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O futuro com você: Laranjais Alcalá, #2
O futuro com você: Laranjais Alcalá, #2
O futuro com você: Laranjais Alcalá, #2
E-book249 páginas3 horas

O futuro com você: Laranjais Alcalá, #2

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Sobre este e-book

Você se apaixonaria por um homem que esconde um grande segredo?

 

Francisco Requena não teve uma existência fácil.

Teve que viver mais de quatrocentos anos como um errante para que ninguém descubra sua condição. Está cansado de ter que esconder-se e fugir.

Tem saudades de sua família, o contato com outro ser humano e especialmente, começa a frustrá-lo sua solidão.
Seu caminho está destinado a cruzar-se com o de Natalia Castañeda, uma garota encantadora, com uma personalidade única e com a determinação de cumprir seus objetivos.

Essa mesma determinação é a que permitirá a Francisco encontrar seu irmão; acabar com a sociedade secreta que pretende caçá-lo; e perceber que Natália é a mulher que lhe devolverá a vida tal como ele se lembrava e, além disso, lhe ensinará o significado do amor verdadeiro.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de set. de 2022
ISBN9798215329771
O futuro com você: Laranjais Alcalá, #2

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    O futuro com você - Stefania Gil

    I

    — Bom dia — cumprimentou Natália ao entrar na oficina.

    Isabel a recebeu com um sorriso respondendo-lhe a saudação.

    Natália deixou a bolsa e o casaco no cabide, foi até a sua mesa e ligou o computador.

    — Que temos para hoje? — perguntou a Isabel, que anotava algumas coisas em sua agenda.

    — Conseguir mais clientes, querida. E tenho uma ideia para isso — se entusiasmou ao ver que a jovem lhe prestava total atenção. —Tenho estado pensando que a remodelação das últimas três fazendas acabou ficando maravilhosa e continuam comentando sobre quão bem trabalhamos, mas quero algo maior, algo que represente um verdadeiro desafio.

    Isabel fez uma pausa para deixar sobre a mesa sua caneta e, desta forma, explicar-lhe tudo com maior clareza a sua nova funcionária.

    — Tenho estado explorando a área e observei que há muitas fazendas que parecem estar em completo abandono. Se pudéssemos restaurar duas delas, decolaríamos em grande estilo e tenho certeza de que vamos ganhar até uma reportagem na famosa revista de decoração.

    — É uma boa ideia. Não são muitas as fazendas abandonadas e conheço a história de alguma delas. A maioria está em processos legais.

    Isabel se desinflou um pouco.

    — Não se desanime. Poderíamos ter sorte, tenho certeza. Veja as que mais a agradam e tire algumas fotos, quando você voltar, me mostra e te digo quais poderiam estar disponíveis para nós — Natália finalizou com uma piscada de olho enquanto Isabel aplaudia emocionada e pegava seus pertences para sair.

    — Ali, na agenda, estão as coisas para fazer de hoje. Não são muitas, o mais importante seria passar por Caserío Peña para verificar o avanço da obra no lugar.

    Natália revisou a agenda.

    — Conte com isso. Nos veremos de tarde. Ah! Ia esquecendo de lhe dizer que talvez chegue um pouco depois das 17 h porque passarei para visitar minha avó que já tem tempo que não passo por ali e gostaria de almoçar com ela.

    — Não tem problema, Nat. Nos vemos em seguida.

    Natália observou Isabel cruzar a grande avenida através do vidro da loja. Sentia-se com sorte por ter conseguido esse trabalho, depois de sair de um mau momento de sua vida. Foi como uma luz que chegou de pronto a essa escuridão que a mantinha presa desde muito tempo.

    Desde pequena, Natália foi muito exigente consigo mesma. Não se permitia cair jamais porque aquilo era para perdedores. Essa atitude lhe caiu bem enquanto crescia porque a fez alcançar postos de honra na escola secundária e, em seguida, na universidade. Teve sorte de que, na época, seus pais puderam pagar por uma boa educação. Ela queria chegar a ser a melhor do mundo e pensava que uma pós-graduação em Nova York e um mestrado em Florência, a catapultariam ao posto que tanto sonhava: diretora de uma equipe criativa.

    No momento, estava perto de fazer 26 anos de idade e tinha conseguido um trabalho em uma sucursal de decoração alemã que acabou lhe dando uma boa lição. Ela supunha que por sua assombrosa trajetória nos estudos, seus postos de honra e seu elevado nível de exigência, a escolheriam com a nova chefa do departamento de desenho de interiores. Não foi o caso, é claro. Não tinha algo que lhe era indispensável: experiência. A vida nem sempre lhe coloca tudo tão fácil. Portanto, sim, a contrataram, mas para ser a terceira assistente do novo chefe do departamento.

    Um golpe muito baixo para ela porque esperava algo mais, e não ser a mensageira e a que serve o café do novo chefe e a todo o departamento, caso necessário.

    No início assumiu como um verdadeiro desafio. Demonstraria que ela valia e que merecia um posto melhor, mas, seu simpático chefe não a permitia participar durante as reuniões dos projetos nas quais ela tinha que servir á água e o café.

    — Faça o trabalho para o qual lhe pagam — dizia aquele homem que ela estava começando a odiar. — Quando abrirem as vagas para segunda assistente, então você poderá mudar de trabalho, se conseguir, claro.

    Natália tentava parecer calma cada vez que escutava isso e via que o tempo escorria por entre os dedos.

    Assim passou mais de um ano e uma postulação para primeira assistente.

    — Você não pode pretender chegar a ser primeira assistente se nunca tiver sido a segunda. Não tente saltar os postos, garota. Para chegar ao meu posto você precisa conquistá-lo e eu penso em ocupá-lo por muito tempo — lhe disse com bastante sarcasmo seu chefe no momento em que ela reclamara com uma grande carga de indignação que não tivessse escolhido a ela e sim a uma que nem sequer tinha pós-graduação.

    Então Natália começou a experimentar as injustiças da vida na própria carne e, apesar de que seus pais lhe sugeriram milhares de vezes que procurasse outro trabalho, ela continuava empenhada em conseguir o posto daquele cretino de seu chefe. Assim passaram-se vários anos. Cinco ou seis, Natália não estava muito certa sobre porque sua vida deixou de ser um desafio em algum momento e passou a ser uma mulher conformista, disposta sempre a queixar-se por todo o mal que lhe acontecia e se converteu em uma especialista de fofocas de corredor. Ela havia se convertido no que tanto odiava. Em uma pessoa que não espera nada de novo da vida e que vive resignada ao que tem porque isso é o que ela merece.

    Sentia uma explosão de ilusão quando via a equipe de criação reunir-se e escutar propostas de desenho que ela mesma colocaria no lixo de tão terríveis que lhe pareciam. Contudo, nada daquilo que ela pensara servia.

    Ela demonstrou a si mesma na vez em que se deu ao atrevimento de ficar no escritório até tarde com uma ideia que lhe rondava a cabeça para o projeto em que seus colegas trabalhavam. De manhã, a fez chegar a seu chefe e este a jogou no lixo dizendo-lhe que desistisse de pular as regras e os postos.

    Duas horas depois, viu através do vidro da sala de conferências, que a equipe de criação aplaudia uma ideia que esse mesmo chefe lhes expunha e sua surpresa foi encontrar seu desenho projetado na parede enquanto o homem sorria com zombaria.

    O correto teria sido denunciá-lo por roubo de ideias, mas ela não a tinha registrado e não sabia se alguém de maior peso escutaria sua acusação para, em seguida, tomar medidas, já que seu chefe era a mascote e melhor amigo dos donos da sucursal.

    Deprimida e derrotada, voltou para casa para nunca mais voltar àquele lugar, mas aquilo não melhorou seu estado de ânimo, ao contrário, começou a converter-se em uma vítima insuportável de todas as coisas más que lhe ocorriam e afundou de cabeça em um círculo vicioso do qual levou muito tempo para sair.

    Depois de algumas terapias, um par de viagens com seus pais e um de especialização na Califórnia, Natalia conseguiu de novo se centrar. Desta vez, mais calma, porém com o mesmo nível de exigência que havia deixado para trás no passado.

    Em seu regresso à Valência, teve a oportunidade de conhecer um casal encantador que viajava dos Estados Unidos para a Espanha e no voo iniciaram uma conversa que a levou ao cargo em que se encontrava nesse momento.

    Suspirou contente com suas recordações.

    Isabel lhe pediu, no voo, que explicasse sua trajetória em um breve currículo e que ela, com muita satisfação, o analisaria. Contudo, algumas horas depois de conversar com ela e com seu noivo encantador Juan Carlos, e contar-lhes um pouco onde havia estudado, as honras que possuía e que serviu café na importante agência de projetos alemã, por não possuir experiência e por ter um chefe machista, Isabel estava tão surpreendida que lhe deu seu telefone e disse que quando chegassem à Espanha se colocaria em contato com ela porque estava a ponto de abrir uma sucursal de sua empresa de projetos e que ficaria encantada de tê-la como colega de trabalho.

    As casualidades da vida não existiam. Isabel e ela deviam encontrar-se porque estava no destino de ambas, pensava Natália. Viviam na mesma cidade, compartilhavam a mesma paixão e, além disso, existia um bom feeling entre elas.

    Ficou encantada com a ideia de trabalhar com Isabel e ainda mais, que se tratava de uma agência pequena para clientes muito exclusivos.

    Olhou o relógio. Já era quase a hora de ir verificar a obra em Caserío Peña. Pegou suas coisas, apagou as luzes, baixou um pouco as persianas e fechou a ponta com chave depois de sair.

    Tinham que conseguir uma secretária. Isabel já havia comentado e lhe pareceu uma boa ideia porque não estava bem deixar a loja fechada no horário comercial. Podiam perder clientes dessa maneira.

    Antes de entrar em seu carro, recebeu uma mensagem de texto de Isabel.

    Por Deus! Acredito que consegui ouro bruto. Veja:

    Em seguida, recebeu a foto de uma casa em muito, muito mal estado em uma vasta extensão de terreno cheio de ervas daninhas. Franziu a testa porque aquela parecia uma fazenda muito antiga. Tão antiga, que a Natália lhe pareceu estranho não reconhecê-la. Ela tinha percorrido a pé as fazendas antigas ou em ruínas quando ainda estudava Projeto de Interiores e dessa não se lembrava.

    Terá que investigá-la porque é a primeira vez que a vejo

    Está habitada. Acabou de ver um homem pela janela e me deu um susto terrível

    Talvez seja um invasor.

    Já tenho anotado o ponto exato da casa. E estou cruzando os dedos para consegui-la

    Natália lhe enviou um emoticon sorridente. Falaremos depois que vou dirigir

    Entrou no carro e pegou a CV-35 em direção a Caserío Peña, queria sair o quanto antes disso para poder ir visitar sua avó.

    Espanha, século XVII

    Francisco Requena sentiu um pânico profundo apenas por imaginar o que podia esperá-lo nas mãos da Santa Inquisição e esse mesmo pavor, foi o motor que lhe ajudou a safar-se da guarda que o levava e correr na direção contrária.

    Correu o quanto pôde, porém, em poucos segundos, o capturaram de novo. Os bastardos tinham uma clara vantagem do alto de seus cavalos.

    Escutava os gritos de seu irmão afastando-se do que havia sido até este momento a casa de sua família. Seu irmão pedia-lhes clemência para ele. Como sempre, Juan Carlos o protegia.

    Não havia nada que fazer, além de resignar-se ao que lhes esperava e pedir a Deus, -sim, a esse mesmo para o qual trabalhavam esses miseráveis- que, por favor, lhe enviasse a morte de algum modo. Embora supusesse que isso não iria ocorrer.

    Segundo sua mãe, e a antiga lenda que lhes contava desde que eram crianças, algum antepassado da família de Rocío preparou uma beberagem que lhe permitiu viver mais -muito mais- do que um ser humano podia viver. Ninguém podia confirmar aquela história absurda, mas nessa época nos quais a feitiçaria e a magia eram muito temidas, não se podia pensar outra coisa, exceto que a lenda narrava uma história real. Ao que parecia, depois de muitos anos habitando o mundo, essa mulher chamada Ximena, conseguiu a morte nos braços do seu amado. Parecia então que a poção só tinha eficácia até que o portador da vida eterna conhecesse o verdadeiro amor ou, pelo menos, isso sempre lhe garantiu sua mãe.

    Em todo caso, nunca se teve em mente preparar algo tão sério como uma poção que estende a vida indefinidamente, era algo sério. Não se podia usar de forma leviana nem dar a receita. Rocío e todas as mulheres anteriores a ela eram as guardiãs dessa bebida tão poderosa.

    Não culpava sua madre por tê-la preparado para eles.

    Não podia fazer isso.

    A peste era egoísta e arrasava tudo em seu caminho. O primeiro da família a cair foi seu pai. Depois da sua morte, Rocío decidiu salvar seus filhos daquela doença agonizante e infernal. Preparou a beberagem com a esperança de que esta fosse a salvação para eles. Antes de tudo, era mãe e procurava salvar seus filhos, protegê-los.

    Por isso não podia culpá-la. Embora ela soubesse que podiam levantar suspeitas.

    Em seu leito de morte, ela os advertiu que fugissem dali, e por serem idiotas, por não darem ouvidos a ela, agora estavam nas mãos de algo muito pior que a peste.

    Uma lágrima deslizou pela sua bochecha quando fecharam a cela na parte traseira da carreta.

    — Agora choras? — Perguntou irônico um dos guardas —. O diabo não lhe falou disso quando o tornou seu escravo?

    Francisco o olhou com ódio enquanto o homem ria dele com deboche.

    Jogaram uma lona suja e fedorenta em cima das barras que o prendiam e partiram.

    ***

    Os dias no cárcere em que o enfiaram estavam se convertendo em um verdadeiro inferno.

    Francisco nunca foi amigo da reclusão. Os espaços pequenos o agoniavam e mais ainda se estava rodeado de gente como era o caso. As pessoas que estavam com ele eram acusadas de bruxaria e adoração ao demônio. Chegavam em bom estado e em poucos dias, alguns ficavam doentes devido às condições precárias nas quais lhes mantinham encarcerados. Outros eram levados a interrogatórios dos quais, às vezes, não regressavam. Em raras ocasiões eram levadas de volta para ali, depois de serem interrogadas, as pessoas voltavam com esperança nos olhos porque não as tinham torturado e, quem sabe, o fato de as terem devolvido à cela comum lhes dava a oportunidade de lutar por sua liberdade. Pobres, não podiam estar mais equivocadas, porque seu destino acabava sendo três metros abaixo da terra igual aos outros. Desnutrição, desidratação, infecção, enfermidades virais e a umidade eram algumas das causas de morte mais frequente entre os presos dessas celas. No melhor dos casos, morriam por uma delas, no pior -como ocorria com a maioria- contraiam todas juntas fazendo com que o caminho para a morte fosse cruel e doloroso para qualquer ser humano.

    Depois de um par de semanas, Francisco conseguiu acostumar-se a dormir, comer e viver sobre a terra cheia de merda, vômitos e alimentos em mau estado. Apenas lhe davam alimento e o atiravam em qualquer lugar obrigando os presos a comê-lo como estivesse. Em reiteradas ocasiões teve que sofrer a agonia de comer sua comida cheia de excrementos.

    Evidentemente, ele não ficava doente e aquilo começava a chamar a atenção dos caciques gordos dessa asquerosa companhia chamada Santa Inquisição. Havia escutado muito sobre eles enquanto esteve em liberdade. E sempre lhe custava crer no que diziam porque soava tão cruel, tão abominável, que Francisco se limitava a dizer às pessoas que costumavam comentar essas atrocidades que eram meras fofocas para que as pessoas tivessem medo de atuar contra a Igreja e os Reis.

    Também o ajudou que em seu povoado e, inclusive, na cidade, nunca se havia presenciado até então um processamento por heresia. Mas parecia que eles inauguraram a caça de inocentes na área e que, além disso, iriam inaugurar as fogueiras crematórias diante de todos os olhos da cidade.

    O que lhe aguardava?

    Por que não iriam tirá-lo dali para interrogá-lo?

    Estava cansado de perguntar aos guardas pelo seu irmão. Queria saber de seu paradeiro.

    Estaria nesse mesmo edifício?

    — Juan Carlos! Sou Francisco, irmão. Você está aqui? — gritava tão forte quanto podia com sua voz. Fazia isso diariamente e todos os dias recebia olhares de zombaria por parte dos guardas, assim como também, recebia olhares de lástima por parte de seus companheiros.

    Às vezes só desejava que chegassem de uma vez e o levassem diante do jurado para poder acabar com tudo o que estava vivendo.

    Não sabia como sentir-se. Tinhas tantas emoções juntas. A cada noite, quando tudo caía em um silêncio sepulcral, colocava sua cabeça entre seus joelhos e chorava. Chorava de cansaço e de medo. Queria acabar com isso. Apenas queria saber. O que fariam com ele?

    ***

    Francisco perdeu a noção

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