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Que nós estamos aqui - 12 passos para a recuperação
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Que nós estamos aqui - 12 passos para a recuperação
E-book78 páginas1 hora

Que nós estamos aqui - 12 passos para a recuperação

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Sobre este e-book

Parar a compulsão para beber, usar ou consumir é possível. Quando o abismo da dependência parece não ter fim, há trilhos alternativos a percorrer, em reuniões entre semelhantes e à margem da vida quotidiana. Este livro abre uma janela excepcional para a realidade desses caminhos de esperança: os grupos de recuperação de dependências em Portugal. Com origem nos EUA na década de 1930, os Alcoólicos Anónimos tornaram-se o modelo e o paradigma dos grupos de Doze Passos, que recorrem desde então a um programa espiritual, não-religioso, para recuperar aqueles que não o conseguem fazer sozinhos. A partir de entrevistas, experiências, literatura e uma pesquisa profunda sobre as adicções, o escritor João Tordo constrói um retrato fidedigno e tocante do problema da dependência, das suas possíveis soluções e da compaixão que acompanha a opção por novos modos de vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de fev. de 2020
ISBN9789899004061
Que nós estamos aqui - 12 passos para a recuperação
Autor

João Tordo

João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Venceu o Prémio Literário José Saramago 2009 com As Três Vidas, tendo sido finalista, com o mesmo livro, do Prémio Portugal Telecom, em 2011. Publicou doze romances. Foi finalista do Prémio Melhor Livro de Ficção Narrativa da Sociedade Portuguesa de Autores (2011 e 2015), do Prémio Literário Fernando Namora (2011, 2012, 2015, 2016), e do Prémio Literário Europeu em 2012. Os seus livros estão publicados em muitos países, incluindo França, Itália, Alemanha, Hungria, Espanha, México, Argentina, Brasil, Uruguai e Colômbia.

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    Que nós estamos aqui - 12 passos para a recuperação - João Tordo

    Que nós estamos aqui, 12 passos para a recuperação

    Parar a compulsão para beber, usar ou consumir é possível. Quando o abismo da dependência parece não ter fim, há trilhos alternativos a percorrer, em reuniões entre semelhantes e à margem da vida quotidiana. Este livro abre uma janela excepcional para a realidade desses caminhos de esperança: os grupos de recuperação de dependências em Portugal.

    Com origem nos EUA na década de 1930, os Alcoólicos Anónimos tornaram-se o modelo e o paradigma dos grupos de Doze Passos, que recorrem desde então a um programa espiritual, não-religioso, para recuperar aqueles que não o conseguem fazer sozinhos.

    A partir de entrevistas, experiências, literatura e uma pesquisa profunda sobre as adicções, o escritor João Tordo constrói um retrato fidedigno e tocante do problema da dependência, das suas possíveis soluções e da compaixão que acompanha a opção por novos modos de vida.

    João Tordo

    Nasceu em Lisboa em 1975. Venceu o Prémio Literário José Saramago 2009 com As Três Vidas, tendo sido finalista, com o mesmo livro, do Prémio Portugal Telecom, em 2011. Publicou doze romances. Foi finalista do Prémio Melhor Livro de Ficção Narrativa da Sociedade Portuguesa de Autores (2011 e 2015), do Prémio Literário Fernando Namora (2011, 2012, 2015, 2016), e do Prémio Literário Europeu em 2012. Os seus livros estão publicados em muitos países, incluindo França, Itália, Alemanha, Hungria, Espanha, México, Argentina, Brasil, Uruguai e Colômbia.

    Retratos*

    * A colecção Retratos da Fundação traz aos leitores um olhar próximo sobre a realidade do país. Portugal contado e vivido, narrado por quem viu – e vê – de perto.

    Que nós estamos aqui

    12 passos para a recuperação

    João Tordo
    logo.jpglogo.jpg

    Largo Monterroio Mascarenhas, n.º 1, 7.º piso

    1099-081 Lisboa

    Portugal

    Correio electrónico: ffms@ffms.pt

    Telefone: 210 015 800

    Título: Que nós estamos aqui, 12 passos para a recuperação

    Autor: João Tordo

    Director de publicações: António Araújo

    Revisão de texto: Nuno Quintas

    Design: Inês Sena

    Paginação: Guidesign

    Fotografia da capa: Gonçalo Delgado

    © Fundação Francisco Manuel dos Santos e João Tordo, Fevereiro de 2020

    O autor desta publicação não adoptou o novo Acordo Ortográfico.

    As opiniões expressas nesta edição são da exclusiva responsabilidade do autor e não vinculam a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

    A autorização para reprodução total ou parcial dos conteúdos desta obra deve ser solicitada ao autor e ao editor.

    Edição eBook: Guidesign

    Validação de conteúdos e suportes digitais: Regateles Consultoria Lda.

    ISBN 978-989-9004-06-1

    Conheça todos os projectos da Fundação em www.ffms.pt

    Aos que ainda não encontraram a porta

    O desespero do homem é a oportunidade de Deus.

    WILLIAM JAMES

    É preciso uma tribo para educar um ser humano.

    YUVAL NOAH HARARI

    Em 1959, um grupo de Alcoólicos Anónimos (AA) de Chicago escreveu uma carta a Bill Wilson, co-fundador do programa. A carta «tirava o seu inventário». É uma expressão curiosa, que deriva do intrigante léxico dos grupos de Doze Passos — significa, à falta de melhor descrição, «criticar», ou elencar as qualidades negativas.

    O grupo de Chicago criticava o grande criador e responsável pelos AA — e autor do famoso Big Book, o manual de todos os alcoólicos —, pelo desgoverno que, à época, vigorava entre os grupos, os quais, ainda em fase prematura do seu crescimento, procuravam a melhor maneira de contornar as dificuldades inerentes a qualquer microssociedade: problemas de opinião, controvérsias, discussões que lhe eram alheias; culpavam-no pelas Tradições, que pareciam não funcionar, pelos desaguisados entre os membros de reuniões distantes, e culpavam-no também por ser um diletante, alguém que, segundo os mais ortodoxos, se afastara do seu propósito original.

    Culpavam-no porque Bill Wilson — homem que inventou, por inspiração humana ou divina, um programa de Doze Passos que salvou milhões de vidas, e continua a salvar — não era perfeito.

    Ninguém entra alegremente pela primeira vez numa reunião de Doze Passos. Ninguém chega saudável ou inteiro. Chega-se derrotado, o corpo e o espírito vergados pela dependência.

    Alguns chegam pelos seus próprios meios; outros, porque são internados em centros de recuperação, que depois os reencaminham para as reuniões; outros ainda são forçados a ir pelos médicos, psiquiatras ou por imposição de um familiar. Estes últimos são os casos com menor probabilidade de sucesso.

    «Numa das primeiras reuniões a que fui, ouvi dizer: Este é um programa egoísta», revela Pedro B., um adicto em recuperação há dezanove anos. «No princípio, não percebi o que a pessoa queria dizer com aquilo, só mais tarde se fez luz.»

    A frase é intrigante para quem conhece os princípios: como pode um programa que depende do «desinchar» do ego, da rendição, da prática do Décimo Segundo Passo — ajudar os outros — ser um programa egoísta? Mais tarde, a verdade revelou-se: cada membro de um programa de Doze Passos está lá por si, para tratar a sua doença; porque a sua vida escapou ao controlo; porque a insanidade tomou conta da sua mente. «Vamos primariamente por nós», diz Pedro B., «embora o nosso propósito primordial seja o de transmitir a mensagem àquele que ainda sofre — e, neste processo, ajudamo-nos a nós próprios.» Os que entram forçados têm, portanto, menos hipóteses, porque o fazem por outros.

    Entrar em recuperação implica levantar o véu da negação, que

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