Os Passos Da Eficiência
De A.a,vítor
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Os Passos Da Eficiência - A.a,vítor
A.A.Vítor
Os passos da eficiência
Belo Horizonte
Antônio Augusto Vítor
2020
Editor:
Antônio Augusto Vítor
Revisão:
A. A. Vítor
Capa:
Vítor Augusto
Contato do autor:
aavitor2008@gmail.com
www.aavitorautor.wordpress.com
ISBN
978-65-000-5192-6
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio ou para qualquer fim, sem autorização prévia do autor.
Obra protegida pela lei dos direitos autorais.
PREFÁCIO
Design thinking é uma técnica empreendedorista que visa a produtividade dentro das corporações, mais precisamente as agências de publicidade. A ideia por trás da técnica é fazer com que os envolvidos na ação vivam os problemas de um cliente, dado em um briefing, e se arrume para eles soluções. Independe de ser peritos no assunto a ser imbuído nessa missão. Por vezes, um funcionário da zeladoria pode estar à cargo dela.
O desvio de função não acontece, pois, os que participam da ação são convidados e a eles é dada uma gratificação pela participação, que pode ser um cachê, um dia ou horas de folga.
Mas, a grande recompensa para quem aceita se submeter em seu ambiente de trabalho a se ocupar com problemas que não lhe são pertinentes é a oportunidade de desenvolver um pensar inovador, que inexoravelmente traz evolução em sua vida material e por vezes na espiritual também.
Um faxineiro que é encarregado de parar um tempo seu afazer para encontrar um tipo de causa judicial que traria para um advogado clientes menos concorridos e o isolasse para estes por ter se especializado nela, sofreria motivação para buscar novo rumo profissional caso fosse dele a melhor solução dada.
Essa técnica foi apresentada no livro Contos de Verão: A casa da fantasia
, onde os funcionários da pousada Contos de Verão entraram em um jogo que propiciava desenvolvimento pessoal para todos e prosperidade para a empresa que os empregavam.
Assim, eles garantiram que a mesma pudesse manter seus empregos e com o acúmulo de ganhos combinado com o de experiência empreendedorista e de autoconfiança, a vez de tocar empreendimento próprio lhes chegassem.
Na agência de publicidade que este conto narra dias, a tática era empregada, mas, não como parte do itinerário de produção das campanhas que a agência trabalhava. Até que um dia apareceu na vida de um dos sócios dela um homem que dividiria águas e faria do processo uma das marcas da companhia.
Leonardo Nery era um sujeito limitado fisicamente. E
permitia que sua limitação eliminasse sua aspiração de ser bem-sucedido na vida e contabilizar sucesso material. Tinha muitos sonhos, mas, abalado pela convicção de que a vida não lhe legou sorte, ele os mantinha no mundo pertinente dos sonhos.
Foi por causa de um desejo ocorrido da maneira apropriada enquanto ele tomava café junto à sua mãe em sua casa se preparando para ir para o trabalho é que ele viu as coisas tomarem outro rumo. O rumo que ele tanto queria tomar, mas, se autossabotava.
Uma fatalidade ocorre envolvendo Leonardo e um dos sócios da agência em busca de seu lugar ao Sol. E o destino do trio se torna um só. Um destino inspirador, que terá que se cumprir à custa de muito perigo, ganância, sabotagem e violência.
O assombro do advento da Quarta Revolução Industrial, teoria que prevê a eliminação de mais de oitocentos milhões de empregos até 2030, devido à eliminação por obsolescência de profissões e segmentos de negócios, tal qual em uma guerra militar catastrófica obriga o surgimento de soluções criativas para a manutenção dos empregos e rendas que serão afetados.
Como a haver uma explicação mística, os publicitários do conto só atraem desafios que se dão dentro desse escopo.
Empresas à beira da ruína dada por esse assombro precisam a qualquer custo encontrar uma solução para sua sobrevivência.
Quem possui uma deficiência física, para se encaixar dentro de uma sociedade onde tudo que é disponibilizado para o conforto dos cidadãos tem como modelo de desenvolvimento o indivíduo sadio precisa ser inovador, criativo, solucionador. E
isso a vida toda, pois, esperar que as sociedades sejam realmente inclusivas, como por estar na moda se dizem ser, não é sábio.
Nada melhor para uma companhia cuja missão é prover criações contar no quadro de colaboradores com alguém assim.
Este é o mote desta história cheia de ação e sugestões para o enfrentamento da situação que já vivemos e que deve provocar uma indesejável revolução na economia mundial.
A.A.Vítor | Os passos da eficiência VCAPÍTULO 1
Seis e meia da manhã. Com grande disposição, Leonardo Nery se preparava para mais uma segunda-feira de batalha na loja de tecidos onde era vendedor. Com um pente médio de plástico, o mulato penteava para trás seu cabelo fino. Fitava o espelho na porta do guarda-roupa do quarto da mãe. Ao longo de seus 26 anos de idade, seu semblante já apresentava sinais de cansaço de viver. Mas, seus volumosos lábios, sempre a sorrir jocosamente, cumpriam a missão de disfarçar sua inevitável decepção com a vida. Decepção travestida de inconformismo duradouro.
O baixinho, de um metro e sessenta e dois centímetros, terminou sua aprontação diante ao espelho, pegou suas muletas e se dirigiu para a saída da casa, pretendendo passar primeiro pela cozinha. Nela estava sua progenitora, que logo que o filho se sentou à mesa para servir-se do café da manhã, entregou-lhe uma correspondência.
–
Ó, que bacana! O Jerry e a Paola vão se casar!
–
Aqueles seus colegas de faculdade?
–
Sim! Rapaz de sorte, conseguiu um belo emprego na área logo que nos formamos. Ela também se deu bem.
Léo, sem que desejasse, entrou em estado de absorção enquanto lia os dizeres do convite. Uma espécie de inveja branca lhe tomou o espírito. A imagem de si próprio obtendo uma grande oportunidade no campo da publicidade, se tornando prodigioso financeiramente e enchendo a mãe de orgulho, fazendo, então, valer seu diploma, invadiu sua mente com grande realismo. E logo depois, pela vontade dele próprio, que se 5
A.A.Vítor | Os passos da eficiência autocensurou pelo pleito, pondo a culpa em sua deficiência física, desapareceu-se, voltando para o palco de sua mente o costumeiro de sempre daquela hora da manhã.
Um até logo
para a mãe foi dado e Leonardo saiu pela sala da humilde residência antiga localizada entre construções de bom nível, pertencentes aos moradores do bairro que se tornou nobre que tiveram melhor sorte para dar a elas acabamento e estilo. Embora se conformasse com a inércia incondicional, Léo sonhava incontinentemente poder um dia dar à matriarca pelo menos a satisfação de ver concluída a construção deixada pelo pai falecido.
Um empresário balizava seu carro dentro de um estacionamento às margens de um shopping. Considerou que fosse mais viável usar a opção externa ao centro comercial naquela hora do dia. Após puxar o freio de mão e girar a chave de ignição silenciando o motor, se pôs a fitar seu rosto no espelho retrovisor. Conferia se o penteado feito pela esposa na noite anterior resistia às suas constantes enfiadas de mão por debaixo das mechas e respectivas jogadas de cabelo para o alto. Preferia o seu normal desgrenhado, que lhe dava o ar de sujeito branco rebelde. Estaria dessa forma se ele não tivesse que encontrar com seu sócio para juntos rumarem para uma reunião de negócios.
Seus pouco mais de trinta anos de idade exigiam um look mais arrojado para se compatibilizar com os da sua geração com quem se deparava no mesmo círculo social.
Marcara o encontro com o parceiro naquele local vizinho ao seu domicílio para que usassem um único automóvel. Assim teriam tempo para conversarem e recapitularem o que fossem dizer para os contratadores. Por ser menos imponente, o automotor do sócio ficara em sua casa, utilizando ele o metrô 6
A.A.Vítor | Os passos da eficiência para chegar ao encontro.
Tendo se convencido de que nada mais poderia fazer para melhorar seu visual, o executivo abriu a porta da esquerda e saiu por ela. Se incomodou um pouco com sua vestimenta por ela lhe dar um aspecto de homem gordo, mas, regozijou-se por ser pouco o tempo a usar o terno.
Levou consigo uma pasta maleta, cheia de documentos extremamente importantes. Preferiu não a deixar no carro. A sensação de segurança era a ele maior se com ela.
Encontraria o amigo nas proximidades das bilheterias da estação de metrô que havia no interior do shopping, o apanharia e seguiriam para a reunião de negócios em que ambos precisariam participar juntos. Saiu do estabelecimento pela entrada que dava para a avenida Vilarinho e rumou para a rampa que acessava a estação. Passaria por um beco.
O transeunte normal do horário descia a rua ortogonal à avenida no trecho. Estava na altura do ponto de ônibus do circular que trafegava por ali. Com duas muletas metálicas enfiadas debaixo de suas axilas, o homem baixo, pseudobranco e ralamente esbelto se lançava com pressa para frente o quão veloz podia. A perna deformada tinha o pé torto e era mais curta do que a outra. Avistou ao longe, a dar a costa para si, o empresário iniciar o contorno do beco. Aparentemente era a única alma viva além dele próprio a trafegar naquele ambiente àquele horário saído da penumbra da madrugada.
A condição apropriada para uma abordagem violenta fez com que dois meliantes se apresentassem para anunciar um assalto. A surpresa fez o empresário gelar. Os canos dos revólveres que eles apontavam para a prestes vítima reluziram para o deficiente físico. Dava tempo de ele fazer meia-volta e sair dali, mas, ele 7
A.A.Vítor | Os passos da eficiência continuou sua caminhada.
–
Passe essa pasta!
Ordenou sem alarmar um dos assaltantes. Imaginava haver na pasta algo de valor, tendo observado a elegante vestimenta do executivo a carregá-la, que fora notado pelos dois deixando o estacionamento.
–
Deixem disso, rapazes, posso arrumar dinheiro...
–
A PASTA! E anda depressa!
Irado, olhando para a vítima e para os lados, o mais baixo dos assaltantes perdeu as estribeiras e gritou intimidantemente. Viu o semblante de sua vítima expressar preocupação em demasia com o objeto. Poderia ser um notebook bem valioso o que havia dentro do volume. Concluiu que dificilmente o dinheiro que o abordado sugeria oferecer seria opção melhor de roubo.
Considerava também que não havia tempo para que um porta-notas fosse aberto e cédulas tiradas de dentro dele.
Hirto, nenhuma decisão tomou o empresário. Impaciente, um dos larápios avançou na mão que segurava a maleta e à força tentou se apoderar dela. E enquanto um irresponsavelmente dizia espere, vamos conversar
reagindo ao assalto, o outro se valia da arma para lhe dar cacetadas e ver afrouxar a mão que segurava o pertence.
Embora tudo acontecesse rapidamente, a resistência do executivo durou tempo suficiente para ocorrer a aproximação do trabalhador que rotineiramente passava naquele trecho no turno. Este, também irresponsavelmente, gritou: ALTO, É A POLÍCIA
. Os vagabundos se assustaram e largaram sua presa.
Notaram que não era policial coisa nenhuma, mas, o grito chamou a atenção do vigia da entrada da estação de metrô. Num átimo, jurando vingança ao aleijado, deram no pé os dois magricelas pardos de cabelo carapinha.
8
A.A.Vítor | Os passos da eficiência Nisso, os que rumavam para a escadaria do terminal iniciaram um diálogo.
–
O senhor se machucou?
–
Não. Estou bem. Você me livrou de um grande apuro!
–
Ora, que nada!
–
Mas, não devia ter feito isso! Foi muito perigoso o que fez. Eles estavam armados.
–
Eu não fiz espontaneamente. Saiu sem querer.
–
Tenho que gratificá-lo.
Tirou do bolso a carteira o branquelo alto, puxou o que havia de dinheiro dentro dela e apresentou ao aleijado um punhado de notas de cem reais.
–
Ora, deixe disso! Assim o senhor me ofende!
–
Não se preocupe com isso, meu rapaz. Se levassem esta pasta que carrego, meu prejuízo seria de milhões e eu iria à falência. Estou à beira de acertar o contrato da minha vida. E tudo o que está aqui dentro tenho que levar comigo. Aceite!
–
Guarde o dinheiro, moço, não posso aceitá-lo! Quem sabe um dia não será a vez do senhor intervir por mim.
Eu passo por aqui sempre neste horário e é sempre essa paradeza.
Se jogando pra frente toda vez que calçava as muletas, o deformado rumou para o elevador. Apertou o botão e logo viu a porta do próprio abrir. O empresário inconscientemente decidiu não entrar junto e subiu pela escada rolante. Disse que se chamava Pedro e perguntou antes o nome de seu salvaguarda.