Por Que Não Olha Pra Mim?

De Paburidoki

Irritar Mark no dormitório, nas práticas, ao vivo e 24 horas por dia, 7 dias por semana, era como respirar para Haechan. E, de repente, perdeu o ar. Livro 1 da trilogia Por que não? , série de fanfics inspiradas no grupo sul coreano Neo Culture Tecnology.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 24 de jan. de 2022

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Prólogo Ornamento 10 Ornamento 10

Hm? Hyuckie...

O apelido saiu de forma inocente, junto com os olhinhos brilhantes de cachorrinho perdido.

Você me tem muito fácil. Ottoke? 

Como resistir a essa mistura linda de doçura e masculinidade? A resposta é: não se resiste, só finge. Bom, ao menos essa é a resposta que eu consegui encontrar. Não me culpe, estou sozinho nessa busca, sem ninguém para me ajudar.

Ninguém queria ter a tarefa de me dizer para superar o fato de estar apaixonado por meu melhor amigo. Um menino. Um colega de banda.

Engulo em seco, tentando engolir também meus sentimentos por ti. 

Mark Lee, canadense que chegou na Coreia pensando que só por ser quase um ano mais velho ia ser chamado de hyung. Lee Minhyung, que era sotaque engraçado e aparelho nos dentes, e que eventualmente seria o melhor rapper do grupo. É por ele que eu não devia, definitivamente não devia me apaixonar. Magolli, Melk, Melt, Milk (e todos os apelidos toscos que ainda vou inventar)... dono do meu coração.

São esses os sentimentos que tento engolir, só para acabar com tudo entalado na garganta.

Pigarreio.

Acho que seu despertador não tocou, a gente tem entrevista marcada hoje, tem que levantar - Digo já me afastando rapidamente.

Olhar pra você dói.

"Uhum..." - ouço seu bocejo e sei que está se espreguiçando pelo som manhoso que deixa escapar, ainda um tanto sonolento e inconsciente de seus atos. 

Totalmente inconsciente de como eles me afetam. 

Valeu, Hyuck

Tomar no seu..., Mark Lee! Ainda me agradece?! Como se não bastasse ser o garoto de ouro da empresa, o ídolo perfeito, ainda tem bom humor matinal? Francamente!

Preferi sair logo após um breve aceno de cabeça, tentando te deixar lá, junto com quaisquer sentimentos que sua pessoa me causa.

O fato é: a um tempo, sinto que se têm criado um abismo entre nós. Não sei dizer exatamente quando foi, ou o motivo exato. Imagino que haja uma lista deles, na verdade.

E provavelmente a culpa é minha.

Será que você nunca gostou das minhas brincadeiras? Será que realmente lhe machucaram esse tempo todo? A primeira coisa que me vem à mente é: se fosse o caso, por que nunca reclamou?, mas meu próprio cérebro me responde.

Porque você é gentil demais. Certinho demais. Perfeito demais.

Quando os outros te irritam você grita qualquer ofensa (nunca muito grave, nunca) e os empurra, ainda que não seja num tom realmente bravo. Você os recrimina e eles param. Mas comigo sempre foram risadas - as vezes adoravelmente sem jeito - e desistência quando acabava me deixando te provocar, te abraçar à força, fazer piada contigo.

Talvez, só talvez, meu iludido coração pensou que isso significava que, de algum jeito, eu era especial.

Eu só queria ser especial pra você.

Mas tenho estado ainda mais distante agora, tentando aceitar e me contentar a não ser mais nada seu, a não querer um posto em sua vida que não posso ter.

Porque, só agora, entendi que estava te machucando.

Eu sou um monstro

Comecei a repassar mentalmente todo aquele fatídico dia, me martirizando pela milésima vez por como me deixei chegar nessa situação.

Lembro perfeitamente de ter irritado o Mark logo cedo, quando íamos todos tomar café da manhã. Esperei contendo o sorriso até o último instante só pra ver sua expressão ao abrir a geladeira e notar que seu último pedaço de melancia não estava mais lá.

Na hora que o rostinho levantou confuso, buscando esperançoso a fruta favorita em cima da mesa, levei a bendita melancia - que eu nem era lá grande fã - aos lábios.

E ainda tive a cara de pau de fazer um show. - "Hmm que delícia! Ah, Mark, que pena que era o último, tava tão docinha!"

Já que eu tinha sido transferido temporariamente para o mesmo dormitório que ele na noite anterior, tinha que fazer alguma entrada, né? Precisava causar alguma bagunça na vida perfeitinha de Mark Lee.

Os hyungs riram bastante (até um pouco escandalosos demais para aquele horário tão cedo da manhã) enquanto Minhyung fez um biquinho soltando um resmungo, com aquela cara de nem queria mesmo.

Olhando agora, pra que né? Eu fui super desnecessário.

E melancia nem é bom pra digestão! Eu não devia ter comido.

Mas aquele vai ter volta dito baixinho perto do meu ouvido quando Mark se sentou me fez sorrir. Me fez sentir como se fosse algo nosso, algo bom. 

Eu sei lá, acho que devo ser idiota demais – apaixonado demais -, porque isso manteve o sorriso em meu rosto ao longo do dia.

Então tivemos nossa prática normalmente. Eu até me comportei bem! O pior que fiz foi beber quase a água toda do Mark com a desculpa esfarrapada de que tinha esquecido a minha (de propósito? Talvez. Com certeza).

No final, nós do 127 fomos arrumados pra fazer uma live ali mesmo, usando o sofá que estava no canto e nos embolando em cima dele. Era triste ver que os dreamies estavam logo ali, mas não foram chamados pra participar, mas não era algo anormal também. Às vezes olhava-os conversando enquanto tentava fingir animação com o tópico chato que tínhamos de promover naquela filmagem super ensaiada. Preferia milhões de vezes quando não tinha script.

Então, como a pobre alma de Mark Lee estava ali do meu ladinho, tive a brilhante ideia de usá-lo como distração. O cutuquei, tentei abraçá-lo, tentei pegar na sua mão e até beijá-lo no pescoço, todas as minhas tentativas sendo frustradas por suas mãos fortes, mas sem dirigir uma palavra à minha pessoa ou sequer um olhar.

Só me olhou mesmo depois que eu imitei sua risada escandalosa de um jeito um tanto quanto idiota.

Ah, mas eu preferia que nem tivesse olhado.

Sabe quando os olhos da pessoa ficam meio opacos, sem refletir o sorriso no rosto? Então.

Tentei continuar ativo e feliz, me intrometendo e fazendo palhaçadas quando dava. E aí veio a sessão de ler comentários. 

Minha primeira morte.

Entre um e outro, Johnny pegou o celular e leu Eu quero saber como ficou o triângulo amoroso! Mark, você já se decidiu entre o Yuta e o Jungwoo?

Ai, peraí, um momento. Acho que acho que meu coraçãozinho quebrou.

Mark parecia querer se enfiar num buraco enquanto os outros dois citados lhe mandavam beijinhos e piscadelas que estavam me dando um aperto no peito.

E não tem aquele video do Jaehyun be quiet don't cry? Então... era eu.

Não sei de onde esse povo tirou esses casais nem porque diabos falaram deles num programa ao vivo. (Tá, mentira, eu sei, eles queriam fazer graça. E estavam conseguindo.) O grande tchan é que, antes, eu é que tinha essa fama com Mark. Pelo menos era o que os fãs sempre falavam. Agora, como se não bastasse a gente já se falar menos do que antigamente com a troca de dormitório e, na verdade, desde a saída dele do Dream, ainda ganhei competição.

Em grande parte, sim, eu fico chateado porque quero manter o posto de melhor amigo.

Porque, a um tempinho, eu não sei mais se esse cargo ainda é meu. 

Falo muito mais com Renjun do que com qualquer outra pessoa ultimamente, no quesito de: papos sérios de melhores amigos. E talvez