Pobreza e desigualdade: dá para superar
De Wanda Engel
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Pobreza e desigualdade - Wanda Engel
Dedico este livro à minha mãe e minha avó, que criaram as condições básicas para minha formação; a meus filhos e netos, que preencheram de sentido minha vida e meu trabalho; aos profissionais que trabalharam comigo, transformando sonhos em realidade; e especialmente ao Roberto, cúmplice e pilar de minha trajetória.
Sumário
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
Parte I: Voltando às origens
Capítulo 1 Como tudo começou
O tropeço
Minha avó e minha mãe
A vida no IAPC de Cachambi
Capítulo 2 Uma escola pública de excelência
O Instituto de Educação do Rio de Janeiro
Meritocracia
na veia
Uma fantástica infraestrutura física
Um sistema de proteção social
Os serviços de apoio
Capítulo 3 O Instituto de Educação e a formação de professores
O Curso Normal do IE
Muito além de conteúdo e metodologia
A força dos símbolos e rituais
Capítulo 4 O tempo da construção
Professora primária e estudante universitária
Construindo minha família
O retorno ao Instituto de Educação
A pós-graduação: Sévres e o mestrado em educação
Capítulo 5 O Brizolão da Mangueira
O confronto entre teoria e prática
Organizando o Brizolão
O primeiro grande sufoco
Capítulo 6 A proposta pedagógica do Brizolão
Aprendizagem significativa
Uso do método científico
A organização curricular por projetos interdisciplinares.
O jogo como instrumento de aprendizagem da matemática
O acesso e produção cultural e artística
O esporte como instrumento pedagógico
Um legado
Capítulo 7 De Brizolão a CIEP
As relações com os donos do morro
As relações com as igrejas pentecostais
As relações com o samba
As relações com as escolas de origem das crianças
A concepção dos CIEPs
Capítulo 8 A academia e o mundo das ONGs
A docência na UERJ
O doutorado: um novo diálogo entre teoria e prática
Entrando no mundo das ONGs
Capítulo 9 O Roda Viva
O difícil processo de criação de uma ONG
O papel do Synergos Institute
Parceiros locais e recursos humanos
Condições iniciais
Paulo Freire no lançamento do Roda Viva
A viagem inaugural à Nova York
E agora, José?
Capítulo 10 As áreas de atuação do Roda Viva: uma proposta orgânica
O nível prático das micro transformações
O nível das meso transformações
O nível macropolítico
Transformando intenção em gesto: principais projetos
Projeto Ecologia Vai à Escola
Projeto InterAção
Capítulo 11 A experiência de gestão local
A tragédia por trás do convite
O convite
A escolha da equipe
Princípios para uma política de desenvolvimento social
A intersetorialidade
Multissetorialidade e parceria com a sociedade civil
A importância do voluntariado
Uma gestão descentralizada
O território como base física para a integração
A implantação dos sistemas de defesa de direitos
Capítulo 12 Programas para grupos extremamente vulneráveis
População em situação de rua
Adolescentes grávidas em situação de rua
Famílias em situação de rua
Adultos em situação de rua
Ninguém nas ruas de Copacabana
Crianças vítimas de violência
Mulheres vítimas de violência
Capítulo 13 Programas especiais
Pessoas com deficiência
Tecendo uma rede de proteção social
Atendimento a famílias pobres e extremamente pobres
Primeira infância
Creche 24 horas
Capítulo 14 Consolidando uma rede de proteção social no Rio de Janeiro
Atendimento a crianças e adolescentes
Programas voltados à Juventude
Agentes Jovens de Desenvolvimento Social
Rio Funk
Centros da Juventude
Atendimento aos idosos
Os Centros Municipais de Atendimento Social Integrado (CEMASI)
Capítulo 15 Sob nova administração
O governo Conde
As diferenças no jeito de administrar
Os muitos eventos promovidos pela SMDS
O público da SMDS no Teatro Municipal
Começam os reconhecimentos: homenagens do Exército
Homenagens da cidade
Da planície ao planalto
PARTE II O Governo Federal (1999/2002)
Capítulo 1 Com Destino à Brasília
Uma certa confusão histórica: a SEAS e a Comunidade Ativa
Agora, no gabinete e na foto!
Um pouquinho de história: a política de assistência antes de 1999
Estruturando uma equipe
Capítulo 2 Afinal, o que era a SEAS?
A proposta de um marco para a política de combate à pobreza
Reorganizando a estrutura
Revendo os critérios de financiamento em busca de equidade
Implantando a LOAS
Capítulo 3 Revendo os programas de assistência
A centralidade na família e na mulher
Organizando os programas por Ciclo de Vida
Programas para a primeira infância: onde tudo começa
Capítulo 4 Lugar de Criança é na Escola
Programas para crianças e adolescentes
Capítulo 5 Eu acredito é na Rapaziada
Programas para a Juventude
O que era o Agente Jovem
Capítulo 6 Um Plano Nacional de Segurança Pública com ênfase no social
Capítulo 7 Uma experiência de Gestão para Resultados: a Agenda Social
Capítulo 8 Uma nova geração de política de superação da pobreza:
O Projeto Alvorada
Projeto Alvorada e a importância da mobilização
Programas que compunham o Alvorada
Capítulo 9 A missão do Projeto Alvorada
Alvorada: um marco na evolução das políticas de superação da pobreza
Em resumo...
Capítulo 10 A Rede de Proteção Social em nível nacional
O que se entende por rede de proteção social
Uma Rede de Proteção Social para a superação da pobreza
A engenharia por trás da Rede de Proteção Social
A evolução da Rede de Proteção Social
Capítulo 11 A verdadeira história do Cadastro Único das Famílias Pobres
A saga da implantação do CadÚnico
Como motivar as prefeituras?
Mobilização para o controle social
O Índice de Desenvolvimento Familiar
A expansão vertiginosa do CadÚnico
Capítulo 12 A difícil arte de implantar políticas públicas
Capacitar é preciso: o CENAFOCO
O apoio a organizações da sociedade civil
Capítulo 13 Estratégia complementares à implantação de políticas públicas
Comunicar é preciso: a televisão a serviço das políticas sociais
A contribuição do voluntariado
Capítulo 14 Aprendizagem Colaborativa
Encontros de ministros
Conferências da ONU
Organizando e transferindo aprendizagem
O Seminário Internacional
Capítulo 15 Sistematizando conceitos
Revisitando o conceito de pobreza
Reflexos nas propostas
Refletindo sobre desigualdade
Capítulo 16 As cinco gerações de políticas de redução da pobreza
Primeira geração
Segunda geração
Terceira geração
Quarta geração
Quinta geração
Capítulo 17 Fechando o ciclo no Governo Federal
A ONU reconhece os avanços das políticas sociais brasileiras
Reconhecimento pessoal
O day after
PARTE III: Diversificando os espaços de atuação:
o BID e o Instituto Unibanco (2003/2012)
Capítulo 1 O Banco Interamericano de Desenvolvimento
Os primeiros perrengues
O que é o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
O curso para gestão de políticas públicas de redução da pobreza
Capítulo 2 Mudança de status: a Divisão de Políticas Sociais
A vida em Washington DC
A tragédia
O seminário de políticas sociais
A aposentadoria
Capítulo 3 Desembarque na Paulicéia: o Instituto Unibanco
Minha entrada no mundo corporativo
Antecedentes do IU
Forma de atuação
Repensando o IU
Por que o foco na juventude e no Ensino Médio
Capítulo 4 Novos rumos para o Instituto Unibanco
Arregaçando as mangas
Parceria Público Privada Social
Um laboratório de soluções
Nossa bússola
Afinal, o que eram tecnologias e metodologias sociais?
O ciclo de produção
O que não poderia faltar: requisitos básicos
Gestão do conhecimento
Monitoramento
Avaliação de resultados e impacto
Sistema de Reconhecimento
Expansão do universo cultural
O super conselho
Capítulo 5 A primeira tecnologia: o Entre jovens
O Entre Jovens e o Ciclo de Produção de Tecnologias
Como se desenvolvia
Atividades complementares
O monitoramento do Entre Jovens
Sistema de avaliação do Entre Jovens
Avaliação de desempenho dos alunos
Avaliação de Impacto do Entre Jovens
Entre Jovens na 9ª série
Entre Jovens na 3ª série do Ensino Médio
A tecnologia que virou metodologia
Capítulo 6 O Jovem de Futuro: a tecnologia mãe
do Instituto Unibanco
Iniciando o Ciclo de Produção
Concebendo, testando e validando
Virando política pública
Mas, afinal, o que era o Jovem de Futuro?
Premissas básicas do Jovem de Futuro
A força motivadora do prêmio e do castigo
Capítulo 7 A dinâmica do Jovem de Futuro
Uma parceria com papéis e responsabilidades definidas
A importância da capacitação no Jovem de Futuro
A importância da supervisão no Jovem de Futuro
O papel do sistema de avaliação de resultados
Fatores de impacto
Capítulo 8 Jovem de Futuro: Principais metodologias
Metodologias de mobilização
SuperAção na Escola
Agente Jovem Escolar
I Fórum de Agentes Jovens
Campanha Estudar Vale a Pena
Metodologias pedagógicas
Entre Jovens
Monitoria
Metodologias-ponte para o mundo do trabalho
Capítulo 9 Metodologias complementares do Jovem de Futuro
Os Jovens Aprendizes
Mas afinal, o que é a Lei do Aprendiz
Jovem aprendiz do setor bancário
Jovem Aprendiz como metodologia do JF
Educação Financeira
Metodologias temáticas
Capítulo 10 A importância do Voluntariado Empresarial
O papel do voluntariado na nova proposta do IU
Mentoria Jovem
Estudar Vale a Pena
Os jogos
O Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE)
Capítulo 11 Gestão do Conhecimento
O ponto de partida: o Seminário "A Crise de Audiência do Ensino Médio
Produzindo conhecimento: estudos e pesquisas
Disseminação dos resultados dos estudos
Aprofundando o conhecimento:
Seminário Como aumentar a audiência do ensino médio
Encerrando o ciclo
Novos desafios, novo ciclo
Parte IV: Integrar é preciso (2012/2017)
Capítulo 1 A construção de uma Parceria Multissetorial
O Pacto pela Educação do Pará
O que é uma parceria multissetorial?
Em busca de uma institucionalidade: o Instituto Synergos
Uma nova experiência na direção do Synergos Brasil
O contexto
Uma proposta de Parceria Multissetorial
O processo de concepção
Mobilizando a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC)
A segunda onda de mobilização na SEDUC
Mobilização de outros Parceiros
Capítulo 2 A concepção de uma Agenda Comum
Planejamento colaborativo
O que seria um planejamento adaptável?
O planejamento do Pacto
Mapeamento preliminar de programas e projetos existentes
A difícil seleção de ações prioritárias
Concepção do Sistema de Governança
Capítulo 3 Implantando o Pacto
A Cerimônia de Lançamento
Arregaçando as mangas
A implantação da Governança
Planejamento das ações dos Comitês
Mobilizando os setores dos governos
Mobilizando o setor privado, a sociedade, as famílias e os alunos
Os Comitês promovendo a comunicação
Os Comitês promovendo a participação efetiva
A implantação dos Comitês
A necessidade de uma terceira onda de mobilização
Capítulo 4 O Fortalecimento da SEDUC
Mudanças estruturais na SEDUC
O Centro de Formação de Profissionais de Educação Básica (CEFOR)
A concepção e planejamento de novos projetos
Mobilização das famílias pela educação
Núcleo de cooperação técnica com os municípios
Concepção e implantação do Escritório de Projetos
Synergos e o Escritório de Projetos
Apoio à implantação do Sistema Paraense de Avaliação educacional (SisPAE)
Consolidando a governança
Acompanhamento sistemático (à distância) do funcionamento dos Comitê
Um ano eleitoral
Sob nova administração
Capítulo 5 Consolidando o modelo
Desenhando a tecnologia
Uma primeira revisão da Agenda Comum
Apoio à regularização dos Conselhos Escolares
Novas estratégias de mobilização do setor privado
Municípios Piloto do Pacto
Mobilização das Famílias
Concepção de um sistema de reconhecimento
Alguns avanços importantes
As primeiras desistências
Capítulo 6 Enfim os resultados do IDEB
Atualização da Agenda Comum
2016 um ano de muito trabalho e muitas alegrias
Acompanhamento dos resultados
Sistema de Reconhecimento
O day after
Capítulo 7 Encerrando e avaliando
Atividades conjuntas SYNERGOS/SEDUC
Institucionalização dos Comitês
Os Municípios Piloto do Pacto
Enfim, os resultados do IDEB 2017
Resultados dos Municípios Piloto do Pacto (MPPs)
Avaliação qualitativa
Perfil dos respondentes
Percepção sobre o que é o Pacto pela Educação
Percepção sobre dimensões do processo
Percepção sobre os resultados do Pacto:
Contribuições para o trabalho do profissional de educação
Ações mais eficazes
Avaliação da parceria
Capítulo 8 Aprendendo sobre Parcerias Multissetoriais
Aprendizagens de 2012
1. Vá sozinho... se puder.
2. Começar é metade da batalha
3. Faça sua lição de casa
4. Identifique as lideranças-ponte
5. Desapegue
6. Engaje a comunidade
7. Pense grande, mas comece pequeno.
8. Trabalhe em múltiplos níveis simultaneamente
9. Mude os arranjos institucionais.
10. Meça o tangível, bem como o intangível
A utilidade das aprendizagens
Capítulo 9 Experimentando e aprendendo
1. Governos não podem ficar de fora
2. Quem mais não pode faltar
3. Não desanime com os constantes recomeços
4. A orquestra precisa de uma partitura
5. Quem deve ser o maestro e por quanto tempo?
6. Sinta orgulho de ser membro desta orquestra
7. A importância da metodologia
8. Quem não se comunica não mobiliza
9. Parcerias multissetoriais custam
10. Parcerias têm poder
O uso das aprendizagens
Capítulo 10 Agenda Social 2030: o Pará Planejando o Futuro
Definindo objetivos gerais
Planejamento Colaborativo
Os workshops
Identificando desafios e lacunas
Buscando a integração programática
Capítulo 11 Programas Integrados por Ciclo de Vida
Programa Integrado para a Primeira Infância
Programa Integrado para Crianças e Adolescentes
Programa Integrado para Jovens
Programas integrados para outras faixas
Descentralização e prototipagem
A proposta de uma Unidade Operacional
Planejando a implementação do Pará Social
E agora, José?
Considerações Finais
Epílogo
O que a pandemia nos ensina?
A importância do SUS e do SUAS
Programas de transferência de renda 2.0
CadÚnico e sua importância
Apoio a organizações sociais, ao voluntariado
e à participação de universitários
Vivendo e aprendendo
PREFÁCIO
Ricardo Paes de Barros - Insper
O Brasil certamente tem ambições e compromissos sociais de país avançado. A nível doméstico, o Art. 3º da nossa Constituição promete nada menos que a erradicação da pobreza e de qualquer forma de discriminação, e a redução das desigualdades sociais. O Art. 6º assegura a todos uma sólida e ampla lista de direitos sociais. A nível internacional, somos signatários de todos os compromissos internacionais, em particular, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e a Convenção sobre os Direitos da Criança.
Nosso problema nunca foi deixar de sonhar com a construção de uma sociedade livre, justa e solidária
. Afinal, esse é, segundo a Constituição, nosso objetivo fundamental. Nosso problema é que nem sempre, nem todos acreditam que é possível concretizá-lo. É possível erradicar a pobreza num país em que dezenas de milhões de pessoas não têm segurança alimentar, saneamento básico ou uma boa chance de encontrar e manter um trabalho decente? A resposta tem dividido a sociedade brasileira. Uma boa parcela, talvez a maioria, acredita que esse objetivo, a despeito de plenamente meritório, não é possível de ser alcançado no curto prazo. Para os pobres, o Brasil é o país do futuro, embora possa ser o país do presente para os mais ricos, afinal, os 10% mais ricos se apropriam da metade da renda nacional.
Outros, no entanto, acreditam que sim, que é possível erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais no curto prazo, não do dia para a noite, mas de forma progressiva, em relativamente pouco tempo. Afinal, a renda dos 20 milhões mais pobres no Brasil representa apenas 0,5% da renda nacional, enquanto o gasto social brasileiro ultrapassa 25% dessa mesma renda nacional. Assim, ao menos aritmeticamente, parece possível: o Brasil de todos poderia ser hoje. Bastaria alocarmos os recursos disponíveis aos que mais precisam, àquilo que mais precisam, com programas e ações eficazes, capazes de assegurar-lhes seus direitos sociais. Como deixa muito claro ao longo deste livro, a autora definitivamente pertence ao grupo dos que acreditam que a hora do pobre é agora; que não há razão alguma para deixá-los esperando.
Este livro é uma sensível e apaixonada chamada à sociedade brasileira para não deixarmos para amanhã o sonho que podemos alcançar hoje: de construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Sem dúvida alguma, seus diversos capítulos estão repletos de ricas e criativas propostas, sugestões e ideias de como estado e sociedade civil, de forma coordenada e sinérgica, poderiam alcançar a erradicação da pobreza no curto prazo. Mas a Wanda não seria a Wanda, e este livro não teria a importância que tem, se essa fosse toda a sua contribuição.
Não, ao longo de sua vida e em seus mais de 50 capítulos ela vai bem além de nos oferecer um rol de conceitos para a erradicação da pobreza. O mundo das ideias é, afinal, apenas um importante ponto de partida. Como sempre, parte rapidamente para o mundo das AÇÕES, mostrando COMO fazer e demonstrando, sem margem para dúvidas, que o seu COMO funciona. Esse volume é a documentação da história da REAL construção de uma eficaz máquina do tempo
capaz de trazer a erradicação da pobreza e a garantia dos direitos sociais do futuro para o presente.
A autora certamente não acredita que uma mecânica replicação do que funcionou no passado seja garantia de sucesso no enfretamento dos problemas do futuro. Esse livro não pretende ser um manual. O que ele traz é uma série de princípios práticos e resolutivos, de importância atemporal. Princípios, que quando devidamente aplicados e adaptados, desenvolvidos e principalmente incorporados à cultura dos agentes públicos locais serão capazes de com eficiência e eficácia, assegurar direitos sociais para todos e a erradicação da pobreza no curto prazo.
Desses princípios gostaria de comentar sobre um, que considero particularmente estratégico. Esse princípio está relacionado à autonomia que se deve dar ao agente local. Em um extremo, tem-se programas muito bem desenhados com protocolos muito bem definidos, cuja expectativa do agente local é que esteja bem-instruído e convencido para a execução da ação, e que a execute com precisão e com a maior aderência possível aos protocolos propostos. Em outro extremo, tem-se ações que são essencialmente diretrizes gerais que oferecem ampla autonomia aos agentes para que possam melhor adequá-las às necessidades e peculiaridades locais. Acredito que a proposta da autora é uma solução intermediária, onde protocolos são idealizados e disponibilizados, e claros incentivos são incorporados para que esses protocolos sejam efetivamente utilizados. Mas, ao mesmo tempo, esses protocolos são premeditadamente desenhados para garantir certa dose de flexibilidade local. A intenção é promover a criatividade e adequação local e ao mesmo tempo, e de grande importância, induzir a apropriação da ação pelos agentes locais. Vale ressaltar que uma adequada apropriação local dessa flexibilidade, tipicamente, requer alguma dose de assistência técnica. Esse toque de flexibilidade local com assistência técnica individualizada representa, em muitos casos, o segredo para a eficácia, apropriação local e daí a sustentabilidade e sucesso de uma ação.
Rupert Gould se referindo a John Harrison, o inventor da forma de medir longitude em alto-mar¹, se questionou e respondeu: O que faz uma pessoa admirável? Uma pessoa pode ser admirável por seus objetivos ou por suas realizações ou por ambos. Mas acho que uma pessoa é realmente admirável quando ela torna o mundo seu devedor; quando faz algo para o mundo que o mundo precisava, e que ninguém fez antes ou sabia como fazer.
A Wanda Engel é uma dessas pessoas. Não teria uma melhor forma de expressar minha mais profunda admiração por ela. Ela faz, e mostra como podemos continuar fazendo, aquilo que a sociedade brasileira mais precisa. Somos todos seus devedores.
Tenho certeza de que ela imensamente agradece toda nossa mais carinhosa e calorosa admiração. Mas tenho também certeza de que o que ela realmente sonha e almeja com este livro é que as ações pelas quais tanto luta e implanta continuem; que sejam ainda mais vigorosas; e, acima de tudo, que continuem a transformar a realidade brasileira. Não seria essa a mais justa forma de modestamente agradecermos por toda sua admirável contribuição? Assim, leiam, se sensibilizem, e nunca deixem de agir e transformar.
Sugestões:
Palavras-chave: política pública; parcerias multissetoriais; pobreza; desigualdade; proteção social; educação; juventude, intersetorialidade, desenvolvimento social.
¹ Veja o premiado livro Longitude: The True Story of a Lone Genius Who Solved the Greatest Scientific Problem of His Time
de Dava Sobel, Fourth Estate, 2007).
INTRODUÇÃO
Minha avó sempre dizia: Elogio em boca própria é vitupério
. Eu não sabia muito bem o que isto significava, mas não restava dúvida de que devia ser uma coisa horrível. Longe de mim a intenção de cometer um vitupério!
Ocorre que vivenciamos, no Brasil, um aumento inaceitável da pobreza e da desigualdade. Cresce também a consciência da complexidade destes problemas, e de como eles afetam a todos nós. Por outro lado, o momento parece ser de proposta zero
em termos de políticas públicas voltadas para estas questões.
A gravidade da situação e a falta de saídas visíveis podem nos levar a uma estagnação ou a um verdadeiro retrocesso nas políticas de redução da pobreza. É neste contexto que surge este livro. Minha intenção é a de contribuir, com a experiência acumulada em quase seis décadas de vida profissional, para a busca de novas e mais efetivas soluções.
Quando perguntam minha profissão, invariavelmente respondo que sou professora, mas na verdade acho que minha principal atuação está ligada à gestão de políticas públicas. Quer atuando em ONGs, governos, organismo internacional ou setor privado, minha diretriz foi sempre a de criar propostas com potencial de se tornarem políticas públicas ou de se associarem a elas.
Meu propósito, em todos estes espaços, era o de conceber e implantar iniciativas, a partir do campo da educação ou do desenvolvimento social, com uma pegada
intersetorial e multissetorial, que pudessem contribuir para a diminuição da pobreza e da desigualdade. Ou seja, que pudessem propiciar , a outras crianças e jovens pobres, como eu havia sido, oportunidades concretas de desenvolvimento humano, social e econômico..
Assim, o que me move é o desejo de apresentar, sob o meu ponto de vista e a partir de diferentes espaços de atuação, flashs da evolução das políticas públicas voltadas para os mais pobres. Não se trata de um relato histórico, de cunho acadêmico, mas de uma história vivida e sofrida nas últimas décadas.
Penso que chegou a hora de compartilhar. não somente a experiência acumulada, mas algumas reflexões atuais sobre esta trajetória.
Além de todas estas razões, devo confessar que adoro contar histórias. Sempre quis ser aquele personagem que, à volta de uma fogueira, começa dizendo: Meninos, eu vi!
Capítulo 1
Como tudo começou
Feature imageFaz-se necessário um grande salto para o passado, procurando identificar as raízes de minha formação, especialmente o contexto no qual foi moldada minha primeira visão de mundo. Aí, sem dúvida, pode ser encontrada a matriz de minha posterior atuação como profissional
Nasci em junho de 1944, em plena Guerra Mundial, no Méier, cidade do Rio de Janeiro. Méier é um subúrbio da Rede Ferroviária Central do Brasil, dividido em duas partes pela linha férrea: o lado de cá
e o lado de lá
. Nasci no lado de cá, considerado o melhor
, onde predominavam pequenas casas de dois ou três quartos, habitadas por famílias de classe média. A minha casa, alugada, era de dois quartos.
Minha família era composta por meu pai alemão, nascido em Brandemburgo, cuja família tinha emigrado após a Primeira Guerra Mundial; minha mãe e minha avó materna, de origem paraense, com ancestrais indígenas, além de minha irmã, quatro anos mais velha que eu.
Meu pai, um mecânico especializado na montagem e assistência técnica para máquinas importadas da Alemanha, usadas na indústria de couro do Rio de Janeiro, era o único mantenedor da família. Minha mãe era do lar
. Nenhum deles tinha escolaridade além da quarta série do Ensino Fundamental.
Apesar de vivermos como classe média, a vida ia correndo sem tropeços, até que...
O tropeço
Quando eu tinha aproximadamente cinco anos, nossa casa alugada foi vendida e, como retardamos o processo de aluguel de uma outra, acabamos despejados.
É impressionante como fatos marcantes ficam nítidos em nossa memória. Eu, ainda bem pequena, me lembro perfeitamente do dia do despejo, especialmente do caminhão da prefeitura chegando e retirando todas as nossas coisas. A sala ficou vazia e parecia enorme. Resolvi jogar bolinha de gude de um canto a outro do recinto. Minha avó, vendo aquilo, comentou: Bom ser criança e não ter a dimensão da tragédia
. E eu pensando: Ela acha que eu não entendo o que está acontecendo! Sempre que vejo alguma família desalojada, por motivos variados, lembro do dia em que eu vivi o drama do despejo.
Como consequência, tivemos de alugar uma casa bem mais cara, o que obrigou meu pai a dobrar sua carga de trabalho. Daí, para o estresse virar uma diabete e a consequente debilidade abrir caminho para a tuberculose foi um pulo.
Meu avô alemão, que a esta altura era mecânico chefe da Empresa de Águas São Lourenço, entrou em cena, internou meu pai em um sanatório em Campos do Jordão, SP, mas exigiu que a família se mudasse para Minas Gerais.
Ocorre que minha irmã já havia conseguido a proeza de passar, em uma seleção apertadíssima, para uma das melhores escolas públicas do Rio de Janeiro - o Instituto de Educação.
Minha mãe avaliou as consequências de aceitar a proposta e se negou a desistir do que considerava ser um futuro promissor para uma mulher naquela época: tornar-se professora.
Valorizar a educação já me parecia ser de fundamental importância em um processo de socialização, que visa encaminhar as novas gerações para o caminho da educação/trabalho
.
Políticas voltadas para famílias pobres, como o Bolsa Família, que têm como condicionalidade a participação da mãe em um processo de acompanhamento e apoio ao desenvolvimento familiar, deveriam incluir um componente socioeducativo, focado, dentre outros temas, no valor da educação. Parece claro que a saída sustentável de uma situação de pobreza demanda que todos os membros mais jovens das famílias pobres concluam sua educação básica.
Estabeleceu-se, então, o conflito entre as mulheres guerreiras amazônicas
(minha mãe e minha avó) e o poder germânico
(meu avô).
A decisão acabou sendo a de permanecer no Rio e, como consequência, ficaram as quatro mulheres (eu, minha irmã, minha mãe e minha avó) contando apenas com um salário mínimo, referente à pensão do meu pai. Com renda per capita de um quarto de salário mínimo, entramos na faixa da extrema pobreza.
À época, a previdência social era organizada por categoria profissional e a do meu pai era o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC).
Apesar de não disporem de escolaridade formal, as guerreiras amazônicas
tinham o que podemos chamar hoje de capital de relações sociais
.
Minha mãe descolou, com o apoio de uma amiga, um apartamento no Conjunto Residencial do IAPC de Cachambi (um Méier para lá do lado de lá), que correspondia à continuação da favela do Jacarezinho. O aluguel, de um salário mínimo, consumia a totalidade da pensão de meu pai. Evidentemente ficamos devendo muitos meses de aluguel.
É interessante notar que existia, à época, uma política habitacional que garantia a moradia, a preços subsidiados, para famílias de trabalhadores pobres, por meio de seus sistemas previdenciários corporativos: os institutos de pensão. No Rio de Janeiro multiplicaram-se, na década de 1950, conjuntos residenciais de comerciários (IAPC), industriários (IAPI), marítimos (IAPM) e até bancários e jornalistas. Sem estas opções, aumentou a proliferação das favelas.
A situação seria insustentável se minha avó, que era cabo eleitoral
de um vereador, não tivesse conseguido um emprego para minha mãe na Prefeitura do Rio, na função de atendente.
Tecnicamente, a função seria de servente, mas minha mãe conseguiu ser lotada na mesma escola onde minha irmã estudava, o Instituto de Educação, e ser designada para atuar no núcleo de recursos humanos.
Minha avó, além de cuidar da casa, costurava para completar a renda.
Este universo familiar, predominantemente feminino, é muito comum entre famílias pobres. Por motivos variados, relacionados à doença ou abandono, a figura masculina é a grande ausente. Numa família ampliada, chefiada por mulheres, sobressai a figura da avó, muitas vezes responsável pelo cuidado dos netos de diferentes filhos.
As políticas voltadas para estas famílias deveriam ter uma atenção especial para com estas mulheres que necessitam ser apoiadas em seu papel de educadoras e cuidadoras.
Minha avó e minha mãe
Eu dei muita sorte com a minha avó. Filha de uma família muito pobre, de 13 irmãs, nascida na cidade de Salinópolis no Pará, minha avó migrou com as irmãs para Belém. Não tenho notícia de sua escolaridade formal, mas de sua participação ativa em movimentos culturais (tocava flauta doce) e políticos de Belém. Por outro lado, o casamento com um carioca, expulso da Escola Naval, por participar de grupos revoltosos, contribuiu muito para que ela construísse uma sólida base cultural.
Para mim, a mais forte lembrança de minha avó eram as leituras de antes de dormir
. Ao invés de histórias infantis, lia capítulos de clássicos, como Os Miseráveis, de Victor Hugo. Ainda hoje me lembro de Jean Valjean, Cosette e Javer, como meus personagens favoritos.
Em resumo, minha avó era de família pobre, com pouca escolaridade, mas com uma rica vivência intelectual e política.
Quanto à minha mãe, o fato de trabalhar diretamente com os professores, aliado a uma clareza sobre a importância da educação como instrumento de mobilidade social, levaram-na a retomar os estudos.
A cada grau vencido, através do Ensino Supletivo, correspondia uma ascensão no serviço público. De atendente, passou a auxiliar de Recursos Humanos, daí a chefe do Núcleo de Pessoal, a chefe de Administração do Instituto de Educação e a chefe de Administração da Divisão de Ensino Normal. Na época da aposentadoria, ocupava o cargo de diretora geral de Administração do IASERJ (Instituto de Assistência dos Servidores do Estado).
Era uma das pessoas mais alegres e bem-humoradas que conheci. Gostava de cantar, dançar e festejar, especialmente com uma cervejinha, nunca consumida antes de meio-dia
.
Minha família me fazia acreditar que eu era parte de uma linhagem de mulheres guerreiras amazônicas
que não podiam deixar-se abater por nenhum tropeço
e que tinham de encarnar a força dos rios e das florestas, na defesa de suas crenças e valores. Tudo isto sem nunca perder o humor.
A vida no IAPC de Cachambi
Apesar da penúria, tenho boas lembranças de minha infância nesta fase. Nos prédios de três andares sem elevador, moravam muitas crianças de minha idade e as brincadeiras de rua eram muito divertidas.
Meus vizinhos, incluíam desde um vendedor de amendoim em trens da Central do Brasil, até pequenos funcionários do comércio, e demonstravam um forte sentimento comunitário que não encontrei em outros bairros em que vivi.
Apesar dos perrengues, tínhamos uma vida bem animada. Nossos domingos eram frequentemente destinados a almoços com parentes e amigos. Estes eventos aconteciam ora no Leblon, ora em Honório Gurgel.
Em um pequeno apartamento do Leblon, meu tio Dalcídio Jurandir, considerado um dos maiores escritores amazônicos, reunia intelectuais comunistas para longas discussões políticas, regadas a muita cachaça, poesia, música e dança.
Em Honório Gurgel, subúrbio longínquo da Zona Norte do Rio, mais de uma dezena de primos disputavam um único balanço e uma única bicicleta velha. Isto gerava brigas homéricas, das quais os adultos não podiam, sob nenhuma hipótese, tomar conhecimento.
Ambos os destinos requeriam longas viagens de ônibus, nos quais, em dias de verão, se enfrentava um calor infernal. Mas valia a pena!
Enquanto isto, minha irmã seguia sua escolaridade no Instituto de Educação e eu ia completando meu primário (Ensino Fundamental I) em uma escola pública do Méier chamada República do Peru.
O sonho acalentado, durante todo este tempo, era o de me juntar a minha irmã e a minha mãe, ingressando no Instituto de Educação, o que me parecia ser a garantia de um futuro promissor
.
Eu sempre me perguntei o que teria acontecido com meus vizinhos extremamente pobres do IAPC de Cachambi, como a família do vendedor de amendoim, na tentativa de entender minha própria trajetória. Há quem diga que o destino de um indivíduo no Brasil depende mais do CEP em que nasceu do que do DNA que herdou de seus ancestrais.
Visto que o CEP era o mesmo, o que fez a diferença? Um potente DNA? Realmente não acredito nisso. Meus amigos muito pobres demonstravam ser tão inteligentes quanto eu. Positivamente não era apenas uma questão de mérito intelectual.
A dúvida ainda me persegue, mas a hipótese mais plausível me parece estar ligada a traços culturais, típicos de imigrantes alemães, como o apreço à disciplina, ao esforço e ao método, associados a uma visão de mundo mais holística, característica das guerreiras amazônicas
. Isto tudo, porque não dizer, conjugado a uma boa pitada de sorte!
Fato é que o sonhado acesso ao Instituto de Educação acabou sendo um marco no processo de ascensão social de minha família, propiciando a saída, de forma sustentável, daquela situação de pobreza.
O Instituto de Educação do Rio de Janeiro teve também um papel absolutamente fundamental em minha formação pessoal e profissional.
Ainda hoje fico admirada com a qualidade daquela escola pública, destinada à formação de professoras de Ensino Fundamental, mas que conseguia o milagre de formatar a alma
de verdadeiras educadoras.
Capítulo 2
Uma escola pública de excelência
O Instituto de Educação do Rio de Janeiro
Finalmente, em 1957, eu também me tornei aluna do Instituto de Educação, considerada uma das melhores escolas públicas, exclusivamente feminina, do Rio de Janeiro, e objeto de desejo de nove entre dez famílias de classe média carioca.
A primeira razão para esta percepção era a excelência de seu corpo docente. Formado por professores de elite
, autores de livros adotados em muitos estados, como Ari Quintella, Roberto Peixoto e Jairo Bezerra (Matemática), Vicente Tapajós (História), Maximiniano Gonçalves, Judith Paiva e Souza e Evanildo Bechara (Língua Portuguesa), Mário da Veiga Cabral (Geografia), Vicente Tapajós (História) Ernesto Faria (Latim), eles eram o verdadeiro crème de la crème
do magistério carioca.
A segunda razão era o fato de que as alunas do IE tinham acesso direto ao cargo de professora, na rede pública de ensino do Distrito Federal, sem a necessidade de um concurso de seleção. Com isto, eu me tornei uma futura professora, com emprego garantido, aos 12 anos, quando ingressei naquele estabelecimento de ensino.
Em função destas circunstâncias, o acesso era concorridíssimo. Havia dois momentos em que se podia postular: para o Curso Ginasial (Fundamental II) e para o Curso Normal (Ensino Médio).
O concurso para o Ginasial era um pouco mais apertado
, pois só eram previstas cerca de 90 vagas (três turmas), às quais concorriam mais de seis mil candidatas. Para o curso normal, eram previstas anualmente cerca de 400 novas vagas, também disputadas por milhares de adolescentes.
A nota mínima, para ser considerada apta, era 5 em cada disciplina, mas só entravam as candidatas com os melhores resultados. As demais eram consideradas excedentes
.
Todos os anos, familiares das excedentes
faziam passeatas em frente ao Palácio do Catete e, invariavelmente, o próprio presidente da República determinava a criação de novas vagas.
Graças ao já mencionado capital de relações sociais
de minha mãe, ela havia conseguido uma bolsa de estudos para que eu frequentasse, após a conclusão do primário (EFI), o curso de admissão
no Instituto Guanabara, considerado o melhor preparatório para o acesso ao IE.
Assim, ao final de 1955, concorri ao Curso Ginasial do IE, obtendo uma das melhores notas em Matemática, mas sendo reprovada em Português. Nas vésperas desta prova, tinha sofrido um acidente no banheiro de casa, com cortes profundos no joelho.
Havia concorrido, também, para o Colégio Pedro II, tendo alcançado o segundo lugar entre milhares de candidatos. Esta façanha me propiciou a primeira participação em um programa de televisão (TV Tupi), para orgulho de minha família, dos amigos e vizinhos.
Ao final de 1956, concorri novamente ao IE, tendo conseguido um dos primeiros lugares, o que me garantiu ser parte da chamada Turma 1
.
Meritocracia
na veia
A meritocracia era vista como um princípio fundamental no IE. Assim como o desempenho inicial de uma aluna servia de base para sua enturmação
, no momento de sua formatura,