO DA REDONDILHA

    • DESAFIO DA DANÇA DOS ARCOS

    • ESGRIMINHA

    • ESQUETE OU CONTO-TEATRO

    • ESTÁTUAS EM MOVIMENTO

    • GARRAFÃO 10

    • HÓQUEI CANADENSE

    • JOGO DO KIM

    • JOGO DOS AUTÓGRAFOS

    • JOGO DOS QUADRADOS

    • LUDOQUILOMETRAGEM

    • MANDALA

    • MEMÓRIA FOTOGRÁFICA

    • MESTRE-CUQUINHA

    • MOSAICO

    • PAISAGEM SONORA

    • PESCARIA DA EMÍLIA OU PESCARIA PRECIOSA

    • RODA DE NOMES

    • TÊNIS QUICADO

    • TORRE DE PEDRAS

    • TRAVA-LÍNGUA

    • ULTRADISCO

    • ZAGAMOR

    2. A JUVENTUDE E O LAZER

    Edmur Antonio Stoppa e Mônica Delgado

    ATIVIDADES     • AMANDITA

    • CAÇA AOS FANTASMAS

    • CAÇA AO TESOURO

    • CAMINHADA NOTURNA

    • CAMPISMO SELVAGEM

    • CEMITÉRIO DOS ÍNDIOS

    • CORRIDA DE REGULARIDADE

    • CORRIDA MALUCA

    • CRUZADA GIGANTE

    • DESAFIO

    • ESPIROBOL OU ESPIRIBOL OU BOLA AO MASTRO

    • FESTIVAL CUCA FRESCA

    • FESTIVAL DE ESPORTES ALTERNATIVOS

    • FESTIVAL DE JOGOS DE SALÃO

    • HANDSABONETE OU SABONETEBOL

    • JOGO DA VELHA GIGANTE

    • JOGO DE CIDADES

    • JOGO DE TACO; BETS

    • JOGOS MEDIEVAIS

    • JULGAMENTO

    • LENDÁRIO DA GUERRA

    • LUAU

    • PAINÉIS DE DESAFIOS

    • PASSEIOS DIURNOS E NOTURNOS

    • PISTA PARA O CAÇA AO TESOURO – SINAIS LUMINOSOS

    • PISTAS PARA O CAÇA AO TESOURO – FRASES EMBARALHADAS, FORCA

    • PISTAS PARA O CAÇA AO TESOURO – ZENIT POLAR, CRUZADAS

    • POLÍCIA E LADRÃO

    • RÚGBI ADAPTADO

    • TORTA NA CARA

    3. CONSIDERAÇÕES SOBRE O LAZER NA IDADE ADULTA

    Cathia Alves e Hélder Ferreira Isayama

    ATIVIDADES     • ACERTE O GOL

    • AMIGO SECRETO CULTURAL

    • BERLINDA

    • CABO DE GUERRA

    • CAÇA-OBJETOS

    • CAROÇO DA JACA

    • COMA RÁPIDO

    • CORRIDA DO SACO

    • CRIAR HISTÓRIAS

    • DANÇA SOCIAL

    • DESAFINO

    • DICIONÁRIO

    • FASE DA VIDA

    • GINCANA

    • GUERRILHA

    • IMAGEM E AÇÃO

    • JOGO DA MEMÓRIA HUMANO

    • LANÇAMENTO DO OVO

    • MÁFIA

    • MÁSCARAS DE GESSO

    • O QUE VOCÊ FARIA SE...?

    • PALITINHOS

    • PASSAR O OBJETO

    • PERGUNTAS E RESPOSTAS

    • PERSONALIDADES

    • PISCA

    • REDE DA UNIÃO

    • ROUBANDO A FRASE

    • SEMENTE

    4. A ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL E O SEGMENTO IDOSO: REFLEXÕES E SUGESTÕES

    Felipe Soligo Barbosa e Jossett Campagna

    ATIVIDADES      • ASSOPRA, ASSOPRA!!!

    • AUMENTA UM PONTO QUEM CONTA UM CONTO I

    • AUMENTA UM PONTO QUEM CONTA UM CONTO II

    • BADMINTON

    • BALDEBOL

    • BATATA QUENTE, MUITO QUENTE

    • BINGO HUMANO

    • BOCHA DE SALÃO

    • CAÇADA ORIGINAL

    • CENA MUDA

    • CRIANDO E RECRIANDO

    • DO FUNDO DO BAÚ

    • ENCONTRO LÚDICO ENTRE GERAÇÕES

    • ENIGMA DE SHERAZADE

    • É PRECISO SABER VIVER

    • FUTEBOL DE SOPRO

    • GINCANA DE ESTAFETAS

    • JOGOS DE TABULEIRO

    • O TEMPO NÃO PARA...

    • PASSA ARCO

    • PESCARIA

    • QUAL É A MÚSICA?

    • QUAL É O FILME?

    • QUEM SABE SABE... CONHECE BEM!

    • SALADA DE PROVÉRBIOS

    • TREM DAS ONZE...

    • VAI E VOLTA

    • VARREDOR

    • VOLEIBOLÃO

    • VOLEIBOL DE TOALHA

    BIBLIOGRAFIA GERAL

    NOTAS

    SOBRE OS AUTORES

    OUTROS LIVROS DOS AUTORES

    REDES SOCIAIS

    CRÉDITOS

    APONTAMENTOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM REPERTÓRIO DE ATIVIDADES DE RECREAÇÃO E LAZER, POR FASES DA VIDA

    Este livro nasceu da necessidade de publicação de um repertório de atividades sentida por nós, como animadores socioculturais, na nossa prática cotidiana, quer na atuação direta com a população, quer como formadores de outros animadores, em cursos de Recreação e Lazer. É fruto, em especial quanto a este último aspecto, das cobranças de nossos alunos, ante nossa recusa em fornecer um manual específico de atividades, nos cursos em que trabalhamos, para não passarmos a ideia da ação do animador como simples cumprimento de tarefas, sem embasamento e/ou reflexão, correndo o risco de anular as potencialidades criadoras de cada profissional e de fechar os horizontes de sua atuação, em conteúdo e forma. Já fizemos isso uma vez em Repertório de atividades de recreação e lazer (Papirus, 5ª ed., 2009), colocando as fichas em ordem alfabética, e outra vez em Lazer e recreação: Repertório de atividades por ambientes(Papirus, 2007), separando-as por diferentes ambientes. Nesta edição, apresentamos novas atividades, desta vez aglutinando-as por fases da vida.

    Decidimos nos reunir, impulsionados por essa motivação comum, e apresentar nossas experiências, num processo de reflexão coletivo, ocorrido em várias reuniões. Trata-se de um trabalho de um grupo que já compartilhava os mesmos ideais quanto à animação sociocultural, e que incorporou a eles mais um objetivo comum: o de elaborar, e apresentar à comunidade da área, um trabalho que pretende se diferenciar do tradicionalmente encontrado. Só nos lançamos a descrever as atividades quando tivemos a ideia clara do livro, seu formato, o tipo de linguagem a utilizar, a quem nos dirigirmos e de que forma.

    Nossa preocupação maior foi a de não fornecer apenas um rol de atividades agrupadas por quaisquer critérios, como equipamento, faixa etária, conceito etc. Ao colocarmos a ideia de repertório, estamos falando da necessidade de interpretação de cada atividade, por meio da experiência pessoal e profissional de cada um de nós, como animadores socioculturais, embasada em teoria, confrontada na ação do cotidiano, e acompanhada do necessário exercício de reflexão constante.

    Aqui, decidimos trabalhar por fases da vida.[1] Assim, nosso objetivo é compartilhar um repertório fundamentado de atividades de recreação e lazer, a ser desenvolvido por profissionais de variadas formações, de acordo com as diferentes fases da vida: infância, juventude, idade adulta e terceira idade, levando em conta suas especificidades em relação ao lazer/recreação, que são alteradas de acordo com as faixas etárias vivenciadas, os interesses diferenciados e as relações com as esferas das obrigações sociais.O livro é dividido em módulos, cada um correspondendo a uma fase da vida. Cada módulo descreverá as suas características, na sua relação com o lazer, e os pontos que devem ser observados pelos animadores socioculturais nas suas vinculações específicas com as pessoas daquela idade. Essa descrição será acompanhada de um conjunto de fichas de atividades a serem desenvolvidas de acordo com essas especificidades. Não apresentamos essas fases como estanques; dessa forma, as atividades, em boa parte, poderão ser aplicadas a fases diferenciadas, com as devidas adaptações.

    Para sermos coerentes com o nosso próprio discurso, colocado em outras ocasiões, preocupamo-nos em não fornecer, como diz o jargão, receitas de atividades, mas sim em contribuir para a formação de um repertório dessas atividades – que é sempre considerado da perspectiva do animador, ou do grupo a que pertence –, proporcionando que elas possam ser vivenciadas e refletidas, em constante aprimoramento. E nasceu daí a ideia de colocarmos as fichas – uma para cada proposta –, com espaços em branco, para serem preenchidos na ação do animador. As fichas são autorais e identificadas uma a uma, refletindo o processo de elaboração de cada um dos autores do livro, ainda que com base nas discussões coletivas. Nossa proposta é que cada um dos leitores reinterprete as fichas e monte as dele, construindo, assim, seu próprio repertório. Desse modo, não tem sentido a consideração das fichas que compõem o repertório, isoladamente, deixando de lado seu conjunto e o processo de sua elaboração – descrito nestas considerações iniciais e solidificado nas referências bibliográficas.

    Não tivemos qualquer pretensão quanto ao ineditismo das atividades, até porque isso seria praticamente impossível e contrário à ideia do próprio repertório. As sugestões de atividades, aqui apresentadas como pontos de partida para a criação de novas propostas, também surgiram da nossa vivência. Nossa insegurança, de início, levou-nos a pensar em colocar as fontes impressas de cada uma das fichas descritas no livro. Ao nos lançarmos a essa tarefa, ela se revelou também impossível, pois a maioria dos manuais não cita as fontes, e, além disso, muitas atividades têm décadas e mais décadas. Preferimos colocar, dessa forma, nossa primeira experiência/vivência com a atividade, como a sua base.

    Outro aspecto importante que devemos ressaltar, já nesta Introdução, é o que diz respeito à classificação e, consequentemente, à fundamentação das atividades. As classificações disponíveis são inúmeras, e fica praticamente impossível listar todas as propostas aqui apresentadas, optando por uma delas. Além disso, as classificações, do nosso ponto de vista, só têm sentido quando fundamentadas em objetivos claros, relacionados ao desenvolvimento das atividades. No nosso caso, o primeiro objetivo das propostas é sempre o divertimento e o prazer – e eles não precisam de justificativas. Além do mais, se fôssemos apresentar a fundamentação de cada uma das atividades, o livro deixaria de ser um repertório. Preferimos, assim, não adotar uma classificação rígida, nem capítulos de fundamentação. Isso pode ser buscado na extensa bibliografia que deixamos disponível, ao final do livro.

    Acreditamos, tendo em vista os conteúdos do lazer, que o ideal seria que cada pessoa praticasse atividades que abrangessem os vários grupos de interesses, procurando, dessa forma, exercitar, no tempo disponível, o corpo, a imaginação, o raciocínio, a habilidade manual, o relacionamento social, o intercâmbio cultural e a quebra da rotina, quando, onde, com quem e da maneira que quisesse. No entanto, o que se verifica é que as pessoas geralmente restringem suas atividades de lazer a um campo específico de interesse. E geralmente o fazem não por opção, mas por não terem tomado contato com outros conteúdos. Nesse sentido, o papel da ação do animador sociocultural é fundamental, procurando diversificar ao máximo as atividades oferecidas, em termos de conteúdos. Foi o que procuramos colocar, também, nas fichas que compõem este nosso livro: diversificação de conteúdos.

    Ainda quanto aos conteúdos, entendemos a ação do animador sociocultural, muito além da sua especialidade em um ou mais dos interesses culturais do lazer, como uma postura de querer democratizar esses bens culturais. É necessário conhecer em profundidade pelo menos um dos conteúdos, mas é também muito importante a visão do conjunto. Mas, quanto à especificidade das atividades, é necessário lembrar que algumas podem ser desenvolvidas apenas por profissionais de educação física, outras por arte-educadores, ou por profissionais de turismo etc. Ao animador sociocultural, cabe adaptar as atividades, ou recorrer à monitoria de profissionais das respectivas áreas, para orientação. Exemplo disso, entre muitos, são os chamados esportes radicais, ou os esportes ecoturísticos.

    Não podemos reforçar a ideia, ainda vigente no senso comum, e também na mentalidade de alguns gestores do setor, de que a atividade de lazer – de conteúdo arte ou esporte, por exemplo – seja desenvolvida sem os necessários equipamentos, materiais ou profissionais adequados. Dessa forma, em muitos casos, a atividades esportiva, com esses recursos, é chamada de esporte, e, sem recursos para seu desenvolvimento, é nomeada de esporte de lazer, o mesmo ocorrendo com as atividades artísticas e os demais conteúdos. Passa-se a ideia de que a atividade de lazer é necessariamente improvisada, e, o que é pior, sem qualidade. Isso tudo acaba refletindo no espaço, nos equipamentos, nos materiais e no pessoal colocados à disposição do animador – e, muitas vezes, não colocados – para o desenvolvimento de seu trabalho. É preciso ter consciência do valor e da importância do nosso trabalho para reivindicar as condições necessárias. Nada contra a utilização de sucata ou materiais alternativos, desde que seja uma opção, ou, como o próprio nome sugere, uma alternativa, e não a única possibilidade, dada a falta de condições de trabalho.

    Algumas propostas de atividades, pelo seu conceito, não necessitam de equipamentos ou materiais (suportes) para seu desenvolvimento. Nesses casos, a figura do animador é ainda mais importante, porque acaba sendo a única referência para os participantes.

    Por sua vez, devemos estar atentos às barreiras interclasses e intraclasses sociais que restringem o lazer. É preciso que nos lembremos sempre de que a classe social, o nível de instrução, a faixa etária, o gênero, entre outros fatores, limitam o desenvolvimento das atividades de lazer. Além disso, no plano cultural, preconceitos variados restringem sua prática aos mais habilitados, e aos que se enquadram nos padrões de normalidade preestabelecidos. Do ponto de vista da democratização cultural, são fatores indesejáveis e necessitam ser atacados. É óbvio que o campo da animação sociocultural é limitado para ações efetivas nesse sentido. Mas isso não significa que deva ser ignorado, como uma possível área de educação, de formação de mentalidades favoráveis à democratização. Assim, no desenvolvimento das atividades, o animador deve estar atento a essas questões. Nunca reforçar as barreiras, e, sempre que possível, questioná-las, não só no discurso, mas na ação efetiva – essa foi a postura que procuramos adotar nas fichas.

    Não podemos deixar de considerar também, na prática cotidiana da animação sociocultural, as questões colocadas quanto ao consumo puro e simples de bens culturais. Nesse sentido, nossa ação deve procurar privilegiar o gênero da prática. Por outro lado, é importante reconhecer que o valor cultural de uma atividade está ligado, fundamentalmente, ao nível alcançado, seja na prática, seja no assistir, ou no conhecer. Isso não significa negar a importância ao estímulo para a prática do lazer como criação cultural. Esse aspecto não pode deixar de ser considerado, principalmente se levarmos em conta o caráter de desenvolvimento do lazer. Entretanto, a simples prática não significa participação, assim como nem todo consumo corresponde necessariamente à passividade. Isso tem implicação direta no desenvolvimento das atividades. Por exemplo: até que ponto jogos excludentes são efetivamente excludentes? Será que o impedimento do fazer, da participação direta, por quaisquer motivos, implica não participação, em sentido amplo? Do nosso ponto de vista, tudo isso dependerá da postura do animador. Por isso, não tivemos qualquer preocupação em selecionar, fazendo a separação entre atividades que aglutinam e atividades que excluem. Recomendamos, também, o equilíbrio entre os três gêneros – praticar, assistir, conhecer –, de acordo com o nível em que os participantes estiverem, e, sendo ele conformista, procurar superá-lo pelo exercício da criticidade e da criatividade.

    Outro aspecto importante, e que vale a pena ressaltar, é que, durante todo o processo de elaboração de nossas fichas, procuramos levar em conta que o lazer, como esfera de manifestação humana, é pleno de possibilidades. A sorte/azar, a competição, a imitação, a vertigem, como nos lembra Caillois (1990), são componentes do jogo. Dessa forma, é preciso refletirmos sobre que lazer estamos trabalhando. Lazer sim, mas não qualquer lazer. Não o mero entretenimento, não o lazer-mercadoria. Cada vez mais precisamos do lazer que leve à convivencialidade, mesmo que fruído individualmente, ainda que isso possa parecer paradoxal, e para isso a postura do animador é fundamental. Convites à convivência significam, do nosso ponto de vista, minimizar os riscos da exacerbação dos próprios componentes do jogo: a competição que não leve à violência e à introjeção de comportamentos sociais de exclusão; a vertigem que não leve ao risco não calculado de vida; a imitação que não promova o fazer de conta imobilizante da pior fantasia; a sorte/azar que não provoque alheamento. Isso não significa negação, ou, o que é pior, camuflagem de qualquer um desses componentes, como está ocorrendo, às vezes de modo extremamente fechado, ultimamente, com a questão da competição.

    É preciso levar em conta, também, que o animador ainda é visto, em muitas situações, como o detentor do saber da animação, ou o mantenedor da ordem, o fiscalizador, o que muitas vezes torna o seu desempenho um tanto quanto autoritário, ou – tão trágico quanto – incentivador do autoritarismo. Mesmo quando isso ocorre – o que é mais comum na ação que envolve políticas públicas –, é preciso que não abramos mão do nosso papel de educadores, procurando, dessa forma, reverter expectativas, fazendo das atividades de animação um exercício de democracia e de autoridade sem autoritarismo. Assim, na elaboração das fichas, procuramos evitar, ao máximo, a utilização de expressões que denotem esse autoritarismo. Muito mais do que uma questão terminológica, essa é uma postura que deve ser incorporada ao fazer cotidiano da animação. Ela é fundamental para que, na nossa área, contribuamos para a formação da cidadania autônoma, formando competências, e não incompetências, que justifiquem nosso discurso de profissionais.

    Conforme já tivemos oportunidade de ressaltar em outros escritos, muitas vezes o profissional da área coloca como qualidade do seu trabalho profissional o agradar ao cliente; muitas vezes, nesse agradar ao cliente, o riso fácil e o corpo bonito e solícito do profissional do lazer disfarçam a falta de condições de trabalho e de equipamentos não só do seu setor, mas também de toda a organização, seja ela pública ou privada.

    Para o gerente do acampamento, do hotel, do SPA, ou de qualquer outro local, as equipes de lazer têm, comumente, a função de tampar o sol com a peneira, de disfarçar, com sua amabilidade e sua simpatia – muitas vezes forçadas –, as deficiências de serviço. Isso ocorre, muitas vezes, também por iniciativa própria do profissional do lazer, para suprir sua falta de preparação profissional. Por exemplo, em vez de organizar uma festa adequadamente, com as estratégias de participação, quando for o caso, passa a animar (no sentido pejorativo) o evento, procurando mascarar sua falta de qualidade. Já está na hora de o setor privado perceber que é com competência que se faz lucro, que se atende bem o cliente, e não dourando a pílula, com o comportamento estereotipado de anacrônicos bobos da corte, sem corte.

    Por outro lado, quando atua em políticas públicas, muitas vezes o animador representa uma força de trabalho graciosa e solícita de profissionais malremunerados e malformados, repetindo pacotes de atividades de gosto duvidoso – e, ainda assim, de forma bastante esporádica –, em bairros da cidade. Ou, então, são formadas equipes, cuja principal característica é o sorriso forçado nos lábios, promotoras de atividades que não são mais do que pacotes de festinhas para passar o tempo ou entreter o povo antes de as autoridades chegarem para inaugurações de obras. Já é tempo de os discursos de campanha de um lazer emancipador serem acompanhados de verbas e infraestrutura, e de atuação profissional, compromissada politicamente sim, mas com competência e profissionalismo.

    Levando em conta, principalmente, esses últimos três parágrafos, no que diz respeito ao repertório de atividades, é preciso não ficar restrito ao que comumente é classificado como lazer ou recreação, mas alargar horizontes, em termos de conteúdo e de forma. Isso não significa ignorar o material produzido na área em termos de experimentações do cotidiano do animador, traduzido em dezenas e dezenas de manuais. Muito pelo contrário: ele pode ser uma das fontes para a elaboração e/ou o enriquecimento do repertório de cada animador. Mas com uma leitura crítica e criativa. E é nesse sentido que colocamos, ao final do livro, uma vasta bibliografia, sem qualquer pretensão de apontar livros corretos ou incorretos, utilizando critérios de verdade, desse ou daquele ponto de vista. São sugestões. E, como tais, devem passar pelo crivo do profissional, com as devidas e necessárias adequações.

    E isso significa, ainda, considerar o lazer como manifestação humana, que inclui a atividade, mas é mais ampla que ela. Há necessidade de momentos de não atividade, de contemplação, de ócio. E cabe aos profissionais o discernimento para entender a perspectiva do frequentador de determinado equipamento, e não acabar forçando a barra, para um ativismo que pode até negar os valores do próprio lazer. Nosso papel é contribuir para que o clima do equipamento seja o mais adequado em termos de estrutura e de condições de uso e convivência, e não, como muitas vezes ocorre, incitar a ação pela ação, simplesmente para manter as pessoas ocupadas. Lazer sim, mas não práticas compulsivas ou compulsórias.

    A própria ideia de repertório faz com que tenhamos que recorrer às nossas histórias de vida, para que possamos ter nossas sugestões devidamente contextualizadas. E o elemento que une a todos nós, autores deste trabalho, é a necessidade de estudar, de ter um embasamento maior, para o desenvolvimento de nossas atividades profissionais. Nós nos conhecemos no ensino e em

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