Uma Noite Ártica
De D.F. Whibley
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Sobre este e-book
Uma noite ártica é um livro sobre a vida de um jovem inuit chamado Panuk, que vive no Ártico Canadense, e se vê numa situação que nunca havia experienciado antes. Panuk, na ausência de seu pai, deve levar dois caçadores estrangeiros para uma caça na Tundra. Além dos desafios próprios da viagem, Panuk deve lidar com o modo peculiar que os estrangeiros lhe tratam e com uma enorme tempestade que está a caminho.
O livro traz um recorte da história de um garoto que mora em uma aldeia, com seus pais e irmãos, perto de amigos e conhecidos. Algo simples, mas que traz uma mensagem profunda sobre companherismo, respeito e maturidade. De uma forma bem-humorada e que deixa o leitor sempre curioso acerca do futuro de Panuk, Uma noite Ártica é um livro divertido, que traz uma mensagem importante e nos prende do início ao fim.
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Uma Noite Ártica - D.F. Whibley
UMA
NOITE ÁRTICA
D. F. WHIBLEY
One Printers Way
Altona, MB R0G 0B0
Canadá
www.friesenpress.com
Copyright © 2021 by D. F. Whibley
Primeira Edição - 2021
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida de alguma forma ou por algum meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação, ou qualquer sistema de navegação, armazenamento ou de recuperação de informações, sem a permissão por escrito da FriesenPress.
ISBN
978-1-5255-9188-4 (Hardcover)
978-1-5255-9187-7 (Paperback)
978-1-5255-9189-1 (eBook)
1. Ficção juvenil, pessoas & lugares, aborígenes & indígenas
Distribuído para comércio pela The Ingram Book Company
AINDA NA CAMA, PANUK COSTUMAVA apontar seus dedos dos pés para baixo e esticá-los o máximo que podia, esperando que isso fosse ajudá-lo a crescer um pouco mais.
Panuk tinha orgulho do seu nome inuit, que significa alguém forte, mas ele odiava ser tão baixo.
Quando era mais jovem, seu avô costumava lhe contar histórias sobre os Tuniit – os gigantes da terra. Panuk se perguntava o porquê ele não poderia ser um Tuniit. Ele sonhava em aparecer na escola como um gigante, se tornando uma estrela do basquete e sendo selecionado para um time profissional. Os Tuniit eram fortes, rápidos e difíceis de alcançar. Panuk sabia disso e, exatamente como as lendas dos Tuniit, seu sonho também seria difícil de alcançar.
Ele se sentou na borda de sua cama e manteve suas pernas esticadas.
Observando-as, ele ficou feliz que a infecção em volta dos seus tornozelos estava mais clara. Os antibióticos que a enfermeira da unidade de saúde havia dado a ele no verão passado com certeza haviam ajudado. Ele teve tantas picadas de mosquitos ao redor dos seus tornozelos que elas se transformaram em uma infecção.
Ele odiava os mosquitos que chegavam aos montes no verão. Ele costumava se perguntar como Deus poderia ter criado uma criatura dessas. Se ele ouvisse o zumbido agudo de um mosquito em sua barraca ou no seu quarto, não conseguia dormir até que se livrasse dele. Em muitas noites ele tinha que pular da cama e acender a luz para caçar aquele pequeno incômodo.
Ele continuou a olhar suas pernas. Um metro, seis centímetros não vão me dar um lugar em nenhum time profissional de basquete, ele pensou. Ele suspirou enquanto deixava suas pernas baixarem. Então, pegou o espelho ao lado da cama e encarou o seu rosto.
Seus olhos pretos cruzaram o espelho e repousaram no seu corte de cabelo. É hora da mamãe cortar o meu cabelo, ele pensou.
Em seguida, ele olhou dentro de seus próprios olhos. Ele gostou do que viu. Ele acreditava que tinha boa aparência e se perguntou se um dia teria uma namorada. Ele sorriu e checou seus dentes. Até agora, tudo bem, ele pensou. Ele nunca esteve em um dentista, mas também não havia sofrido de nenhuma dor de dente, como seu primo Aklaq. Ele estava grato.
Ele notou uma faixa de pelos desordenados crescendo acima do seu lábio superior. Logo teria que perguntar ao pai sobre ter uma lâmina de barbear. Ele vinha usando a do seu pai ocasionalmente, mas percebeu que já era tempo de ter a sua própria lâmina. Deixando o espelho de mão de lado, ele levantou e olhou para si mesmo no espelho de corpo inteiro, na sua parede. Levantou os dois braços e fez seus bíceps pularem. Transportar equipamentos para os negócios de guia do pai o deixou esguio e musculoso. Ele riu novamente, desejando que fosse um Tuniit.
Ele voltou para a sua cama.
Panuk escaneou o seu quarto, olhando para o teto branco, as paredes brancas e os móveis brancos. Ele achou interessante que seu quarto era como uma extensão do cenário de fora. Ele se levantou de novo e olhou para fora da janela, para ver a vastidão branca que rodeava a sua casa.
Caindo de volta em sua cama, ele decidiu que algum dia economizaria para comprar aquele alto-falante sem fio, vermelho cereja, que ele viu na loja da Cooperativa, na aldeia. Isso daria alguma cor ao seu quarto branco enquanto ele ouvia as suas músicas favoritas. Os únicos objetos coloridos eram os seus troféus e suas medalhas, além das fitas azuis e vermelhas penduradas nos troféus que ele havia recebido nos torneios de hóquei.
Enquanto ele olhava para a janela, Panuk notou Toklo jogando hóquei em uma estrada perto de sua casa. Panuk se vestiu rapidamente para que pudesse se juntar ao seu amigo.
Quando ele se virou e caminhou pela casa para sair pela porta, notou seu pai sentado no sofá, com a mão sobre o estômago, com dor. Panuk perguntou ao seu pai o que havia de errado?
Sua mãe interveio.
A enfermeira acredita que é pedra nos rins e disse que ele deve voar para Iqaluit para uma operação
, disse ela. Ele irá amanhã de manhã.
Panuk sentiu algo estranho, um mal-estar na boca do estômago. Ele amava seu pai e a ideia do pai estar doente era assustadora para ele. O que acontecerá agora?
ele perguntou.
O pai de Panuk o chamou para perto dele.
Filho, eu estarei fora por alguns dias
, ele disse. Preciso que você guie os visitantes quando eles chegarem amanhã. Eles já pagaram por toda a viagem e não tem como eu cancelar depois de terem viajado tão longe.
––––––––
§
––––––––
O PAI DE PANUK TRABALHAVA COMO GUIA para turistas que vinham à aldeia caçar caribus. Ele era dono do negócio, mas, na realidade, não era um grande empreendimento, já que ele era o único empregado. Ele apreciava, contudo, a chance de fazer algo que ele amava e ser pago por isso ao mesmo tempo. Isso era perfeito para ele.
Panuk achava estranho que os caçadores nunca quisessem a carne, mas apenas se interessassem pelos chifres. Isso nunca o incomodou, no entanto, porque ele sabia que seu pai ficaria com a carne e a compartilharia com as outras famílias da aldeia.
Deixe-os levar esses chifres bobos
, seu