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Retalhos: colcha de histórias para Mel dormir
Retalhos: colcha de histórias para Mel dormir
Retalhos: colcha de histórias para Mel dormir
E-book129 páginas1 hora

Retalhos: colcha de histórias para Mel dormir

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Sobre este e-book

Meu nome é Antonia Marina Aparecida de Paula Faleiros e se você assistiu a programas de televisão ou foi ao cinema, nos últimos dez anos, é provável que você tenha tido contato com minha história (contada no cinema - no curta-metragem dirigido pela Cineasta Anna Azevedo para a série A origem da inspiração – e, nos demais meios de comunicação – televisões, jornais e rádios - pelos melhores e maiores comunicadores do Brasil).

Agora, venha com a Mel conhecer como tudo começou
IdiomaPortuguês
EditoraAdelante
Data de lançamento25 de nov. de 2022
ISBN9786589911463
Retalhos: colcha de histórias para Mel dormir

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    Retalhos - Antonia Marina Aparecida Faleiros

    O começo

    O nascimento

    Passava de três da tarde do terceiro dia (sim, fazia três dias que a mulher estava em trabalho de parto) e nada de a criança nascer.

    A parteira, D. Maria Batista, já estava quase esgotando seu arsenal de poções, emplastros, rezas e simpatias.

    As avós se revezavam enxugando o rosto da jovem mãe e trocando os panos da cama que molhavam de suor, urina, vômito ou tudo junto.

    O pai, sentado no batente da porta da cozinha, vez por outra tirava o chapéu e passava a mão na cabeça, espiando de longe, não se arriscando a dar palpites e nem entrar no quarto.

    Parto é coisa de mulher. Homem só atrapalha.

    De repente, um grito abafado, contido, afinal onde já se viu mulher gritar para parir? É galinha, por acaso, para ficar gritando quando bota ovo? Ora, pois!

    Mulher só serve mesmo para dar cria e se, nem isso, ela conseguir fazer direito, vai servir para que então?

    Não quisesse parir, ficasse moça! Arrumou rodilha, agora carrega! E nada de gritar ou fazer escândalo.

    A dor, naquele momento, veio com tal intensidade que ela não conseguiu se segurar e soltou aquele mugido rouco.

    Em seguida: Viva! Graças a Deus! Bendito e louvado seja nosso senhor Jesus Cristo! Nasceu!

    Menino-homem ou menina-mulher? Era assim que diziam.

    Era menina.

    Coitada, disseram a avós. Mais uma para sofrer.

    Antonia, falou a parteira. Veio pela graça de Santo Antonio. Eu chamei e ele atendeu. Tem que receber o nome dele. Vai se chamar Antonia.

    A pobre mãe desfalecida nem teve forças para dizer que já havia escolhido o nome em honra de Nossa Senhora Aparecida a quem tinha feito promessa se aquela barriga vingasse. Se fosse mulher, ia ter Aparecida e, se fosse, homem, ia ter Aparecido, no nome.

    Na euforia, ninguém se lembrou de que o pai, mesmo sem saber o que estava por vir, já tinha cravado que ia ser menina e se chamaria Marina.

    Em qualquer caso, era certo que o nome seria composto, mas isso seria resolvido depois.

    Naquele momento, a mãe, recobrando as forças depois do intenso trabalho de parto, lançou os olhos para o pequeno oratório em cima da mesinha ao lado da cama e suspirou: Nossa Senhora Aparecida!

    Foi aí que notaram que a menina tinha um sinal vermelho na barriga, uma mancha em relevo que parecia mesmo um mapa do Brasil igualzinho àquele que havia aos pés da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

    De tanto eu rezar aos pés da Santa é que a menina veio com o sinal, disse a mãe.

    Já nasceu com o mapa do Brasil na barriga! Epa, diacho! Essa vai correr mundo, Falou vó Ana.

    Correr mundo? Mulher?! Deus nos livre e guarde, cochichou vó Cecília.

    E foi assim que vim ao mundo naquela tarde fria de inverno, em 06 de julho de 1963, e havia uma lua cheia no céu.

    Sol em câncer. Lua cheia em capricórnio. Tensão astrológica máxima.

    No terreiro, as meninas cantavam: Lua, luar, toma essa menina e me ajuda a criar, depois de criada ela torna a voltar.

    O pai

    Homem de quase trinta anos, sozinho, recém-chegado de São Paulo para aonde fora juntamente com irmãos e primos em uma das primeiras levas de migrantes daquelas partes de Minas Gerais.

    Não aguentou os rigores da capital e a solidão da cidade grande e voltou para a terra dos pais.

    Seus irmãos e irmãs mais velhos, filhos do primeiro casamento de seu pai, ficaram para sempre na cidade grande.

    Não ele. Não ele que era o filho mimado da D. Ana; que não sabia sequer fazer o próprio prato de comida e até a água para lavar os pés à noite lhe era colocada em uma bacia pela mãe, irmã ou outra mulher da

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