A Doença Por Trás Da Doença

De Wagner Soares De Lima

As doenças são sinais de uma linguagem para qual é preciso ter muita sensibilidade para interpretar. Apenas em casos de epidemia podemos ampliar a compreensão da realidade individual do doente para uma observação sobre o quanto a sociedade também está afetada. É o que vamos fazer aqui neste texto, compreender a síndrome respiratória pela linguagem oculta do corpo, mediante a psicossomática psicanalítica e estender essa compreensão para a ecologia dos seres humanos e do planeta pela psicologia complexa junguiana.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 1 de abr. de 2020

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Sumário

Apresentação

1. Introdução

2. O corpo sussurra, fala e, às vezes, grita...

3. Enredo mítico-corporal da gripe neonatal

3.1. Renascendo para vida ou na morte

3.2. O centro do corpo:

emoção e comunicação

4. Ecologia Profunda: o planeta fala através de

nossos corpos e sociedades

4.1. Rompendo com as dicotomias

4.2. Filhos rebeldes da Mãe Terra

Referências

Sobre o autor

Apresentação

As doenças são sinais de uma linguagem para qual é preciso ter muita sensibilidade para interpretar. Apenas em casos de epidemia podemos ampliar a compreensão da realidade individual do doente para uma observação sobre o quanto a sociedade também está afetada.

É o que vamos fazer aqui neste texto, compreender a síndrome respiratória pela linguagem oculta do corpo, mediante a psicossomática psicanalítica e estender essa compreensão para a ecologia dos seres humanos e do planeta pela psicologia complexa junguiana.

Para quem se dirige esse texto e com qual objetivo:

● Para profissionais da área de Saúde Mental, para que tenham uma base inicial por onde iniciar a terapia durante e após o surto;

● Para profissionais da Saúde, para que possam servir de primeira linha de enfrentamento a consequências psiquiátricas e possam, até mesmo ajudar a melhora do quadro de seus pacientes, sabendo o que dizer para animá-los e encorajá-los;

● Eventualmente, esse texto pode servir para familiares que queiram prevenir o agravamento da síndrome;

● E, até mesmo, pessoas afetadas pelo coronavírus, que queiram compreender um pouco mais sobre o que se passa em sua própria mente profunda, no que chamamos de psicoeducação.

1. Introdução

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Pesquisas feitas, após a epidemia de SARS em 2003, mostraram que mais da metade dos pacientes sobreviventes apresentavam transtornos psíquicos². Mostraram também que profissionais de saúde, mesmo na ala de isolamento, entre médicos e enfermeiros, podem contribuir para a melhora física do paciente, bem como para a prevenção de danos psicológicos, apenas conversando com os pacientes³.

Iniciamos esse estudo, com a seguinte proposição: mas o que dizer a eles? E se alguns desses transtornos já estivessem pré-estabelecidos antes da doença e fossem, justamente, eles que tornaram as pessoas mais susceptíveis à síndrome respiratória?

Nossa hipótese é que a síndrome respiratória é capturada pelo psiquismo do paciente não como um infortúnio, mas como uma oportunidade de expressão, na qual possam ser aliviadas as pressões de um escravismo silencioso da modernidade frenética e sem sentido de vida. Se isso se confirmar, então, assim como se preveni aqueles com comorbidades físicas, também se devem ter precauções com portadores de uma predisposição mental.

Portanto, esse quadro que envolve adoecimento psíquico pessoal e coletivo, com manifestação de doenças no corpo e eventos catárticos, enquadra-se no que podemos chamar de doenças típicas da modernidade tardia, as quais se caracterizam por ficarem em um limbo, entre causas mensuráveis e implicações