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Londres
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E-book172 páginas2 horas

Londres

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Sobre este e-book

Famosa por sua neblina, seus ônibus double-decker e suas estilosas cabines telefônicas, Londres é um berço cultural como nenhum outro. Na capital inglesa, por exemplo, é possível visitar o Shakespeare Globe, reprodução do famoso teatro onde eram encenadas as peças de William Shakespeare ? o autor inglês chegou a ser sócio da versão original do teatro, que pegou fogo em 1613. Além de museus. Muitos museus. Museum of London, National Gallery, Tate Modern... Isso só para citar alguns. As igrejas da cidade também são um caso à parte. Além das famosas St. Paul Cathedral ? onde Charles e Diana se casaram, em 1981 ?, Temple Church e Abadia de Westminster (onde estão enterrados o naturista britânico Charles Darwin e o físico Isaac Newton), você verá aqui igrejas que não estão no roteiro da maioria dos turistas que visitam a cidade, como a St. Olave?s Church, na City, que sobreviveu ao grande incêndio que consumiu a cidade em 1666 e era chamada por Charles Dickens de St. Ghastly Church ? algo como igreja da grande carranca ?, e a St. Giles?s Bowl, onde os prisioneiros do governo inglês eram enterrados após serem decapitados. Na Torre de Londres, que apesar do nome não é uma torre, e sim um castelo, está grande parte da história ? e segredos ? da monarquia britânica. Marcado por prisões e execuções, este grande símbolo da Inglaterra foi palco de um grande mistério: o rei Eduardo V, então com 12 anos, foi encarcerado no local por ordem do tio, Ricardo III, e ninguém nunca mais teve notícias do jovem monarca. Quem sabe ele ainda não estejavagando pelos prédios da Torre de Londres? E, para se refrescar depois de tanto andar pela cidade, nada melhor do que uma cervejinha em um de seus milhares de pubs. Embarque nesta leitura e descubra onde tomar as melhores cervejas de Londres e onde comer o melhor fish chips, o prato mais tradicional da capital inglesa.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de mar. de 2023
ISBN9788557170582
Londres

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    Londres - JOSE AIRTON MACHADO ORTIZ

    1

    Museum of London I

    Catedral cristã?

    Tem, desde 604.

    Percorrer sem pressa os amplos corredores do Museum of London é fazer um passeio fascinante através das várias etapas pelas quais passou a cidade, evoluindo de uma pequena aldeia – passando por reis e rainhas –, até se tornar um dos centros financeiros do século XXI. A capital inglesa merece o museu que tem. E melhor (para nós, pelo menos): a entrada é franca. Reflexo da cidade, aqui tem de tudo; e de forma pioneira.

    A instigante história deste canto do mundo já começa antes do começo, na primeira galeria: London before London. Ela dá vida aos primeiros assentamentos, uma série de impressionantes descobertas arqueológicas. As ferramentas que esses grupos primitivos usavam e as habitações que construíam eram tão desconcertantes – para aquela época – quanto o atual parque tecnológico da cidade e o excêntrico formato de seus arranha-céus. Criatividade, é como isso se chama. Desde a pré-história.

    Castelo com torres?

    Tem, desde 1078.

    Então surge a era romana – para variar; não há onde esses caras não tenham ido! –, uma ala repleta de excelentes exibições, incluindo um muro original, que, curiosamente, está do lado de fora do prédio do museu, mas se avista através de uma enorme parede de vidro sem deixar a proteção do maravilhoso ar-condicionado que nos abriga do inverno londrino. Inverno mesmo!

    Até me faz perguntar: como os antigos habitantes destas margens sobreviviam a tanto frio? Eu, com minhas roupas de alpinista (parecendo aquele boneco dos pneus Michelin), tremo o queixo sempre que ponho o pé na calçada. E olha que sou da parte fria do Brasil, onde o inverno é rigoroso. Que dirão os celtas, com suas roupas improvisadas, que perambulavam por estas paragens desde quatro séculos antes de Cristo ter dado o ar da graça!

    Carta Magna?

    Tem, desde 1215.

    Os romanos, voltemos a eles. Algumas décadas antes de Jesus ter nascido, o imperador Júlio César invade a Grã-Bretanha de forma atabalhoada. Não que eles fossem atabalhoados. Mas eram arrogantes, o que dá quase no mesmo. Como era de se esperar, ele regressa de mãos vazias. Fiasco? Qual nada! O Senado decreta um grande ato para celebrar o feito. Veni, vidi, vinci. Já naquela época, a propaganda era a alma do negócio. O povo adora uma fantasia. Os escritores também; é o molho de cada história.

    Uma década mais tarde, o imperador Cláudio regressa à tão cobiçada ilha. Desistir não era com Roma. Dessa vez, porém, os soldados romanos vencem os celtas e se estabelecem de forma definitiva. Erguem uma fortaleza em Londinium, nome pré-céltico cujo significado nem os celtas sabiam – e ainda ninguém sabe. Talvez nada significasse, ou fosse apenas uma piada de mau gosto, deixada de lado quando virou nome do local.

    Por ali havia uma planície agricultável, nas duas margens do Tâmisa, e nada mais. O fato é que os romanos sentam praça por cinco séculos. Constroem a primeira ponte de madeira sobre o rio, perto da atual London Bridge, ensinam os nativos a abrir estradas e, o principal: a fazer vinho! Adoro os romanos.

    Zona de prostituição?

    Tem, desde 1241.

    O imperador Adriano, como sempre, manda embelezar a vila: templos, palácios, as onipresentes casas de banho – como aqueles homens másculos gostavam de se banhar juntos! – e, claro, muralhas (estas que se vê de dentro do museu). A cidade atinge seu auge. E segue seu destino vitorioso.

    Até que o imperador Flávio Honório, 465 anos depois de os romanos pisarem na ilha, resolve que a defesa de Londinium deve ficar sob a responsabilidade dos seus habitantes. E cai fora. Parece prêmio, mas é um castigo. Segue-se um período de decadência. Londinium volta a ser apenas Londinium.

    É fácil entender: por esse tempo, eles mal conseguiam manter Roma a salvo dos ataques dos povos bárbaros. Foi uma época bárbara, de grandes transformações. Bárbaro, naqueles idos – vale lembrar –, era todo e qualquer sujeito que não falasse latim. E não eram nada doces.

    Mapa da cidade?

    Tem, desde 1558.

    O mesmo andar do museu me conduz pelo interessante período saxão, quando eles chegam à região criando aldeias agrícolas e pequenas vilas. Lundenwic (a palavra saxã wic significa povoado) é estabelecida a oeste de Londinium (atual Charing Cross), como uma aldeia comercial. Eles se convertem ao cristianismo católico e a primeira St. Paul’s Cathedral é construída no topo de Ludgate Hill, onde continua, embora em novo prédio. E sob nova direção.

    Os furiosos vikings, vindos da Dinamarca (naquela época eles ainda não tinham esses enormes chifres; foi o cinema que lhes colocou), se apossam de tudo. Depois de muitas idas e vindas (a espada correndo solta pelos dois lados), o rei saxão Eduardo, o Confessor, reassume o poder e manda construir um palácio e uma abadia em Westminster, transferindo para lá a sede do governo. O antigo porto (onde hoje fica a City de Londres) se torna o centro comercial e mercantil do reino.

    Loteria?

    Tem, desde 1569.

    O mesmo andar do museu me conta um pouco da Londres medieval. Quando o tal Eduardo, o Confessor, morre, em 1066, uma raivosa disputa pelo trono espalha o desastre pelos reinos saxões. Brigam tanto que ficam sem nada, como sempre acontece nesses casos. É, os caras não aprendem. Ainda hoje, estamos vendo isso, a toda hora.

    Guilherme, duque da Normandia, invade a ilha a partir da França e se estabelece de vez. Em 25 de outubro de 1066, Guilherme, o Conquistador, é coroado rei na Abadia de Westminster. Data mais famosa da história do país, marca o verdadeiro nascimento da Inglaterra como Estado-nação unificado.

    Jornal diário?

    Tem, desde 1702.

    Bem, aí começa uma história de rei pra cá, rei pra lá, que não acaba mais; entre eles, os míticos Ricardo Coração de Leão (aquele das Cruzadas, que lutou com Saladino) e Henrique VIII (aquele que brigou com o papa, casou não sei quantas vezes e fundou a Igreja Anglicana). O enredo se estende até os dias de hoje; os escândalos da família real substituindo a bravura dos cavaleiros andantes. É preciso alimentar a ilusão do povo. Tempos modernos, diria Chaplin.

    Ainda tem muita coisa interessante para ver. Antes, com licença: vou tomar um cappuccino na bela cafeteria do museu.

    Túnel sob um rio?

    Tem, desde 1843.

    2

    Museum of London II

    Luz elétrica?

    Tem, desde 1878.

    Há no museu uma ala especial chamada Guerra, praga e fogo, por onde recomeço a visita. Aqui, vale uma parada, você há de concordar. Se tiver estômago, é claro. Se não tiver, passe batido. Melhor ignorar do que sucumbir. Afinal, você é apenas um turista apressado. Está bem: somos. Mas somos curiosos, também. Então, vamos entrar.

    Quando Carlos I sobe ao trono, em 1625 (agora o Brasil já existe), sua personalidade intransigente e a crença total no direito divino dos reis o coloca em confronto com a burguesia, representada por um Parlamento cada vez mais rebelde. Em especial, devido aos altos impostos que a cidade vinha sendo obrigada a pagar. Londres sempre manteve certa independência do poder central, comprada a preço de ouro. Em forma de impostos.

    Escada rolante?

    Tem, desde 1898.

    Como era de se esperar, estoura uma guerra civil. Aumentar impostos sempre foi a melhor forma para um governo cair. Os comerciantes apoiam Oliver Cromwell, o Fazedor de Reis, que, ao instalar a República, a governa com a mão de ferro dos protestantes extremistas. A intolerância religiosa vem de longe, e irá mais longe ainda. Segue-se um período de grande turbulência política.

    Quando ele morre, restabelecem a monarquia, no processo que fica conhecido como a Restauração. Afinal, se dão conta: impostos à parte, os reis não são assim tão ruins. Cromwell é sepultado na Abadia de Westminster, o único plebeu a ser enterrado nessa igreja. Mais tarde, porém, é exumado e seu cadáver enforcado. Sua cabeça, em decomposição, é colocada na ponta de uma estaca e exibida por duas décadas em Westminster Hall. Para o povo aprender a não questionar os reis.

    Hotel Ritz?

    Tem, desde 1906.

    Mas ruim mesmo são as duas pragas. Em 1348, ratos vindos em navios procedentes da Europa continental trazem a terrível peste bubônica – que entra para a História como a Peste Negra –, matando dois terços dos habitantes de Londres. Em especial, as pessoas mais pobres. Como sempre, os mais vulneráveis são os primeiros a ser castigados. Até hoje. Você já viu milionário com dengue?

    Em 1665, outra praga, a Grande Peste, leva consigo um quinto da população (de uma cidade então muito maior), um dos grandes surtos epidêmicos do mundo. Sem o mínimo de saneamento, o lixo é jogado no meio da rua, de baldes com fezes a restos de tudo, poluindo também os rios. Ainda não se sabia que muitas doenças entram pela boca.

    As famílias afetadas são obrigadas a ficar trancadas em casa até que todos morram. Igrejas e mercados são fechados; as ruas, antes apinhadas de gente, se transformam em valas comuns, repletas de cadáveres. Para complicar, o prefeito ordena que matem os cachorros e os gatos por acreditar serem os responsáveis pela terrível peste. Os ratos adoram, se multiplicam e contaminam mais pessoas.

    Táxi?

    Tem, desde 1908.

    Quando, apesar do seu prefeito, os cidadãos comuns estão se recuperando da mortandade, Londres pega fogo. Literalmente. Iniciado numa padaria, o Grande Incêndio, em 1666, faz quatro quintos das casas londrinas arder em chamas durante cinco dias, inclusive a St. Paul’s Cathedral. Um inferno tão desumano que nem o mais severo dos padres havia imaginado na hora de excomungar algum infiel.

    A cidade, construída com madeira, desaparece do mapa. Porta arrombada, tranca de ferro, você sabe. Eles também. As novas casas, por força de lei, são de tijolos, lançando a moda das paredes de tijolo aparente, que dura até hoje. Mesmo as rebocadas agora ficam nuas, um requinte de arquitetos inspirados em tão remoto passado. Como dizia o Chacrinha, Nada se cria; tudo se copia. O famigerado incêndio, enfim, criou uma nova estética.

    Estação de rádio?

    Tem, desde 1922.

    A terceira grande tragédia a se abater sobre a capital britânica é mais recente: foi durante a Segunda Guerra Mundial. No dia 7 de setembro de 1940, a Força Aérea Alemã lança centenas de bombas sobre os súditos da rainha e suas moradias. Uma delas desce pela escada rolante (seria cômico se não fosse trágico, você pode acrescentar – caso não se importe com lugares-comuns) da estação de metrô Bank e mata mais de cem pessoas nas plataformas, então transformadas em refúgio, como tantas outras.

    A noite de 29 de dezembro de 1940 ficou conhecida como o Segundo Grande Incêndio de Londres: mais de cem mil bombas são despejadas sobre a cidade. Em poucas horas, 1.500 locais estão em chamas, e Londres arde como uma grande lareira. Não consta que Hitler tenha pintado a cidade em chamas, como fez Nero, que tocou lira enquanto Roma pegava fogo, mas o efeito acabou

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