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Encantada Lembrança Antiga
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E-book137 páginas56 minutos

Encantada Lembrança Antiga

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Sobre este e-book

É um livro encantador que nos faz visitar o mais profundo de nós. Nascido das raízes da sensibilidade e de um coração onde as palavras são como borboletas coloridas e livres. Riqueza de detalhes e palavras que nos traz vida, o verde e coisas valiosas para o ser. A autora nos transporta para cada pedacinho do seu sentir, e ali nos embala nas memórias dos melhores afetos e coisas raras, fazendo-nos viajar entre exuberantes matas e florestas, conhecer o anjo de um piano, ou o paladar do chocolate e para além deste. É uma obra marcada pelo sensível, o singelo, a beleza e a forte presença do sublime. O amor é adubo que fertiliza as terras do meu coração... Sem ele, toda a vegetação que sou morre!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de nov. de 2017
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    Encantada Lembrança Antiga - Sunna França

    Encantada Lembrança Antiga

    Sinto o cheiro da terra molhada pelo orvalho da

    manhã, perfume de capim a destituir o cargo dos pequenos

    frascos importados... A sinfonia da chuva transportou-me

    ao tempo em que meus pés eram pequenos e descalços,

    beira de rio, areia que atola:

    — Corram que é areia movediça!!!

    Risadas e borboletas flutuavam e se misturavam ao

    ar, colorindo-o. Pequenas mãos, unhas inevitavelmente

    roídas não evitavam que o barro se acomodasse por entre

    elas. Pequenos dedos agarravam-se a terra macia, pobre

    das minhocas e a mais infeliz de todas, robusta, gordinha,

    sem começo nem fim, ameaçada pelos gritos dos

    caboclinhos:

    — Quer ser filha da terra, tem que comer! E

    pequenas

    vozes

    de

    todos

    os

    tons

    cantavam

    descompassadas:

    — Prove! Prove! Prove! Provei... – Eca!

    — Tem que engolir toda!

    — Engoli... Eca eca no início e depois a surpresa:

    — Tem gosto de terra!

    Pronto, eu agora aos oito anos de idade era filha da

    terra!

    Interessante, tornei-me filha da água aos seis anos,

    quando engoli piabas vivas, pequenos peixinhos que

    nadaram por entre a minha garganta, que segundo os

    caboclinhos me ensinariam a nadar...

    — Como é?

    — Você abre bem a boca com a cabeça para cima,

    olhando para o céu (aproveitei a posição para fazer uma

    rápida oraçãosinha pedindo a Deus que me ajudasse), pega

    ela pelo rabo e solta bem no meio da garganta e ela nadará

    por dentro de você, daí você se joga na água, mais tem que

    ser bem no fundo e ela te fará nadar!

    — E se eu não conseguir ???

    — É por que ela morreu dentro de você... Tem que

    ficar viva, daí você vai se afogar, nós te tiramos e se quiser

    ser filha da água tem que fazer tudo outra vez, até

    conseguir ou morrer! Risos dos caboclinhos danados !!!

    E lá se foi, engoli uma, me afoguei, engoli duas, me

    afoguei, engoli três, quatro, cinco e na sexta eu já estava

    familiarizada com o fundo do rio, o gosto da água, o mato

    sobre ele, as pedras e até achava que tinha escutado um

    Oi de um peixe esquisito e já não me importava mais se

    tivesse que ficar para sempre lá no fundo. Mas o destino

    havia decidido outra coisa e então nadei axovalhada

    enquanto ouvia os gritos vindos da margem:

    — Filha da água! Filha da água!

    Não foram poucos os rituais que juntos, eu e os

    caboclinhos, passamos escondidos dos adultos, cada um

    ritual tinha sua idade, é claro! E eu tinha que ser filha de

    uma porção de outras coisas, uma mãe e um pai só não

    bastava. Tinha qu e ser filha da mata, conversar e subir em

    árvores enormes, ser levada de olhos vendados até

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