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Jovens Filósofos
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E-book264 páginas3 horas

Jovens Filósofos

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Sobre este e-book

Quatro meninos estudantes de escola pública possuem um interesse mútuo por política e história, porém no primeiro ano do Ensino Médio, eles têm contato com a filosofia. Todos eles se encantam pela matéria e decidem fazer reuniões entre si no intervalo entre as aulas, para discutir questões filosóficas. No entanto, futuramente, eles descobrem na prática como esses diálogos são úteis no cotidiano.
 Roberto, Alex, Francisco e Marcel enfrentam professores despóticos, debatem sobre gênero e sexualidade, morte, felicidade, justiça e muitas outras dúvidas, que são muito frequentes, porém pouco abordadas.
 Grande parte do livro são diálogos que se passam numa cidade do interior de SP, entre os anos de 2018 e 2019, então se prepare para algumas brigas, intrigas, discussões e resoluções. E se você acha que os diálogos são chatos por tratarem desse tema, eu lhe garanto que você está bem enganado(a)!
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento13 de fev. de 2023
ISBN9786525439839
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    Jovens Filósofos - Pedro Lucas Moreira da Silva

    A Filosofia

    Roberto, Alex, Francisco e Marcel se encontraram no primeiro dia de aula do ano de 2018. Roberto e Alex chegaram primeiro.

    Roberto:

    — E aí, cara, quanto tempo! – cumprimentou Roberto.

    — E aí, mano, como você está? Parece que caímos todos na mesma sala de novo – respondeu Alex, feliz em ver seu velho amigo outra vez.

    — Pois é, será que o Francisco e o Marcel também caíram no 1º C? – perguntou Roberto.

    — Acho que sim! Na verdade, acho que é a mesma turma do ano passado – ponderou Alex para Roberto, sem nenhuma surpresa.

    Enquanto Alex e Roberto conversavam sobre como foram as férias de cada um, Francisco chegou.

    — Não é possível! Caímos na mesma sala de novo, estamos desde o 7º ano na mesma turma – exclamou Francisco, surpreso.

    — Bom dia – respondeu Alex.

    — Bom dia – replicou Roberto.

    — Ah, bom dia, caras, como cês tão?

    — Eu estou ansioso para saber quem são os professores. Espero que a de português não seja aquela chata do ano passado, não a aguento mais – disse Alex, com tom de deboche.

    — Eu quero saber quem é o professor de História. Vocês sabem que eu amo essa matéria, mas no ano passado o professor não era muito bom, não, viu! – explicou Roberto, meio ansioso.

    A conversa sobre os possíveis novos professores continuou, enquanto outros alunos chegavam. O sinal já estava para tocar quando chegou Marcel, com uma cara de assustado, pois estava na escola desde cedo, porém ficou na sala errada esse tempo todo.

    — Ê, Marcel! Como sempre chegando em cima da hora, né?! – exclamou Alex.

    — Desculpa, caras – riu Marcel, quase sem fôlego e com uma certa expressão de vergonha. – Estava na sala errada esse tempo todo, manos!

    — Bem-vindo de volta à mesma turma. Até agora só tem quatro alunos novos, o resto são os mesmos – informou Alex.

    — Eu já esperava, estava na lista – disse Marcel para Alex.

    Enfim todos entraram na sala, mas, apesar das especulações a respeito dos possíveis novos professores, eles haviam se esquecido que daquele ano em diante teriam novas matérias, como Filosofia, Sociologia, Biologia, Física e Química. Logo na primeira aula, entrou Patrícia, a professora de Filosofia.

    — Bom dia, turma! Bem-vindos ao Ensino Médio. Eu vou ser sua professora de Filosofia, e talvez de Sociologia também, até o 3º ano – disse Patrícia, num tom sério, e ainda acrescentou: – Meu nome é Patrícia, e como vocês estão no Ensino Médio agora, tenham em mente que será mais difícil daqui em diante, mas claro que um aluno dedicado e que presta atenção nas aulas conseguirá entender a matéria facilmente. Filosofia é uma matéria que exige atenção e seriedade, caso contrário, fica mais difícil o entendimento – explicou.

    Após a professora falar mais a respeito de como funcionava sua dinâmica e formas de avaliação em sala de aula, ela começou a introduzir a filosofia para os alunos:

    — Turma! Alguém aqui tem alguma ideia sobre o que é filosofia? – Perguntou Patrícia para a turma.

    Roberto levantou a mão e respondeu:

    — É alguma coisa relacionada ao budismo ou algo oriental?

    — Não. O budismo também tem a ver com filosofia, mas a sua resposta está errada; não completamente, porém não é o que tem a ver com a pergunta – indicou Patrícia para Roberto.

    Como ninguém mais levantou a mão, a professora respondeu a própria pergunta.

    — Turma, a filosofia nada mais é do que o exercício da curiosidade. Um filósofo específico chamado Sócrates foi um divisor de águas na história da filosofia, pois existem os filósofos pré-socráticos e os filósofos pós-socráticos.

    Enquanto Patrícia explicava a matéria, seu raciocínio foi interrompido por uma pergunta de Alex:

    — Professora! – chamou Alex.

    — Fale – disse a professora.

    — Então esse Sócrates foi tipo Jesus da filosofia?

    — Pode-se dizer que sim. Na verdade, a filosofia já existia antes de Sócrates, porém, antes dele, a filosofia era de um jeito; depois dele, passa a ser um pouco diferente – respondeu Patrícia. Ela ainda adicionou: – Aproveitando a pergunta do colega, todos aqui provavelmente já ouviram falar de mitologia grega, né?

    A sala respondeu que sim.

    — Pois, então, como eu disse, em resumo a filosofia é o exercício da curiosidade. Assim, antigamente, as pessoas não sabiam o porquê das coisas. Por exemplo: por que chove e trovoa? – explanou.

    Patrícia foi novamente interrompida, dessa vez por Roberto.

    — Não estou entendendo, professora – questionou Roberto.

    — Calma, Roberto, você já vai entender – respondeu Patrícia.

    Durante a explicação, Patrícia falou de mitologia grega e sua relação com os filósofos pré-socráticos. Ela explanou que antigamente as pessoas criavam mitos para justificar fenômenos da Natureza e as emoções humanas, entretanto o homem passou a buscar respostas mais lógicas para as coisas e não apenas relacionar tudo à vontade divina. Tales de Mileto foi o primeiro filósofo pré-socrático e criou a cosmologia, uma maneira de se opor às famosas fantasias mitológicas nas quais as pessoas acreditavam veementemente e justificavam as coisas através delas.

    Tales de Mileto, por sua vez, ao observar a natureza, propôs que a origem da vida advém da água, ou seja, explicou de forma racional a origem da vida, sem ter nenhuma relação com deidades. Em suma, os filósofos pré-socráticos buscavam uma forma racional para explicar a origem das coisas, objetivo este que se tornou comum dentre os filósofos de seu tempo.

    Tudo isso foi explicado pela professora durante a aula. Então ela perguntou para os alunos:

    — Então, turma! Vocês provavelmente viram Tales de Mileto e Pitágoras em matemática, não é? – perguntou.

    A turma respondeu que sim e ela prosseguiu com seu raciocínio:

    — Essas figuras, além de matemáticos, também eram filósofos, porque a palavra filosofia significa amor pela sabedoria, portanto um matemático ou arquiteto também podia ser filósofos. Na verdade, qualquer um podia e pode ser filósofo – concluiu a professora.

    Enquanto, às pressas, a professora fazia a chamada, o sinal já estava para tocar, e a sala balburdiou durante a aula, atrapalhando a professora algumas vezes, mas Roberto e Alex, principalmente, que se sentavam à frente da professora, prestaram atenção à aula e entenderam o que ela quis dizer com sua explanação, no entanto, seus outros dois amigos, Francisco e Marcel, não entenderam.

    O sinal tocou e em seguida era aula de História. O novo professor entrou rapidamente na sala de aula, colocou suas coisas na mesa e já começou a introdução de si mesmo para a turma:

    — Bom dia, classe! Eu me chamo Tarciso e serei o professor de História de vocês. Farei a chamada, porém que fique bem claro uma coisa: quando eu chamar o seu nome, diga presente, ok, turma? Ah! E eu só vou tolerar que vocês digam aqui por um tempo apenas; depois, quem disser aqui ou não falar presente vai ficar com falta!

    Então o professor deu início à chamada e a turma não gostou a priori de seu jeito. O docente se demonstrou ser bem rígido, sério e arrogante, o que desanimou Roberto, que muito apreciava a matéria. Mas a anterior, Filosofia, cativou a atenção de Roberto e Alex, pois, de forma empirista, essa primeira aula tratou de assuntos que interessavam aos dois, uma vez que tanto Alex quanto Roberto adoravam a história antiga e, por consequência, também mitologia grega.

    A aula de História continuou e ali os meninos sentiram mais uma frustração, porque o que seria discutido já fora abordado nos 6º e 7º anos, e agora, em suma, seria apenas uma releitura mais aprofundada do que já se aprendeu anteriormente. Roberto questionou, em seus pensamentos: mas por que diabos vamos ter que aprender de novo o que já aprendemos? Além disso, o mundo tem muita história para ensinar.

    — Turma – o professor interrompeu o pensamento de Roberto. – Enquanto as apostilas e o livro didático chegam, passarei uma atividade da apostila de História que eu tenho comigo do 1º ano. Preciso que façam e, se não der tempo, terminem em casa – explanou o professor. E ainda acrescentou: – Não gosto que o aluno chegue aqui para mim e simplesmente diga que não realizou a atividade porque esqueceu. Muitos de vocês não trabalham e não têm nenhum compromisso. E os que têm, acredito que não trabalham 24 horas por dia! Ok, turma? Então façam as atividades, porque elas valem pontos na média.

    Francisco, Marcel, Alex e Roberto, que se sentavam todos perto um do outro, pensaram mutuamente: putz, que professor chato! Se o do ano passado era ruinzinho...

    A aula de História estava dividida ao meio pelo intervalo, pois cada matéria possuía duas aulas por dia. Sendo assim, as aulas do meio eram cortadas pelo intervalo. Quando sinal do intervalo tocou, os alunos queriam sair o mais rápido possível da sala. Mas o professor interveio na situação, dizendo que era para sair em fila, o que enfureceu a turma, e um dos alunos zombou:

    — Isso aqui é prézinho agora?

    O professor advertiu o aluno, que foi levado para a direção da escola por sua fala, mas os demais alunos saíram para o intervalo reclamando muito do novo professor.

    O resto do dia na escola seguiu tranquilamente. A matéria que sucedeu a aula de História foi Educação Física, e o novo professor era mais brando.

    O dia correu e às 12h20min tocou o sinal para o encerramento do turno matutino. Todos os alunos foram para suas residências.

    A política

    Roberto Franceschini Alameda, descendente de italianos e espanhóis, era alto, de cabelos ondulados, olhos azuis e se encaixava em todos os padrões estéticos de beleza ocidental. Roberto, assim como seus amigos, teve uma criação bastante religiosa (católica), sendo assim, eram defensores de valores conservadores, mas não sabiam disso. Cada um possui um diferente interesse em relação às matérias escolares.

    De origem gaúcha, Alex nasceu no interior do estado do Rio Grande do Sul, e também teve uma educação religiosa na infância. Ele e sua família se mudaram quando ele era muito pequeno para uma cidade no interior de São Paulo, Itu, onde ele conheceu Roberto, Francisco e Marcel. Alex era chamado de galego por causa de seu cabelo loiro e olhos verdes, e a família dele era realmente de origem galega.

    Já Francisco tinha toda a sua família originária de Portugal. Ele era conhecido por imitar muito bem o sotaque português. Ele era branco, de olhos e cabelos castanhos, e não muito alto. Sua família já tinha uma tradição de falar muito de política. A vertente a qual eles pertencem era a conservadora, e Francisco nunca se importou com política até então.

    O ano de 2018 foi conturbado no Brasil, dado que era ano de eleições estaduais e federais, portanto havia uma grande tensão ideológica. Para compreender a parte política desta história, é necessário voltar um pouco mais atrás na vida de Roberto, já que ele era o que mais entendia de política entre eles e foi quem introduziu esta ciência a seus amigos.

    O ano era 2016, período politicamente bem agitado também, pois a presidente da república estava sofrendo um processo de impedimento, e Roberto, tão ingênuo politicamente, queria que a presidente fosse deposta de seu cargo, uma vez que sua mãe a considerava corrupta; já seu pai dizia que ela estava sendo vítima de um golpe, enquanto Roberto defendia o ex-presidente Lula, porque em seu governo a economia brasileira era próspera e Roberto sabia disso, mas estava contra a até então atual presidente, que pertencia ao mesmo partido do ex-presidente, somente porque durante o seu governo a economia e a imagem do Brasil no exterior estavam se degradando. Ó, pobre Roberto, não tinha noção do que era uma ideologia política, não sabia a diferença entre esquerda e direita.

    No dia da votação do impedimento da presidente, Roberto vivia falando a respeito disso com Marcel, que era nato de Itu e não entendia nada de política, mas achava interessante o que estava acontecendo. O processo de impedimento estava aprovado, e no dia seguinte seu professor de Geografia estava dizendo a seguinte frase em sala de aula O mundo viu que o Brasil acordou; os outros países decidiram dar um voto de confiança para o Brasil. Os estrangeiros viram que o brasileiro não aceita mais a corrupção. Roberto, que já tinha uma ávida vontade de conhecer mais História e Geografia, sentiu-se importante porque, de certa forma, pensava que tinha participado desse processo. Assim, ali, Roberto passou a adorar política.

    Vale adicionar que no 8º ano do Ensino Médio era justamente sobre política que eles estavam aprendendo. Como Roberto era muito bom em disciplinas que abordavam o assunto, sempre tirava as maiores notas e falava desses assuntos com seus colegas. Alex era o que mais se interessava pelo que Roberto falava, sendo assim foi ele quem introduziu a política para seus colegas (exceto para Francisco), e isso impactaria na vida desses jovens, em 2018.

    Em 2017, Roberto se aprofundou ainda mais na política; sabia exatamente cada função dos três poderes da República, apegou-se fortemente à sua fé católica, além de apoiar e defender teses e ideias da direita conservadora, tanto no Brasil quanto no exterior (Roberto celebrou a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas), mesmo que ele não soubesse disso. Seus amigos concordavam com tudo o que Roberto falava sobre política, até porque só Alex entendia e se interessava pelo assunto.

    Agora, de volta a 2018, no segundo dia de aula em sua escola, eles começaram novamente especulando sobre os novos professores e ainda despertaram interesse pelas matérias novas. Francisco cumprimentou:

    — Bom dia, caras!

    Marcel, Roberto e Alex já estavam na sala e respondem devolveram o Bom-dia.

    — O que será que nos aguarda hoje? – questionou Francisco.

    — Sei lá, eu tô muito ansioso para saber que matéria teremos hoje – comentou Roberto.

    — Acho que vai ser mais uma matéria nova – especulou Alex.

    O tempo passou e o sinal tocou. Cada aluno se encontrava em sua respectiva carteira, quando entrou na sala um professor desconhecido; na verdade, já conhecido de alguns amigos de outras turmas, que diziam que ele era autoritário, chato e comunista. Então o professor adentrou a sala. Ele era loiro, alto, barbudo, barrigudo, andava com vestes simples e tinha cheiro de maconha; era o professor de Sociologia, Rafael.

    Sociologia, matéria que ninguém ali havia ouvido falar. O professor sentou-se à mesa, pegou a pasta da sala, abriu o caderno de chamadas (provisório) e deu início à chamada. Um fato interessante é que, após chamar os nomes e os alunos responderem, ele fazia uma estranha expressão facial e dizia Hãn. Um exemplo, Rafael chamou Roberto:

    — Roberto!

    — Presente, professor.

    — Hãn – respondia Rafael.

    O professor de Sociologia parecia ser bem legal, mas logo ele começou a aula:

    — Olá, turma! Como cês tão? Eu sou o professor Rafael, e vou dar aula de Sociologia pro cês – disse, de forma coloquial. – Que fique bem claro que, nesta matéria, vocês irão se chocar com muitas coisas, pois aqui quem tem uma mente fechada ou é preconceituoso vai ter certos problemas. E eu ainda não tenho nenhuma intimidade com cês, mas quando eu tiver, e quando tiver o Facebook de algum de vocês... Eu não gosto de preconceito! Se tem algo que eu odeio no mundo é gente preconceituosa – disse, em um tom sério.

    A princípio, o professor era legal, bastante dinâmico e gostava de interagir com a turma, que, por sua vez, gostava de fazer bagunça e causar transtornos durante as aulas, mas respeitou o professor. Sendo assim, Rafael seguiu com sua aula. Ele começou a falar, comparou o ser humano a uma ameba. Uma ameba é formada a partir da divisão de outra ameba, cada ameba expele de si um pedaço, que ao se encontrar com o outro torna-se parte de outrem.

    O que o professor quis dizer com esta metáfora é que nós somos influenciados o tempo todo, principalmente na juventude. A influência de terceiros sobre nós nos ajuda a formar o nosso caráter, nossa personalidade, além de também influenciar nossas decisões. Mas a mensagem que fica é a de que, apesar de sermos influenciáveis, também podemos influenciar, ou seja, expelir um pedaço de nós.

    Tudo isso foi explanado pelo professor durante a aula. Em seguida, ele relacionou a metáfora das amebas a um tema intrigante, o senso comum. Rafael prosseguiu:

    — Turma, vocês sabem o que é um senso comum? – perguntou.

    Os alunos não sabiam, então não responderam.

    — Eu vou explicar de uma forma que todos possam entender, ok?

    A turma concordou.

    — O senso comum – começou Rafael, num tom de voz muito alto, porque alguns alunos estavam conversando, mas ele prosseguiu –, o senso comum nada mais é do que você pensar com a cabeça dos outros. Por exemplo, você está em um grupo de pessoas, a grande maioria concorda que a imagem que eles estão vendo é de um carro. Todo mundo vê um carro ali, mas um indivíduo diz que vê outra coisa.

    Ele também explicou que esse indivíduo que não vê um carro na imagem e vê outra coisa não pensava com o senso comum, porém ele podia ser alvo de opressão daquele grupo por pensar diferente. Ademais, ele acrescentou que outros indivíduos também achavam que aquela imagem não era um carro ou tinham dúvidas se era ou não, mas como a maioria acha que era, essas pessoas iriam concordar.

    Em seguida, Rafael continuou:

    — Outro exemplo, galera, são as religiões umbanda e candomblé. Muita gente, mas muita gente mesmo, associa as duas religiões à macumba e que essa é uma obra satânica, que as pessoas que trabalham com isso têm pacto com o demônio ou algo parecido, quando na realidade não é isso – explanou Rafael. – Explicando o senso comum de uma forma mais formal, ele é uma espécie de compreensão das coisas com base nas experiências acumuladas de um grupo social – concluiu o professor.

    Antes de encerrar a aula, Rafael se deu conta de que se esqueceu de explicar do que se tratava a matéria de Sociologia, então ele definiu e falou também da antropologia. O que Rafael disse chamou a atenção de Roberto e Alex, já que Sociologia tem muito a ver com História e cultura.

    Como faltavam seis minutos para tocar o sinal, o docente se sentou em sua mesa e deu esse tempo para a turma conversar. Porém, Roberto e Alex, que se sentavam em frente ao docente, afeiçoaram-se às falas do professor e começaram a se socializar com ele. Então Roberto perguntou:

    — Professor, o que a Sociologia exatamente faz?

    — Assim, de uma maneira bem básica, ela estuda as relações sociais, padrões, a cultura e os costumes... É como eu expliquei – simplificou Rafael.

    — O senhor é de direita ou de esquerda, professor? – interrogou Alex.

    — Eu sou de esquerda – respondeu Rafael.

    Roberto

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